*POV DAVID*
Estavamos na porta da casa dela. Fiquei apreensivo. Uma senhora nos atendeu sorridente. A casa era modéstia mas aconchegante. – Eva, esse é meu sobrinho David. – É um prazer senhora.- cumprimentei polidamente. – Entrem, vão jantar conosco não é Phill? Tem costeletas hoje. – Sabe que adoro sua comida Eva.- ele pegou na bolsa uma maleta e entregou para a senhora.- Aqui tem o suficiente para seis meses. – Podem se sentar vou servir o jantar.- ela se virou para a escada.- Clare, jantar! Vem logo, temos visitas. – Vó, Jeff e Joana não são visita...- a ouvi entrando na cozinha . Meu corpo se aqueceu novamente ao ver ela ali. O ar me abandonou. *POV AUTOR* Clare sentiu que sonhava ao entrar na cozinha e se deparar com aqueles olhos azuis. – Ah Clare, se lembra do Phillip?- indagou senhora colocando na mesa a travessa com costeletas de porco assadas. – Claro, o amigo do vovô. Como vai?- Clare controlou o nervosismo ao apertar a mão do senhor enquanto não tirava os olhos de cima de David. – Vou bem obrigado, esse é meu sobrinho David.- apontou para o garoto que se levantou rapidamente e estendeu a mão para Clare. – Realmente, mundo pequeno.- David murmurou só para Clare ouvir. – Sentem-se, vamos antes que esfrie.- ordenou a senhora. Clare comia em silêncio, tensa com a presença de David e seu cheiro fresco. – Você ainda está com medo de mim?- perguntou David. – Não.- Clare retrucou secamente. – Tem que aprender a mentir melhor.- continuou David com um sorriso nos lábios. Eva e Phillip conversavam e nem perceberam que os dois jovens também conversavam. – Não tenho medo de você.-afirmou enquanto comia. – Então, por quê não me olha?- ele a olhava com receio da garota sair dali. – Eu já disse, não tenho medo de você.- dessa vez ela o olhou nos olhos. Ficaram um tempo assim, um olhando para o outro. – Então tá...-ele riu. Clare abriu a boca para rebater o garoto mas antes sua avó a interrompeu. – Querida, vai lá embaixo no porão e traga a caixinha com as fitas do seu avô. – Ajude ela David.- pediu Phillip. "Cala a boca velho caduco!" pensou Clare. Desceram as escadas em silêncio. No porão havia uma estante com várias caixas. Coisas de seu avô que a senhora não tinha coragem de se desfazer. Clare procurou a caixinha na estante que estava apinhada de outras coisas. Tentou pegar uma caixa que estava na prateleira de cima. – Eu te ajudo.- David chegou atrás de Clare encostando seu corpo nela. Clare estremeceu com esse contato, o odor dele estava a atormentando. Ela sentiu a respiração dele em cima de sua cabeça. Se virou para sair dali, mas se deparou com o toráx do garoto que estava em uma camisa preta de gola vê. – Aqui.- entregou uma caixa a ela, tirando-a do transe. Clare colocou no chão e procurou as fitas que sua avó pedira. – Não está aqui também.- Clare bufou se levantando. – Mas já procuramos em todas essas caixas. Aqui não está.- pontuou enquanto ela subia as escadas. – Vó, tem certeza que estão no porão, já olhamos em todas as caixas e não encontramos. – Que estranho, a última vez que vi foi quando Joana pegou...ela deve ter deixado no quarto. Eu vou lá ver. – Não vó, deixa que eu procuro.- a loira subiu as escadas para seu quarto com David atrás. Clare entrou no quarto e abriu o guarda roupa á procura das fitas. David ficou parado na porta. – Pode entrar.- ela falou pegando uma cadeira e subindo em cima.- Procure nas gavetas do criado mudo.- a garota não queria David perto dela. – Acho que encontrei.- comentou mostrando uma caixinha marrom. Clare desceu da cadeira para ver se era, mas torceu o tornozelo caindo no tapete. David veio em seu auxilio. – Consegue ficar de pé?- a ajudou a ficar de pé, contudo ela gemeu de dor.- Vem.- passou o braço em volta dela e a ergueu no colo. Colocando ela com cuidado na cama.– Dói se eu fizer isso?- perguntou fazendo pressão com os dedos no tornozelo dela.- Consegue mexer?- ela tentou segurando um gritinho de dor.- Ok, certo. Vou pegar gelo. Não tente se levantar.- pediu saindo com a caixinha marrom. "Parabéns Clare! Queria ele longe, agora ele vai ficar aqui." resmungou quando se viu sozinha. – Fica um pouco com o gelo, depois vemos o que fazer.- deu os ombros colocando a bolsa de gelo no tornozelo dela. David a encarou e riu deixando-a corada. – Qual é a graça?- perguntou indignada. – Nada, é que sempre que estamos perto algo acontece. No trem, na lanchonete, na escola, aqui...- riu. – Acho melhor se afastar então.- Clare riu também. – Não consigo.- falou sério se aproximando da cama.- Algo me puxa a você. David passou as costas da mão no rosto de Clare que estremeceu de calor. O moreno quis diminuir a distância entre eles. Ele sentiu seu perfume floral e não hesitou mais, inclinou levemente e a beijou, com ternura e carinho. Seus lábios se encaixavam suavemente. Separaram os lábios e se olharam, olho no olho, verde no azul e uma chama que queimava por dentro. – Eu retiro o que eu disse.Tenho medo de você.- afastou lhe.- Melhor você ir. – Por que tem medo de mim? Porque eu faço você se arrepiar, porque eu te faço se sentir quente por dentro... você tem medo de mim ou do que você sente quando estou por perto? – Esqueçe o que aconteceu hoje aqui. –Não quero esquecer.- ele se aproximou dela novamente.- Eu vou, mas não vai se ver livre de mim. Eu senti, você também sentiu. O que acabou de acontecer foi...me senti forte e fraco ao mesmo tempo. E esse beijo só foi o primeiro de muitos que eu vou lhe dar.- David deu um leve beijo em Clare e saiu. Clare ainda ofegante com tudo aquilo pegou a bolsa de gelo de seu tornozelo e jogou no chão. Estranhamente não sentia mais dor alguma.*POV AUTOR Joana estranhava o silêncio da prima durante o trajeto que seguia até a escola. – Clare, está tudo bem? – Eu só não durmi direito.- o que era verdade, já que Clare tivera outro sonho com lobos. Mas seu sorriso forçado era de nervosismo pois não sabia o que faria ao ver David novamente. Seu coração martelava no peito querendo sair pela boca. Talvez saisse quando sorriu para Chuck e suas covinhas. – Eu não sei como vamos, mas vamos. Inventa qualquer coisa para seus pais. Faz tempo que não saimos pra noite e isso está me deixando deprê.- argumentava Bob quando Clare e Joana se juntaram ao grupo embaixo da árvore. Bob falava essas coisas para Lucy que ficara mais vermelha ainda. Se era de raiva ou vergonha ninguém sabia. – Você pode dormir em casa se quiser.- Clare falou para Lucy.- Vovó não se importaria se eu levasse algumas amigas para dormir em casa...- comentou fitando Joana que assentiu.- Pode vir também Anne. – Opa ! Festinha das garotas.- gracejou Bob com um ris
*POV DAVID* Estranhei não encontrar Clare na hora do almoço. Comecei a ficar preocupado ao ver seu lugar vago na mesa em que se sentava no refeitório. "E se ela teve mais uma crise? Eu poderia ir até lá e perguntar aquela amiga dela. Acho melhor não, aquele tal Jeff não vai com a minha cara, que seja, também não vou com a cara dele " Fui procurá-la no lugar em que sempre estava, debaixo daquela árvore perto do campo. Para minha decepção ela não estava. "Ok, sei de um lugar que com certeza você estará." Passaria em sua casa depois do treino. Sentei em minha carteira na aula de História, com um pouco de esperança de encontrá-la naquela aula. Em uma fração de segundos, a felicidade de ver ela entrando na sala toda sorridente se transformou em fúria quando aquele garoto a puxou pra fora da sala e a beijou. Meu sangue ferveu, aquele zumbido caracteristico da besta tomou conta do meu peito. Minha respiração estava difícil. Não consegui pensar em mais nada. Agi dominado pel
*POV CLARE" "Definitivamente o dia foi estranho. Primeiro, desmaiei no corredor da escola e a única pessoa que me ajudou foi aquele menino, David. Segundo, estou ficando com o dono das covinhas mais lindas, Chuck. Terceiro, David sem mais nem menos bateu no Chuck..." Um barulho na minha janela me tirou desses pensamentos. Olhei no relógio e marcava quase dez da noite. Mais uma vez o barulho. Me levantei e fui até a janela ver o que estava acontecendo. Nisso vejo uma coisinha quicar na janela. "Mas que merda é essa?" pensei enquanto levantava o vidro. – Psiu.- olhei para fora, tinha um garoto subindo pela calha vindo em direção a janela.- Queria falar com você.- aquela voz, aqueles olhos e aquele cheiro me deixaram em choque. E antes de mandar ele embora, o garoto pulou para dentro do meu quarto. – Você não acha que já fez muito por hoje?- rebati baixo para não acordar a vovó. – Bem, eu...- começou se virando e ficou me fitando. Seu rosto começou a ficar vermelho, sua
*POV CLARE* – Que cara é essa?- perguntei ao Chuck enquanto pegava um livro no meu armário. Ele estava com uma expressão estranha. – Nada, é que só vou te ver de novo no almoço, e vai ter um monte de gente em volta...- comentou me puxando pela cintura e passou a mão nos meu cabelos colocando-os atrás da minha orelha.- A não ser que você queira escapar comigo na hora do almoço novamente.- soltou um sorriso. – Escapar pra onde?- ele sorriu me fazendo derreter diante daquela covinhas. – Qualquer lugar, só quero ficar um pouco mais com você.- me levou até a sala que eu teria minha primeira aula que era Matemática, depois Manuais, Inglês, Literatura, Física. – Sente-se na janela, poderá me ver jogando durante a aula de Educação física.- me beijou e saiu pelo corredor virando á esquerda. A aula era bem legal. O professor, o senhor Palmer com seus cinquenta (ou mais) anos, fazia a complicada matemática parecer brincadeira de criança. Não sei como não falaram bem dele. Sempre que eu o
*POV DAVID Hoje eu não falei com a Clare, desde que sai da casa dela. Até vi ela com aquele cara subindo uma das escadas na hora do almoço. Pensei em ir atrás dela, porém, decidi esperar a decisão do meu tio. Quero que essa distância entre nós acabe. Todavia, quando ela souber o que é vai precisar de alguém que a entenda, e aquele " namoradinho " dela nunca vai entendê-la. Essa tarde fiquei livre de treino. Eles são cansativos, mas eu gosto. Principalmente de correr. Até correria se a detenção não tivesse me matado. Antes eu morto do que a diretora. Como ela me irrita com aquele ar superior dela. Deitei no sofá para descançar e acabei dormindo. Claro que tive pesadelos. Acordei suado com meu tio entrando pela porta, todo sujo de terra e um corte no supercílio esquerdo. – O que aconteceu com o senhor?- pulei do sofá indo ajudá-lo com sua bolsa. – Nada filho, só um desentendimento entre irmãos.- falou com a voz cansada. – Aquele filho da puta fez isso?- meu sangue ferveu.- Aque
*POV AUTOR Depois das aulas Clare foi com Jeff para casa se arrumar. Eles iriam sair como o combinado. Clare gostava de sair com Jeff e Joana. Mas hoje era só ela e Jeff. Joana decidiu ir ao Pub novo com o pessoal. Ficaram tentando convencê-la a ir com eles. Porém a jovem queria passar um tempo com Jeff. Lamentou o fato de não sair com Chuck, então marcaram de sairem no domingo. – O que eu visto?- Clare perguntou entrando na casa. – Nada muito curto.- riu.- Vamos jogar e eu sei que quando você se empolga... – Só porque eu sou melhor que você!- ela subiu para seu quarto. Jeff permaneceu na sala junto com a avó que tirava o pó da estante, onde se encontravam alguns retratos da família reunida em muitas das comemorações tradicionais. – Ela teve mais uma recaída não é?- ele falou baixo o suficiente para a senhora ouvir. – Nessa noite? Não. Pela primeira vez em meses, durmi sem gritos na madrugada. Acordei assustada hoje pela manhã.- a senhora olhava Jeff pensativa.- O que será qu
*POV DAVID Enfim contamos a verdade para Clare. Quase me desesperei quando ela começou a perder o controle. Daria tudo pra que ela não passasse por isso. Mas é como dizem: " é um mal necessário ". Deitei ela em sua cama, a cobri e me sentei ao lado da cama segurando sua mão. Eu devia estar muito cansado mesmo, pra acabar dormindo todo curvado. Metade do corpo na cadeira e a outra na cama da Clare. Escutei alguém me chamando, endireitei na cadeira e vi a avó de Clare com uma bandeja nas mãos. – Bom dia, trouxe o café.- informou colocando a bandeja em cima da escrivaninha.- Você deve estar faminto, venha comer.- ela falava baixo para não acordar Clare. – Obrigado.- agradeci tomando um gole de suco. – Ela não acordou de madrugada, deve ser um bom sinal.- a senhora estava agora sentada onde eu havia dormido.- Se quiser, pode descansar no meu quarto. – Eu estou bem. Se não se importa gostaria de ficar aqui até ela acordar. - eu comia um pedaço de bolo enquanto olhava para Clare.
*POV CLARE Chegamos em casa (David e eu), o almoço já estava acontecendo. - Vocês demoraram. - Jeff falava colocando algumas folhas verdes em seu prato. - Sentem-se, vou pegar mais pratos.- minha avó se levantou indo ao armário. Me sentei ao lado do Jeff depois de beijar seu rosto. David ficou á minha frente ao lado do seu tio. Vovó ficou na ponta. - Como você está?- Jeff afagava minha mão por baixo da mesa. - Bem, na medida do possível.- passar a manhã relaxando me fez bem.- Ainda estou digerindo toda essa coisa. - Onde vocês foram?- Vovó se manifestou maternal. - Ãm, David me levou em um lugar pra me ensinar a controlar a "coisa".- corei olhando pra David me lembrando do que ocorrera depois do treino. - E como foi?- indagou Jeff olhando pra David. - Foi bom. O zumbido no meu peito está quase imperceptível. - Ela se saiu muito bem.- David cortou piscando pra mim. "Por que ele faz isso comigo?" - Isso é muito bom querida!- exclamou vovó. -Posso falar com você ?- sussur