Alguns dias se passarão e a minha amizade com a Raquel crescia cada vez mais, estávamos cada dia mais unidas, nos falávamos todos os dias e praticamente o dia todo, nos víamos sempre que possível.
Quem não estava gostando nada disso era Hernando que de uma hora para a outra começou a implicar com a amizade que eu tinha com a Raquel, sem nem dizer o motivo, portanto é claro que eu não dei importância, mas com isso nossas brigas se tornaram mais constantes.
Os dias estavam super corridos e eu tinha acabado deixando de lado a compra do apartamento, mas a atitude do Hernando serviu para me dá um empurrão e resolver isso logo, por enquanto eu estava morando com ele, mas ansiava pela mudança, ele já estava se intrometendo demais em minha vida.
...
— Que surpresa boa. — Raquel fala abrindo um sorriso assim que bato em sua porta. — O que faz aqui? — Me pergunta.
— Vim pedir uma xícara de açúcar para a minha nova vizinha. — Brinco.
— Mentira? — Ela coloca a mão na boca.
— Não. — Mostro a chave do apartamento para ela sem conter a minha alegria.
— No acredito. — Ela corre em minha direção me dando um abraço tão apertado que me levanta do chão.
— Nossa, não sabia que a minha presença seria tão querida assim. — Sorrio.
— Você nem imagina o quanto. — Ela fala colocando uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha e me dando um beijo na bochecha.
Ela era tão carinhosa comigo, eu adorava isso, o jeito que ela me tratava, me fazia bem, tão diferente de Hernando.
Enfim, eu tenho certeza que morar perto dela, vai me trazer muita alegria, a Raquel era uma pessoa incrível.
— Então a xícara de açúcar eu não quero, mas quero fazer outro pedido, posso? — Pergunto.
— Tudo que você quiser. — Responde.
— Me ajuda com a mudança por favor, as coisas já devem estar chegando, eu tô pirando só de pensar na bagunça.
— Claro que si Carla. — Ela sorrir. — Mas já? Já vai se mudar? Hoje? E eu nem sabia que você tinha comprado o apartamento, porque no me contou nada?
— Na verdade eu decidi meio que no impulso, o Hernando já estava me enchendo o saco. — Rio. — Comecei a resolver as coisas sozinha, e para você não contei porque quis fazer uma surpresa.
— E que surpresa. — Sorrir. — Amei a surpresa, a gente vai se divertir muito como vizinhas.
...
Já passava das 22:00 e a bagunça do meu apartamento só fazia aumentar, as coisas que eu tinha trazido do apartamento de Hernando estavam jogadas por todo lado, minhas roupas em malas, que era uma coisa que eu odiava, e alguns móveis que eu já tinha comprado também havia chegado e estavam espalhados pelo lugar.
Eu e Raquel, estávamos colocando algumas das minhas roupas no armário, quando percebo ela bocejando.
— Você está com sono, não é?
— Ela boceja de novo. — No posso nem mentir. — Rir.
— E eu estou morrendo de fome. — Falo segurando a barriga.
— Aí eu también. — Ela rir.
— Pior que não arrumamos nem a metade. — Eu falo me jogando num colchão no chão. — Como eu vou dormir nessa bagunça.
— Ué dorme lá em casa. — Raquel fala deitando ao meu lado.
Eu apenas rio, não sei porque mais achei engraçado, é que de repente aquele sonho que tive tempo atrás voltou em minhas lembranças.
— Do que está rindo? — Ela olha para mim.
— Nada.
— Escucha amanhã eu não vou trabalhar, você dorme lá em casa hoje e amanhã acordamos cedo para terminar isso aqui.
— Não sei. — Respondo.
— Porque? O que que tem você dormir comigo Carla? Está com miedo deu te agarrar de madrugada? — Ela pergunta
ficando por cima de mim .
Aquilo me deixou assustada.
— Não fala besteira. — Me levanto rapidamente.
— É o que então?
— Hernando. — Respondo.
Menti, o problema não era Hernando, o problema era eu mesma, meus sentimentos pela Raquel que ainda eram confusos.
Algumas vezes me pegava atraída por ela, o que era completamente estranho e novo para mim, insistia em me convencer que era só admiração, mas não sei se acreditava.
Então o meu medo não era dela me agarrar, o meu medo era deu desejar isso.
— O que tem o Hernando? Você ia ficar com ele hoje? — Ela também se levanta.
— Não, na verdade nem estamos nos falando direito, desde que eu disse que ia mesmo me mudar estamos brigando direto, e até com você ele começou a implicar agora e eu nem sei porquê.
— Então é só você não contar para ele, vai ser o nosso segredinho. — Ela fala no pé do meu ouvido, me arrepiando a pele.
— Está bem. — Sorrio.
Será que algum dia eu conseguiria dizer não a Raquel Sánchez?
...
— Eu vou pedir pizza está bem? — Ela me pergunta enquanto entravamos em seu apartamento. — Não tenho condição de cozinhar agora, estou exausta.
— E eu nem te pediria isso não é Raquel. — Sorrio. — Para mim está ótimo, eu pago.
— Não precisa.
— Eu vou pagar, falei primeiro. — Faço ela rir.
— Então eu vou tomar banho primeiro, porque eu falei primeiro. — Ela corre para o quarto.
— A não vale Raquel. — Vou atrás.
— Que foi? Vai querer tomar banho junto comigo. — Ela fala me puxando com a toalha.
E eu travei na hora que ouvi, não sabia se ela estava brincando ou falando sério, fiquei nervosa.
— Não, não né. — Respondo gaguejando.
— Então vai ter que esperar. — Ela entra no banheiro. — Aproveita e pede a pizza. — Ela grita.
Eu peço a pizza e fico sentada na cama esperando a minha vez no banho, quando Raquel saí do banheiro apenas de toalha e com o corpo ainda molhado.
Tentei não a olhar, mas foi incontrolável, um conjunto de emoção me atingiu por inteiro, e novamente eu estava perdida em meus sentimentos, até que comecei a ficar desconfortável com aquela cena.
Raquel estava à vontade claro, estava na casa dela e com uma amiga apenas, o problema é que essa amiga maldou a situação, como eu já disse uma vez Raquel me excitava, e eu não sei porque.
E naquela hora ali era como eu me senti, excitada, fiquei mal por isso, e envergonhada.
— O que foi? — Ela senta na cama de frente para mim.
— Nada. — Falo olhando para baixo.
— Então passa esse creme nas minhas costas. — Ela já ia tirando a toalha.
— Não. — Eu impeço.
— O que foi?
Devolvo o creme a ela, mas não respondo nada.
— Está achando que eu quero te seduzir? — Ela fala bem perto de mim com a voz manhosa.
Meu coração disparou no mesmo instante, e eu realmente não saberia responder essa pergunta, a Raquel era cheia desses joguinhos, dessas frases de efeito, eu nunca sei o que ela realmente quer dizer, não consigo decifra-la.
— Claro que não. — Respondo.
— Tem certeza. — Ela fala perto da minha orelha e depois assopra meu pescoço.
— Raquel. — Eu saio da cama.
— Ela começa a rir. — Eu estou brincando, a lá é o interfone, a pizza deve ter chegado. — Ela fala.
Era sempre isso, ele sempre estava brincando, a minha dúvida é se toda brincadeira realmente tem um fundo de verdade.
...
Bom eu também já tinha tomado o meu banho, Raquel agora estava devidamente vestida, na maneira do possível não é,
porque sua camisola era curta e transparente, e eu estava nervosa igual, estávamos as duas comendo a pizza sentadas na cama, em silêncio.
— Que silêncio. — Ela fala.
— Lembrei do dia que nos conhecemos. — Falo.
— É, mas desde então nunca mais ficamos sem assunto, ao contrário. — Ela rir. — Você está sem graça porquê?
— Não, não estou sem graça eu estou é com fome. — Falo pegando outra fatia de pizza.
— Você já ficou com alguma mulher Carla? — Ela pergunta do nada.
" Não faz isso comigo", foi o que eu pensei, tenho medo do que possa acontecer se ela começasse com esses joguinhos.
— O que? Não, eu não, claro que não. — Respondo.
E falei a verdade, realmente nunca fiquei com uma mulher, e nunca tive interesse, pelo menos nunca percebi isso, até conhecer a Raquel.
— Ué porquê? Não tem nada demais.
— Realmente não tem, mas é que eu sou hétero, só isso.
— Ok. — Ela fala, voltando ao silêncio anterior.
— Mas já sonhei que sim. — Falo.
Eu tentei puxar assunto dessa vez, mas talvez tenha sido uma péssima ideia falar nesse sonho, ela insistiu em saber com quem eu tinha sonhado, é claro que ela ia querer saber.
— Não vou falar.
— Se você não quer falar quem é, é porque eu conheço a pessoa, apesar da gente não conhecer muitas pessoas em comum, então eu não sei...
— Foi com você está bom. — Decido dizer.
— Me? — Ela fala boquiaberta e depois começa a rir.
— Pronto.
— Não te culpo, eu sou muito caliente, não é? — Ela fala balançando os seios e rindo.
Me dá raiva a vê levando na brincadeira, algo que era tão perturbador e confuso para mim.
— Para com isso. — Vou ao banheiro. — Esquece isso, eu nem sei porque sonhei com isso.
— É porque no fundo você me deseja?
Confesso que eu não saberia responder essa pergunta também, talvez até saiba a resposta, mas tenha medo dela, por sorte Raquel estava brincando de novo e começa a rir em seguida.
— Até parece, o que você tem no meio das pernas não me interessa, é a mesma coisa que eu tenho. — Provoco.
— Quando duas pessoas têm o mesmo instrumento e sabe usar eles muito bem, um outro instrumento não tem nem como competir Carla.
— Agora a gente está falando de música? — Debocho.
— Eu estou falando de sexo mesmo. — Ela é direta. — Falando nisso e o sexo com o Hernando como é? Você disse que estão brigando bastante dizem que o sexo de reconciliação são os mejor.
Quando mais ela fala mais eu fico vermelha de tanta vergonha.
— Está vendo, você sempre fica sem graça e eu não sei porque, somos amigas podemos conversar sobre tudo. — Ela fala.
Eu tinha amigas lá fora, eu conversava sobre tudo com elas, e eu não tinha vergonha, o problema é que para mim a Raquel já não era mais só uma amiga, coisa que ela ainda não tinha percebido.
— É bom, normal. — Respondo sem muitos detalhes.
— Nossa, pela sua empolgação deve ser bom mesmo. — Ela começa a rir. — Desculpa Carla, mas como assim, bom, normal?
— Confesso que as coisas eram muito melhores entre a gente no início, desde o modo que ele me tratava até o sexo.
— Volto para a cama.
— Mas porquê? Como assim? — Pergunta.
— A eu não quero falar sobre o Hernando Raquel. — Peço.
— Tudo bien. — Ela fala. — Vamos falar de nós então, e aí você toparia tornar aquele sonho realidade?
— ... E aí você toparia tornar aquele sonho realidade? — Ela fala próximo a mim.Ela fala muito próximo a mim, muito próximo mesmo, e se aproximava cada vez mais, estava de quatro em cima da cama e vinha para cima de mim.Minhas mãos começaram a suar e eu não conseguia me mexer, sinto minha garganta fechando e a sensação de que não consigo respirar, pude sentir perfeitamente o seu hálito sabor pizza de tão próximo a minha, a boca dela estava.— Peguei. — Ela fala.Fala e abre um leve sorriso, logo depois ela leva até a boca, a fatia de pizza que havia pegado na caixa atrás de mim, morde, se lambuzando, chupando os dedos e rindo é claro.— Não acredito. — Eu falei tão baixo que ela não pode ouvir.O caso é que fiquei frustrada e aliviada ao mesmo tempo, eu sei que
Já era sábado, o dia da minha festa.Estava tudo pronto , eu estava em meu apartamento me arrumando para ir, tínhamos feito uma espécie de pulseiras para a entrada na boate, como era uma festa privada, só entraria quem eu realmente convidei, no caso quem estivesse com a pulseira.Eu ainda tinha uma guardada, a dela, a da Raquel.A gente se afastou um pouco depois daquela " briga" que ela insistia em dizer que não foi briga, mas continuávamos amigas, só não como antes, e de vez em quando rolava um clima esquisito entre a gente, passamos a falar só o básico uma com a outra, diferente de antes que conversávamos sobre tudo e todo o tempo.Mas eu ainda a considerava muito, e realmente queria a presença dela naquele dia importante para mim, queria que nos aproximássemos de novo, então decidi terminar de me arrumar e levar a pulseira para ela logo em seguida,
Já passava das 03:00 da manhã, estava deitada em minha cama de pijama, olhando para o teto, como se ele fosse me ajudar em algo ou respondes minhas dúvidas.Tudo o que eu queria era dormir, cessar aquela competição de pensamentos que estavam presentes em minha mente.Mais o sono não vinha de jeito nem um, eu rodava na cama igual pião, levantei, andei a casa toda e nada do sono vir, lembrei de quando costumava ter insônia.— Quem sabe ainda sobrou algum remédio dessa época. — Pensei.Cacei esse remédio, como quem caça tesouro, graças a Deus achei, apaguei....Acordei com o meu celular tocando, corri para atender e realmente não sei quem eu queria que fosse.Era uma amiga antiga para me desejar feliz aniversário, certeza que não foi por ela que eu corri.Já era mais de 13:00 hora da tarde, aquele rem&
De repente, ela trouxe seu rosto para mais perto do meu, e em instantes senti seus lábios aquecerem os meus suavemente, e suas mãos pousaram em meu rosto, me puxando para mais perto dela.Solicitava que eu desse abertura para intensificar o beijo, que ela início com calmaria e cautela, numa movimentação demorada e tímida.Também seguro em seu rosto, mas não é como seu eu a permitisse prosseguir, era como seu implorasse por aquilo, me envolvo a ponto de nossas línguas parecer uma só dentro de nossas bocas.O beijo continua, e agora era mais quente, sensual, quase erótico, e depois de longos segundos, o beijo é encerrado por ela com um breve selinho, e eu ainda permaneço ali por um tempo, com os olhos fechados.Quando os abro e tomo consciência do que tinha acontecido, sinto meu corpo todo estremecer, percebo que não havia um só pelinho em m
Por mais que eu estivesse envolvida, por mais que eu quisesse aquilo, por mais que eu estivesse " me esforçando", aquilo tudo era novo para mim.Eu nunca tinha transado com uma mulher, eu nunca tinha se quer beijado uma mulher, eu estava nervosa, não sei sesaberia fazer certo, e aquilo não deixa de me preocupar.Até que Raquel pareceu ter visto isso estampado na minha cara.— Mas hoje o trabalho é todo meu, você só tem que relaxar. — Ela me diz.E é exatamente isso que aquelas palavras me fazem, me relaxam.Eu podia relaxar e confiar nela, foi tudo o que eu sempre quis ouvir dela.Senti suas mãos deslizarem em minha clavícula e me empurrar suavemente contra ela, e instintivamente, eu me deixei ser conduzida, enquanto uma de suas mãos agora segurava minha bunda, nos beijamos.Logo suas mãos foram subindo sobre meu corpo, e seus olhos
Sobre o dia em que eu e a Raquel dormimos juntas, pela primeira vez...Acordei assim que percebi o sol indo embora da minha janela, já estava anoitecendo, e ao me virar, a primeira imagem que tenho diante de mim é a da Raquel.Estava deitada de bruços ao meu lado, ainda completamente nua, e com um fino lençol branco por cima do corpo, a cobrindo apenas da cintura para baixo.Eu abro um sorriso involuntário ao vê-la, ao lembrar do que aconteceu, ao lembrar dos seus beijos e do seu toque, como eu me senti feliz.Mas esse sorriso logo sumiu do meu rosto em questão de segundos e acreditem, pelo mesmo motivo, por eu estar feliz.Estava feliz por ter dormido com a minha melhor amiga e por ter traído o meu namorado?Não me senti no direito de estar feliz, não deveria sorrir, havia motivos para comemorar.— Isso não foi certo Carla. — Pensei.Ent&at
— E ai? — Raquel me pergunta no corredor.Segunda-feira, Hernando tinha me procurado, e quando ele estava saindo do meu apartamento, ela provavelmente o viu.— Eu não chamei ele aqui se é isso que você quer saber. — Respondi.— No, no é isso que quiero saber. — Ela me encarava. — Vocês terminaram?Ela me perguntou, e eu não consegui responder, a resposta seria não, e eu sabia que não era o que ela queria ouvir.— Você contou a ele?Ela logo faz outra pergunta, que dessa vez tive que responder.— Não. — Falo com a cabeça baixa.— E porque não?Percebi que ela respirou fundo antes de perguntar, provavelmente se preparando para ouvir a resposta.— Ele veio me pedir desculpas Raquel.— Depois de quase te agredir na sua festa, te abandonar no dia s&o
Raquel tinha razão em tudo o que disse, o problema não era a culpa, o problema não era Hernando, o problema era eu e o meu medo.Sim, eu estava com medo de aceitar que estava apaixonada por uma mulher, que eu estava completamente apaixonada pela Raquel.Por que assim que eu assumisse isso, teria que me assumir também, me assumir agora como uma mulher, que gosta de outra mulher, e eu fui preconceituosa quanto a isso.Preferi pensar que foi só uma coisa de momento, uma coisa boba, uma atração passageira, na verdade eu tentava me convencer disso.Sendo que só de pensar na Raquel o meu corpo todo tremia em resposta, a felicidade me consumia só em lembrar do seu rosto, e o meu coração gritava por ela.Fui uma estupida, ri da Raquel por isso mas fui uma boba também quando achei que p