Nina,Acordo com o espírito da adolescência encrustada em meu corpo, meus lábios exibem um sorriso bobo e a alma carrega uma leveza como a muito não sentia.—Ah o amor! — Mamãe diz assim que me vê entrar na cozinha do casarão para tomar café.— Até o semblante está mais bonito! — Carolina fala e eu sorrio.— Duas exageradas, isso sim. — Brinco e coloco o café na xícaras, pegando também alguns pães de queijo.— Realistas! Sou obrigado a concordar com as duas e ainda complementar, se já era linda agora é a mais linda de todas as mulheres, afinal é a minha. — Augusto fala entrando na cozinha e me dando um abraço pela cintura e um beijo na testa.Pelo visto o amor esta no ar, brincamos um pouco e Augusto me convida para me juntar a eles na mesa, porém eu explico que me sinto mais a vontade na cozinha e ele se serve e fazemos nossa refeição do café da manhã juntos.Despedimos e saímos para o curral, hoje tem vários partos para ocorrer e toda atenção é redobra, principalmente por se tratar
Nina,O universo começou a conspirar ao meu favor e isso me alegra muito, enfim posso sorrir e viver minha paixão sem me preocupar com as rasteiras das vida.Dona Helena infelizmente retorna ao Texas amanhã, ela é quem mais torce por nossa união, detalhe que me alegra muito, ela é como uma mãe para mim.Meus pais como sempre me apoiam e mamãe tem perdido o receio com Augusto, ela começou a ver que tudo foi resolvido e que nós estamos bem.Augusto e o pai não estão nos melhores dias, mas isso é influência daquela sirigaita da Vitória, não sei porque mas essa história dessa gestação, a paternidade da criança e essa reação de Jorge não me descem bem.Eu escolhi deixar as coisas acontecerem, não vou sofrer por antecipação, mesmo porque dona Helena já está cuidando da investigação sobre o que motiva tudo isso.Alheio a todos os perrengues pessoais, a vida profissional está maravilhosa, os conhecimentos que venho adquirindo e os resultados que a fazenda está obtendo são simplesmente perfeit
Augusto,— Patrãozinho, acho melhor o senhor ir até o estábulo. — Joaquim fala ofegante por ter vindo correndo até mim.— O que houve? — Pergunto soltando tudo.— Nina e seu Jorge...Antes que Joaquim concluísse sua fala eu saio correndo, meu pai não tem o direito de incomodar Nina, não mesmo.Ontem ele estava com uma conversa estranha sobre não desejar Nina como nora e que eu poderia escolher o que fosse do meu agrado para deixá-la, se ele fez o que eu estou pensando eu não vou perdoa-lo.Chego ao estábulo, contudo é tarde, Nina está saindo em disparada em um cavalo dos peão, entro em encontro meu pai com cara de paisagem alisando a face.— O que aconteceu aqui? — Pergunto enquanto pego trovão.— Nada, sua namorada que é uma desequilibrada! — Ele responde simples.— Eu nunca vou te perdoar. — Falo e subo em Trovão.Encontro com Joaquim na saída, peço que ele pegue um cavalo e venha ao nosso encontro, vou o mais rápido que consigo.Puxo as rédeas com força para que Trovão pare e ele l
Nina,Abro os olhos atordoada, vejo as paredes brancas e então percebo que estou no hospital, sinto meu corpo todo dolorido, apesar de aérea aos poucos vou me recordando do ocorrido.Pauso meu olhar na enfermeira que injeta algumas medicações em meu soro, observo em silêncio todos os movimentos dela, sem entender sinto um vazio enorme no meu peito.A porta é aberta por uma outra enfermeira que ao me ver acordada sinaliza para que entrem, vejo mamãe, dona Helena e Augusto, todos com os olhos inchados e expressão preocupada, ambos vem para perto da cama.— Meu amor, como você está? — Augusto fala vindo rapidamente em minha direção.— Filha, minha menina! que susto você nos deu... como você caiu do cavalo? você está bem? Senti tanto medo.— Oi filha, você vai sair logo! Estamos com você. — Dona Helena fala ficando ao lado de Augusto.— Estou com dor, com medo e tentando entender tudo que aconteceu. — Respondo baixo — Obrigada por estarem aqui.A enfermeira finaliza a medicação e antes de
Nina,Apesar de eu querer muito, apenas uma pessoa pode ficar comigo, no caso mamãe é quem fica. Augusto tentou argumentar de todas as formas para que ele ficasse, no entanto, mamãe foi firme de que ao menos essa primeira noite ela quem ficará comigo.Dona Helena e Augusto vão embora, e as recomendações do médico é de que eu repouse o máximo possível, contudo não consigo ficar tranquila, a ideia de que perdi meu bebê, o bebê que eu nem sabia que estava crescendo dentro de mim.— Filha... você quer falar sobre o que aconteceu? — Mamãe pergunta acanhada.— Aí mãe! Eu não vi o que provocou o acidente. — Respondo e abaixo o olhar.— E antes? O que aconteceu? Por que você saiu naquele cavalo? — Mamãe insiste.Conto-lhe sobre a humilhação pela qual passei e detalho meus sentimentos em relação a tudo que ouvi, desabafo e entrego-me ao choro e a lágrima.— Mamãe, eu não quero voltar para a fazenda! — Falo olhando fixamente para a parede em minha frente.— Nosso ciclo na fazenda Soledade está
Augusto,Não consigo exprimir em palavras minha revolta por saber que perdi meu filho, eu vou mover céus e terras para fazer Nina feliz, sei que nada vai tampar essa dor, mas se depender de mim os próximos dias serão de paz e felicidade.Sei que papai tem dedo nisso e eu vou tirar essa história a limpo assim que chegar na fazenda, queria ter dormido com Nina no hospital, mas dona Marília fez questão de que ela ficasse e eu entendo afinal ela é a mãe.— Filho? — Mamãe chama minha atenção, ela veio comigo e deixou o carro para se por ventura dona Marília precisasse.— Oi! — respondo sem tirar os olhos da estrada.— Você acha que seu pai tem responsabilidade nisso? — Ela pergunta intrigada.— Eu tenho certeza, Nina só saiu daquele jeito pois discutiram e tenho certeza que ele propôs a ela o mesmo que me propôs... eu nunca vou perdoa-lo.Mamãe permanece em silêncio e volta a olhar para a estrada, ela está tão decepcionada com ele quanto todos os envolvidos nessa história.Paro a camionete
Nina,Augusto passa o dia comigo, falamos sobre o futuro e eu amei o acolhimento dele para com os meus pais, o médico está pretendendo me dar alta amanhã, espero que dê mesmo pois não aguento mais ficar no hospital.Assistimos a um filme e eu faço alguns exames, mamãe manda mensagem a todo instante para saber como estão as coisas.Dona Helena vem para passar a noite comigo, mas Augusto faz questão de ele mesmo ficar.— Tem certeza? Eu vou para casa e venho pela manhã então. — Ela fala e segura as mãos de Augusto.— Tenho mãe, preciso cuidar da minha mulher ao menos uma noite. — Ele argumenta.— Então vou deixa-los descansar e eu volto cedinho, beijos minhas crianças.A noite passa em um piscar de olhos e mesmo tendo uma cama para o acompanhante eu e Augusto dormimos juntos no meu leito de paciente.Ouço uma batida suave na porta que é aberta logo em seguida, a enfermeira entra com a bandeja de medicação e sorri pequeno ao nos ver abraçados.— Por recomendações administrativas da unida
Nina, Chegamos ao apartamento e mamae já está me esperando ansiosa, uma mesa de café está posta e eu me sirvo sorridente, já não aguentava mais a dieta hospitalar.— Oh minha filha, como me alegra tê-la de volta em casa. — Papai fala e me dá um beijo nos cabelos.— Me alegra também… — falo e sinto algo ruim com a palavra alegre, como posso estar alegre se perdi o meu filho? Dona Helena nota minha mudança, e rapidamente pede que eu termine o café e suba para repousar.— Você não está bem, precisa comer e deitar. Foram as recomendações! — ela fala e eu assinto.Termino de me alimentar e subo pra o meu novo quarto com o auxílio de Augusto e acompanhanda de minha mãe e minha sogra.De fato é amplo e bonito, mamãe colocou minhas coisas no mesmo quarto de Augusto, sorrio pequeno e tímida.— Juntado com fé, casado é! — Mamãe fala sorrindo.— E depois que tudo se organizar, vocês podem fazer a cerimônia, essa é apenas uma medida de emergência. — Dona Helena complementa.As duas corujas saem