Mais uma vez

*POV DAVID*

Quando a vi entrando na lanchonete meu coração deu um pulo no peito. Ela estava sorrindo junto com uma garota de cabelos loiros curto e olhos verdes, e um rapaz alto que devia ser o namorado dela pelo jeito que ficou abraçado á ela. Me senti aliviado ao vê-la sorrir, no trem ela estava com medo de mim.

Sai do trem e fui atrás dela para me desculpar mas não a encontrei.

– Maravilha, mal cheguei nesta cidade e já quero ir embora...- resmunguei na hora.

Resolvi ir até a mesa dela me desculpar.

– Oi.- estava nervoso?- Eu queria me desculpar por hoje no trem. Não quis te assustar.- tentei falar tranquilamente.

– Não me assustei.- ela soou indiferente. Mas eu sabia que era mentira, dava pra ver nos seus olhos que ela sentiu medo.

Não prestei atenção no que ela falava com a outra garota. Fiquei vidrado naqueles olhos verdes profundos.

– Então, você me desculpa? Estamos em paz?- estendi a mão para um aperto que veio.

Sua mão estava quente. Mas a minha também, nem perceberia se o calor não tivesse percorrido meu braço fazendo meu corpo se arrepiar.

Ela saiu da lanchonete apressada com o rapaz atráz. Vi eles conversarem e se abraçarem.

– Desculpa, ela está pasando por maus bocados.- falou a outra garota.

Fiquei vendo ela partir. Meus pensamentos estavam confusos. Uma coisa martelava na minha mente "que calor era aquele?".

Um estalo me fez pensar que talvez ela fosse como eu. Precisava falar com alguém que entendesse disso.

Entrei rápido em casa, estava atrasado para o meu treinamento.

– Está atrasado David!- mr repreendeu ele.

– Desculpe tio, mas é que aconteceu uma coisa estranha hoje...- o encontrei na cozinha tomando seu café habitual.- Eu encontrei uma garota e...

– David, por mais que eu queira que você tenha uma vida normal, se atrasar por causa de uma garota...- me interrompeu com ar de decepção.

– Não é isso tio.- corei.- Eu acho que ela é igual a mim.- ele me olhou incrédulo.

– Como assim?

– Ela é quente, quando apertamos as mãos, a mão dela era mais quente do que o normal e o calor passou para o meu braço...- falei envergonhado.

– Como é o nome dela?- ele estava sério, mais sério do que nunca.

– Eu não sei. Só a vi duas vezes. Ela veio no mesmo trem que eu hoje cedo.

Meu tio se levantou pegou um álbum de fotografias na estante e me deu.

– Por acaso é essa aqui?- ele me mostrou uma foto dela. Ela estava mais nova, mas eu reconheceria aqueles olhos verdes profundos.

– Sim, quem é ela?- perguntei admirando a foto.

Ela estava sentada em um sofá com aqueles dois que foram com ela na lanchonete. Ela olhava pra ele sorrindo, dava pra ver o amor que eles sentiam.

Confesso que fiquei abalado com isso. Mas não me permiti sentir isso por muito tempo. No álbum tinha outras fotos dela quando mais nova.

– Tio, por quê tem essas fotos dela?- sempre, em todas as fotos ela estava com aquele rapaz. Devia ser amor de infância.

– Depois falamos sobre isso. Temos que treiná-lo.

Dirigimos até o bosque. Ele era tranquilo, só se ouvia o barulho dos pássaros e dos tiros.

Naquele dia eu tinha que treinar minha mira. Eu sou bom com armas, mas meu tio queria que eu fosse rápido e preciso.

– Muito bem David, hoje você conseguiu superar minhas expectativas.- elogiou enquanto dirigia de volta pra casa.- Amanhã vamos ver você correr.

– Tio, o senhor ainda não me explicou o porquê tem aquelas fotos da garota.

– Ela é neta de um amigo, um grande amigo.- ele suspirou.- A vi crescer, todo verão ela vinha pra cá. E quando esse meu amigo morreu ele me pediu para que ajudasse a viúva, e ela me deu esse álbum para me lembrar dele...- meu tio estava com os olhos mareados.

Sai do banho e meu chá já estava em cima do criado mudo. Tomei e fui deitar. Eu dormi pensando naquela garota de olhos profundos.

***SONHO ON***

"Eu estava correndo no bosque, pulei em cima de outro lobo, um branco. Nós brincavamos muito. Fomos beber água, estava bebendo quando o lobo branco uivou para a mãe lua. Uivamos juntos."

***SONHO OFF***

Acordei com meu corpo quente, meu coração disparado. Chamei pelo meu tio que veio rápido.

– Me ajuda tio, vai acontecer de novo!- gritei arrancando minha camisa.

Ele veio até mim e me fez beber um líquido vermelho. E murmurou alguma coisa que eu não entendi. E o ardor no meu corpo foi se dissipando.

– Tio, eu não quero passar por aquilo de novo.- disse nos braços dele.

– Calma garoto, vou estar aqui com você.

O telefone tocou no andar de baixo, ele foi atender e eu fui junto.

– Alô. Eva o que houve?- silêncio.- Ela não tomou o chá?- meu tio estava pensativo.- E você tem mais?Tudo bem, passo ai amanhã e levo mais. Boa noite Eva.

– O que foi tio?

– Não é nada. Vá dormir, amanhã começam as aulas.- ele subiu as escadas me deixando sozinho na cozinha.

– Droga de escola.- resmunguei sozinho. Eu sabia que ir á uma escola nova não iria ser diferente das outras em que estive.

Era sempre a mesma coisa. No começo iria tudo bem até alguém implicar comigo me fazendo perder o controle e acabar numa briga em que o oponente sempre saíria perdendo.

– É, vai ser um longo dia...

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