Danilo acordou meio atordoado, olhou para o pequeno quarto e viu Marcela com Megan nos braços, olhando pela janela. Reparou que no braço da mãe foi feito um curativo, assim como em sua testa, apesar de não se recordar de um ferimento naquele segundo local.
— Mãe onde estamos? Alguém apareceu aqui?
— Oi meu filho, como se sente? — Marcela disse e sentou com ele na cama.
— Mãe, me desculpa! eu não podia te perder. E talvez agora esteja em perigo por minha culpa.
— Meu bem, primeiro não chore, você não gosta que eu diga, mas é uma criança, o dever de proteger a família é meu. Segundo ninguém apareceu ainda. E pelo que entendi estamos em Londres, perguntei assim que chegamos.
— Como assim mãe, você chegou acordada? Seu rosto, não tinha isso quando saímos. — O que houve?
— Eu acordei quando estávamos passando pela porta, e isso no meu rosto? Não foi nada, o soco na cara daquele atrevido foi bem pior.
Neste momento a porta se abriu, era Argos, com algumas sacolas, ele era responsável por cuidar de tudo ali.
— Aqui tem algumas roupas, toalhas e até algumas coisas para comer.
O soldado ia saindo quando foi parado por Danilo puxando seu braço, o menino fez isso e deu um passo para trás.
— O que quer garoto?
— Nada, só saber em quem minha mãe deu um soco, mas acho que não foi em você.
Argos sorriu, o menino era mais inteligente do que ele esperava, tinha seu jeito de descobrir as coisas e era bom em estratégia.
— Não, não em mim, e nem vai vê-lo por aqui, além do soco de sua mãe, recebeu alguns meus antes de ser mandado embora. Aproveitando apenas para confirmar, se chama Marcela, certo senhorita?
— Isso mesmo! Mas é senhora. — Respondeu ela, com um leve sorriso.
— Tem um banheiro logo ali no fundo, o Senhor Carlos chegará logo, e Danilo precisarei de sua ajuda, seu pai não sabe que tive que trazê-la, estarei em apuros quando ele souber.
— Eu já pensei nisso. E pelo visto, você tem medo do meu pai.
Argos sorriu novamente, acenou com a cabeça para Marcela e saiu.
Horas se passaram e ninguém veio até o quarto. Este não era ruim, mas com certeza não recebia cuidados faz tempo, assim como toda a casa, pelo que Marcela pôde perceber.
No banheiro havia uma banheira e um chuveiro, as paredes do quarto e do banheiro pareciam um pouco velhas e desbotadas pelo tempo. Havia ali uma cama grande e um guarda roupa de solteiro, Marcela organizou as poucas peças de roupa ali, haviam roupas de criança, para Danilo e Megan e também algumas peças adultas para ela. As roupas das crianças eram novas, algumas com etiqueta ainda, já as dela eram poucas, 2 shorts, 3 camisas masculinas e uma blusa de frio e não tinha nenhuma peça íntima. Realmente a presença dela ali era um imprevisto.
— Posso entrar? — Perguntou Carlos a Danilo.
— Pode, minha mãe está no banheiro.
— Como assim, sua mãe? — Carlos perguntou surpreso.
Neste momento Marcela saiu do banheiro com os cabelos molhados, usando uma camisa de botão e um dos shorts que vieram entre as roupas. Carlos primeiro analisou o corpo de Marcela, suas pernas eram grossas com uma pele não muito clara, ele sempre gostou do tom bronzeado das brasileiras e Marcela era um belo exemplar, ele foi tirado de sua inspeção por Argos.
— Senhor Carlos, vejo que já conheceu todos.
— O que ela faz aqui? — Carlos perguntou.
Agora foi a vez de Argos analisar o corpo de Marcela ele sorriu, após percorrer com os olhos todo seu corpo e encontrar os olhos assustados dela.
— Eu explico! — Disse Danilo encarando o soldado.— Podemos falar longe das mulheres? — Danilo se incomodou com os olhares a sua mãe, ele podia não entender o que se passava pela pouca idade, mas sabia que os olhos daqueles homens não demonstravam respeito.
Carlos achou o pedido interessante, e o chamou para fora do quarto, antes de sair olhou novamente para Marcela e sorriu não pensou que a moça fosse tão bonita quanto Argos dizia.
— Carlos, seu filho é uma figura. Não só apenas dificultou a missão, como me fez trazer a mãe.
— Você foi enganado por um menino de 11 anos? Ou pelas pernas da moça?
O soldado engoliu seco, a beleza de Marcela mexeu com eles, se sentiu enciumado quando teve que socar o outro soldado por tentar se aproveitar dela.
— Diga menino, o que quer? — Perguntou Carlos se sentando no sofá da sala e puxando Danilo para seu colo.
— Primeiro, não faça isso, não sou um bebê. Segundo minha mãe fica, essa foi a exigência para que eu viesse de forma pacífica e ajudasse a pegar a Megan.
— Sabe que ela não é sua mãe, apenas cuidava de vocês.
— Ela é a mãe que eu conheço, que a Megan conhece, então sim, ela é minha mãe.
— Não vou discutir com um pivete, vou me livrar dela, não a quero aqui.
— Não vai não, se fizer algo a ela, no outro dia eu fujo daqui, já tenho até meu plano para isso e se quer me ter como filho precisa pelo menos tentar fazer algo para que Megan e eu não te odeie.
Carlos apenas olhou para Argos.
— Eu disse, o garoto é uma figura. — Argos repetiu a frase rindo.
— Está bem! Eu permito que ela fique, não digo que será pra sempre, mas por enquanto a moça pode ficar. Mas ela não pode sair do quarto pra nada.
— Fechado, por enquanto está bom pra mim, minha mãe fica no quarto.— Danilo respondeu dando ênfase a palavra mãe. — O que faz da vida? É realmente meu pai? Por que só apareceu agora?
Argos riu alto, ele achava graça da esperteza do garoto, Carlos o encarou e ele entendeu, era hora de se retirar.
— Meu filho, eu demorei pra saber de sua existência e também de sua irmã, mas sim tenho certeza de são meus filhos, assim que soube comecei a procurá-los, mas naquele país nada anda rápido, quando tiver certeza de que havia os encontrado, já haviam sido adotados. — Carlos se levantou e ponderou as palavras, não sabia se o menino, tinha conhecimento da adoção. — Me desculpa, você sabe que a Marcela não é sua mãe, que ela adotou vocês, certo?
— Agora você me ofendeu duas vezes, primeiro a minha inteligência, afinal moro faz apenas um ano com ela, tenho plena consciência da adoção. E depois me ofende todas as vezes que repete que a Marcela não é minha mãe. Eu a aceitei como mãe e ela a mim como filho.
— Deixarei esse assunto para outro dia, agora volte para o quarto.
— Estou vendo que tem muito a aprender como pai.
Danilo falou e correu para o quarto. Marcela já estava aflita pela demora.
— Meu filho, você demorou, correu tudo bem? Ele é boa pessoa?
— Foi tudo bem, está decidido, você fica. Acho que não é má pessoa, mas não sabe cuidar de crianças. Deve ser rico, afinal tudo aqui parece ser caro, apesar da limpeza deixar a desejar.
Danilo olhou para a irmã, para confirmar seu sono antes de falar. — Mãe, acho que tanto o meu pai, quanto o Argos gostaram de você...
— Primeiro você é muito novo para saber sobre isso e depois meu interesse aqui são vocês, agora vamos dormir.
Marcela deitou-se e aconchegou as crianças perto dela e adormeceu. Não pôde deixar de notar a beleza masculina daqueles homens, gostou da voz e presença de Carlos, mas havia uma dívida com Argos que além de extremamente forte e bonito a protegeu do soldado que tentou algo com ela, pensou que estaria realmente apuros se eles tivessem um real interesse nela, primeiro pelo medo do que eles poderiam fazer e depois por ela mesma não saber quem escolher.
As semanas seguiam a mesma rotina, Danilo saía do quarto e explorava a casa, às vezes deitava no gramado ao lado da piscina, nunca se atreveu a entrar, mesmo sabendo nadar. Algumas vezes tentava levar a irmã junto, mas ela não desgrudava da mãe, achou até uma sala com um piano. Era o local que mais passava seu tempo, arriscava alguns toques descompassados, mas não sabia realmente tocar.Argos levava lanches para todos, não havia quem preparasse uma refeição decente na casa, ele sorria para Marcela e sempre perguntava como tinha dormido, era claro que queria falar algo mais, mas Danilo era observador e nunca deixava a mãe sozinha com o soldado.Era um fim de tarde, mas o dia ainda estava ensolarado, dava para aproveitar bem antes de realmente cair a noite.— Olá princesa, como foi seu dia? — Perguntou Argos.— Ai Argos, sabe que não tenho o que fazer aqui, eu nem sei o que te responder. Me conte você do seu.Argos sorriu, ele não tirava os olhos das pernas de Marcela sendo o vestido ou
Era um sábado bem ensolarado antes mesmo do café da manhã.— Bom dia meu amor, como se sente? — Perguntou Marcela acariciando os cabelos de Danilo.— Minha barriga ainda dói, me sinto estranho. E a Megan está melhor?— Não, ela está um pouco febril. — Marcela respirou fundo, conhecia bem o filho e teria que intervir nos planos dele. — Meu filho, sei que não gosta que eu diga, mas é uma criança e eu tenho que cuidar de você e de sua irmã. Hoje você ficará na cama. Eu vou providenciar o que precisamos, confia em mim?— Claro que sim, mas tome cuidado, aquele soldado te olha de um jeito estranho e eu não gosto.Marcela se levantou e deixou as crianças na cama, Megan ainda dormia. Marcela bateu na porta algumas vezes e abriu, chamou por Argos, mas ninguém apareceu.— Vou sair Danilo, mas vou ficar bem.Marcela saiu do quarto antes que o menino respondesse. Foi andando pela casa a procura do soldado, pôde perceber que realmente faltava ali um toque feminino, ou de cuidado, a casa não era b
No dia seguinte Danilo já estava bem, voltou a explorar a casa. Marcela levantou cedo, preparou uma mesa de café e voltou para o quarto, para cuidar da menina. Danilo estava comendo quando o pai desceu, o quarto dele ficava na parte de cima da casa, assim como seu escritório.— Bom dia meu filho, quem fez tudo isso?— Minha mãe, ela cozinha muito bem. Agora está com a Meg, parece que ela ainda não melhorou.— Eu entendo, você se sente melhor?— Sim. — Danilo respondeu de forma curta.— Se incomoda de eu ir ver como a Megan está, antes de sentar para tomar café?— Não. Pode ir eu aguardo.Carlos foi até o quarto e não viu ninguém, analisou bem aquele cômodo e pensou que deixou os filhos em uma situação precária, sem muito cuidado, mesmo tendo poder para oferecer algo melhor. Ouviu o choramingo da filha e foi até o banheiro ver o que era.Marcela estava apenas de camiseta, que mais lhe parecia um vestido curto, tinha Megan nos braços, a menina se debatia sob a água fria. Carlos primeiro
Marcela pediu produtos de limpeza, estava disposta a deixar aquela casa impecável.No outro dia começou cedo a faxina, limpou cada canto daquela casa. Fez almoço e deu as crianças, os outros segurança também comeram quando ela não estava mais na cozinha. Marcela levou as crianças para sala e as deixou assistindo TV com um balde de pipoca, Megan estava mais animada, a visita do médico havia dado resultado.Como ainda não estava tarde resolveu subir as escadas e limpar o segundo andar. Marcela estava no escritório de Carlos limpando uma prateleira alta, ela sentiu o olhar dele queimar sobre ela, se desequilibrou e quase caiu do banquinho, mas foi pega por Carlos.— O que faz aqui em cima? — Sua voz saiu rouca, ele tentava, mas não conseguia esconder o desejo.— Desculpa, eu estava limpando, essa casa estava precisando. Pode me soltar agora...— Vou soltá-la, assim que sentir seu cheiro, nada mais, prometo. — Carlos colocou o nariz em seu pescoço e a pressionou contra seu corpo, ao ponto
Passaram-se alguns dias, a casa estava com um aspecto melhor, as crianças tinham refeições decentes preparadas por Marcela, ela cuidava de tudo, cozinha, banheiros e até das roupas de Argos e Carlos.Na primeira vez, Carlos estranhou ao entrar no quarto e vê-la organizando suas camisas, notou-a cheirar o tecido antes de guardar, ela ficou insegura por estar no quarto dele, então ele silenciosamente se retirou e só voltou depois que ela saiu. Já Argos sorriu, pensava que seria assim quando ela finalmente fosse sua, teria uma mulher cuidando dele e ainda dormindo ao seu lado.Danilo era muito inteligente e em certos momentos pensava como adulto, tinha um plano para voltar para o seu país com a mãe e a irmã e iria colocá-lo em prática, não falava mais que duas ou três palavras com o pai, agora o julgava uma má pessoa, ele resolveu apressar seu plano para se ver livre do pai.— Bom dia Argos! — Disse Marcela ao entrar na cozinha.— Bom dia princesa! Fiz seu café, tem frutas com granola e
Depois do almoço Argos pegou o carro e saiu com Marcela, passaram em várias lojas, Marcela comprou roupas para ela, Danilo e Megan, pôde comprar também produtos de higiene feminina e até um perfume, estava agradecida por ter a chance de cuidar das crianças e agora um pouco dela também.— Acho que é tudo, muito obrigada por hoje!— Ainda não acabou, tenho uma reserva aqui próximo, almoça comigo? — Argos convidou.— Claro...Argos a levou a um restaurante italiano, eles pediram e puderam conversar um pouco.— Marcela, sei que é viúva e que seu marido participou do processo de adoção, seu casamento durou quanto tempo?— Eu me casei aos 19 anos, minha mãe tinha falecido e eu ficaria sozinha, o Rafael era um amigo de infância, nosso casamento durou 5 anos, ele morreu em um assalto faz apenas 1 ano. E você? É casado ou foi casado?— Não... Minha última namorada foi a mais de 8 anos, foi a maior decepção da minha vida, depois disso me afastei de mulheres.— Vive solitário faz 8 anos? — Marce
Carlos não podia acreditar, sabia que Danilo era inteligente, mas não pensou que teria a capacidade de planejar algo assim.— O que deu errado em seu plano? — Perguntou o soldado.— Três pontos eu acho. — Danilo se sentou de frente para o pai e Argos ao seu lado. Carlos percebeu que Danilo tinha preferência pelo soldado, se dava melhor com Argos do que com ele. Isso o deixava triste, mesmo que aquele soldado fosse seu amigo de infância, queria a amizade e o carinho do filho.— Danilo eu ainda custo a acreditar que você tenha planejado tudo isso, sei que é um garoto esperto, mas tem certas coisas nessa história que não condizem com a sua idade. — Disse Carlos.— Primeiro, me desculpa meu amigo. No momento que Marcela falou do beijo, pensei que você não se lembrava do nosso acordo, perdi a cabeça. — Disse Argos.— Com você me acerto depois soldado.— Danilo é inteligente demais Carlos, se ele diz que o plano foi dele, eu acredito. Além do mais ele não mente.Carlos o encarou e olhou o f
Assim que a porta se fechou Carlos se voltou para Argos.— Agora somos eu e você soldado. — Carlos estendeu a mão para Argos, que aceitou o cumprimento.— Não quebrei nosso acordo, o beijo? Sim, de certa forma eu a forcei e ela não me perdoou por completo ainda. Mas fizemos o acordo após aquele incidente, jamais o trairia. Mas tendo em vista tudo que aconteceu, penso em ter uma família e Danilo não aceitará outra mulher na posição de mãe.— Você está dizendo que vai tentar conquistá-la? Que a quer assim como eu a quero? — Argos se sentiu traído, nunca viu Carlos quebrar um acordo por mais complicado que fossem os termos, essa era a primeira vez que ele o fazia e justamente com ele, Argos levantou para sair, sua conversa já havia ido longe demais.— Argos! Eu a quero, gosto da presença dela aqui, sei que você a viu primeiro, mas se dependesse de você ela estaria morta agora. Acho que o que sente vai passar.— Não vou discutir isso com você, só digo que não desisti e não vou apenas abri