Capítulo 4

Melissa

— Então... onde estão os outros?

Depois do banho corri para me encontrar com o Lucca na cozinha, que por sinal foi a melhor coisa que eu fiz. Ele também havia ido tomar banho, mas andava pelo cômodo apenas com uma calça moletom cinza que foi o motivo do meu coração acelerado. Uma coisa eu não poderia negar, não importa quão mal eu esteja, esses irmãos nasceram com toda a beleza que um ser humano poderia ter para chegar ao ponto de serem perfeitos.

— Não faço ideia, quando eu acordei eles já não estavam mais aqui.

— Já parou de chover?

— Não, ainda está caindo o dilúvio lá fora.

— Não é perigoso pra eles estarem lá fora nessa tempestade?

— Sim, mas não há nada que eu possa fazer. Sou apenas o irmão mais novo deles, eles nunca me escutam. — Eu sei bem o que era isso, e parece que Lucca gosta disso tanto quanto eu.

— Sabe, eu também sou filha mais nova. Eu tenho dois irmãos mais velhos e sei bem do que está falando.

Ele deu uma breve risada, mas logo começou a me dar as instruções do que era pra fazer dando um fim naquela conversa, mas eu ainda não estava disposta a parar de conversar com ele então resolvi puxar um outro assunto.

— Sabe... e essa menina pelo qual está apaixonado? — Ele parou de cortar os legumes e me encarou com a sobrancelha arqueada. — O que te faz gostar dela? Por que pelo que você me contou, deu pra ver que vocês não tem muitas coisas em comum.

— Ela é bonita.

— E...

— Isso é o suficiente!

— Você está me dizendo que gosta de uma garota só porque ela é bonita? Lucca, eu sou bonita, isso quer dizer que você vai gostar de mim só por isso? Que absurdo!

— Esse tal de Eric andou te iludindo, garota? Não, já sei! Sua mãe. Só mães mentem assim de forma tão descarada para inflar o ego dos filhos.

— Está me chamando de feia? — Ele só podia estar de brincadeira com minha cara! Que homem abusado.

— Não fui claro o suficiente, princesa...Fiona? — Ele passou por todos os limites.

Em cima da pia, havia um saco aberto de farinha e por mais que fosse clichê, achei melhor do que partir pra briga física. Enchi minha mão com aquele pó branco e sem dar tempo para ele desviar, taquei bem na sua cara. Ele ficou em choque, abriu a boca incrédulo com minha atitude. Não aguentei e comecei a rir da sua cara de idiota com farinha no rosto. Ri tanto que nem percebi que ele planejava fazer o mesmo comigo e quando notei meu rosto também estava coberto de farinha me impossibilitando de respirar.

— ISSO AGORA É GUERRA!

Eu fui rápido e peguei um ovo cru e quebrei na sua cabeça, não tive tempo para pensar e acabou espirrando em mim, mas ele não deixou barato e veio com o vinagre bem em cima da minha cabeça.

— IDIOTA, ISSO ARDE NO OLHO! — Eu consegui gritar antes que algum produto caísse na minha boca. Revoltada, pulei em cima dele e comecei a puxar seu cabelo. Nós gritamos juntos, mas por motivos diferentes. Até que ele perdeu o equilíbrio e caiu de costa no chão e comigo por cima.

Um minuto de silêncio.

Depois explosões de risos. Rimos, rimos e rimos mais um pouco. Minha barriga já estava dolorida, mas eu não conseguia parar. Minha testa estava grudada no peito dele enquanto ele ainda segurava meu cabelo. E só depois de alguns minutos naquela posição que paramos de rir, ofegantes.

— Pelo visto já fizeram amizade.

Levantei a cabeça e vi Leonardo e Matheu nos encarando com uma cara não muito boa e sacolas nas mãos. Lucca me empurrou e rapidamente já estava em pé, eu o observei incrédula e só depois de um longo suspiro me levantei também. Olhei ao redor e a cozinha estava uma bagunça, tudo sujo, incluindo nós.

— Não tem amizade nenhuma aqui, essa louca que jogou farinha em mim só porque não aguentou umas verdades. — LOUCA?

— Você me chamou de feia seu idiota, isso não é coisa que se diga para uma dama.

— Dama? Você se jogou no meu colo e puxou meu cabelo, uma dama não faria uma coisa dessas, só uma o-g-r-a! — Ele cruzou os braços e olhou para outro lado. E eu? Estava quase me jogando em cima dele de novo, mas agora pra arrancar os dentes.

— Olha, me desculpem por isso, a culpa é toda minha. Eu vou me limpar e já volto pra limpar essa bagunça. — Eu ia sair, mas me lembrei de um detalhe. — Matheu, me desculpe pelas suas roupas.

E corri de volta para o quarto.

Que descarado. Ridículo. Como ele ousa? Abri a porta do banheiro do quarto do Matheu e fui deixando a roupa suja pelo caminho. Aquele idiota ira me pagar por esse insulto, pode apostar que vai. Tomei meu banho rápido pensando na bagunça que teria que arrumar e tudo culpa daquele idiota do Lucca, mas tudo bem, ele não perde por esperar. Quando sai do banheiro enrolada na toalha sem saber o que vestir, já que havia sujado a única roupa que eu poderia usar naquele momento, vi que havia um conjunto de roupa em cima da cama, roupa pequena demais para os irmãos e...saia?

Vesti aquela roupa que deduzi que fosse pra mim, e fui direto para a cozinha onde o ogro idiota e Matheu estavam limpando. Eu não havia dito que limparia quando saísse? O idiota limpando me parece justo, mas o coitadinho do Matheu? Ele não tem nada a haver com isso.

— Matheu, o que você está fazendo? Eu falei que limparia tudo, não é justo que você limpe! O idiota do seu irmão sim, mas você não. — Me agachei para poder ajudá-lo.

— Não babe nessa ogra, irmão. Todas as outras são muito melhores. — Eu levantei o olhar rápido, saindo do chão para o ogro e do ogro para Léo, que estava atrás de mim. Ele estava corando. Analisei minha situação e eu estava praticamente de quatro. De saia. Com a...

Meus Deus, que gafe!

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