Valéria apertava o celular entre as mãos, frustrada com a demora do aplicativo de transporte. A cada tentativa frustrada, sua impaciência aumentava.
Ela suspirou, passando a mão pelo cabelo. Sentiu o ar frio da noite tocando seu rosto, esfriando suas bochechas. De repente, uma voz familiar interrompeu seus pensamentos. — Está com problemas para conseguir um táxi? — Felipe apareceu ao seu lado, com a expressão calma, mas os olhos curiosos. Ela se virou rapidamente. Vê-lo ali despertava um misto de sensações. — Sim — respondeu, tentando disfarçar o desconforto. — Parece que vai demorar. Felipe olhou para o celular na mão dela e depois para a rua deserta. Ele sorriu, o mesmo sorriso que Valéria conhecia bem demais. — Posso te oferecer uma carona — disse, a voz suave, mas firme. — A essa hora, é complicado conseguir transporte por aqui. Ela hesitou. A lembrança da noite anterior ainda queimava na sua mente. Foi algo casual, sem compromisso. Agora, ali estava ele, oferecendo uma solução... Mas ela sabia que aceitar teria um preço. — Agradeço, mas não gostaria de incomodar — tentou, mantendo a voz firme. Felipe riu baixinho, um som quase imperceptível, mas que a fez estremecer. — Não vai ser de graça, não se preocupe — disse, com um subtexto claro. Ela sabia o que ele queria dizer. Ela deveria recusar, mas, por alguma razão, aceitou. — Tudo bem... Aceito — disse, finalmente. O caminho até o carro foi silencioso. A tensão entre eles era quase palpável. No carro, as luzes da cidade passavam rápido pelas janelas. Valéria mantinha os olhos fixos na paisagem, mas seu coração batia mais rápido do que ela gostaria de admitir. De repente, ela percebeu que o caminho estava diferente. — Esse não é o caminho para minha casa — disse, sentindo o desconforto aumentar. Felipe lançou-lhe um olhar tranquilo. — Eu sei. É uma surpresa — respondeu, com aquele sorriso enigmático. Ela sentiu uma onda de desconforto percorrer seu corpo. Algo dentro dela dizia que Felipe estava no controle. Chegaram a um prédio elegante. Felipe estacionou e abriu a porta para ela. No elevador, o espaço pequeno tornava a tensão ainda maior. Felipe se aproximou, o olhar fixo nos olhos de Valéria. Sem aviso, ele a puxou para um beijo. Foi forte, intenso. Ela respondeu instintivamente, embora sua mente gritasse que aquilo não era o que queria, ou ela pensava que não queria. As portas do elevador se abriram. Eles saíram, os passos apressados. Chegaram até a porta do apartamento. Ao cruzar a porta do apartamento, Valéria mal teve tempo de pensar. O ambiente ao redor parecia se fechar em torno dela, e antes que pudesse reagir, Felipe já estava perto, muito perto. — Eu te avisei — disse Felipe, a voz baixa e firme, enquanto a puxava com força. — Não vai ser fácil. Valéria tentou falar, mas as palavras não vieram. Algo dentro dela a paralisava — o desejo misturado com a sensação de que havia passado do ponto de não retorno. Sem esperar resposta, ele a pressionou contra o corpo dele, os olhos escuros cravados nos dela. Valéria ofegou, sentindo as mãos dele apertarem sua cintura com força. Não havia suavidade. Havia desejo, e ele não pretendia esconder isso. Ela podia sentir isso na maneira como ele a beijava, com urgência, com uma fome que a pegava desprevenida. Seus pensamentos estavam embaralhados. Deveria parar? Não queria parar. Seu corpo estava respondendo a cada toque de Felipe. — Você pode me dizer para parar — sussurrou ele, o rosto muito próximo ao dela, os lábios a centímetros de sua pele. — Mas acho que não vai fazer isso, vai? A respiração dela acelerou, seu coração batendo forte. Ela sentiu as mãos dele apertarem sua cintura, os dedos firmes, como se quisessem reivindicar cada parte de seu corpo. O beijo que se seguiu foi feroz, bruto. Não havia suavidade nos lábios de Felipe desta vez. Ele a dominava, suas mãos segurando seu rosto enquanto a empurrava de volta contra a parede. O impacto a fez ofegar, mas ela não teve tempo para protestar. Felipe a beijava com uma urgência quase violenta, e ela sentia cada centímetro de sua pele reagir. A mente de Valéria estava dividida. Parte dela queria que ele parasse, mas outra parte estava entregue. Ela sentia a parede fria nas costas, em contraste com o calor abrasador do corpo de Felipe. Ele a virou rapidamente, de forma abrupta, guiando-a para longe da parede. Valéria mal conseguia acompanhar seus movimentos rápidos. Antes que pudesse processar o que estava acontecendo, ele a puxou para o quarto. — Eu te quero agora, Valéria — a voz dele era baixa, mas carregada de desejo. — Não vou esperar. Felipe a empurrou contra a cama, o olhar fixo nos olhos dela, como se estivesse comunicando tudo o que ele queria sem precisar de palavras. Valéria tentou falar, mas antes que qualquer som pudesse sair, ele estava sobre ela novamente, seus beijos mais ferozes, suas mãos explorando cada parte de seu corpo com uma necessidade quase primitiva. As roupas de Valéria foram retiradas com pressa, quase arrancadas, e ela sentiu o toque brusco de Felipe em sua pele exposta. Suas mãos deixavam marcas vermelhas onde ele a apertava com mais força. Valéria sabia que, ao amanhecer, carregaria as marcas daquela noite. Felipe segurava seus braços acima da cabeça, sua respiração ofegante enquanto ele descia os beijos pelo pescoço dela, mordendo a pele com uma intensidade que a fazia se contorcer. Ela fechou os olhos, sentindo o contraste entre o desejo e a dor, a respiração entrecortada que escapava de seus lábios a cada toque. Valéria sentia-se perdida naquele redemoinho de sensações. Ele não estava pedindo permissão, e ela não estava oferecendo resistência. Ele apertou suas coxas, deixando marcas profundas que ela sabia que demorariam a desaparecer. Seus dedos traçavam linhas fortes, deixando um rastro de intensidade por onde passavam. A respiração de Felipe estava pesada, o suor escorria pela pele, e a cada investida, ele a segurava com mais firmeza, como se quisesse marcar sua presença de maneira indelével. O tempo parecia perder o significado. O quarto ao redor deles se tornava um campo de batalha silencioso, onde cada toque e cada respiração ofegante era uma troca de poder. Quando finalmente os movimentos começaram a desacelerar, Felipe deixou seu corpo relaxar por cima do dela, mas mesmo naquele momento, a intensidade ainda estava lá. O corpo de Valéria estava marcado, sua pele sensível a cada toque. Ele a observou por um momento, os olhos ainda escurecidos pelo desejo, como se estivesse satisfeito com as marcas que havia deixado nela.O sol já estava forte quando Valéria acordou. Seus olhos abriram lentamente, ajustando-se à luz que entrava pela janela. O quarto era estranho para ela, mas a sensação no corpo era familiar. Cada parte de seu ser ainda lembrava a noite anterior com Felipe, as marcas ainda sensíveis na pele, misturando dor e desejo. Ela se mexeu na cama, tentando se levantar sem fazer barulho, mas Felipe já estava acordado. Ele a observava com uma expressão calma, bem diferente da intensidade da noite anterior. — Desculpa, Valéria — começou ele, a voz rouca. — Eu perdi um pouco o controle ontem. Ela o encarou, surpresa pela sinceridade em seu tom. Felipe não parecia ser do tipo que se desculpava facilmente. — Não foi só você — respondeu ela, com um toque de hesitação. — Eu também... estava lá. Felipe assentiu, o olhar breve e contido. Ele estendeu a mão, tocando suavemente a pele marcada no braço dela. O toque dele, desta vez, era mais leve, quase gentil. — Vamos tomar um banho? — sugeriu ele, com
Felipe estacionou o carro em frente ao prédio de Valéria. O silêncio no carro era confortável, mas carregado com tudo o que havia acontecido nas últimas horas. Valéria olhou para ele, notando o leve cansaço em seu rosto, mas Felipe mantinha o mesmo ar controlado de sempre. — Obrigada pela carona — disse Valéria, soltando o cinto de segurança e prestes a sair. Felipe inclinou a cabeça levemente, os olhos fixos nela. — Até logo, Valéria. Ela assentiu, forçando um pequeno sorriso antes de sair do carro. Enquanto subia as escadas até seu apartamento, seu coração ainda batia rápido. Tentou controlar a agitação. Ao abrir a porta, foi recebida por Lara, que estava no sofá, de pijama, assistindo à TV. Assim que viu Valéria entrar, seus olhos se arregalaram, e ela pausou o que estava vendo. — Finalmente em casa! — exclamou Lara, com um sorriso malicioso. — E então? Onde você passou a noite? Valéria suspirou, sabendo que não escaparia das perguntas. Largou a bolsa no canto e se jog
Felipe e Valéria entraram no apartamento em silêncio. Ele a guiou diretamente até o banheiro, onde a água quente já caía, criando uma atmosfera abafada e confortável. O vapor envolvia os dois, dissipando a tensão acumulada do dia. Felipe entrou na banheira logo depois, acomodando-se ao lado dela. O som da água era a única coisa que preenchia o ambiente. Por um tempo, o silêncio parecia suficiente, até que Felipe quebrou a tranquilidade. — Você tem visto seu ex? — perguntou ele, direto. Valéria foi pega de surpresa. Não esperava ouvir o nome de Gustavo naquele momento. Ainda assim, manteve a calma. — Não. Desde o aniversário sa sua mãe, não o vi mais. Felipe manteve os olhos nela, como se estivesse avaliando cada detalhe de sua resposta. O vapor ao redor deles criava uma sensação de proximidade. — E ainda sente algo por ele? — continuou ele, a voz firme, mas com um toque de curiosidade. Valéria suspirou e inclinou a cabeça para trás, deixando a água escorrer pelo rosto. — Nã
O dia de Valéria começou como sempre. O estúdio cheio, as aulas fluindo. Ela se perdeu no piano, buscando a paz que a música trazia. No meio do dia, seu celular vibrou. Era uma mensagem de seu pai, Roberto. — "Filha, que tal jantarmos juntos hoje? Faz tempo que não passamos um tempo só nós dois." Valéria sorriu. Desde que sua mãe morreu, Roberto era seu porto seguro. Eles sempre foram próximos, mas os momentos juntos haviam se tornado raros. — "Claro, pai. Me avisa onde e a que horas." O resto do dia passou rápido. Quando as aulas terminaram, ela fechou o estúdio e foi encontrar o pai no restaurante. A conversa foi leve, cheia de memórias antigas e risos. Valéria se sentiu mais leve, como sempre acontecia com Roberto. Depois do jantar, decidiram passear pelo shopping. Eles faziam isso desde que ela era pequena. Ao passarem por um quiosque de sorvetes, Roberto sorriu. — Morango com calda de chocolate era o favorito da sua mãe — comentou ele, com uma voz suave e nostálgica. Val
Valéria entrou no estúdio cedo naquela manhã, acompanhada por Lara. O dia parecia tranquilo, mas sua mente estava longe. As questões administrativas que precisavam ser resolvidas eram uma distração para ocupar seu tempo, mas não sua atenção. Enquanto Valéria organizava papéis e conferia planilhas, seus pensamentos voltavam à noite anterior. O encontro inesperado com Felipe e Beatriz ainda pesava em sua mente. O silêncio de Felipe, tão incomum nele, ecoava como uma sombra, gerando uma inquietação que ela não conseguia afastar. Lara, passando pela sala de vidro, notou a expressão distante de Valéria. Ela entrou e a observou por um instante. — Valéria, você está bem? — perguntou Lara, com um tom suave, quebrando o silêncio. — Sim, estou — respondeu Valéria, forçando um sorriso. — Só tenho muito para resolver hoje. Lara assentiu, sem insistir. Ela se afastou, mas não tirou os olhos da amiga. Valéria tentou focar no trabalho. Mesmo assim, terminou as pendências mais cedo do que es
Valéria sabia, no fundo, que aquele era o momento certo para acabar com tudo. As palavras estavam na ponta de sua língua. Ela podia sentir a pressão em seu peito, como se uma parte dela gritasse para terminar aquilo de uma vez. Mas, ao olhar para Felipe, ela não conseguia pronunciar as palavras. O silêncio entre eles era quase sufocante, e ainda assim, ela não conseguia rompê-lo. Felipe, de pé à sua frente, parecia não perceber a batalha interna que se desenrolava dentro dela. Ou talvez soubesse, mas escolhesse não falar. Seus olhos permaneciam fixos nela, firmes, como sempre. O controle dele estava lá, intacto. E, por mais que quisesse se libertar, uma parte de Valéria ainda se prendia àquele controle. Ela desviou o olhar para a calçada. O ar frio da noite não conseguia acalmar sua mente agitada. — Valéria... — a voz de Felipe soou baixa, porém firme, chamando sua atenção de volta para ele. Ela levantou o olhar lentamente, tentando esconder a confusão que a dominava.
Valéria entrou no estúdio acompanhada por Lara. O dia parecia tranquilo, mas sua mente estava em outro lugar. As questões administrativas a ocupavam, mas não conseguiam afastar as preocupações que rondavam seus pensamentos. Mais tarde, Ana apareceu à porta da sala de Valéria. — Valéria, tem uma correspondência importante para você — disse Ana, entregando o envelope. Valéria o abriu rapidamente, os olhos correndo pelas palavras. Sua expressão mudou à medida que a tensão crescia. — O prédio foi vendido — disse Valéria em voz alta. Lara, que passava pela sala, parou imediatamente. — Vendido? — repetiu, surpresa. — Como assim? Quem comprou? Valéria respirou fundo, tentando processar a informação. — Um tal de Marcelo Ferreira. Ele quer uma reunião para discutir novos termos do contrato de aluguel. Isso não soa nada bom. Lara franziu o cenho. — Marcelo Ferreira? Nunca ouvi falar. — Nem eu — Valéria respondeu, sentindo a ansiedade aumentar. — Mas se ele quiser um aumento no aluguel
Valéria e Felipe se aproximaram lentamente, o toque entre eles crescendo em intensidade. As mãos de Felipe deslizaram suavemente pelo corpo dela, provocando arrepios que faziam sua pele se arrepiar. A respiração de Valéria acelerava, e ela sentia o calor do corpo dele se intensificar a cada segundo. Ela fechou os olhos, tentando se concentrar no momento presente, deixando todos os pensamentos sobre o estúdio e os problemas de lado. O toque de Felipe, que antes era cuidadoso, agora transmitia urgência. O desejo entre eles era palpável, como uma onda que os envolvia, tornando difícil pensar em qualquer outra coisa. — Você sabe o que faz comigo, não sabe? — sussurrou Felipe, sua voz baixa e rouca, enquanto seus lábios traçavam um caminho pelo pescoço de Valéria. Ela sentiu o calor da respiração dele contra a pele e suspirou, o corpo respondendo ao toque firme e cuidadoso dele. Cada beijo que Felipe deixava em sua pele parecia acender uma nova chama de desejo. — E você? — Valér