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Terrores Noturnos

*POV AUTOR*

Eles entraram em uma lojinha, onde tinha vários uniformes em cima de um balcão. Joana puxou Clare para um provador e lhe entregou umas roupas.

– Sério que é isso o uniforme?- disse Clare se olhando no espelho após se trocar.- É uma escola ou um convento?

Ela vestia uma camisa branca de botões, gravata azul e uma saia de pregas que iam até a linha do joelho.

– É, também não gosto dele.- resmungou Joana.

Clare saiu do provador bufando. Jeff caiu na gargalhada. Clare riu também, nunca tinha pensado que um dia se vestiria assim.

Eles foram a uma lanchonete após conseguirem o uniforme. Assim que Clare entrou o viu sentado em uma mesa nos fundos. Seus olhares se cruzaram e ela sentiu seu estômago dar cambalhotas na barriga.

"De novo!"

Clare se sentou do lado de Jeff, de frente para Joana e de costas para o estranho.

– O uniforme é careta, a escola também, mas tem pessoas legais lá.- tagarelava Joana, mas Clare não conseguia se concentrar.

– Está tudo bem?- perguntou Jeff abraçando ela que só assentiu com a cabeça.

Conseguia sentir aquele cheiro de brisa que ela havia sentido no trem.

Ela foi tirada desses pensamentos quando percebeu que ele estava ali, parado ao seu lado.

– Oi. Eu queria me desculpar por hoje no trem. Não quis te assustar.- falou olhando para ela.

– Não me assustei.- mentiu, e ele percebeu.

– Já fez amizade Clare?- interrompeu Joana.

– Não.- fuzilou a prima com os olhos.- Nem conheço.- murmurou com desdém.- Se era só isso.- fez sinal pra ele ir.

– Então, estamos em paz?- ele estendeu a mão a ela.

– Tanto faz.- a loira apertou sua mão. Estava quente, e esse calor a fez corar. Se virou para Jeff que a olhava sério e apreensivo.- Acho melhor irmos.- afirmou levantando da mesa e saiu sem esperar resposta.

– O que foi aquilo Clare?- perguntou Jeff quando a alcançou.- Por que foi grossa com aquele cara que veio te pedir desculpas?- a voz do rapaz era de preocupação.

– Jeff o cara é louco. Ele apertou meu pulso quando eu o acordei no trem para dizer que já tinhamos chegado.- argumentou.

Clare deixou que Jeff a guiasse até o carro. E viu que o rapaz a olhava da janela na lanchonete. Aquele calor voltou a percorrer seu corpo. Ela ficou incomodada com aquilo.

****

Clare já estava pronta para ir dormir e folheava um livro. Olhando pela janela seus olhos fitaram a grande e iluminada lua. Estava cansada do dia que teve com primos. Cansada mas feliz.

Estava tão hipnotizada pela lua que não percebeu sua avó entrar no quarto.

– Querida, trouxe seu chá.- disse a senhora.- Clare?- chegou mais perto da neta.- Clare!- elevou a voz assustando a moça.

– Dona Eva! Nuca mais faça isso!- ofegou Clare com a mão no peito.- Quer que eu tenha um enfarto? Aconteceu alguma coisa?- perguntou ao perceber o olhar preocupado da avó.

– Não, eu só trouxe seu chá.- senhora forçou um sorriso.- Ansiosa para conhecer a escola?

– Nem um pouco. A minha sorte é que vou ter a Joana comigo.- sentou-se na cama e bebeu o chá que a fez dormir rápido.

***SONHO ON***

"Minha respiração estava alta, eu estava ofegante. Estava correndo pela relva, correndo tão rápido que parecia voar. Sentia o cheiro de terra molhada, orvalho, pinho e um cheiro... Olhei para os lados procurando ele mas não o encontrava.

Continuei correndo, meu corpo queimava por inteiro, meu sangue era como heroína nas veias. Minha pele ardia, queria rasgá-la. Parei de correr me deparando com um lago. Fiquei parada olhando o reflexo da lua na água.

Aquilo me trazia tranquilidade. Estava perdida olhando a lua quando algo pulou em cima de mim, fazendo-me rolar no chão.

Era um lobo preto e branco de olhos azuis e pelo brilhoso. Ele era assustadoramente magnífico. Se aproximou. Eu não estava com medo e sim feliz em vê-lo pular em cima de mim.

Pulamos um no outro, mordendo, lambendo, arranhando... eu estava adorando aquilo. Ele correu para o lago e começou a beber a água. Parei ao seu lado e me inclinei fazendo como ele, e vi meu reflexo na água. Mas não podia ser eu, não era eu! Era um lobo branco me encarando. Seu focinho estava vermelho com sangue.

Assustada desviei os olhos e fitei a lua. Uma coisa dentro do meu peito crescia, eu queria gritar..."

*** SONHO OFF***

Clare suava na cama, se contorcia nos lençóis, murmurava algo que não se podia compreender, parecia rosnados, chiados. De repente seu grito ecoou pela casa. Sua avó adentrou no quarto e viu Clare se debater na cama. Saiu para fora e voltou com um frasco transparente e despejou o conteúdo na boca de Clare. Começou a murmura várias vezes uma espécie de mantra ou prece:

"ORO UT LUNA, VOCAT, NE DERELINQUAS ME"

"Rogo a lua que me chama, Para que não me deixes"

Clare aos poucos foi se acalmando e relaxando. Sua avó saiu do quarto deixando que ela dormisse e foi para a cozinha. Pegou o telefone e discou.

– Phill...Está ficando cada vez mais difícil de controlar.- sussurrava ao telefone.- O chá não está mais resolvendo. Tive que usar minha LUPUS poção.- ela ouvia o outro lado da linha.- Estou com um pouco mas acho que não vai resolver. Terá que trazer mais... Certo. Boa noite Phill.

A senhora desligou o telefone e ficou pensativa. Sabia que Phillip a ajudaria novamente, mas estava com medo pela neta.

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