Mel

*POV AUTOR

Joana estranhava o silêncio da prima durante o trajeto que seguia até a escola.

– Clare, está tudo bem?

– Eu só não durmi direito.- o que era verdade, já que Clare tivera outro sonho com lobos. Mas seu sorriso forçado era de nervosismo pois não sabia o que faria ao ver David novamente. Seu coração martelava no peito querendo sair pela boca. Talvez saisse quando sorriu para Chuck e suas covinhas.

– Eu não sei como vamos, mas vamos. Inventa qualquer coisa para seus pais. Faz tempo que não saimos pra noite e isso está me deixando deprê.- argumentava Bob quando Clare e Joana se juntaram ao grupo embaixo da árvore.

Bob falava essas coisas para Lucy que ficara mais vermelha ainda. Se era de raiva ou vergonha ninguém sabia.

– Você pode dormir em casa se quiser.- Clare falou para Lucy.- Vovó não se importaria se eu levasse algumas amigas para dormir em casa...- comentou fitando Joana que assentiu.- Pode vir também Anne.

– Opa ! Festinha das garotas.- gracejou Bob com um riso malicioso.- Também quero.

Riram da expressão que Bob fazia.

*POV CLARE

Eu estava nervosa até encontrar aquelas covinhas. Depois que David foi embora do meu quarto, fiquei pensando no que tinha acontecido, e no que poderia acontecer se não parasse.

Demorei pra pegar no sono e ainda tive aquele sonho novamente. Eu estava apreensiva, até Joana havia percebido. E isso estava me deixando de mau humor.

Meu mau humor não durou muito, só até eu ver aquelas covinhas e aqueles olhos cor de mel.

Eles estavam falando em sair na noite de sexta, Bob queria conhecer um Pub que abrira alguns meses. Sinceramente não estava com ânimo pra sair. Desde a morte dos meus pais ando muito caseira. Talvez seja por isso que Troy havia rompido comigo. "Idiota"

– Quais aulas você tem hoje? — Chuck falou baixo só para que eu o ouvisse.

Peguei na minha mochila o papel com meus horários. Geografia — Química — Artes — História e Manuais. Mostrei a ele que deu um risinho anasalado.

– Estou com sorte, vamos nos ver em três aulas.

– Onde vocês vão na sexta?- tentei mudar de assunto, aquelas covinhas me fazia pensar coisas que não pensava nem quando estava com Troy.

– Tem um lugar no centro que parece interessante.- Bob disse com um brilho no olhar.- E toda sexta tem karaoquê!- ele estava eufórico.

– Ah...- todos falaram, menos eu que não entendi nada.

– De novo com isso cara?- resmungou Lucas.

– Decidam logo isso depois me avisam o que se resolveu. Vamos, temos aula de Geografia.- Chuck se levantou e ajudou a me levantar.

Entramos na escola deixando os outros em meio a discussão.

– O que foi aquilo tudo?- perguntei abrindo meu armário.

– Bob acha que é um cantor.- riu.- Ele até que canta direito, mas é um saco passar a noite cantando com ele dando pitaco.

Andamos em direção a sala, havia vários alunos pelos corredores e alguns parados nas portas das salas. Ficamos encostados na parede ao lado da porta da sala de Geografia, esperando o professor que não havia chegado.

– Como foi que aconteceu?- indagou depois de um breve silêncio.

– O que?- quis saber.

– Como perdeu seus pais?- acho que ele percebeu que eu iria chorar porque ele fez uma cara de " como sou idiota " e me abraçou.

Não era um abraço reconfortante como os que recebia de Jeff, mas naquele momento não me importei.

– Me desculpa, não precisa responder...- sussurrou no meu ouvido. Eu balancei a cabeça pra mostrar que estava tudo bem.

Me desvencilhei dos seus braços e encarei seus olhos cor de mel. Olhei fundo e ele sustentou o olhar. Achei que ele me beijaria ali, talvez beijasse se o professor não tivesse aparecido.

Sentei perto da janela que tinha vista para o campo onde alguns alunos faziam a aula de educação física. Chuck sentou do meu lado, e sempre me distraia com um comentário sobre como a aula estava uma merda.

Ele me esperou para irmos á sala de Química, ali sentamos juntos na mesma bancada. A aula até que estava boa, mas aquele monte de fórmulas estavam me dando dor de cabeça. Senti meu sangue sumir, com certeza eu não estava bem.

Pedi ao professor para ir ao banheiro e sai antes de ouvir sua resposta. Fui direto ao bebedouro. Minhas mãos estavam suadas. Meu coração estava acelerado, senti um calor agoniante pelo corpo. Meu corpo começou a não se sustentar mais.

*POV DAVID

Me dirigia ao vestiário depois da aula de educação física, precisava de um banho urgente.

– Mas que porra!- Clare estava arqueada sobre o bebedouro e já estava caindo quando a segurei.

Ela estava quente, gemia e grunhia. Eu sabia o que aquilo significava, mas não era possível. Não á luz do dia.

Carreguei ela até meu armário. Precisava lhe dar a poção rapidamente. Encostei ela delicadamente no armário. Com as mão tremulas virei o conteúdo em sua boca.

– Clare.- dei leves tapinhas nas bochechas dela que a segundos atrás estavam vermelhas. Não demorou muito pra ela recobrar a consciência e pude respirar aliviado.- Dessa vez VOCÊ me assustou.- ri enquanto ela se levantava.

– O que houve ?- já estava normal aparentemente.

– Você desmaiou.- ela me olhou desconfiada.- Você deveria ir a enfermaria ver se está tudo bem.- disfarcei a adrenalina que estava sentindo.- Vem, vamos lá.

Me segurei para não rir quando a enfermeira disse que Clare havia desmaiado por um queda de pressão.

Esperei ela do lado de fora da enfermaria para falar com ela, e antes que eu pudesse perceber ela passou por mim feito furacão deixando seu perfume floral pra trás.

*POV CLARE

Entrei na sala de Química apressada torcendo para o professor não perceber minha demora. Mas o único que percebeu foi Chuck.

– Se perdeu?- sussurrou com um sorriso no canto da boca (covinhas).

Entreguei o papel que a enfermeira Helga havia me dado. Ele me olhou preocupado e eu só consegui sorrir.

– Enquanto você estava fora vieram avisar que a senhora Prades não veio. Não teremos aula de Artes.- ele estava animado.

– E o que vamos fazer até a hora do almoço?

– Sei lá, qualquer coisa. Mas temos que ficar nas mediações do colégio...pensei da gente ir comer algo no campo e imendar tudo com um almoço.

– Mas é o Jeff que trás o meu almoço.

– Se você não comer esse almoço do Jeff com certeza o Lucas come, ele é um saco sem fundo.- riu .- Vamos, vai saber quando teremos outra oportunidade de comer só você e eu...

– Tudo bem, mas tenho que avisar a Joana, se Jeff não me ver vai ficar preocupado.

– Vocês estão ficando?- cochichou Joana depois de me puxar para um canto quando fui avisá-la.

– Não. Só vamos comer. Só isso. Fala para o Jeff que eu espero ele na saida.

Sentei primeiro no alto das arquibancadas e travei quando Chuck colou do meu lado. Senti meu rosto esquentar.

– Vamos comer o que ?- perguntei me concentrando no cardápio.

– Eu trouxe panquecas, vai ser melhor que já comeu.- ele se aproximou pra abrir um pote e empurrou uma nas minhas mãos. – Vai sair com a gente na sexta?- falou enquanto enchia a boca de panquecas.- Vamos, vai ser divertido, primeiro vamos nesse karaoke que o Bob quer, depois vamos ver a Anne e terminamos no observatório.

– Nossa! Muita coisa pra uma noite.

– Nem é. Então...?

– Vou ver, se eu não passar mal de novo.

– Você ainda não me contou o que aconteceu.- perguntou enquanto terminava de comer.

– Eu não sei ao certo, eu estava bebendo água e tudo ficou escuro. Acordei com David do meu lado...

– Que David?

– O David da nossa turma de História.- respondi rápido.- Ele me levou até a enfermaria.

Ele me olhava sério, ou talvez fosse impressão minha. Sustentei seu olhar, esperando ele dizer alguma coisa.

– No que está pensando?- indaguei ainda olhando-o.

– Não vai querer saber.- deu seu mais belo sorriso debochado.

– Se perguntei é porquê quero saber.

– Estava pensando...- começou se aproximando, se é que era possível já que estavamos muito perto um do outro.- O por quê não beijei você ainda?

– Eu me perguntava a mesma coisa.- falei antes dele me dar um beijo. Minha mente tentou não pensar no gosto de molho que estávamos, pois o beijo estava até que bom.

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