Existe um momento da sua vida em que você para pra pensar onde foi que tudo começou a desandar e lentamente seu conto de fada vira um filme de terror. O meu, eu não sei onde foi exatamente, apenas que está em algum lugar desses oito anos de relacionamento.
Eu tinha quinze anos e ele, dezesseis. Foi amor a primeira vista. Pelo menos dá minha parte. Ele, um moreno nem tão alto, nem tão baixo que vivia rodeado de amigos e mulheres logo me chamou a atenção.Minha mãe vivia insistindo para que eu saísse mais, paquera-se mais, me arruma-se mais e foi assim que acabei o conhecendo. Ele era um idiota perto dos amigos, viva querendo se amostrar, mas quando estávamos só nós dois ele se mostrava bem legal, me fazia rir, me levava em encontros, e sempre me deixava na porta de casa antes das dez como exigia meu pai. Foram anos difíceis para mim, sai dá casa dos meus pais e fui morar no trabalho onde arrumava e cozinhava para uma família de tamanho médio.Passei a ver meus pais só algumas poucas vezes no mês, pois sempre que tinha folga aproveitava para sair com minhas amigas e no fim, sempre acabava me encontrando com ele. O status de namorada durou alguns anos, mas isso não afastou outras mulheres dele. Houve muitas brigas por conta disso, mas sempre acreditei que meu amor por ele fosse o suficiente, acreditei que EU era o suficiente pra ele. E tive mais certeza disso quando ele me chamou para morar com ele, e eu fui.Um ano depois de ser promovida ao status esposa, apareceu a primeira filha. Ela tinha um ano de vida, e eu relevei essa traição, na época em que tudo aconteceu nós tínhamos terminado por causa do ciúme de ambas as partes, então reconsiderei afinal eu também tinha ficado com um outro cara. Não criei caso com a pobre menininha frequentar a nossa casa, nem quando a mãe dela veio com um oficial de justiça e levou quase todos os eletrodomésticos da casa, como forma de pagamento pela pensão atrasada. Adivinhem? Um ano depois desse episódio, apareceu mais um filho. Ele era um ano mais novo que a primeira que apareceu, e eu nem sei como eu pude aceitar essa situação, mas fiz e até que a mãe dele era legalzinha e nunca arrumou problema na justiça por causa da pensão. Então, em algum momento da minha vida de agora, adulta, eu já tinha que cuidar de dois filhos que não eram meus e praticamente frutos de uma traição, mas meu coração nunca me permitiu odiá-los, assim como nunca me permitiu terminar com esse cara que me fazia bem e muito mal. Quando completei vinte e três anos, éramos só nós dois de novo. Mas esse casamento já estava desgastado.Casamento...eu nunca nem fui pedida e nunca nem falamos disso, eu também não me atrevi a pedi-lo conhecendo ele do jeito que conheço, ele iria me deixar falando sozinha ou iria me chamar de louca. Ele passou a beber muito e passava madrugadas em bares. Nunca nem cogitou em me levar juntou ou qualquer outra coisa. Ele tinha me feito parar de trabalhar, então em ficava em casa arrumando e cozinhando todos os dias enquanto ele trabalhava fora. Me distanciei das minhas amigas, parei de me cuidar por falta de dinheiro. Chegou um momento que nem nos beijávamos mais, abraço? Nem me lembrava como era isso. Minha roupa começaram a ficar gastas, mas ele não me dava dinheiro pra trocar e eu nem podia trabalhar, mas minha mãe estava ali por perto mesmo depois da morte do meu pai. Ela me comprava roupa e fazia questão de dizer que se eu quisesse me separar a casa dela estaria ali. Só que meu amor por ele, e talvez medo nunca me permitiram de me afastar.Até que dia tivemos uma briga por causa dos ciúmes dele que ficamos um tempo sem nos falarmos. No final de semana eu já estava cansada de tudo, mas ainda esperei em voltar para irmos dormir, o bar ficava ao lado da nossa casa e todos os amigos do passados ele estavam lá. Deu uma, duas, três e nada dele aparecer.Chovia muito nesse dia, então eu fui na chuva mesmo, corri até chegar no bar e paralisar.Mãos. Seios. Bunda.Cabelo.Ele estava me traindo e todos os seus amigos riram e se divertiam com a cena, e eu estava lá assistindo tudo. Essa foi a gota que faltava para transbordar o copo já cheio. Não me importei com mais nada, apenas saí correndo sem me importar com a chuva, as lagrimas escoriam mas nada mais importava. Era o fim. Lutei tanto contra esse momento, mas agora era hora de seguir em frente. Sem o grande amor da minha vida, e também a maior decepção.MelissaNão sei por quanto tempo estou correndo, mas a chuva não dá trégua desde o momento em que sai. A chance de eu estar perdida é grande, minhas pernas já estão em nível critico a ponto de parar no meio de uma estrada deserta. E é claro que já bateu o arrependimento, não de te ido embora e sim de não te ido pra casa da minha mãe como ela disse desde o início. Eu estou com fome e com frio, essa estrada não parece ter fim e não vejo nenhum lugar para me abrigar dessa chuva. Meus movimentos estavam cada vez mais difíceis de serem executado . Meu corpo tremia , minha garganta estava seca, minhas roupas que consistem em um pijama surrado, estava colado no meu corpo de tão molhado que se encontrava. Eu já não conseguia mais chorar, tudo que minha mente pensava era em sair dessa situação com vida.Como uma grande azarada que sou e pelo estado deplorável em que me encontro, acabei tropeçando em alguma coisa e fui direto ao chão, caindo no meio da rua. Sem forças nem para xingar, eu tente
Leonardo Lá estava eu novamente, sendo torturado mais uma vez pela minha própria mente. Revivendo o pior momento dá minha vida, a morte do meu pai. Em uma sala escura, eu estava preso na cadeira, a única coisa que eu conseguia enxergar. Já não sentia mais meus pulsos de tão apertado que aquela corda estava. Um som já famíliar de tiro ecoou na sala e me preparei para ver o corpo do meu pai cair. Esperei, esperei, esperei e nada.O sonho mudou, e isso era novidade, agora eu estava em um campo cheio de flores de cores vibrantes e abelhas fazendo seu trabalho. Era lindo. Comecei a andar pelo local, mas estava deserto. Andei até que minhas pernas ficaram paralisadas. Olhei pra baixo e vi alguém me abraçando tão aperto e me transmitindo tanto amor. Acho que cheguei a achar que era minha mãe, mas eu não conseguia ver era tudo um borrão.Comecei a ouvir vozes em volta de mim, mas não havia ninguém por perto a não ser por essa pessoa que me abraçava. -Nós deveríamos intervir?-Ou nos preocup
Melissa-Eu não acredito nisso! Não é possível que eu tenha me casado com uma mula! Porque é isso que você é Melissa, uma mula! Eu passo o dia todo me matando de trabalhar, pra chegar em casa cansado e com fome, pra você me dar isso pra comer? Quantas vezes já não comi isso esse mês? Você não consegue pensar em nada diferente?Meu coração doía a cada palavra. Lágrimas escorriam sem parar enquanto ele cuspia insultos atrás de insultos. Mas talvez ele tenha razão, eu sou realmente burra por continuar com ele depois de todos esse anos de desprezo e agressões psicológicas. A cada dia que passa me sinto mais desgastada, então o que eu faço? Não consigo ir embora...sou fraca demais...o amo demais...mais sei que ele me faz mal.-Eric, o que mais você quer que eu faça? Eu não consigo pensar em receita novas da mesma forma que você, eu...teria que ver com minha mãe...Ele me ignorou...trancou a porta do nosso quarto e me deixou pra dormir no sofá. Estava frio e eu não tinha outra coberta para
Melissa— Então... onde estão os outros?Depois do banho corri para me encontrar com o Lucca na cozinha, que por sinal foi a melhor coisa que eu fiz. Ele também havia ido tomar banho, mas andava pelo cômodo apenas com uma calça moletom cinza que foi o motivo do meu coração acelerado. Uma coisa eu não poderia negar, não importa quão mal eu esteja, esses irmãos nasceram com toda a beleza que um ser humano poderia ter para chegar ao ponto de serem perfeitos.— Não faço ideia, quando eu acordei eles já não estavam mais aqui.— Já parou de chover?— Não, ainda está caindo o dilúvio lá fora.— Não é perigoso pra eles estarem lá fora nessa tempestade?— Sim, mas não há nada que eu possa fazer. Sou apenas o irmão mais novo deles, eles nunca me escutam. — Eu sei bem o que era isso, e parece que Lucca gosta disso tanto quanto eu.— Sabe, eu também sou filha mais nova. Eu tenho dois irmãos mais velhos e sei bem do que está falando.Ele deu uma breve risada, mas logo começou a me dar as instruçõe
LuccaNão sei de qual dos meus irmãos veio a ideia de comprar uma saia para uma mulher como Melissa. O que importa é que o idiota do meu irmão mais velho, o que era para ser o mais inteligente de nós, imaginou e gostou, diga-se de passagem, das coisas que aquela saia mostrou que estava escondendo. Léo, quase me matando de decepção, saiu apressado e se trancou no quarto sem dar chance de Melissa dizer alguma coisa.Ela, por outro lado, se manteve na cozinha e seguiu se desculpando pela bagunça e acrescentou o fato da saia ser muito curta. Enquanto ela e meu irmão limpavam a cozinha eu tentei achar o que meu irmão viu nela para que corresse vergonhosamente para o quarto. Não posso negar que a saia é curta, mas isso é o suficiente para deixar um homem excitado? Melissa tem um cabelo preto e cacheado que bate quase no meio das suas costas, que ela resolveu soltar depois do último banho. Sua pele negra, seus olhos castanhos escuros eram super comuns, então o que ele viu?— Ei
MelissaUma tempestade caía do lado de fora da casa, trovões e raios intensos estampavam o céu daquela noite. Eric não havia chegado do trabalho ainda, e a casa parecia... não sei, talvez uma piscina? Goteiras por todos os lados, vasilhas embaixo de cada uma delas, ou quase, mas não adiantava.Eric apareceu pelo lado de trás da casa todo molhado também, ele trabalhava como motorista de ônibus e usava sua moto para ir e voltar do trabalho. Era um trabalho estressante, mas o salário era aceitável para sustentar uma família de duas pessoas e tinha plano de saúde.Naquele dia, ele chegou revoltado.— Melissa!! Cadê minha janta que ainda não está na mesa??— Eric, que bom que chegou!! As goteiras estão por toda a casa, estou tentando manter tudo seco, mas ainda...Plac!!Minha mão foi direto para o meu rosto onde ele havia batido. Ele me empurrou ao passar por mim me levando ao chão.[...]— Shhh, tá tudo bem agora, pequena — A voz de Léo chegou aos me