Alana Onwell Tudo bem que reclamei por não ter atenção suficiente na lua de mel e que ele precisa, no mínimo, ficar em casa e suportar a cara da mulher, que nas palavras dele, vai gerar os filhos dele, mas não há necessidade nenhuma de deixar as minhas pernas bambas sem nem tocar em mim. — O que é que estás a fazer?Não é usual ele estar em casa a uma hora dessas em plena quinta-feira e ainda mais sem camisa com tudo de fora e perfeitamente definido.Quais são os defeitos desse ser para além de ser um grande sem noção? — A cozinhar — ele responde com a maior calma e lança um daqueles sorrisos maravilhosos que não parou de lançar para mim durante toda a festa do casamento. — Dormiste bem? — Tu sabes cozinhar? E que horas são para estares a cozinhar? Permaneço apoiada no balcão observando os movimentos das suas mãos. O sorriso desaparece aos poucos e dá lugar à uma feição de dúvida. Ele consegue ser ainda mais lindo, como? — Claro que sei cozinhar, morei sozinho por muito tempo, um
— Vamos para o ginásio — Yohan levanta do sofá em que passamos mais de uma hora abraçados assistindo Single´s Inferno, deixando um espaço vazio atrás de mim. Estava tão confortável.— Vais para o ginásio? Pensei que não me deixarias sozinha — desligo o computador e fecho antes de levantar e olhar bem nos olhos dele. Ele não seria capaz de quebrar a promessa que ele acabou de fazer. — Não acredito que era uma promessa de algumas horas somente. — Alana, ouve o que eu disse e vou repetir para ouvires bem, ok? Vamos para o ginásio — ele olha para mim com as mãos na cintura e cara evidente de espanto. — O vamos é para eu e tu, não somente eu porque vamos, na nossa língua, implica a existência de duas ou mais pessoas. Por que estou a ser chamada para ir para o ginásio? Por acaso pedi para isso acontecer? O clima de ginásio me afasta de todas as maneiras possíveis, parece que nem é possível respirar de tanto sufoco por estar no meio de pessoas tão suadas enquanto podia estar na minha casa,
Sinto um peso muito grande na minha cabeça quando detesto uma mulher somente de olhar para ela. É como se estivesse a trair a mim mesma, afinal de contas, mulheres deveriam se apoiar mutuamente ao invés de denegrir a imagem da outra, mesmo que seja apenas na nossa cabeça. No meio do caminho, Yohan foi parado por um casal, que ao que parece não são um casal casal, e estou aqui até agora sem entender porque raios a loirinha tenta, a todo custo, tocar em Yohan, mesmo que ele a tenha afastado várias vezes, nem mesmo um abraço ele deu a ela. Seria péssimo se eu a chamasse a razão e deixasse bem claro que esse homem é minha propriedade? Parece até que estou a me referir a um objeto e não a uma pessoa, mas ao menos ela náo insistiria tanto em tocar nele e sairia da minha frente. — Deviamos é reunir todo mundo da universidade e fazer um jantar, seria bom nos reencontrarmos para conversarmos sobre como vai — o homem engravatado, ao lado da mulher linda e irritante, fala sorrindo de orelha a
Todos os anos que tenho dão a experiência suficiente de saber que a senhora e o senhor Onwell fizeram uma porcaria das grandes. Nunca temos reuniões de família, são raríssimas as vezes em que comemos todos juntos e ainda mais raríssimas as vezes em que eles estão realmente interessados no que temos feito da nossa vida. E vendo a cara das minhas irmãs sei bem que não sou a única a pensar que aquilo é uma grande armadilha. Eles fizeram alguma coisa. — Agora falando sério, vocês já cansaram de tentar nos enrolar e irão, finalmente, falar o que se passa? Karina, a mais velhas das três filhas maravilhosas feitas pelos Onwell, pousa o garfo no prato perto da faca e cruza os braços lançando o olhar intimidador que ela sabe fazer muito bem. Uma característica muito forte nela é justamente essa, a capacidade de intimidar. — Karina, que é isso? Nós apenas queremos saber como vocês estão, afinal de contas nunca nos vemos — minha mãe limpa o canto da boca com o guardanapo exalando a elegância
— Yohan, já és adulto o suficiente para ter consciência da responsabilidade que estará nas tuas mãos e tenho cem porcento de certeza que não confiarias em alguém que não é casado para fazer negócios. Falar com pessoas costuma ser exaustivo de mais para ter que suportar uma única pessoa a dizer a mesma coisa há mais de duas semanas. Ser adulto não implica, com toda a certeza, ter que abdicar das minhas escolhas e das coisas que tomo com seriedade somente para cumprir caprichos disfarçados de tradições. — Pelo contrário, se a pessoa demonstra ser alguém de confiança, por que deixaria de fechar negócio somente por não ser casada? — Sabes muito bem o porquê, é tradição…— É tradição — dizemos simultaneamente e ele fecha a cara mais uma vez. — Mas que tradição é essa que obriga pessoas a casar? Que tradição é essa que não coloca a conduta da pessoa na primeira linha de observaçãpo para gerir a família? Que tipo de tradição é essa que não pode esperar que eu encontre a mulher com quem de
— Achas mesmo que ficar a olhar para o teto vai resolver alguma coisa? Levanta daí, sua mandada, vamos fazer algo feliz, sei lá, tomar um sorvete, pegar alguém antes da porcaria toda acontecer. Que seria de mim sem essa menina? O entusiasmo da Lisha me deixa sempre com uma mão atrás, como é que irei tomar sorvete sendo que preciso organizar as minhas coisas hoje para sair desse apartamento amanhã e ir para casa dos meus pais esperar pelo bendito casamento? — Preciso arrumar as minhas coisas — levanto da cama e abro as portas do armário antes de a expulsar da minha cama. — Tu podes ir, manda fotografias. O casamento está marcado para o fim de semana, logo no sábado em que teria a saída com as meninas e tive que cancelar por “motivos de saúde” deixando somente a menina do cabelo vermelho a par de tudo, senão teria a minha vida acabada. — Não deixa a falta de juízo te dominar, anda, vamos, depois venho e te ajudo a arrumar essas malas, uma vez que nem no teu casamento estarei — os ol
Casamentos deveriam trazer felicidade para todo mundo. A união de duas pessoas que escolheram amar-se para a vida toda deveria ser uma coisa perfeita. A cerimônia entre as cerimônias, em que duas famílias se unem na maior alegria e duas pessoas se unem com o propósito de construir a própria família, com a promessa de que cuidarão sempre um do outro, em que os nossos irmãos estão tão felizes quanto nós estamos. Só que não é exatamente assim. — Se alguma coisa acontecer contigo, por favor, liga para mim, estarei sempre disponível para correr e te tirar dos braços de um idiota que não sabe tratar a minha princesa. Ver as lágrimas descerem pelo rosto de Karina pelo reflexo do espelho, fez fisgadas dominarem todo o meu corpo, como se fosse mais difícil ver ela mal que me casar com um completo estranho. Viro para olhar diretamente para elas. — Não te preocupes, estou bem treinada e qualquer coisa é só vocês me encontrarem em uma delegacia que estarei lá disposta a cumprir uma pena — nós
— Olha só, ele não é esse ogro que eu estava pensar que ele seria, mas não vamos aqui colocar esperanças ainda porque pensei a mesma coisa de um certo ser e olha — Karina chega perto com duas taças de champagne e o sorriso acolhedor que ela sabe dar. — Ele não é gostoso? Olha só para ele e é mais alto que tu, cheira bem, parece educado e simpático, um daqueles cavalheiros que desenhas. — Karina… — O quê? Menti? — Toma o champagne em um gole antes de cruzar os braços e substituir o sorriso acolhedor por um olhar atento. — Ele de facto é muito gostoso e cheira muito bem e parece educado e mais essas coisas que tu disseste, contudo, ele não se encaixa no perfil dos cavalheiros que eu desenho — ela faz cara de desentendida e tira outra taça de champagne da bandeja que passa por nós na mão do garçon. — Os cavalheiros que desenho são realmente as perfeições e ele tem defeitos, os meus cavalheiros não têm defeitos e isso os torna ainda mais perfeitos. Eles são tudo o que as mulheres quere