04

Alguns dias se passarão e a minha amizade com a Raquel crescia cada vez mais, estávamos cada dia mais unidas, nos falávamos todos os dias e praticamente o dia todo, nos víamos sempre que possível.

Quem não estava gostando nada disso era Hernando que de uma hora para a outra começou a implicar com a amizade que eu tinha com a Raquel, sem nem dizer o motivo, portanto é claro que eu não dei importância, mas com isso nossas brigas se tornaram mais constantes.

Os dias estavam super corridos e eu tinha acabado deixando de lado a compra do apartamento, mas a atitude do Hernando serviu para me dá um empurrão e resolver isso logo, por enquanto eu estava morando com ele, mas ansiava pela mudança, ele já estava se intrometendo demais em minha vida.

...

— Que surpresa boa. — Raquel fala abrindo um sorriso assim que bato em sua porta. — O que faz aqui? — Me pergunta.

— Vim pedir uma xícara de açúcar para a minha nova vizinha. — Brinco.

— Mentira? — Ela coloca a mão na boca.

— Não. — Mostro a chave do apartamento para ela sem conter a minha alegria.

— No acredito. — Ela corre em minha direção me dando um abraço tão apertado que me levanta do chão.

— Nossa, não sabia que a minha presença seria tão querida assim. — Sorrio.

— Você nem imagina o quanto. — Ela fala colocando uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha e me dando um beijo na bochecha.

Ela era tão carinhosa comigo, eu adorava isso, o jeito que ela me tratava, me fazia bem, tão diferente de Hernando.

Enfim, eu tenho certeza que morar perto dela, vai me trazer muita alegria, a Raquel era uma pessoa incrível.

— Então a xícara de açúcar eu não quero, mas quero fazer outro pedido, posso? — Pergunto.

— Tudo que você quiser. — Responde.

— Me ajuda com a mudança por favor, as coisas já devem estar chegando, eu tô pirando só de pensar na bagunça.

— Claro que si Carla. — Ela sorrir. — Mas já? Já vai se mudar? Hoje? E eu nem sabia que você tinha comprado o apartamento, porque no me contou nada?

— Na verdade eu decidi meio que no impulso, o Hernando já estava me enchendo o saco. — Rio. — Comecei a resolver as coisas sozinha, e para você não contei porque quis fazer uma surpresa.

— E que surpresa. — Sorrir. — Amei a surpresa, a gente vai se divertir muito como vizinhas.

...

Já passava das 22:00 e a bagunça do meu apartamento só fazia aumentar, as coisas que eu tinha trazido do apartamento de Hernando estavam jogadas por todo lado, minhas roupas em malas, que era uma coisa que eu odiava, e alguns móveis que eu já tinha comprado também havia chegado e estavam espalhados pelo lugar.

Eu e Raquel, estávamos colocando algumas das minhas roupas no armário, quando percebo ela bocejando.

— Você está com sono, não é?

— Ela boceja de novo. — No posso nem mentir. — Rir.

— E eu estou morrendo de fome. — Falo segurando a barriga.

— Aí eu también. — Ela rir.

— Pior que não arrumamos nem a metade. — Eu falo me jogando num colchão no chão. — Como eu vou dormir nessa bagunça.

— Ué dorme lá em casa. — Raquel fala deitando ao meu lado.

Eu apenas rio, não sei porque mais achei engraçado, é que de repente aquele sonho que tive tempo atrás voltou em minhas lembranças.

— Do que está rindo? — Ela olha para mim.

— Nada.

— Escucha amanhã eu não vou trabalhar, você dorme lá em casa hoje e amanhã acordamos cedo para terminar isso aqui.

— Não sei. — Respondo.

— Porque? O que que tem você dormir comigo Carla? Está com miedo deu te agarrar de madrugada? — Ela pergunta

ficando por cima de mim .

Aquilo me deixou assustada.

— Não fala besteira. — Me levanto rapidamente.

— É o que então?

— Hernando. — Respondo.

Menti, o problema não era Hernando, o problema era eu mesma, meus sentimentos pela Raquel que ainda eram confusos.

Algumas vezes me pegava atraída por ela, o que era completamente estranho e novo para mim, insistia em me convencer que era só admiração, mas não sei se acreditava.

Então o meu medo não era dela me agarrar, o meu medo era deu desejar isso.

— O que tem o Hernando? Você ia ficar com ele hoje? — Ela também se levanta.

— Não, na verdade nem estamos nos falando direito, desde que eu disse que ia mesmo me mudar estamos brigando direto, e até com você ele começou a implicar agora e eu nem sei porquê.

— Então é só você não contar para ele, vai ser o nosso segredinho. — Ela fala no pé do meu ouvido, me arrepiando a pele.

— Está bem. — Sorrio.

Será que algum dia eu conseguiria dizer não a Raquel Sánchez?

...

— Eu vou pedir pizza está bem? — Ela me pergunta enquanto entravamos em seu apartamento. — Não tenho condição de cozinhar agora, estou exausta.

— E eu nem te pediria isso não é Raquel. — Sorrio. — Para mim está ótimo, eu pago.

— Não precisa.

— Eu vou pagar, falei primeiro. — Faço ela rir.

— Então eu vou tomar banho primeiro, porque eu falei primeiro. — Ela corre para o quarto.

— A não vale Raquel. — Vou atrás.

— Que foi? Vai querer tomar banho junto comigo. — Ela fala me puxando com a toalha.

E eu travei na hora que ouvi, não sabia se ela estava brincando ou falando sério, fiquei nervosa.

— Não, não né. — Respondo gaguejando.

— Então vai ter que esperar. — Ela entra no banheiro. — Aproveita e pede a pizza. — Ela grita.

Eu peço a pizza e fico sentada na cama esperando a minha vez no banho, quando Raquel saí do banheiro apenas de toalha e com o corpo ainda molhado.

Tentei não a olhar, mas foi incontrolável, um conjunto de emoção me atingiu por inteiro, e novamente eu estava perdida em meus sentimentos, até que comecei a ficar desconfortável com aquela cena.

Raquel estava à vontade claro, estava na casa dela e com uma amiga apenas, o problema é que essa amiga maldou a situação, como eu já disse uma vez Raquel me excitava, e eu não sei porque.

E naquela hora ali era como eu me senti, excitada, fiquei mal por isso, e envergonhada.

— O que foi? — Ela senta na cama de frente para mim.

— Nada. — Falo olhando para baixo.

— Então passa esse creme nas minhas costas. — Ela já ia tirando a toalha.

— Não. — Eu impeço.

— O que foi?

Devolvo o creme a ela, mas não respondo nada.

— Está achando que eu quero te seduzir? — Ela fala bem perto de mim com a voz manhosa.

Meu coração disparou no mesmo instante, e eu realmente não saberia responder essa pergunta, a Raquel era cheia desses joguinhos, dessas frases de efeito, eu nunca sei o que ela realmente quer dizer, não consigo decifra-la.

— Claro que não. — Respondo.

— Tem certeza. — Ela fala perto da minha orelha e depois assopra meu pescoço.

— Raquel. — Eu saio da cama.

— Ela começa a rir. — Eu estou brincando, a lá é o interfone, a pizza deve ter chegado. — Ela fala.

Era sempre isso, ele sempre estava brincando, a minha dúvida é se toda brincadeira realmente tem um fundo de verdade.

...

Bom eu também já tinha tomado o meu banho, Raquel agora estava devidamente vestida, na maneira do possível não é,

porque sua camisola era curta e transparente, e eu estava nervosa igual, estávamos as duas comendo a pizza sentadas na cama, em silêncio.

— Que silêncio. — Ela fala.

— Lembrei do dia que nos conhecemos. — Falo.

— É, mas desde então nunca mais ficamos sem assunto, ao contrário. — Ela rir. — Você está sem graça porquê?

— Não, não estou sem graça eu estou é com fome. — Falo pegando outra fatia de pizza.

— Você já ficou com alguma mulher Carla? — Ela pergunta do nada.

" Não faz isso comigo", foi o que eu pensei, tenho medo do que possa acontecer se ela começasse com esses joguinhos.

— O que? Não, eu não, claro que não. — Respondo.

E falei a verdade, realmente nunca fiquei com uma mulher, e nunca tive interesse, pelo menos nunca percebi isso, até conhecer a Raquel.

— Ué porquê? Não tem nada demais.

— Realmente não tem, mas é que eu sou hétero, só isso.

— Ok. — Ela fala, voltando ao silêncio anterior.

— Mas já sonhei que sim. — Falo.

Eu tentei puxar assunto dessa vez, mas talvez tenha sido uma péssima ideia falar nesse sonho, ela insistiu em saber com quem eu tinha sonhado, é claro que ela ia querer saber.

— Não vou falar.

— Se você não quer falar quem é, é porque eu conheço a pessoa, apesar da gente não conhecer muitas pessoas em comum, então eu não sei...

— Foi com você está bom. — Decido dizer.

— Me? — Ela fala boquiaberta e depois começa a rir.

— Pronto.

— Não te culpo, eu sou muito caliente, não é? — Ela fala balançando os seios e rindo.

Me dá raiva a vê levando na brincadeira, algo que era tão perturbador e confuso para mim.

— Para com isso. — Vou ao banheiro. — Esquece isso, eu nem sei porque sonhei com isso.

— É porque no fundo você me deseja?

Confesso que eu não saberia responder essa pergunta também, talvez até saiba a resposta, mas tenha medo dela, por sorte Raquel estava brincando de novo e começa a rir em seguida.

— Até parece, o que você tem no meio das pernas não me interessa, é a mesma coisa que eu tenho. — Provoco.

— Quando duas pessoas têm o mesmo instrumento e sabe usar eles muito bem, um outro instrumento não tem nem como competir Carla.

— Agora a gente está falando de música? — Debocho.

— Eu estou falando de sexo mesmo. — Ela é direta. — Falando nisso e o sexo com o Hernando como é? Você disse que estão brigando bastante dizem que o sexo de reconciliação são os mejor.

Quando mais ela fala mais eu fico vermelha de tanta vergonha.

— Está vendo, você sempre fica sem graça e eu não sei porque, somos amigas podemos conversar sobre tudo. — Ela fala.

Eu tinha amigas lá fora, eu conversava sobre tudo com elas, e eu não tinha vergonha, o problema é que para mim a Raquel já não era mais só uma amiga, coisa que ela ainda não tinha percebido.

— É bom, normal. — Respondo sem muitos detalhes.

— Nossa, pela sua empolgação deve ser bom mesmo. — Ela começa a rir. — Desculpa Carla, mas como assim, bom, normal?

— Confesso que as coisas eram muito melhores entre a gente no início, desde o modo que ele me tratava até o sexo.

— Volto para a cama.

— Mas porquê? Como assim? — Pergunta.

— A eu não quero falar sobre o Hernando Raquel. — Peço.

— Tudo bien. — Ela fala. — Vamos falar de nós então, e aí você toparia tornar aquele sonho realidade?

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