— Eles só vão parar se você aceitar casar comigo — disse quase sem força pelo tanto que apanhou do Julian e com um ar superior.
Eu só queria que parecem de bater nele.
— Tudo bem, você venceu. Me caso com você — quando falei isso, fez sinal para seus capangas pararem. Corri até o Julian desesperada, que já se encontrava desmaiado no chão.
Sacha e minha mãe estavam assustadas, não conseguiram reagir, pareciam em choque.
— Sacha, pelo amor de Deus, chame uma ambulância — gritei fazendo-a sair do choque em que estava.
— Vamos, Kauana, precisamos ir — Oscar puxou-me com pressa.
Não consegui controlar minhas lágrimas e chorei temendo pela vida de Julian.
— Oscar, chega! Acabou... — disse meu pai aparecendo na porta do quarto de repente, nos impedindo de sair.
— Assinamos um contrato Jonathas, você deve muito dinheiro ao meu pai, vai perder tudo se eu não me casar com sua filha — respondeu encarando-o.
— É desse contrato que está falan
Despertei com o barulho da porta sendo aberta e após abrir os olhos levei um susto muito grande quando vi o médico do Julian me olhando confuso. Foi então que me dei conta que estava no quarto do Julian no hospital e deitada na cama com ele.Me sentei rapidamente fazendo Julian acordar. Fiquei muito envergonhada quando notei que estava de camisola.— Bom dia, Julian! Vejo que dormiu muito bem essa noite — cumprimentou o médico fazendo a Dona Sacha acordar, ela dormia na poltrona.— Está tudo bem, Doutor? — Perguntou dona Sacha se levantado.— Sim, está. Os exames ficaram prontos, Julian está muito bem, nos exames não deu nada, vou dar alta a ele e receitar remédio para a dor — respondeu entregando a receita para a mãe dele, enquanto a enfermeira me encarava estranho.Talvez se perguntando o que eu fazia ali de camisola?O médico saiu do quarto fazendo várias recomendações. Julian mesmo muito dolorido, se levantou da cama.— Alguém pode
Voltar para a casa do meu pai me deixava angustiada. Ali sempre me senti presa, a única pessoa que eu sentia falta era da Maro, ela sempre foi tão presente na minha vida que era como uma segunda mãe para mim. As palavras do Julian não saiam da minha cabeça. Nunca me apaixonei por ninguém e tudo isso era novo para mim. Mas o fato era que meus sentimentos por ele eram verdadeiros e eu precisava dizer a ele como realmente sou. Se eu não conseguia me entender, como ele me entenderia? Tudo isso me confundia. Sabia que não era normal gostar de sentir dor, mas para mim, era prazeroso e não tendia o porquê. — Kau... filha... chegamos — cutucou, me fazendo voltar para a realidade, eu estava com meus pensamentos longe. — Percebi, pai — falei, me assustando com a porta do helicóptero se abrindo. Meu pai me ajudou a descer. — KAU... Minha menina — gritou, Maro se aproximando. Ela correu em minha direção e quando finalmente estava na minha frente,
Meu Deus! Onde vou estacionar meu carro? Que loucura é essa?Continuei procurando por uma vaga e estacionei assim que achei uma na porta da minha casa.— Você finalmente chegou, por onde andou? — questionou, Maro toda afobada e arrumada para uma festa.— Dona Sandra chegou? — Acompanhei ela que me puxava pelo braço.— Dona Sandra está no seu quarto te esperando — olhou-me. — Vou terminar de me arrumar — avisou saindo rapidamente, sem me deixar perguntar qualquer coisa.Entrei no meu quarto e encontrei dona Sandra e sua filha muito nervosas me esperando.— Nossa, você demorou! Já tomou banho? — Perguntou dona Sandra se aproximando.— Que pergunta é essa? — Questionei incrédula.— Você tem cinco minutos para tomar banho — disse me ignorando.— Vai logo Kau... — pediu Hester, a noiva.— Eu já tomei banho, o que deu em vocês?— Melhor ainda — resmungou dona Sandra. — Sente-se aqui — pediu, me puxando e
Três anos depois...Tanta coisa mudou durante esses anos. Julian é um homem incrível, me ajudou a procurar ajuda, fui acompanhada por psicóloga, um grupo de apoio e até um de oração que dona Sacha tinha costume de ir, achou que eu deveria ir também. Acredito que me ajudou muito.Mesmo assim, foi uma luta para tirar esse sentimento de mim, lembranças doloridas vieram à tona, cenas de quando eu me cortava, na época parecia uma coisa boa, mas hoje lembrar desses momentos me fazem sofrer muito, dói saber que eu me machucava, tive crises de ansiedade, na época eu nem sabia que tinha isso, ninguém sabia de nada, passei por tudo isso sozinha.O grupo e a psicóloga me ajudou a entender que nada disso foi culpa minha. Cresci vendo meus pais brigarem o tempo todo, achava que era o jeito que eles se amavam, não entendia o porquê de brigarem tanto, isso me afetou profundamente. Achava que para demonstrar amor tinha que machucar as pessoas, não s
Copyright © 2019 Tania GiovanelliDireitos autorais do texto original ‘Não vou dizer sim’’ – Fundação Biblioteca NacionalTodos os direitos reservados.Capa: Carol MoreiraDiagramação: Tatiane SouzaRevisão: Tatiane SouzaLicença de imagens: PngtreeNenhuma parte deste livro pode ser utilizada ou reproduzida sob quaisquer meios existentes, seja por meios mecânicos, eletrônicos, seja via cópia xerográfica, sem a autorização por escrito do autor.Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. Nomes, lugares e acontecimentos descritos são frutos da imaginação da autora.Giovanelli, TâniaNão vou dizer sim/Tânia Giovanelli - São José do Rio Pardo -SPTânia Giovanelli, setembro de 2019.Literatura Nac
— Kau, o que está fazendo nesse quarto? Que barulhos são esses? O que você tá aprontando menina? — Gritou Maro, a governanta, esmurrando a porta do lado de fora do meu quarto.Rapidamente guardei todas as minhas coisas, desliguei o notebook e troquei de roupa. Maro, não podia me ver assim, ninguém podia. Isso era um segredo só meu.— KAU, TA QUASE NA HORA DO SEU CASAMENTO — Berrou brava.— Já vou abrir, só um minuto — falei terminando de me vestir e fui abrir a porta logo em seguida.Maro bufou, não sabia por que estava tão brava. Este casamento era contra a minha vontade e ela sabia muito bem disso.— Menina, seu pai me mata se você atrasar. O que estava fazendo trancada neste quarto? — disse entrando rapidamente e colocou o vestido de noiva na cama.— Estava assistindo um filme pelo notebook — respondi ignorando aquele vestido ridículo.— Um filme a essa hora? está querendo provocar seu pai? Você já tomou banho? — Caminhou a
Minutos depois estava a caminho da cidade da minha mãe. Ela partiu quando eu tinha apenas seis anos, então as lembranças que tinha dela eram poucas. Era muito nova para entender o que estava acontecendo, só lembro que eles brigavam muito. Hoje, com vinte e dois anos, consigo entender que o maior culpado de ela ter nos deixado foi meu pai.Jonathas Almeida era uma pessoa extremamente difícil de conviver, era autoritário de mais, achava que poderia mandar em todos. Vivia mal-humorado, não sorria e só pensava nos negócios dele.Que mulher aguentaria um homem assim? Entendia que ela não possuía outra escolha, por esse motivo tinha muita vontade de encontrá-la.Passei a viagem toda imaginando em como seria nosso reencontro, se ela me reconheceria e se ainda sentia algum sentimento por sua filha. Suspirei, notando que vários olhares dentro do ônibus eram direcionados a mim.Ri fraco, acho que eu também ficaria horrorizada em ver uma noiva fugitiva.
Quando voltei para a realidade percebendo que estávamos sozinhos e que os guardas passaram sem me ver. O empurrei na hora.— O que pensa que está fazendo? Quem te deu permissão para me beijar — perguntei, meu coração batia descompassado e minhas pernas estavam trêmulas. Eu queria esganá-lo.— Tá reclamando do que? Você retribuiu sem hesitar — zombou.— Precisei retribuir, eu estava sendo perseguido pelos guardas, essa foi a única forma de me esconder — respondi sem graça, notando que meus pães e o pacote de biscoito estavam pisoteados no chão e minha barriga continuava roncando.— Então você é uma ladrazinha, mas porque está vestida de noiva? — Questionou me examinando.— Não sou ladra e é uma longa história. Contarei depois que me arrumar uma roupa e pagar algo para eu comer, estou morrendo de fome — pedi muito sem graça novamente.— Te pago um belo café da manhã e te compro roupas novas com uma condição.— Que condição?— Minha mãe é