Eu dirigi pela estrada sinuosa até a casa de campo de Lúcia, meus faróis iluminando o caminho à medida que eu me aproximava da localização indicada pelo GPS.
Um vento suave soprando pelas janelas abertas do veículo. Do lado de fora as árvores bordavam o caminho agora de cascalho, certamente levantando nuvens de poeira. O motor roncava suavemente enquanto eu parava o carro na frente da casa, então eu saí do carro e fecho a porta com um estalido. Estico os braços e sorrio ao sentir o ar fresco da noite em meu rosto.
A casa, situada em uma pequena colina, oferecia uma vista deslumbrante da paisagem noturna. O céu estava salpicado de miríades de pontinhos brilhantes, que piscavam e dançavam como se estivessem vivos.
O céu limpo iluminava o caminho de pedras até a casa. e lá estava ela: a casa de campo perfeita, iluminada pelo brilho das estrelas. Era uma construção modesta, mas charmosa, com uma varanda acolhedora e janelas que brilhavam como olhos sorridentes. O telhado de telhas vermelhas se destacava contra o céu. Eu sorri ao ver a casa, sentindo o coração se aquecer com o pensamento de passar a noite ali, longe da cidade e do barulho.
Na varanda do andar de cima uma jovem mulher inspirava profundamente, sentindo o ar puro e limpo invadir seus pulmões, e sorrindo com prazer enquanto apreciava a tranquilidade da noite. Seus cabelos brilhavam sob a luz das estrelas. A mesma ao perceber minha chegada caminha para dentro da casa.
Então começo a subir o caminho de pedras até a entrada, meus passos leves e ágeis.
No jardim, os aromas de flores selvagens e grama fresca se misturavam ao ar. Era a noite perfeita para relaxar e apreciar a paz do campo.
Lúcia abre a porta com uma expressão de alegria no rosto. Ela se aproxima para me dar um beijo suave nos lábios e depois se afastar para me deixar entrar em sua casa.
— Espero não ter feito esperar muito. Acabei me atrasando um pouco.
— Imagina! Não tem problema. O importante é que você está aqui agora.
Dentro da casa, o ambiente era acolhedor e tranquilo, com paredes de madeira clara e móveis simples, mas elegantes. As janelas grandes deixavam entrar a luz das estrelas, iluminando o tapete macio sob meus pés.
Uma brisa suave soprou através das janelas abertas e fazendo uma mecha de cabelo de Lúcia balançar.
A olho mais atentamente, e vejo que ela está ainda mais linda do que antes. Seu cabelo loiro escuro ondulado está preso em um coque frouxo, a maquiagem é delicada e realça seus lindos olhos castanhos claros. O vestido branco de renda que termina logo acima do joelho desenha perfeitamente seu corpo curvilíneo, como se tivesse sido feito sob medida para ela, provavelmente era já que a mesma tinha dinheiro o suficiente para se dar esse luxo.
Sinto um aroma agradável pairava no ar, provavelmente vem do nosso jantar.
Lúcia marcou este jantar especial para nós dois, pois segundo ela tinha algo importante para me dizer e que não podia adiar.
Ela me leva até a sala de jantar, e fiquei encantado com o que vi. O cômodo tinha sido transformado em um oásis de luz e sofisticação, com as velas acesas em todos os cantos e a mesa posta com talheres de prata e cristal. A luz das velas dançava nas paredes de madeira clara, criando sombras e brilhos mágicos.Eu me sentei à cadeira indicada por ela e em seguida, ela se senta em uma cadeira à minha frente com um largo sorriso no rosto.
— A mesa está linda e a comida parece deliciosa. — Digo enquanto a observo, notando que ela parece ansiosa.
— Espero que goste. — Ela diz, e começamos a comer.
Enquanto comemos, vejo que ela me observa de vez em quando, mal tocando na comida em seu prato. Ela deve estar esperando que eu fale alguma coisa. Termino de mastigar, pego o guardanapo, limpo a boca e digo: — A comida está realmente boa.
— Fico feliz que tenha gostado. — Ela faz uma pausa e parece incerta sobre o que vai falar. — Eu não aguento mais esperar. Tenho que te dizer algo importante.
— Então me diga, pois parece ser algo realmente importante pra te deixar ansiosa desta forma. Você mal tocou na comida. — Fico curioso para saber o que ela tem de tão importante para dizer.
— Mike, estamos nos conhecendo a cinco meses, sei que para alguns isso pode ser pouco, mas assim que te vi, senti como se já nos conhecêssemos. Você é tão especial para mim… — Ela faz uma pausa antes de terminar a frase. — Quero te dizer que… eu… eu… eu te amo.
Fico em silêncio e tento manter a expressão impassível. Já havia lhe pedido para que nunca dissesse que me amava, pois já faz muito tempo que não acredito no amor. Para mim, todos aqueles que dizem que amam estão mentindo e eu não suporto mentiras. Odeio o amor… odeio quem diz amar. O amor é falso, submisso e desolador, trazendo à tona o que há de ruim nas pessoas. O amor machuca, faz sangrar, dilacera não só o coração e a razão. Porque alguém iria desejar isso. Pelo visto Lúcia desejava isso.
Ela olha para mim, com incerta esperando uma reação ou resposta. Eu esperava mais dela.
— Por favor, diga alguma coisa. — Ela me pede.
— Quando nós conhecemos eu deixei bem claro o que eu pensava sobre isso. Você sabia e eu já lhe havia pedido para que nunca me dissesse isto… — levo a mão esquerda ao rosto. — E você não conseguiu respeitar o meu desejo. Você... você sabia como me sinto em relação a isso.
— Me desculpa! Sei que já conversamos sobre isso e eu prometi não atropelar as coisas entre a gente, mas é a verdade, eu tinha que dizer como me sinto em relação a você. Eu não poderia esconder isso, é visível, como você pode não ver isso. Sei que você deve ter seus motivos para agir assim, mas eu não posso e não vou omitir meus sentimentos. — Ela se levanta, dá a volta na mesa vindo em minha direção, se ajoelha ao lado da cadeira em que estou e descansa suas mãos em cima da minha perna. — Você ficou realmente chateado comigo? — pergunta retirando uma de suas mãos de minha perna para acariciar-me o rosto.
Olho para ela. Mas agora vendo sua verdadeira face. A face que eu sabia estar ali e que um dia iria aparecer, ela sempre aparece.
Desprezo é o que sinto. Ela me enoja. Como pode minha bela flor ser imaculada com ervas daninhas assim em questão de minutos. Claro que já era esperado, mas é irritante do mesmo jeito. A história sempre se repete. Que escolha eu tenho além de arrancar tal praga do meu perfeito jardim.— Não querida, claro que não. — Pego sua outra mão e dou-lhe carinhosamente um beijo, enquanto olho dentro de seus olhos sorrindo levemente para tranquilizara-la. — Como eu poderia? Claro que não. Entendo que o pedido que fiz foi de mais pra você. Você tem total direito de se abrir e falar o que sente. Eu que não deveria ter feito tal pedido a você. Na verdade, fico até feliz por você ser sincera comigo.
Levanto-me junto com ela, que diz: — Obrigada por me entender, fiquei nervosa por um momento achando que você poderia querer terminar comigo. — Ela diz relaxando e então me abraça.
Enquanto Lúcia me abraça carinhosamente, eu sussurro em seu ouvido.— Você é realmente tola. Achou mesmo que terminaria com um final feliz.
— Que! — Lúcia me olha confusa.
Em meio a sua distração, pego minha jagdkommando, e a perfuro na barriga, sem que a mesma se desse conta. Ela se afasta um pouco e me olha sem entender o que acabou de acontecer, sua mão que antes me abrasava é direcionada ao ferimento. Seus olhos se arregalam em pânico ao perceber que a perfurei. Ela olha para sua mão suja com seu sangue.
— Mike!?
Retiro a faca de seu corpo e me afasto. Ela cambaleia e cai de joelhos no chão. Lúcia olha-me chocada, mas não grita. O que facilitava as coisas para mim, porém, de qualquer forma não adiantaria muito, ela não tem vizinhos próximos, sua casa é afastada da cidade. Isso que dá morar longe da civilização, no meio do nada. Ela queria paz para escrever seus livros e isso lhe custou caro.
Fico ali, parado a poucos metros dela, admirando a mancha de sangue aumentar aos poucos debaixo das suas delicadas mãos. Que cena maravilhosa, digna de uma pintura, só faltava um último detalhe para ficar perfeita.
Me aproximo.
— Eu te disse para nunca ousar dizer que me amava. — A acuso. Lúcia apoia-se na mesa para se levantar, mas logo cai de joelhos novamente sem forças para se manter de pé, vejo algumas lágrimas escorrendo pelo seu rosto.
— Por que? — ela pergunta tão baixo que quase não a escuto.
Me ajoelho à sua frente e levanto seu rosto para olhar nos seus olhos.— Achei que já tinha ficado óbvio, mas pelo visto vou ter que desenhar para você. Confesso que por um breve momento cheguei a pensar que com você, talvez pudesse ser diferente, mas assim como as outras, você preferiu mentir dizendo que me ama. Porém não sou bobo. Você não conseguiu me enganar com suas falsas palavras de amor. Até porque nem poderia, não sou tolo. Eu não posso ser enganado por alguém como você. — Beijo sua boca pela última vez, ela desmaia em meus braços devido à perda de sangue. Posiciono a jagdkommando no lado esquerdo entre as costelas 3 e 4, e com um golpe final a esfaqueio no coração. — Sabe Lúcia, nunca se deve demonstrar amor, pois ele pode te matar. É uma pena você ter descoberto isso da pior maneira. Adeus.Ela suspira pela última vez em meus braços. Sei disso, já que pude sentir sua vida se acabando aos poucos, Lúcia já não respirava ou tinha pulsação.
E nesse momento aquele velho e conhecido prazer me atingiu. A praga do jardim mais uma vez foi eliminada, como isso a beleza da minha flor voltou.
Adoro poder sentir a sensação de acabar com a vida de pessoas que acham que podem me enganar tão facilmente com palavra tão leviana.
— Você teve o castigo que mereceu. — deito Lúcia no chão, me levanto e começo a limpar o lugar, não deixo nenhum vestígio de DNA ou das minhas digitais.
Termino minha limpeza e encaminho em direção à porta, mas antes de partir, olho novamente para o corpo agora já sem vida de Lúcia e digo: — Obrigada pela noite maravilhosa!
Saio fechando a porta, caminha em direção ao carro, porém antes de ligá-lo, penso em Lúcia e em como tudo poderia ser diferente se ela não tivesse proferido aquelas palavras, mas no fundo eu já sabia que ela era igual às outras, e acabou tendo o mesmo final que as demais.
Sabe aqueles dias que você tem que acordar cedo, mas dorme às três da manhã, pois ficou vendo serie até tarde. Então, pois é, se eu tivesse um pouco mais de controle sobre as minhas vontades, não faria isso, ainda, mas sabendo que tenho que acordar cedo para ir trabalhar.Porém ao que parece sou o tipo de pessoa que gosta de testar a sorte que tem, e é por este motivo que estou correndo feito uma louca pela calçada tentando me apressar para chegar à cafeteria, pois mais uma vez estou atrasada para o trabalho, nem consegui tomar o café da manhã, definitivamente não nasci para ter que acordar cedo.Como tenho o costume de levar café para Marcos toda vez que chego atrasada, ainda tenho que passar na cafeteria, sei que parece um tipo de suborno, mas não é, talvez só um pouco, mas também é uma forma de amenizar as "broncas" que irei levar. Vou aproveitar para comprar algo para mim também, já que não tive tempo de comer nada mesmo. Não podia me dar ao luxo de perder aquele cafezinho maravil
Chego ao trabalho carregando o copo de café do meu chefe e vou direto para a sala do Marcos, sei que ele deve estar irritado por causa do meu atraso. Hoje eu realmente me atrasei bastante e como funcionária e acionista minoritária não deveria fazer disso um hábito. Paro em frente à porta, respiro fundo e depois de tomar coragem bato à porta. Ouço a voz dele pedindo para entrar e assim que adentro a sala vejo que ele está em pé perto da janela ao telefone, espero parada em pé próxima a porta. Vendo que não terminei de entrar, ele faz um sinal para que me sente na cadeira em frente a sua mesa. Vou até a cadeira e me sento. Falando ao telefone, sua voz soava grave e confiante, ele parecia estar pronto para enfrentar qualquer desafio, afinal ele era o dono da empresa e ele só tinha vinte e sete anos. Discretamente olho para ele e o mesmo estava impecável em seu terno preto, que realçava sua altura e musculatura, combinando perfeitamente com seu cargo. Seus cabelos escuros que chegava
Em minha sala impaciente, olho para o relógio em meu pulso. Clara como sempre está atrasada, mas confesso que adoro isso nela. Ela é perfeita assim, mas como sou o chefe, tenho que ser rígido, pelo menos as vezes. A verdade é que sempre fui apaixonado por ela, mas como ela era filha dos Petterson, e de acordo com meu pai eles eram os culpados pela morte de minha mãe, o que mais tarde descobri que não era verdade só que ele insistia em acreditar no contrário, portanto por causa dele tive que me manter distante de Clara, mas nunca deixando de ser seu amigo e sempre que possível, tento me aproximar dela.Quando fiquei sabendo que ela faria faculdade aqui na cidade, logo deduzi que precisaria de trabalho um trabalho para se sustentar, vi a oportunidade perfeita para me aproximar dela novamente, mas sempre sendo discreto, pois os meus funcionários não podem nem sonhar que eu estava fazendo isso por puro interesse pessoal.Quando ela chegou esta manhã mais uma vez atrasada, tive que falar a
Eu já estava arrumada para ir para a faculdade, pois já eram 6h30min hora que minha aula começaria. Já havia terminado de fazer tudo na minha sala, só faltava desligar o computador para enfim poder ir. Sem que eu percebesse Marcos parou na porta e ficou ali parado, me observando e quando me virei dei de cara com ele. — Nossa você me assustou! — Desculpa não foi minha intenção. Só vim perguntar se você quer carona? — Ah não sei! Acho melhor não. — Digo meio sem jeito. — Por quê? Se você me der um bom motivo posso desistir de te levar. — Olha agora não tenho nenhum em mente, mas se puder esperar somente um minuto, te dou um. — Droga! O que eu estava dizendo? Ele agora me pegou e eu não posso dizer não. — Nada disso, não te dou nenhum minuto, Clara eu vou te levar e fim de conversa vai que outro imbecil acaba derramando café em você de novo. Ele disse aquela frase de um modo tão protetor que cheguei a assustar e fico pensando “O que será que está havendo de errado com ele”? Nesse
Bom já era de se esperar a reação da Clara, ela é como minha irmã mais velha então ela tem uma “leve” tendência a tentar me proteger. Só que ela se esquece que já sou bem grande, portanto, sei me proteger e entendo o risco de tomar minhas próprias decisões. Ela está sempre tentando colocar juízo na minha cabeça, mas não funciona muito, as tentativas mais frequentes são de tentar me alertar sobre meus futuros ex namorados idiotas, mas como sou cabeça dura não escuto. Concordo que às vezes troco de namorado como quem troca de roupa. Porém o término é sempre por culpa deles. Ao que me parece, tenho um dedo podre quando o assunto é homem, o que posso fazer se tenho um fraco por idiotas. Mas Johne é diferente, pois ele é carinhoso e romântico. Não é culpa da Clara, eu ser assim, ela adquiriu este instinto protetor logo depois dos pais dela terem morrido durante um assalto. Foi horrível e o pior foi que ela assistiu tudo assim como Marcos, porque ele também estava presente na ocasião e tev
Não me conformo, não consigo entender como este assassino em série ainda está à solta, depois de dez anos, “como ele ainda não foi pego?” O pior é que quanto mais o tempo vai passando, mais vítimas ele vai fazendo e o chato disso tudo é que nem posso fazer nada, não depois de ter saído da polícia.Chego a minha casa e jogo meu terno sobre o sofá, ligo a televisão no canal de noticiário e sigo para a cozinha onde começo a preparar um lanche. Adivinha qual o assunto do jornal? Acertou quem disse assassino em série.Denis meu melhor amigo é o detetive que está investigando o caso e para minha surpresa ele aparece na reportagem, mas uma vez estes repórteres estavam atrás dele querendo novas informações sobre o caso. Pego meu telefone e ligo para ele, chama por duas vezes antes dele atender.— Fala Marcos.— Adivinha quem eu acabo de ver no noticiário?— Aposto que é um detetive gostosão.— Errou, pois o detetive em questão não é um gostosão e sim um molenga que não consegue pegar um lunát
Era para ser um dia normal, e seria, se ela não tivesse derrubado meu café. Desde então ela não sai da minha cabeça. Com seus longos cabelos castanhos ondulados, olhos verdes. Sua aparência me lembrava a um anjo que vi em uma pintura certa vez. Sim, ela mais parecia um anjo. Clara Petterson. Lindo nome, linda mulher!Não entendo, ela não parece ser o tipo certo de garota para mim. Não parece ser como as mulheres que estou acostumado, além do mais, eu já tinha alguém do jeito que gosto. Não preciso de outra. No entanto estou aqui pensando nela. Todos os meus instintos dizem que devo ficar longe dela, porém meu cérebro diz o contrário.Ainda sinto a sensação das mãos delicadas dela, e sua voz doce. Tive vontade de trazê-la para mais perto de mim e sentir melhor seu cheiro, mas não o fiz. Ela é tímida, certeza. Sua forma de agir e falar me mostram isso. E se eu o fizesse, seria no mínimo estranho e invasivo.De qualquer forma, provavelmente não a verei mais. Por tanto eu deveria esquece-
Hoje acordei mais cedo do que ontem, mas, mesmo assim, cheguei atrasada pela milésima vez. Arrumei-me rapidamente e fui até a cafeteria comprar o café expresso de Marcos. Chegando lá fico esperando na fila, a todo o momento observo ao meu redor na esperança de encontrá-lo. Não vou mentir e dizer que não estava procurando por Dante. Sim o loiro lindo que me ajudou ontem. Pensando bem se eu não tivesse com pressa e não tivesse o feito derramar seu café em mim, ele não teria que me ajudar. Mas o estranho foi ter sonhado com ele esta noite. Sim sonhei com aquele deus grego. No sonho nos beijávamos. Isso foi muito feio da minha parte, nem o conheço e já estou sonhando com nosso beijo. Meio que me senti mal com isso, mas estou aqui o procurando. Do sonho só o que me lembrava era de estar o beijando, mas sei que algo acontece no sonho só não me lembro o que. Acordei gritando. Pensando no meu sonho pago pelo café e sai distraída. Sem perceber esbarro em alguém, pelo que parece isso vem acon