Selene Halloway estava noiva de Cassian Thorn — ou apenas Cas, como ela carinhosamente o apelidara durante a adolescência, quando a paixão intensa e cheia de rebeldia os consumiu. Ambos tinham a mesma idade: vinte e cinco anos, com a pequena diferença de que Cassian era cinco meses mais velho. Selene tinha cabelos negros e uma pele bronzeada que contrastava perfeitamente com seus olhos azul-claros, um detalhe que sempre encantou Cassian desde o dia em que a viu pela primeira vez. Ele se lembrava nitidamente desse momento, a primeira vez que seus olhos verdes se encontraram com os dela no grande hall da Partenon High School.
Naquela época, Selene era baixa, com os cabelos cortados pouco abaixo do pescoço, pele clara e uma timidez que a tornava alvo das piadas cruéis dos estudantes mais influentes. Tinha acabado de se mudar para Flerks, uma cidade importante, habitada por uma mistura de americanos e alemães. Selene, americana de nascença, destacava-se das outras garotas de um jeito que Cassian nunca tinha experimentado. O destino os colocou lado a lado por acaso, quando esbarraram um no outro nas primeiras duas semanas de aula. A amizade entre eles floresceu rapidamente, muito para o descontentamento das paixões anteriores de Cassian.
Cassian Thorn era o tipo de homem que não passava despercebido. Imagine o homem mais bonito que já viu — e multiplique isso por mil. Cassian era ainda mais impressionante. Alto, talvez vinte centímetros mais alto que Selene, ele tinha um rosto anguloso, cabelos acobreados, olhos verdes intensos e uma pele clara salpicada de sardas, herança de sua mãe. Naquela época, status e poder eram tudo para ele. Capitão do time de basquete, Cassian vivia rodeado de admiração e privilégios. Parte do que Selene conquistou depois, deveu-se à amizade que tinham.
O ensino médio foi uma batalha constante, mas ao final do primeiro ano, Selene já havia se transformado de uma garota tímida na jovem mais popular da escola. Ela trocou a solidão por festas cheias de glamour, afastando-se das pessoas que costumava frequentar. Selene tinha agora as chaves para um novo mundo. Ela não era apenas Selene — era Selene, a namorada de Cassian, a futura senhora Thorn. Os pais de Cassian a adoravam, tratavam-na como uma divindade, e a sabedoria dela a levou a subir, degrau por degrau, até alcançar a mansão da família Thorn quatro anos depois. É fato que Selene Halloway amava Cassian Thorn. Também é fato que Cassian Thorn amava Selene Halloway. Mas, igualmente verdade é que, apesar de todo o amor que sentiam, a fidelidade não era o forte de nenhum dos dois. O relacionamento começou a ruir cedo, mas eles sempre encontravam um jeito de retomar os laços, até que tudo parecia caminhar para a estabilidade — até certo dia.
Cassian tinha um irmão mais velho, que estava estudando fora dos Estados Unidos. Seu nome era Lucian Thorn. Se Cassian era o equilíbrio e a beleza, Lucian era o caos e a tentação. Quando ele voltou para Flerks para assumir os negócios da família, foi o início do fim para o relacionamento de Selene e Cassian. Lucian era o desequilíbrio perfeito, a faísca que incendiaria o que eles levaram cinco anos para construir. E é a partir daqui que a verdadeira história começa.
Como de costume, após uma tempestade em Flerks, o pior havia passado. Nada mais interferiria no dia, exceto os problemas elétricos ocasionais e a retirada das árvores derrubadas pela força implacável da natureza. O asfalto ainda estava molhado, brilhando sob os últimos resquícios de luz, e o vento, forte e frio, soprava cortante pelo horizonte, como se carregasse consigo o peso das árvores que havia derrubado. O frio era um velho conhecido na região, e, desde que Selene Halloway se mudara para cá, quase nove anos atrás, ela se adaptara facilmente.
Os cabelos negros de Selene estavam presos em um rabo de cavalo, prático e elegante. Calçava sapatos pretos, brilhantes, um presente de Cassian. O vestido, da mesma cor, ajustava-se ao seu corpo perfeitamente, alcançando a altura dos joelhos. Um cardigan, um pouco mais escuro que caqui, completava seu visual com classe. A presença dela era inegável — uma mulher esplendorosa que atraía olhares onde quer que passasse. Mas nada em sua aparência chamava mais atenção do que o batom vermelho que acentuava seus lábios e os óculos escuros que davam o toque final ao look daquele dia. Seus passos eram precisos, como se cada movimento fosse calculado.
Selene tinha um destino em mente: um prédio envidraçado a poucos minutos de onde estava, especificamente o décimo andar, segunda porta à direita. Enquanto caminhava, ela recapitulava mentalmente o que estava por vir, como sempre fazia. Era uma mulher determinada, e sua memória afiada muitas vezes deixava os outros intimidados. Assim que entrou no prédio, o som abafado de seus sapatos ecoou no saguão elegante. Ela seguiu direto para o elevador, sem hesitar. Lá dentro, o espelho a refletia, mostrando a mulher que, por fora, parecia intocável — mas por dentro, algo estava em chamas, algo que ela tentava apagar, mas que a consumia aos poucos. Talvez fosse o peso das escolhas, dos segredos que insistiam em voltar à tona, ou a iminente chegada de Lucian, que mudaria tudo. Quando as portas do elevador se fecharam, Selene soltou um leve suspiro, permitindo-se, por um breve instante, lembrar-se daquele olhar. O olhar de Lucian Thorn. E ali, entre o décimo e o vigésimo andar, ela soube que, apesar de sua vida parecer estar no controle, havia uma força muito maior que estava prestes a puxar o tapete sob seus pés.
O elevador parou. As portas se abriram lentamente, revelando o corredor que a aguardava. Ela retirou os óculos calmamente, mordendo o lábio com uma precisão cuidadosa, evitando borrar o batom vermelho. Sem hesitar, virou-se em direção à porta. O nome "Presidente" estava gravado em letras douradas, reluzindo contra a madeira envernizada. Com um movimento firme, sua mão direita fechou-se em punho e bateu três vezes, como sempre fazia. O som reverberou levemente pelo corredor, até que a voz grave e rouca ecoou por trás da porta, fazendo seus nervos se acenderem.
— Entre!
Selene Holloway respirou fundo, tentando controlar a inquietação que crescia em seu peito. Sua mão pousou suavemente sobre a maçaneta e, com um breve movimento, abriu a porta por completo. Quando seus olhos finalmente recaíram sobre ele, a tensão no ar parecia quase palpável.
Lucian Thorn, o homem que a esperava do outro lado, era mais que apenas a sombra de um irmão mais velho. Ele exalava poder. O tipo de força silenciosa que dominava o ambiente sem esforço algum. Sentado em sua poltrona de couro, a luz suave da sala destacava os ângulos marcantes de seu rosto — a mandíbula forte, os lábios finamente esculpidos, sempre prontos a exibir um sorriso de desdém ou uma palavra cortante. Os cabelos, lisos e perfeitamente penteados para trás, refletiam o brilho do ambiente, realçando a cor escura que contrastava com seus olhos de um azul profundo e enigmático. O olhar dele, intenso, parecia fitar Selene com a precisão de quem via mais do que a superfície, como se pudesse decifrar seus pensamentos mais secretos. A tatuagem que escapava do colarinho aberto de sua camisa preta dava uma pista do perigo e da história que Lucian carregava consigo. Vestido impecavelmente em um terno escuro que abraçava cada músculo definido de seu corpo, Lucian era a personificação de controle — um homem de poucas palavras, mas de ações devastadoras. Havia nele uma aura de mistério, como se algo sempre estivesse por acontecer. Não importava quantos segredos ele escondia, o magnetismo entre eles, mesmo naquela sala fechada, parecia inescapável.
Selene sabia que, assim que seus olhares se cruzaram, não havia mais retorno. Lucian Thorn, com seu charme letal e uma perigosa segurança de si, era a razão pela qual seu mundo cuidadosamente construído começava a ruir.
— Sente, por favor! — Lucian indicou a poltrona à sua frente, com um gesto casual, mas firme.
Selene, sem hesitar, tirou o cardigan, pousando-o sobre a mesa de vidro antes de se sentar e cruzar as pernas com elegância. Os olhos de Lucian caíram sobre ela, demorando-se no rosto antes de descerem lentamente pelo decote. Ele alisou o bigode discretamente, fechando os olhos por um instante, como se precisasse reorganizar seus pensamentos. Uniu as mãos, apoiando os cotovelos na mesa e o rosto nas pontas dos dedos por um breve momento de reflexão.
— Aceita um vinho? — ofereceu com a mesma voz rouca e penetrante.
— Está frio demais para apreciar um vinho, Lucian Thorn, — ela retrucou, a voz um tanto firme. — Mas aceito um uísque, se tiver.
Lucian levantou-se sem demora, seus movimentos precisos, quase predatórios. Foi até a pequena mesa ao fundo da sala, onde uma garrafa de uísque repousava à espera, como um ritual que ele já havia feito muitas vezes antes. Serviu dois copos generosos e entregou um a Selene, enquanto segurava o outro para si. Voltou a sentar-se, seu olhar nunca deixando o dela.
— Três vezes em uma única semana, — Lucian comentou, os olhos azuis brilhando com malícia. — E meu irmão nem desconfia.
— Sou uma mulher cautelosa, — Selene começou, mas sua voz fraquejou. — Eu amo o Cassian, sou feliz ao lado dele, apesar dos problemas, mas…
— Mas é a mim que procura quando foge da sua rotina enfadonha, — ele interrompeu com um sorriso que provocava e ao mesmo tempo intimidava. Tomou um gole do uísque, pousou o copo ao lado e passou a mão pelos cabelos, ajeitando-os com a confiança de quem sabe exatamente onde pisa. — Nove anos com a mesma pessoa deve ser… entediante. A mesma monotonia. As mesmas coisas, os mesmos desejos, as mesmas posições. Nada muda. Petrificado no tempo. Eu também amo meu irmão, mas… vamos lá, ele é cego.
— O que fazemos é imperdoável, — Selene insistiu, tentando manter a compostura.
Lucian apenas riu, um som baixo e carregado de desdém.
— Ele é um tolo, — sua voz saiu ainda mais cortante. — Eu poderia transar com você na cama dele, ao lado dele, e ele nem perceberia.
O suspiro que escapou dos lábios de Selene denunciava o quanto aquela ideia a perturbava, e, ao mesmo tempo, a atraía.
— Por isso, — ela respirou fundo, forçando-se a recobrar a sanidade, — não devemos mais continuar. Eu amo Cassian. Estamos noivos, felizes, e vamos nos casar. Quero construir minha família. Foi um erro eu ter vacilado… ter traído.
Lucian ergueu uma sobrancelha, intrigado.
— Você é minha, Selene. Está presa a mim. Não há como fugir.
— Claro que há, Lucian, — ela replicou, embora sua voz não estivesse tão firme quanto desejava. — Isso foi um erro. Já disse.
— Seus olhos, seu corpo, sua voz me pedindo mais… Não parecem pensar assim, — ele provocou, aproximando-se ligeiramente. — Você vem até mim porque sabe que aqui você vive. Cassian? Ele é um garoto que nunca aprendeu nada.
— Não fale assim dele, — ela tentou interrompê-lo, mas ele apenas sorriu de lado, um sorriso que parecia saber mais do que deveria.
— Falo, sim, — ele insistiu. — Você acha mesmo que ele vai te perdoar quando descobrir que você me quis tanto quanto eu te quis? Que você traiu ele… comigo?
Selene engoliu em seco. A verdade nua e crua estava ali, em cada palavra pronunciada por Lucian, esmagando suas tentativas de negar o inegável.
— Você não ousaria, — ela murmurou, temerosa.
— Ousadia mantém homens como eu no controle, — ele afirmou com convicção. — Cassian precisa de mim. Apesar de tudo, eu o amo. Ele é meu irmão.
— Por ele ser seu irmão, e meu noivo, é que devemos parar agora, — Selene repetiu, tentando reafirmar a sua vontade.
Lucian coçou a nuca, parecendo ponderar por um instante, mas a malícia nos olhos não diminuía.
— Mesmo que eu concorde em parar… — ele começou a caminhar lentamente ao redor dela, como um predador. — Sempre haverá uma brecha. Você voltará, Selene. Sabe disso. Virar para mim como uma mendiga à procura de um pedaço de vida, implorando por algo mais. Não estou certo?
— Não, você está errado, Lucian, — ela tentou reafirmar, mas sua voz estava longe de transmitir confiança.
Ele se aproximou, suas mãos pousando nos ombros dela com uma pressão suave, mas firme. Seus dedos deslizaram levemente pelo corpo dela, e Selene sentiu o corpo aquecer, traída por sensações que não conseguia controlar.
— Lembra da primeira vez que nos vimos? — ele sussurrou, sua voz baixa e envolvente. Ela fechou os olhos, mas não conseguiu afastar a memória. — Você estava de vermelho, ao lado de Cassian. Quando te vi, algo mudou. Pela primeira vez, tive inveja dele. Não por ele ter ficado mais bonito com o tempo, mas porque ele tinha você.
As mãos dele desceram até o colo dela, explorando seu corpo com a destreza de quem já sabia exatamente como despertar cada sentimento reprimido. Ela mordeu os lábios, tentando conter o gemido que escapou involuntariamente.
— Lucian, pare… — ela implorou, a voz falhando.
Mas ele ignorou o pedido, deixando que suas mãos continuassem a ditar o ritmo, dominando-a com facilidade.
— Quer que eu pare? — ele sussurrou, a barba roçando a pele sensível de seu pescoço.
Lucian sorriu com a pergunta, como se já soubesse a resposta que estava escondida nas profundezas de Selene, naquele canto escuro de sua mente onde a culpa e o desejo se entrelaçavam. Ele não precisava da palavra “sim” para continuar. O corpo dela já havia se entregado, mesmo que a mente resistisse. Ele deslizou os dedos pelo pescoço dela, subindo até seu queixo, forçando-a a erguer o rosto e encarar seus olhos intensos. Havia algo hipnótico em seu olhar, algo que Selene, por mais que lutasse, não conseguia resistir. Ela sentia que o controle escorregava por entre seus dedos como areia fina.
— Quer que eu pare? — ele repetiu, a voz baixa e suave, quase carinhosa. Mas o sorriso em seus lábios denunciava a verdadeira intenção. Ele não pararia, e ela sabia disso.
Selene não respondeu, os lábios entreabertos, o corpo já traindo seus pensamentos. Aquele breve silêncio, aquela hesitação, era tudo o que Lucian precisava.
— Está vendo, — ele murmurou, seus dedos traçando uma linha suave pelo seu colo, explorando a pele exposta, arrepiando-a de desejo e dúvida. — As palavras são vazias, Selene. Não precisamos delas. Não precisamos dessas convenções, dessas regras que tentam nos prender, nos sufocar — Ele se inclinou mais perto, seus lábios roçando levemente o lóbulo da orelha dela, a barba acariciando a pele sensível de seu pescoço. Selene fechou os olhos, o coração batendo forte, o calor se espalhando em ondas que ela não conseguia mais controlar. — Não precisamos de palavras, — ele continuou, a voz um sussurro, sedutora e venenosa ao mesmo tempo. — Cassian pode viver no mundo de palavras e promessas. Ele pode se contentar com o “eu te amo” rotineiro e as expectativas vazias de uma vida normal. Mas você e eu, Selene… nós estamos além disso.
Ele pressionou os lábios no pescoço dela, os dedos descendo mais uma vez até o corpo que se encolheu levemente, mas logo cedeu àquele toque familiar, proibido, que a incendiava.
— Eu não deveria… — ela sussurrou, quase como uma última tentativa de resgatar algum fragmento de moralidade, mas a convicção em sua voz era tão frágil quanto o batom que já começava a borrar.
Lucian riu, um som baixo e sombrio, e afastou o rosto para encará-la novamente, com aquele olhar que perfurava sua alma, como se ele já soubesse tudo sobre ela, seus segredos mais obscuros, seus desejos mais inconfessáveis.
— “Deveria” é outra palavra vazia, — ele sussurrou, os dedos agora tocando seus lábios suavemente. — Você não é guiada pelo que “deve” fazer, Selene. É guiada pelo que quer. E o que quer está aqui, na sua frente. O resto são ilusões que você usa para se proteger da verdade.
Selene sentia o corpo tremer. Havia uma batalha interna, uma guerra travada entre a moralidade que ela havia construído e o desejo primitivo que Lucian acendia dentro dela. Mas a batalha era desigual. Ele sabia como jogar, como manipular, como seduzir não apenas seu corpo, mas sua mente. Ele a fazia sentir-se viva de uma maneira que Cassian nunca havia conseguido.
— Me deixe ir, Lucian… — ela sussurrou, sem acreditar realmente em suas próprias palavras.
— Deixar você ir? — ele repetiu, rindo, enquanto suas mãos deslizavam pela cintura dela, puxando-a mais perto, fazendo-a sentir o calor de seu corpo contra o dela. — Você não quer ir, Selene. Você quer estar aqui. Comigo. Sempre quis — ela tentou afastá-lo, uma tentativa fraca, mas seus dedos se entrelaçaram nos cabelos de Lucian, como se inconscientemente já o quisesse mais perto, mais intenso. — Olhe para você, — ele continuou, a voz envolvente, as palavras escolhidas com uma precisão que apenas alguém como Lucian poderia alcançar. — Você está aqui, agora, comigo, não é? Porque você sabe, no fundo, que isso é o que você quer. Mais do que o anel no dedo. Mais do que as promessas que você fez ao Cassian. Mais do que qualquer ideia de moralidade.
Ele deslizou as mãos pelas pernas dela, sentindo sua resistência diminuir a cada toque, a cada palavra sussurrada. Ela mordeu os lábios, o corpo reagindo de uma maneira que sua mente ainda tentava negar, mas falhava miseravelmente.
— Deixe de lado essa farsa de dever e culpa, — ele disse, a voz agora mais firme, mais dominadora. — Porque a verdade, Selene, é que você está presa a mim. Eu sou o que você deseja. O que você precisa. E, eventualmente, todos os seus “deveria” irão desaparecer, e só restará o que você realmente quer.
Ela fechou os olhos, sentindo os lábios de Lucian percorrerem seu pescoço novamente, suas mãos firmes puxando-a para mais perto. A luta interna se dissolvia, como gelo derretendo ao sol. Ele estava certo. No fundo, muito mais profundo do que ela gostaria de admitir, era isso que ela queria. O proibido. O perigoso. Lucian Thorn.
— Então, me diga, Selene… — ele sussurrou, os lábios agora perto demais dos dela. — Vai continuar lutando contra o que quer, ou vai ceder ao que sempre foi seu desejo?
Ela abriu os olhos lentamente, sua respiração pesada, os lábios dele tão próximos que parecia inevitável.
— Não me deixe mais lutar, Lucian… — ela sussurrou, antes de finalmente ceder à tentação, suas palavras morrendo quando seus lábios se encontraram com os dele, selando o destino que ela já sabia ser impossível de evitar.
Lucian sorriu contra seus lábios, sabendo que havia vencido. Como sempre. Ele intensificou o beijo, dominando-a com uma paixão quase brutal, enquanto suas mãos firmes deslizavam pelas curvas de Selene, apertando-a contra si. Ela gemia entre os lábios dele, sentindo o calor subir rapidamente pelo corpo, a mente nublada pelo desejo. Suas mãos encontraram o peito firme de Lucian, deslizando pelos músculos definidos sob a camisa bem ajustada, o toque tão familiar quanto intoxicante.
Ele a puxou para seu colo, a respiração pesada, os dedos hábeis já começando a explorar o corpo dela com uma mistura de urgência e controle. Selene jogou a cabeça para trás, o cabelo escorrendo livremente pelos ombros enquanto os lábios de Lucian se moviam para seu pescoço, mordiscando e beijando com uma precisão que a deixava ainda mais entregue. O vestido apertado parecia sufocante, como uma barreira inútil entre o desejo fervilhante dos dois.
— Você não consegue mais resistir, consegue? — ele murmurou contra a pele dela, suas mãos agora já descendo até as coxas, subindo lentamente pela barra do vestido, provocando-a com toques leves e torturantes. — Seu corpo grita pelo meu. Não precisa mais lutar contra isso.
Ela tentou formular uma resposta, algo que demonstrasse alguma resistência, mas tudo o que conseguiu foi um suspiro profundo e um arquejo quando os dedos dele alcançaram a parte mais íntima de seu corpo, ainda coberta pelo tecido fino da calcinha. Lucian sorriu, um sorriso de pura satisfação. Ele sabia que a tinha completamente em suas mãos agora, sabia que não havia mais volta para Selene. Seus dedos deslizaram habilidosamente pelo tecido, pressionando levemente enquanto seus lábios se moviam pelo colo dela, subindo até a orelha e sussurrando palavras que a faziam tremer de antecipação.
— Sabe o que mais, Selene? — ele continuou, a voz rouca e carregada de malícia. — Cada vez que você se rende a mim, fica ainda mais minha. Eu vou fazer você lembrar disso todas as vezes, até que não exista mais culpa, apenas desejo.
Ela mordeu o lábio, os dedos fincando nos ombros dele enquanto seus corpos se moviam juntos, a tensão entre eles crescendo como uma chama alimentada pela brisa. Lucian afastou levemente a calcinha, e os dedos dele finalmente a tocaram diretamente, arrancando um gemido baixo dos lábios dela.
— Lucian... — foi tudo o que ela conseguiu murmurar, a voz falha, embargada pelo prazer que ele habilmente provocava em seu corpo.
Ele riu baixinho, satisfeito, enquanto seus dedos começavam a se mover em círculos lentos e controlados, arrancando dela gemidos cada vez mais altos. A luta interna de Selene estava perdida. Tudo o que restava era a fome insaciável que Lucian sabia exatamente como saciar.
— Você é minha, Selene. Sempre foi e sempre será. — Ele murmurou entre beijos enquanto sua outra mão deslizava pela cintura dela, puxando-a para mais perto, colando os corpos com uma intensidade que só aumentava a cada segundo.
Ela se mexeu no colo dele, as pernas agora escancaradas, o corpo em chamas sob o toque preciso. Os dedos de Lucian trabalharam em um ritmo constante, mas intenso, levando-a rapidamente ao limite, o corpo dela reagindo de forma involuntária, entregue àquela sensação devastadora que só ele parecia ser capaz de proporcionar.
— Lucian, eu... — ela tentou falar, mas a voz se perdeu em meio ao gemido alto quando ele pressionou mais forte, o prazer rasgando seu corpo em ondas violentas. Ela agarrou seus ombros com força, os quadris movendo-se contra os dedos dele, buscando mais, querendo mais, precisando mais.
Lucian a observava com olhos famintos, cada reação dela o alimentando de uma maneira quase primitiva. Ele adorava ver o controle que ela tentava manter desmoronar completamente diante dele. Com um sorriso predador, ele a puxou para mais perto, os lábios roçando os dela enquanto sussurrava:
— Diga que é minha. Diga que nunca vai conseguir me esquecer.
Ela ofegou, os quadris se movendo mais rápido enquanto os dedos dele continuavam a levar seu corpo a níveis de prazer que ela jamais experimentaria com outro homem, nem mesmo com Cassian, seu noivo. O clímax se aproximava, cada músculo de seu corpo tenso, a mente perdida em um redemoinho de prazer e culpa.
— Eu... — Selene tentou falar, mas o prazer a consumia demais para formar qualquer palavra coerente.
Lucian riu suavemente, sabendo que ela estava à beira do colapso, exatamente onde ele queria. Ele se inclinou, os lábios roçando os dela enquanto seus dedos aceleravam o movimento.
— Diga, Selene — ele ordenou, a voz suave, mas implacável. — Diga que sou eu quem você realmente deseja.
E naquele momento, enquanto o corpo dela finalmente se rendia ao orgasmo que a varreu com força, Selene não conseguiu mais resistir. O nome dele escapou de seus lábios em um gemido baixo e desesperado, confirmando tudo o que ele já sabia. Ela era dele.
Já era noite. Selene Holloway estava sentada à beira da cama, os olhos fixos no nada enquanto o peso da culpa a sufocava. Seus cabelos negros ainda úmidos escorriam pelos ombros, contrastando com a pele nua e fria. As pernas estavam estendidas, os pés tocando o chão, mas sua mente vagava longe. Cada pensamento era uma punição, uma batalha silenciosa entre o que ela deveria ser e o que estava se tornando. Ela suspirou, os lábios pressionados numa linha fina de hesitação. Sabia que, brevemente, Cassian entraria pela porta, exausto do trabalho, buscando nela o conforto de sempre — conforto que, ironicamente, agora era uma ilusão. E com ele, toda a pressão, toda a falsa normalidade de um relacionamento que havia se quebrado em pedaços invisíveis, mas que ainda pendiam por um fio. Ela fechou os olhos, tentando silenciar a mente que a maltratava. Lucian. Seu nome ecoava como um veneno doce. Era como se a presença dele, mesmo ausente, estivesse ali, impregnando o quarto com lembranças q
Um certo dia, não mais tão vago na memória corrompida de Selene Holloway, sua mãe, Tris, lhe dissera: “Quando tocamos o céu, sentimos nele toda a necessidade e a prudência e nos sujeitamos, lentamente, ao que pode ser considerado bom. Porém, quando é ao contrário, quando tocamos, sem querer, as sombras, parte de nós vai embora. O medo passa a nos sufocar e, sem querer, nos destrói." Tris Holloway estava, digamos, certa, mas quando nossos dedos percorrem um corpo amaldiçoado, quando nosso coração bate para o mal, nada mais importa. Na verdade, a densidade da sombra é o toque, e tudo que o envolve. Depois que Cassian, seu noivo, saiu para o trabalho, Selene se dissolveu das roupas e encheu a banheira. Afundou-se nela, deixando que a água morna envolvesse seu corpo tenso, vagando pelos seus pensamentos fragmentados. Os olhos estavam avermelhados, uma mistura de noites mal dormidas e a dor inconfessável que carregava dentro de si. O corpo protestava, cada músculo parecia gritar, mas
Selene estava sentada à beira da cama, o tecido macio do lençol roçando contra suas coxas nuas, mas sua mente estava distante, perdida em uma encruzilhada que ela não sabia como cruzar. Cassian estava no banheiro, cantando baixinho, a despreocupação juvenil tão evidente em cada nota que ele emitia. Ele era o homem que todos diziam ser perfeito para ela — belo, doce, e acima de tudo, apaixonado. Mas, naquela quietude, Selene sentiu um vazio estranho. Um sentimento obscuro, uma sombra que crescia, se espalhava pelas suas entranhas e tomava forma de algo que não conseguia nomear, mas que queimava com o calor da culpa. Ela o amava, claro que amava. Mas havia algo de incompleto, algo que Cassian, em sua pureza, jamais poderia oferecer. Ele a adorava como se ela fosse uma joia rara, e, ironicamente, esse tipo de devoção começou a sufocá-la. Ela não queria ser uma joia. Queria sentir-se carne, calor, desejo... E foi Lucian que a fez sentir assim, logo que ela o conheceu. Ele era o opost
O jantar correu com a mesma velocidade exorbitante que Lucian Thorn passou a ditar. De comida, Lucian mandou preparar um Filet Mignon ao Molho de Trufas Negras com Purê de Batatas e Aspargos Grelhados, algo que tanto Cassian quanto Selene saborearam com prazer, ainda mais com um bom Château Margaux 2009. Mesmo que a morena tenha ficado em silêncio a maior parte do jantar, o sabor da refeição não passou despercebido. Cada garfada, cada gole do vinho, eram tentativas desesperadas de se prender à realidade, de não deixar sua mente vagar para os olhares que Lucian lançava a ela. Ela tentou focar apenas na comida, evitando os assuntos entre os dois irmãos, tentando ignorar o jeito como a conversa parecia girar ao seu redor, mesmo sem ela participar. Cassian estava animado, envolvido nas falas de Lucian, sem perceber as pequenas faíscas de tensão entre seu irmão e sua noiva. Após o jantar, Lucian os conduziu até a sala de estar, onde disse que pegaria um ótimo e forte uísque para
Ao tocar novamente a escuridão, é quase certo que escapar de um destino cruel se torna uma tarefa árdua. Selene Holloway, com toda a sua angústia, conhecia essa dura verdade. Cada vez que seus dedos percorriam os músculos daquele corpo, do corpo de Lucian, seu cunhado, sentia o gosto amargo de que o fim estava próximo. Mas a pergunta que pairava em sua mente era clara e cortante: quando tudo isso acabar, o que restará de mim? Talvez apenas a infame lembrança de que tudo havia falhado. A situação era uma equação difícil, que demandava cálculos precisos. Mas Selene nunca foi boa em matemática. Preferia disciplinas que envolviam o pensamento crítico, mesmo que isso também não a tivesse protegido da filosofia sombria de Lucian Thorn. Ela não o amava. Seu coração pertencia inteiramente a Cassian Thorn, o irmão mais novo. Para Lucian, restou o fogo ardente, a faísca que se acendia quando sua pele tocava a dela. O prazer que Lucian extraía não era exatamente o que ele proporcionava a S
O ser humano é, por natureza, um enigma duplo. Ele manipula com a mesma facilidade com que se deixa manipular, flutuando entre o papel de marionete e o de mestre das cordas. Não há beleza na sinceridade de suas intenções, nem pureza nos gestos que ele chama de afeto. O prazer, para esse ser tão desconcertante, não é apenas o objetivo, mas a desculpa para a degeneração e a queda. E ninguém entende isso tão bem quanto Lucian Thorn. Para ele, a manipulação é uma arte que exige sutileza, uma dança cruel onde as máscaras caem, e o prazer não reside apenas no controle, mas na queda do outro. Lucian, nascido sob a sombra de um nome poderoso, foi forjado no fogo da tragédia e na perversidade do desejo. Desde cedo, aprendeu que a dor é uma moeda, uma ferramenta que, nas mãos certas, pode comprar qualquer alma. Quando o corpo do pai foi engolido pela estrada, e sua mãe Evangeline se perdeu nos braços do vício, Lucian viu o mundo se despedaçar — mas ele não chorou. Ele aprendeu. Descobriu,
Quando a semente da dúvida é plantada numa mente perturbada como a de Cassian Thorn, ela não apenas cresce, mas se enraíza nas profundezas de sua alma, sufocando-o de dentro para fora. Enquanto a água quente deslizava por sua pele no banho, Cassian sentia o calor tentando aliviar seu corpo tenso, mas sua mente estava fria, congelada pelo veneno das palavras de Lucian. As mentiras que seu irmão despejara, habilmente disfarçadas de preocupação, envenenavam cada pensamento, como se fossem serpentes sussurrando em seus ouvidos. A imagem de Selene, outrora perfeita, agora distorcia-se em sua cabeça, um retrato quebrado e agora sem utilidade. Será que ela realmente o amava? Ou estaria nos braços de outro, enquanto ele, como um tolo, acreditava em suas juras de lealdade? As dúvidas surgiam como fantasmas no vapor do banheiro, assombrando-o. Lucian havia insinuado, com a sutileza de uma víbora, que a traição estava à espreita. "Enquanto você está aqui, chorando por ela, outro pode esta
O medo, que antes parecia pulsar sob sua pele, dissipou-se como vidro estilhaçado, fragmentado em milhares de pedaços, sem deixar espaço para retorno. Selene não era mais apenas sua noiva; naquele instante, ela era uma mulher determinada a provar seu amor por Cassian Thorn. Ela não precisava de palavras, apenas estendeu a mão em sua direção, os dedos delicados mas firmes. Sem hesitar, ele a seguiu, como se aquela dança entre eles fosse inevitável, algo que ambos precisavam. Ela o guiou de volta ao quarto, um espaço que, para Cassian, era como uma prisão durante a noite, cercado por paredes que pareciam se fechar ao redor de seus pensamentos. Ao entrar, sentiu o peso sufocante daquele ambiente apertar novamente seu peito. Mas agora, havia algo diferente. O toque de Selene, a firmeza com que o fez sentar-se sobre a cama, era uma tentativa de quebrar essas correntes invisíveis. Ela sabia dos fetiches de seu noivo, dos desejos que ele nutria e, naquela manhã, estava disposta a alimen