DanielEncho a caneca com café quente enquanto olho o dia amanhecer. O cheiro do orvalho invade minhas narinas, despertando um amor profundo pela fazenda. Os sons da manhã, o canto dos pássaros, as cores que pintam o céu, eu amo tudo aqui.O tempo que passei em Austin foi suficiente para me deixar louco para voltar para casa. Além de ver minha irmã se formar, a única coisa boa daquele final de semana foi conhecer Madelaine.Mesmo tentando afastar os pensamentos sobre a mulher que praticamente fugiu de mim após de uma noite incrível ela insiste em não sair da minha mente. Por um instante, desejo que ela estivesse aqui, ao meu lado, vendo o nascer do sol. Quando a imagino sorrindo, não consigo tirar aquele sorriso lindo da cabeça.Trouxe a calcinha dela como uma espécie de amuleto. E já aceitei que é isso a única coisa que restou da nossa noite.Mas não posso ficar preso nisso. Ela foi embora sem deixar nem um telefone. Tenho muito a fazer: dois potros para domar e a tentativa de co
Madelaine Acordo lentamente, os lençóis macios e quentes ainda envolvendo meu corpo. Um som me desperta completamente: batidas na porta. Meu coração acelera, e ouço a voz do meu pai, chamando por mim.— Madelaine? Filha? O relógio digital antigo sobre a mesa de cabeceira marca 5:35.Preocupada salto da cama, os pés descalços tocando o chão frio. Eu corro até a porta, abrindo-a rapidamente, encontrando meu pai com um sorriso no rosto.O que é um bom sinal. — Pai? — não consigo segurar o Bocejo.— Oh minha filha, eu não devia ter te acordado. Ainda não descansou direito — fala, coçando a cabeça.— Tudo bem pai, não se preocupe. O senhor precisa de alguma coisa?— Então minha filha, você disse que queria ajudar aqui na fazenda, e que queria aprender como funciona as coisas por aqui, se você quiser eu posso começar a te mostrar agorinha mesmo...Mas só se você quiser filha.— Claro pai, quero sim. Agora? — dou uma rápida olhada para o relógio.— Aqui na fazenda as coisas começ
Madelaine Já faz uma semana que estou na fazenda dos meus pais. Aos poucos, vou me acostumando com a rotina e, honestamente, não é tão ruim quanto eu imaginava. Agora, conheço cada canto da fazenda e cavalgo tão bem que é como se fizesse isso há anos. Hoje mesmo me arrisquei a juntar as vacas no pasto. Não deu muito certo. Acordo antes do sol nascer e acompanho meu pai em todos os seus afazeres, enquanto minha mãe cuida de tudo na casa. Sinto uma exaustão profunda, pois trabalhar no campo é muito diferente do que fazia no banco, trancada em uma sala com ar-condicionado.Também acho que desenvolvi uma fobia de galinha, depois que duas simplesmente voaram em cima de mim.Nesse tempo, fui à cidade três vezes. Tento não reclamar do jeito como todos olham para mim e cochicham. Sweetwater é pequena, mas tem tudo o que meus pais precisam. E também tem uma cidade maior a trinta quilômetros.As pessoas aqui são curiosas demais, mas também muito hospitaleiras e gentis. Toda vez que vou
MadelaineEstaciono a caminhonete vermelho em frente à farmácia, e suspiro aliviada ao desligar o motor ruidoso. Essa caminhonete do meu pai é uma relíquia de 96, e não posso negar o quanto é terrível de dirigir, especialmente para quem se acostumou com carros automáticos como eu. Mas com a venda dos outros dois carros da fazenda, restou apenas ela.O céu já está azul, com poucas nuvens no céu. A cidade parece envolta em uma tranquilidade quase palpável. As ruas estão praticamente desertas, exceto por algumas poucas pessoas que se acomodam em cadeiras de fio nas portas de suas casas, conversando calmamente. A cena é nostálgica, e uma sensação de paz invade meu peito. Aqui, o tempo parece passar de uma forma diferente, mais lenta e suave.Desço da caminhonete, e Carrie faz o mesmo. Dou uma olhada ao redor. A farmácia à minha frente chama minha atenção. O letreiro é novo, iluminado por LEDs brancos, uma modernidade que destoa das fachadas antigas e desgastadas das casas vizinhas. A fa
MadelaineA poeira levanta sob os pneus da caminhonete enquanto dirijo pela estrada de terra que leva até a fazenda. O sol lança um brilho dourado sobre os campos e as árvores, mas meu coração está inquieto. Carrie e eu conversamos todo o percurso, o que me deixa feliz por estarmos sendo companhia uma para outra. Ela contou um pouco da história do tal James e de como ele ainda ama a falecida esposa.De maneira sutil eu tentei dizer para ela que seria melhor ela seguir a vida e deixar de lado essa paixão platônica.À medida que me aproximo, vejo a cena que faz meu sangue gelar, meu pai está sentado na calçada da varanda, a expressão grave, com minha mãe, Natalie e Oswald ao redor dele. Algo está errado. Sinto um frio na espinha.Paro a caminhonete bruscamente e desço, o coração acelerado. Carrie corre ao meu lado, a preocupação estampada no rosto dela. Nos aproximamos.— O que está acontecendo? — pergunto, com minha voz tremenda.Meu pai está pálido, mais do que jamais o vi. Meu
Madelaine Estou furiosa, e não sei como consegui chegar tão rápido aqui sem cair do cavalo. Ao menos estou ficando boa nisso. Diante de mim está a casa da fazenda do desgraçado, enorme, duas vezes maior que a dos meus pais. Desço do cavalo com cuidado, o chão ainda está escorregadio depois da chuva da noite passada, apesar do sol forte que faz agora.De repente, ouço vários latidos atrás de mim, assustando o cavalo.— Calma, Caramelo, — digo, tentando acalmar o animal.Vários cachorros correm na minha direção, um de cada cor, inclusive tem um Husky. Penso no calor que o pobre animal deve estar sentindo.— Se acalmem galera, eu sou uma amiga — minto.Aos poucos, eles param de latir. São todos fofos, sempre quis ter um cachorro, mas em New York nunca tive tempo para isso. Na fazenda dos meus pais, não temos mais cachorros desde que os dois últimos morreram de velhice e doença. Minha mãe pegou trauma.Afirmo para mim mesma que não vou me distrair. Puxando Caramelo pela rédea, apr
Madelaine É como se ele estivesse feliz em me ver.— Não faz ideia do quanto te procurei naquele hotel loirinha...Ouço o homem que me trouxe murmurar um "nossa".Ele só pode estar de brincadeira.— Eu não sei do que você está falando? — digo ríspida.Ele dá uma risada olhando para baixo.Ele está se achando o máximo né?— Lúcio pode ir, eu resolvo aqui com a loirinha — ele fala.— Madelaine, meu nome é Madelaine. E você pode colocar uma camisa?Ele ri, se aproxima da porteira e pega uma camisa xadrez, veste e começa a fechar os botões.— Satisfeita? — sua voz é carregada de ironia.— Não eu não estou nenhum pouco satisfeita. Por que você não deixa o meu pai em paz? Ele não quer vender nada para você! — ergo a voz com dedo em riste.Ele sorri e eu cerro o punho irritada.O filho da mãe não está me levando a sério.— Por que você quer tanto que meu pai venda a fazenda? — pergunto, buscando me concentrar no motivo de estar aqui.Por que tinha que ser ele? Talvez no fundo
Daniel — Qual a probabilidade disso acontecer? É destino Daniel — Torence fala batendo a mão na mesa, depois de eu contar a ele sobre Madelaine, e claro que não dei muitos detalhes, mas falei o suficiente para meu amigo saber que ela tinha bagunçado minha cabeça.E ele definiu os meus pensamentos desde a tarde de ontem quando Madelaine personificou na minha frente.Destino, Deus, seja lá o que ou quem foi sabia o quanto eu queria ver ela de novo. Quando que eu imaginaria que a loirinha fujona era filha de Walter?. Está mais que explícito que ela está com ódio de mim. Mas eu realmente não quis fazer mal a saúde do pai dela. Ele ganha muito mais se vender as terras para mim, do que deixar elas serem leiloadas pelo banco.Acontece que agora eu não sei como agir. Madelaine nem me deu a chance de falar com ela.Ela tem o mesmo gênio terrível do pai, isso se não for pior.A razão diz para eu deixar isso para lá e esquecê-la , ela que foi embora do meu quarto sem deixar um númer