Felipe e Valéria entraram no apartamento em silêncio. Ele a guiou diretamente até o banheiro, onde a água quente já caía, criando uma atmosfera abafada e confortável. O vapor envolvia os dois, dissipando a tensão acumulada do dia. Felipe entrou na banheira logo depois, acomodando-se ao lado dela. O som da água era a única coisa que preenchia o ambiente. Por um tempo, o silêncio parecia suficiente, até que Felipe quebrou a tranquilidade. — Você tem visto seu ex? — perguntou ele, direto. Valéria foi pega de surpresa. Não esperava ouvir o nome de Gustavo naquele momento. Ainda assim, manteve a calma. — Não. Desde o aniversário sa sua mãe, não o vi mais. Felipe manteve os olhos nela, como se estivesse avaliando cada detalhe de sua resposta. O vapor ao redor deles criava uma sensação de proximidade. — E ainda sente algo por ele? — continuou ele, a voz firme, mas com um toque de curiosidade. Valéria suspirou e inclinou a cabeça para trás, deixando a água escorrer pelo rosto. — Nã
O dia de Valéria começou como sempre. O estúdio cheio, as aulas fluindo. Ela se perdeu no piano, buscando a paz que a música trazia. No meio do dia, seu celular vibrou. Era uma mensagem de seu pai, Roberto. — "Filha, que tal jantarmos juntos hoje? Faz tempo que não passamos um tempo só nós dois." Valéria sorriu. Desde que sua mãe morreu, Roberto era seu porto seguro. Eles sempre foram próximos, mas os momentos juntos haviam se tornado raros. — "Claro, pai. Me avisa onde e a que horas." O resto do dia passou rápido. Quando as aulas terminaram, ela fechou o estúdio e foi encontrar o pai no restaurante. A conversa foi leve, cheia de memórias antigas e risos. Valéria se sentiu mais leve, como sempre acontecia com Roberto. Depois do jantar, decidiram passear pelo shopping. Eles faziam isso desde que ela era pequena. Ao passarem por um quiosque de sorvetes, Roberto sorriu. — Morango com calda de chocolate era o favorito da sua mãe — comentou ele, com uma voz suave e nostálgica. Val
Valéria entrou no estúdio cedo naquela manhã, acompanhada por Lara. O dia parecia tranquilo, mas sua mente estava longe. As questões administrativas que precisavam ser resolvidas eram uma distração para ocupar seu tempo, mas não sua atenção. Enquanto Valéria organizava papéis e conferia planilhas, seus pensamentos voltavam à noite anterior. O encontro inesperado com Felipe e Beatriz ainda pesava em sua mente. O silêncio de Felipe, tão incomum nele, ecoava como uma sombra, gerando uma inquietação que ela não conseguia afastar. Lara, passando pela sala de vidro, notou a expressão distante de Valéria. Ela entrou e a observou por um instante. — Valéria, você está bem? — perguntou Lara, com um tom suave, quebrando o silêncio. — Sim, estou — respondeu Valéria, forçando um sorriso. — Só tenho muito para resolver hoje. Lara assentiu, sem insistir. Ela se afastou, mas não tirou os olhos da amiga. Valéria tentou focar no trabalho. Mesmo assim, terminou as pendências mais cedo do que es
Valéria sabia, no fundo, que aquele era o momento certo para acabar com tudo. As palavras estavam na ponta de sua língua. Ela podia sentir a pressão em seu peito, como se uma parte dela gritasse para terminar aquilo de uma vez. Mas, ao olhar para Felipe, ela não conseguia pronunciar as palavras. O silêncio entre eles era quase sufocante, e ainda assim, ela não conseguia rompê-lo. Felipe, de pé à sua frente, parecia não perceber a batalha interna que se desenrolava dentro dela. Ou talvez soubesse, mas escolhesse não falar. Seus olhos permaneciam fixos nela, firmes, como sempre. O controle dele estava lá, intacto. E, por mais que quisesse se libertar, uma parte de Valéria ainda se prendia àquele controle. Ela desviou o olhar para a calçada. O ar frio da noite não conseguia acalmar sua mente agitada. — Valéria... — a voz de Felipe soou baixa, porém firme, chamando sua atenção de volta para ele. Ela levantou o olhar lentamente, tentando esconder a confusão que a dominava.
Valéria entrou no estúdio acompanhada por Lara. O dia parecia tranquilo, mas sua mente estava em outro lugar. As questões administrativas a ocupavam, mas não conseguiam afastar as preocupações que rondavam seus pensamentos. Mais tarde, Ana apareceu à porta da sala de Valéria. — Valéria, tem uma correspondência importante para você — disse Ana, entregando o envelope. Valéria o abriu rapidamente, os olhos correndo pelas palavras. Sua expressão mudou à medida que a tensão crescia. — O prédio foi vendido — disse Valéria em voz alta. Lara, que passava pela sala, parou imediatamente. — Vendido? — repetiu, surpresa. — Como assim? Quem comprou? Valéria respirou fundo, tentando processar a informação. — Um tal de Marcelo Ferreira. Ele quer uma reunião para discutir novos termos do contrato de aluguel. Isso não soa nada bom. Lara franziu o cenho. — Marcelo Ferreira? Nunca ouvi falar. — Nem eu — Valéria respondeu, sentindo a ansiedade aumentar. — Mas se ele quiser um aumento no aluguel
Valéria e Felipe se aproximaram lentamente, o toque entre eles crescendo em intensidade. As mãos de Felipe deslizaram suavemente pelo corpo dela, provocando arrepios que faziam sua pele se arrepiar. A respiração de Valéria acelerava, e ela sentia o calor do corpo dele se intensificar a cada segundo. Ela fechou os olhos, tentando se concentrar no momento presente, deixando todos os pensamentos sobre o estúdio e os problemas de lado. O toque de Felipe, que antes era cuidadoso, agora transmitia urgência. O desejo entre eles era palpável, como uma onda que os envolvia, tornando difícil pensar em qualquer outra coisa. — Você sabe o que faz comigo, não sabe? — sussurrou Felipe, sua voz baixa e rouca, enquanto seus lábios traçavam um caminho pelo pescoço de Valéria. Ela sentiu o calor da respiração dele contra a pele e suspirou, o corpo respondendo ao toque firme e cuidadoso dele. Cada beijo que Felipe deixava em sua pele parecia acender uma nova chama de desejo. — E você? — Valér
Valéria chegou cedo ao estúdio, o céu nublado refletindo o peso que sentia. A reunião com o novo proprietário do prédio era uma sombra em seus pensamentos. Assim que entrou, encontrou Lara concentrada em alguns papéis. — Bom dia — disse Valéria, tentando soar mais tranquila do que realmente estava. — Bom dia — respondeu Lara, sem desviar os olhos do que lia. — Está pronta para a reunião? Valéria assentiu, mas o nervosismo a acompanhava. A venda do prédio ameaçava a estabilidade do estúdio, algo que as duas haviam construído com muito esforço. E agora, o futuro do lugar dependia da renegociação do aluguel. — Tenho a sensação de que ele não vai facilitar — murmurou Valéria. Lara soltou um suspiro, finalmente levantando os olhos para a amiga. — É, também acho. Esses caras só pensam em dinheiro. Poucos minutos depois, Ana apareceu na porta. — Valéria, o novo proprietário está aqui para a reunião. Valéria respirou fundo e trocou um olhar com Lara, que deu um aceno de incentivo. —
Valéria saiu do restaurante pisando firme. Cada passo parecia uma tentativa de deixar a raiva para trás, mas o ódio crescia dentro dela. Gustavo tinha cruzado a linha. Depois de tudo o que ele fez, depois de traí-la, ainda ousava chantageá-la, tentando usar o estúdio como moeda de troca para reconquistá-la. O sangue pulsava em suas têmporas. Ela respirou fundo, tentando controlar o desejo de gritar. Andou pelas ruas sem rumo, buscando clareza em meio à confusão. O estúdio não era só dela, também afetava Lara. Isso corroía Valéria. Não poderia falhar com sua melhor amiga. Sentindo o peso de tudo, encontrou um banco na praça e se sentou. Esfregou as mãos no rosto, buscando um plano. Gustavo não sairia ganhando. Seu telefone tocou. Olhou para a tela: Felipe. Respirou fundo e atendeu. — Oi, tudo bem? — Ela tentou soar calma, mas seu estado de espírito estava longe disso. — Onde você está? — A voz de Felipe era calma, prática, sem traços de emoção. Ele sabia que ela estava com Gus