Nina,Abro os olhos atordoada, vejo as paredes brancas e então percebo que estou no hospital, sinto meu corpo todo dolorido, apesar de aérea aos poucos vou me recordando do ocorrido.Pauso meu olhar na enfermeira que injeta algumas medicações em meu soro, observo em silêncio todos os movimentos dela, sem entender sinto um vazio enorme no meu peito.A porta é aberta por uma outra enfermeira que ao me ver acordada sinaliza para que entrem, vejo mamãe, dona Helena e Augusto, todos com os olhos inchados e expressão preocupada, ambos vem para perto da cama.— Meu amor, como você está? — Augusto fala vindo rapidamente em minha direção.— Filha, minha menina! que susto você nos deu... como você caiu do cavalo? você está bem? Senti tanto medo.— Oi filha, você vai sair logo! Estamos com você. — Dona Helena fala ficando ao lado de Augusto.— Estou com dor, com medo e tentando entender tudo que aconteceu. — Respondo baixo — Obrigada por estarem aqui.A enfermeira finaliza a medicação e antes de
Nina,Apesar de eu querer muito, apenas uma pessoa pode ficar comigo, no caso mamãe é quem fica. Augusto tentou argumentar de todas as formas para que ele ficasse, no entanto, mamãe foi firme de que ao menos essa primeira noite ela quem ficará comigo.Dona Helena e Augusto vão embora, e as recomendações do médico é de que eu repouse o máximo possível, contudo não consigo ficar tranquila, a ideia de que perdi meu bebê, o bebê que eu nem sabia que estava crescendo dentro de mim.— Filha... você quer falar sobre o que aconteceu? — Mamãe pergunta acanhada.— Aí mãe! Eu não vi o que provocou o acidente. — Respondo e abaixo o olhar.— E antes? O que aconteceu? Por que você saiu naquele cavalo? — Mamãe insiste.Conto-lhe sobre a humilhação pela qual passei e detalho meus sentimentos em relação a tudo que ouvi, desabafo e entrego-me ao choro e a lágrima.— Mamãe, eu não quero voltar para a fazenda! — Falo olhando fixamente para a parede em minha frente.— Nosso ciclo na fazenda Soledade está
Augusto,Não consigo exprimir em palavras minha revolta por saber que perdi meu filho, eu vou mover céus e terras para fazer Nina feliz, sei que nada vai tampar essa dor, mas se depender de mim os próximos dias serão de paz e felicidade.Sei que papai tem dedo nisso e eu vou tirar essa história a limpo assim que chegar na fazenda, queria ter dormido com Nina no hospital, mas dona Marília fez questão de que ela ficasse e eu entendo afinal ela é a mãe.— Filho? — Mamãe chama minha atenção, ela veio comigo e deixou o carro para se por ventura dona Marília precisasse.— Oi! — respondo sem tirar os olhos da estrada.— Você acha que seu pai tem responsabilidade nisso? — Ela pergunta intrigada.— Eu tenho certeza, Nina só saiu daquele jeito pois discutiram e tenho certeza que ele propôs a ela o mesmo que me propôs... eu nunca vou perdoa-lo.Mamãe permanece em silêncio e volta a olhar para a estrada, ela está tão decepcionada com ele quanto todos os envolvidos nessa história.Paro a camionete
Nina,Augusto passa o dia comigo, falamos sobre o futuro e eu amei o acolhimento dele para com os meus pais, o médico está pretendendo me dar alta amanhã, espero que dê mesmo pois não aguento mais ficar no hospital.Assistimos a um filme e eu faço alguns exames, mamãe manda mensagem a todo instante para saber como estão as coisas.Dona Helena vem para passar a noite comigo, mas Augusto faz questão de ele mesmo ficar.— Tem certeza? Eu vou para casa e venho pela manhã então. — Ela fala e segura as mãos de Augusto.— Tenho mãe, preciso cuidar da minha mulher ao menos uma noite. — Ele argumenta.— Então vou deixa-los descansar e eu volto cedinho, beijos minhas crianças.A noite passa em um piscar de olhos e mesmo tendo uma cama para o acompanhante eu e Augusto dormimos juntos no meu leito de paciente.Ouço uma batida suave na porta que é aberta logo em seguida, a enfermeira entra com a bandeja de medicação e sorri pequeno ao nos ver abraçados.— Por recomendações administrativas da unida
Nina, Chegamos ao apartamento e mamae já está me esperando ansiosa, uma mesa de café está posta e eu me sirvo sorridente, já não aguentava mais a dieta hospitalar.— Oh minha filha, como me alegra tê-la de volta em casa. — Papai fala e me dá um beijo nos cabelos.— Me alegra também… — falo e sinto algo ruim com a palavra alegre, como posso estar alegre se perdi o meu filho? Dona Helena nota minha mudança, e rapidamente pede que eu termine o café e suba para repousar.— Você não está bem, precisa comer e deitar. Foram as recomendações! — ela fala e eu assinto.Termino de me alimentar e subo pra o meu novo quarto com o auxílio de Augusto e acompanhanda de minha mãe e minha sogra.De fato é amplo e bonito, mamãe colocou minhas coisas no mesmo quarto de Augusto, sorrio pequeno e tímida.— Juntado com fé, casado é! — Mamãe fala sorrindo.— E depois que tudo se organizar, vocês podem fazer a cerimônia, essa é apenas uma medida de emergência. — Dona Helena complementa.As duas corujas saem
Nina,Estou vivendo dias de paz, e apesar de tudo estou feliz, a minha vida com Augusto está maravilhosa.Dona Helena já deixou claro que na semana que vem início no haras, inclusive meus pais também vão trabalhar lá, já estão organizando a casinha que vão morar.Mamãe está bem feliz, ela já não está aguentando ficar na cidade, as nossas vidas sempre foi na fazenda, por hora ficarei aqui, mas futuramente quero conversar com Augusto sobre sair da cidade.— Pronta? — Mamãe pergunta entrando no quarto.— Pronta! — Levanto e ajusto meu cinto.— Dona Helena está nos esperando, ela está chamando isso de dia das meninas, vê se pode!Rio divertida da colocação de mamãe, iremos as três fazer compras para o casamento de Nicole, eu já tenho meu figurino uma vez que sou madrinha, mas é claro que não perderia esse momento por nada.Saímos às três e passeamos por diversas lojas, paramos em uma cafeteria e tomamos um capuccino, fofocamos e sorrimos, logo após o casamento de Nicole, minha sogra ret
Augusto,Saio do escritório da fazenda que fica no centro de Goiânia, Nina vem em meus pensamentos e um desejo de lhe fazer uma surpresa toma conta do meu coração.Abro a central de câmera lá para ver se ela está em casa, ela, mamãe e minha sogra iam as compras hoje, o que me deixa feliz, pois assim Nina vai voltando a rotina e superando mais rápido nossa perda.Abro as imagens em meu celular e o que eu vejo me tira o chão, Vitória e mamãe estão rolando pelo chão do apartamento entre tapas e puxões de cabelo, mudo de câmera procurando por Nina e a vejo descer as escadas.Acelero a camionete, preciso chegar rapidamente em casa, não sei quais as intenções de Vitória indo até lá, mas certamente não são as melhores.Entre um semáforo e outro, olho as câmeras para ver em que pé está aquela confusão, mas vejo que não consigo chegar a tempo, Vitória está armada e ainda falta muito para que eu chegue.Ligo para a polícia e peço uma viatura, depois aviso dona Marília e então ando o mais rápido
Nina,Acordo assustada, uma equipe avalia meus batimentos cardíacos e pressão arterial, meus olhos estão abertos, respondo aos estímulos, contudo minha mente está vagando em outra dimensão.Vagarosamente vou recobrando minha ciência, olho em volta e vejo Vitória sendo levada em uma maca.— Nós nunca vamos ter paz? Já não aguento mais! — Falo olhando para Augusto que vem em minha direção.— Eu prometo que vamos! — Ele fala.Augusto senta ao meu lado e me abraça, a equipe passa recomendações a minha mãe e me libera, pedindo apenas um acompanhamento psicológico.— Vocês precisam ir até a delegacia prestar depoimento. — Um policial indica.— Estamos aguardando o nosso advogado, seguiremos assim que ele chegar. — Augusto informa.O policial sai e dona Helena me abraça do outro lado, mamãe se abaixa em minha frente.— Vocês está bem minha menina? — Mamãe pergunta.— Estou sim! E Vitória? E o bebê? Alguém avisou o avô dela? ou seu Jorge? — Pergunto realmente preocupada.— Seu coração vale ou