Capítulo 1

Melissa

Não sei por quanto tempo estou correndo, mas a chuva não dá trégua desde o momento em que sai. A chance de eu estar perdida é grande, minhas pernas já estão em nível critico a ponto de parar no meio de uma estrada deserta. E é claro que já bateu o arrependimento, não de te ido embora e sim de não te ido pra casa da minha mãe como ela disse desde o início. Eu estou com fome e com frio, essa estrada não parece ter fim e não vejo nenhum lugar para me abrigar dessa chuva. 

Meus movimentos estavam cada vez mais difíceis de serem executado . Meu corpo tremia , minha garganta estava seca, minhas roupas que consistem em um pijama surrado, estava colado no meu corpo de tão molhado que se encontrava. Eu já não conseguia mais chorar, tudo que minha mente pensava era em sair dessa situação com vida.

Como uma grande azarada que sou e pelo estado deplorável em que me encontro, acabei tropeçando em alguma coisa e fui direto ao chão, caindo no meio da rua. Sem forças nem para xingar, eu tentei me levantar, sem sucesso. Em um desses momentos frustrados, percebi que se aproximava de mim um carro e uma moto em alta velocidade. 

EU VOU MORRER!!!

MÃE , PAI ME DESCULPEM!!!

EU AMO VOCES!!!

A luz do farol já estava bem perto de mim, eu não conseguia chorar, eu não conseguia gritar. Eu estava paralisada. Fechei meus olhos esperando o impacto enquanto perguntava pra Deus: 

"Eu vou morrer sem saber como é ser amada de verdade? Meu fim vai ser esse triste e solitário?"

Respirei fundo pela ultima vez, fechei meus olhos e esperei. Um sussurro chegou aos meus ouvidos me fazendo abrir rapidamente os olhos. O carro deu uma freada brusca centímetros antes de encostar em mim, parei de respirar por um tempo até me sentir meio tonta. Foi quando voltei aos meus sentidos que percebi que a moto também tinha parado ao lado do carro que agora estava com as portas abertas e os passageiros estavam vindo até mim.

-Sua maluca! O que está fazendo no chão, no meio de uma estrada á noite, na chuva, sozinha e nesses trajes?- Um deles disse se aproximando rápido de mim.

-Calma, irmão. Ela claramente não fez isso de propósito, estou certo?- o outro homem se dirigiu a mim.

- Pessoal, devo lembrar a vocês que estamos no meio dá estrada? Não podemos fazer o interrogatório agora!-O cara da moto falou e logo em seguida se virou para mim- Você está bem?

Pensei por alguns segundos e analisei minha situação. Eu definitivamente não estava bem, mas não morri, o que é bom. Eu analisei os três rostos que me encaravam enquanto pensava em uma resposta, foi quando eu me lembrei do sussurro. Qual é a chance? Será?

- Matheu...Lucca...Leonardo...

Os três deram um passo pra trás e se encararam, até eu me assustei agora. Não restou mais ar no meu pulmão e acabei sendo vencida pelo cansaço. Nada mais foi ditou. Eu desmaiei.

[...]

Que horas são? Meu corpo está tão cansado que nem consigo me mexer agora. O edredom é tão grosso e macio que posso ficar aqui o resto do dia, mas tenho almoço pra fazer, casa pra arrumar, não posso me dá o luxo de dormir até mais tarde. Isso seria mais um motivo pra briga. "Eu pegando no pesado pra pagar as contas, e você dormindo até tarde?" é exatamente isso que ele dirá, além de me insultar de todas as formas possíveis. Não quero aturar isso... de novo.

Juntei toda minha força e finalmente abri os olhos e levantei. As lembranças vieram como vento na minha mente.

Traição. Estrada. Sussurro. Três caras.

CARAMBA!!! Onde eu estou? Sai da cama o mais rápido que consegui mas acabei tropeçando no edredom, o que fez muito barulho. Me levantei o mais rápido que consegui e planejei sair correndo assim que abrisse a porta, mas meu plano foram pro ralo quando abri a porta e bati nunca parede...de músculos. 

-Onde você pensa que vai?-Olhei pra cima e me deparei com olhos raivosos me encarando

-Onde eu estou? Quem é você? O que você fez comigo?

-O que EU fiz com você? Você quase amassou meu carro, meu bebê!!!- Ele deu um passo pra frente me fazendo dar dois pra trás.

-Lucca, deixa a menina! Ela passou por um susto terrível, quase morreu atropelada e de hipotermia. Relaxa um pouco, seu carro não sofreu nem um arranhão!-Um outro cara apareceu do seu lado, os dois ali parados na minha frente me faziam eu me sentir um anã. Eles deveriam ter mais de 1,90...isso é loucura! E apesar dá arrogância do tal Lucca, os dois caras na minha frente eram perfeitos.

Sua pele era clara e parecia macia e brilhosa, a boca era perfeita e rosada. Os músculos não eram tão grandes quanto eu pensei que fossem ontem no escuro, mas ainda era na medida certa. O cabelo, cortado nas laterais esbanjavam um topete perfeito e castanho claro, assim como a barba, rala, porém bem aparada e sem falhas. Eles são ireais de tão bonito, mas pelo que me lembro está faltando um, e quando dei por mim, já estava encarando a porta e esperando ele aparecer e se juntas aos outros. Acho que dei muito na cara minha intenção, que um deles interveio.

- Ele não está aqui.- Ele disse me chamando a atenção.

-Quem?

-O Léo. Não é ele que você está procurando?

-Você quase amassou meu carro por causa do Leonardo? Não tinha outro jeito de chamar a atenção dele não?

- Que? Eu nem sei quem é Leonardo, como eu faria isso de propósito? Eu me perdi, por isso estava na estrada. E por que me trouxeram pra cá? Por causa desse Leonardo? Ele não falou que não sabia quem eu era?

-O Leo disse que não te conhecia, de primeira pensamos que você fosse uma dessas malucas que ele vive ignorando, mas como você sabe nossos nomes ficamos curiosos pra saber o motivo. Assim que você disser pode ir embora.

-Eu não sei que é você, eu não sei onde eu estou. Só sei que o apaixonado por carros se chama Lucca, porque você falou, e o outro é Leonardo, porque você também falou.

-Ela ainda tem coragem de mentir.- Lucca disse irritado- Garota, antes de "desmaiar", você disse nossos nomes! E agora vem com essa de que não sabe quem somos?

-Eu juro que...

-Chega! Matheu, você lida com ela. Vou estar na sala.

Ele saiu e bateu a porta. Agora era só eu e o tal Matheu, confesso que estou chocada por não estar com medo, mas sim ansiosa. Ele me analisava com o olhar calmo,totalmente diferente do outro e apesar de eu estar na casa de estranhos, eu estava me sentindo bem confortável na presença dele.

-Eu juro pra você que não sei cheguei naquela estrada, passei muito tempo andando e acabei me perdendo.-Eu disse antes de tudo.

-E por que você estava andando sozinha à noite?- Ele perguntou enquanto se sentava na beirada da cama, mas eu não iria falar disso com estranhos, então só neguei com a cabeça- Como você sabia nossos nomes?

-Eu não sabia, foi...uma coisa louca. Você não acreditaria em mim se eu dissesse.

-Eu vou fazer um esforço, tente!

-E-eu...apenas ouvi como um sussurro no meu ouvido. Eu... fiz uma pergunta e ouvi esse nomes como se fosse resposta.- Ele não esboçou nenhuma reação.

-O que você perguntou?-Neguei novamente, ele me acharia maluca se dissesse...ou não.-Pra quem você perguntou?

Neguei dizer novamente. Como poderia contar para um estranho toda a minha historia de amor fracassada. Eu estava vestindo uma camisa masculina enorme, que parecia mais um vestido, em uma casa com três homem. Isso tudo era muita loucura, até pra mim. Como eu poderia explicar isso?

-Bom, você deve estar com fome. Você dormiu por mais de doze horas, então preparamos jantar caprichado para você repor as energias. Venha comigo por agora, o Léo vai chegar em breve e vai querer conversar com você.

Ele segurou minha mão no que me pareceu um ato automático, me tirou da cama e me guiou até a porta. A casa era em tons de madeira e tinha um longo corredor que continha varias portas. Minha cabeça começou a girar com tantas perguntas que estavam se formando nelas. Eles moram todos aqui? Era só eles? Em que lugar estávamos ?

- A propósito, meu nome é Matheu mas acho que você já sabe. E o seu?

-Melissa.

-Melissa...vou te chamar de mel, porque você é um doce!- Não pude controlar a risada.- Viu, consegui mudar sua expressão!

-É assim que você chega nas garotas?-perguntei de forma zombeteira.

-Não, é assim que eu divirto as mulheres bonitas.

Preferi não responder, e também havíamos acabado de chegar na cozinha. O "ogro" como eu carinhosamente o apelidei estava lá, comendo um prato enorme de comida enquanto ignorava totalmente nossa chegada. Eu também o ignorei, mas o cheiro de comida fez meu estomago roncar tão alto que até eles escutaram. Só me restou sorrir envergonha e pedir desculpa.

-Lucca, prepare o prato dela.-O zangado fuzilou o Matheu com o olhar, mas sem responder se levantou e começou a andar pela cozinha.

Eu agradeci pela comida eu finalmente começamos a comer. Eu não sei quem fez, mais estava perfeito. Que minha mãe não me escute mais nunca comi uma comida tão maravilhosa assim. Eu comi até o ultimo grão e arroz, mas Matheu insistiu que comesse mais um pouco, alegando que estava muito magrinha, e fiz sem questionar.

- Muito obrigado mesmo pela comida, acho que nunca experimentei algo tão bom quanto isso.- O ogro me olhou surpreso e depois pro Matheu que sorria alegremente.

-O Lucca é realmente um ótimo cozinheiro, mas é uma pena que nem todos saibam apreciar isso.

-Te proíbo de continuar, irmão!- Lucca apenas deu de ombros.

- Então, vocês são irmãos? Os três?- Perguntei curiosa.

-Sim. O Leo é o mais velho, Matheu o do meio e eu o mais novo.-Lucca explicou pacientemente.

Queria conseguir conversar mais com eles, porem, o sono estava batendo de novo. O que é estranho, já que passei o dia dormindo, mas ninguém questionou. Matheu me levou de volta por quarto para que eu podesse descansar. Ele me mostrou o banheiro onde eu poderia fazer minhas higiene e finalmente me deixou só. Com o corpo pesando mais que uma grande pedra, consegui fazer tudo e pude finalmente então cair na cama.

Meu corpo tão cansado, relaxou quase instantaneamente ao entrar em contato com a cama quente e confortável. Então finalmente adormeci. Não sei por quanto tempo eu dormi, mas acabei no meio da noite com muito frio. Aquele edredom super quentinho já não era mais o suficiente. Fiz de tudo pra me esquentar e nada, mas o sono estava tão grande que já não agüentava nem pensar, porem o som de um carro bem próximo, desviou minha atenção por alguns segundos.

Depois de um tempo consegui ouvir sons de passos se aproximando e logo a porta foi aberta. Com muito esforço consegui abrir um dos olhos para espiar quem estava entrando. E graças a lua consegui perceber que não era nenhum dos meninos com quem eu estive presente. Aquele só podia ser o Leonardo.

A cada passo que ele dava era uma roupa menos em seu corpo. Ele usava terno quando entrou, mas agora estava somente com a calça. Fiz de tudo para não mexer e em denunciar. Mas, quando o som do zíper chegou aos meus ouvidos, meu corpo se mexeu, eu estava sendo invasiva? Não sei, mas isso chamou a atenção dele para a cama, o que me fez fechar os olhos rapidamente. Logo depois a porta do banheiro se fechou e eu não consegui me segurar e acabei dormindo. 

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