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7 - O Acordo Durante o Café da Manhã

O sol já estava forte quando Valéria acordou. Seus olhos abriram lentamente, ajustando-se à luz que entrava pela janela. O quarto era estranho para ela, mas a sensação no corpo era familiar. Cada parte de seu ser ainda lembrava a noite anterior com Felipe, as marcas ainda sensíveis na pele, misturando dor e desejo.

Ela se mexeu na cama, tentando se levantar sem fazer barulho, mas Felipe já estava acordado. Ele a observava com uma expressão calma, bem diferente da intensidade da noite anterior.

— Desculpa, Valéria — começou ele, a voz rouca. — Eu perdi um pouco o controle ontem.

Ela o encarou, surpresa pela sinceridade em seu tom. Felipe não parecia ser do tipo que se desculpava facilmente.

— Não foi só você — respondeu ela, com um toque de hesitação. — Eu também... estava lá.

Felipe assentiu, o olhar breve e contido. Ele estendeu a mão, tocando suavemente a pele marcada no braço dela. O toque dele, desta vez, era mais leve, quase gentil.

— Vamos tomar um banho? — sugeriu ele, com um tom mais suave, quase casual, como se tentasse criar uma pausa na intensidade que ainda pairava no ar.

Valéria aceitou, e o banho foi rápido, mas reconfortante. A água quente parecia lavar a tensão que havia se acumulado em seus músculos, mas não conseguia dissipar completamente a confusão em sua mente. Quando saíram, Felipe a guiou até a sala, onde uma mesa já estava posta com um café da manhã preparado. Tudo parecia cuidadosamente organizado.

— Pedi que trouxessem algo — disse Felipe, enquanto puxava uma cadeira para Valéria. — Achei que seria melhor conversarmos com mais calma.

Ela se sentou, ainda perdida em seus pensamentos. A mesa estava repleta de frutas frescas, pães e uma jarra de suco. O cheiro do café recém-preparado preenchia o ambiente, mas Valéria mal o notava. Seus olhos vagavam pela mesa, mas sua mente estava presa nas dúvidas que rondavam sua cabeça.

Entre mordidas discretas e goles de suco, Valéria lançava olhares furtivos a Felipe. Ele parecia tão controlado, cada movimento calculado. Será que ele sempre tinha tudo tão bem planejado? Isso a fazia se sentir ainda mais descompassada, como se estivesse fora de sintonia com o ambiente ao redor.

Após alguns minutos de silêncio, Felipe finalmente quebrou o clima.

— Sobre ontem... — começou ele, enquanto mexia no café. A colher girava devagar na xícara, e seu tom de voz era sereno. — Não foi um erro, mas acho que precisamos conversar sobre o que isso significa.

Valéria sentiu o coração acelerar, embora seu rosto não demonstrasse. Ela sabia que essa conversa viria. Não podia escapar.

— O que você quer dizer com isso, exatamente? — perguntou ela, com cautela.

Felipe inclinou-se levemente para frente, os olhos dela presos aos dele. O controle em seu olhar permanecia, mas havia algo ligeiramente mais intenso, como se ele também estivesse medindo suas palavras com cuidado.

— Quero que o que aconteceu entre nós seja só isso — explicou ele, de forma direta. — Nada além. Não estou buscando compromisso, sentimentos ou qualquer envolvimento emocional. Apenas... esses momentos.

Valéria ficou em silêncio, digerindo suas palavras. Não havia meias-verdades ali. Felipe estava sendo honesto, direto. Ele queria manter o que tinham, mas nada além de encontros casuais. Isso parecia simples, racional, mas o desconforto ainda a rodeava. Por quê?

— Não quero complicar as coisas — continuou ele, a voz firme. — Não estou pedindo um relacionamento. Acho que podemos ser claros e honestos um com o outro. Precisamos de um acordo. Algo que funcione, sem pressão.

Valéria considerou o que ele dizia. Um acordo. Em sua mente, a palavra ecoava, fria, prática. Ele queria controlar o que acontecia entre eles, manter as emoções à distância. E ela? Será que era isso que também desejava? A maneira controlada como ele falava a incomodava, mas, paradoxalmente, também a atraía.

— Sem compromisso? — repetiu ela, quase testando a ideia em voz alta.

Felipe sorriu, mas o sorriso era contido, calmo, como se já soubesse a resposta antes de ouvir a pergunta.

— Exato. Sem compromissos. Esse lugar — ele gesticulou para o apartamento ao redor — é nosso. Podemos estar juntos aqui, sem que isso interfira nas nossas vidas lá fora.

Valéria olhou ao redor. Havia algo curioso naquele espaço. Parecia preparado com cuidado, mas de forma impessoal, como se ele tivesse pensado em tudo para evitar qualquer tipo de envolvimento emocional. A ideia de um local reservado a fazia se sentir protegida das complicações, mas, ao mesmo tempo, um desconforto profundo crescia em seu peito.

— Sem complicações, sem compromisso — repetiu ela, tentando internalizar se isso era o que também queria.

Felipe assentiu. Ele parecia satisfeito com o rumo da conversa.

— Apenas esses momentos. Nada além. Quero que fique claro entre nós dois, para evitar qualquer confusão mais adiante.

Ela respirou fundo, os pensamentos embaralhados. Havia algo reconfortante em não se envolver emocionalmente, em manter as coisas simples e descomplicadas. Mas, no fundo, uma parte dela hesitava. E se algo desse errado? E se os sentimentos surgissem, e ela não pudesse mais manter o controle?

— E se eu não quiser mais? Ou, com o tempo, se eu não me sentir mais confortável com isso? — perguntou, cautelosa, tentando prever o que poderia acontecer.

Felipe a observou por um instante, seu olhar medindo cada palavra dela antes de responder.

— Eu quero muito que você aceite — disse ele, sua voz baixa, mas firme. — Mas, se você não estiver confortável, paramos. Ou, se em algum momento isso mudar, nós paramos. Sem ressentimentos.

Ela respirou fundo, sentindo o peso de suas palavras e da decisão à sua frente. Um acordo significava seguir em frente sem envolvê-los emocionalmente. Isso a protegeria... ou pelo menos deveria.

— Tudo bem, Felipe. Vamos tentar... — disse ela, a voz calma, mas seu interior um verdadeiro turbilhão.

Ele assentiu, satisfeito, mas os olhos de Valéria ainda carregavam dúvidas. O acordo estava feito, mas ela sabia que aquilo era apenas o começo.

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