As semanas seguiam a mesma rotina, Danilo saía do quarto e explorava a casa, às vezes deitava no gramado ao lado da piscina, nunca se atreveu a entrar, mesmo sabendo nadar. Algumas vezes tentava levar a irmã junto, mas ela não desgrudava da mãe, achou até uma sala com um piano. Era o local que mais passava seu tempo, arriscava alguns toques descompassados, mas não sabia realmente tocar.
Argos levava lanches para todos, não havia quem preparasse uma refeição decente na casa, ele sorria para Marcela e sempre perguntava como tinha dormido, era claro que queria falar algo mais, mas Danilo era observador e nunca deixava a mãe sozinha com o soldado.
Era um fim de tarde, mas o dia ainda estava ensolarado, dava para aproveitar bem antes de realmente cair a noite.
— Olá princesa, como foi seu dia? — Perguntou Argos.
— Ai Argos, sabe que não tenho o que fazer aqui, eu nem sei o que te responder. Me conte você do seu.
Argos sorriu, ele não tirava os olhos das pernas de Marcela sendo o vestido ou shorts não tinha nada muito longo pra usar.
— Meu trabalho é proteger vocês, então passo meu tempo todo aqui também.
— Ok... — Marcela fez uma pausa e o chamou. — Argos?
— Oi!
— Quando falar comigo poderia olhar nos meus olhos e não para minhas pernas, estou ficando envergonhada com isso.
Argos se virou de costas, respirou fundo e olhou para Danilo que o encarava sério.
— Desculpa! não foi intencional. — Ele se voltou para ela e encontrou um sorriso amigável. — É uma mulher bonita, é difícil evitar.
— É mesmo militar? Vi que o pai de Danilo se refere a você como soldado.
— Não, nunca servi. Meu pai era militar, quando pegou a dispensa veio para essa casa.
Danilo levantou da cama e se posicionou na frente da mãe, parecia querer fazer uma barreira para protegê-la dos olhares do soldado.
— Um dia princesa lhe conto minha história.
— O nome dela é Marcela! — Danilo falou com um tom de raiva.
Argos riu baixo. — Desculpa, moleque! Tenho que ir... — Argos pensou um pouco antes de sair, uma ideia passou pela sua cabeça e ele sorriu pensando que poderia dar certo. — Princesa, quero dizer Marcela... O que acha de sair um pouco? O dia está quente e ensolarado, você poderia tomar um pouco de sol e deixar as crianças brincando na grama.
Danilo não gostava dessa aproximação, não entendia porque a mãe era gentil com Argos, sabia que tinha a ver com o dia que chegou, mas ninguém lhe explicou o acontecido daquele dia, apenas recebeu da mãe a resposta de que não era apropriado para a idade dele.
Eles saíram e Marcela estava com um shorts e uma camisa de botão, ela seguiu Argos até o jardim e sentou na grama com Megan e Danilo a pegou para brinca, Marcela ficou sentada observando as crianças.
— É bonito aqui... — Ela disse para Argos.
Argos sentou ao lado dela e soltou um pequeno riso.
— O que foi?
— A camisa, está meio aberta... — Argos disse e imediatamente Marcela corou de vergonha.
Ela fechou rapidamente os botões e sorriu de volta.
— Já lhe disse que é uma mulher bonita?
— Já! Posso te fazer algumas perguntas?
— Pode, o que quer saber?
— A quanto tempo conhece o pai do Danilo?
— Bastante, cheguei nessa casa com 8 anos de idade e Carlos tinha 9, nos tornamos bons amigos.
— Ele é uma boa pessoa? O vi conversa com Danilo superficialmente, mas não fala comigo.
— A sua presença aqui o incomoda, não estava nos planos.
Carlos chegava nesse momento em casa, ele passou pela porta de vidro e viu Argos sentado com Marcela no jardim.
— Desobedecendo minhas ordens soldado? — Carlos disse ao se aproximar.
Ele observou a pele de Marcela brilhando sob o sol, ela ainda tinha os olhos assustados de quando chegou, mas parecia a vontade ao lado de Argos.
— A menina não sai sem ela, não faz bem para nenhuma das duas ficar apenas trancada no quarto. — Argos argumentou.
— Argos, temos negócios a tratar, e você garota, volte para o quarto! — Disse Carlos.
Marcela se levantou e ficou de frente para ele.
— O que quer com eles? — Ela perguntou e colocou as mãos na cintura, estava realmente enfrentando Carlos.
— O que eu quero? São meus filhos, devem viver comigo...
— Danilo mal te vê e nunca nem se quer tentou pegar Megan no colo, como quer ser o pai deles assim?
Carlos olhou as crianças observando a discussão. Ele não queria tratar mal Marcela na frente de Danilo, ele queria conquistar o amor do filho e achava que ela era o caminho.
— Marcela, vá para o quarto, depois eu me acerto com você! — Carlos disse baixo no ouvido dela, Marcela tremeu com a ameaça, se arrependeu de ter o provocado.
Ela entrou e as crianças entraram atrás dela, ficaram apenas Argos e Carlos no jardim.
— Tem que mudar de estratégia! — Argos disse. — Se você quer o carinho do seu filho não pode agir assim.
— Eu te disse que não a quero andando pela casa.
— Eu sei, mas estou tentando me aproximar dela.
— Tá, por hoje passa e não se preocupe vou pensar em como me aproximar do Danilo, ele é inteligente, saberá interpretar os movimentos que eu fizer, mas vou descobrir um jeito de alcança-lo.
Era um sábado bem ensolarado antes mesmo do café da manhã.— Bom dia meu amor, como se sente? — Perguntou Marcela acariciando os cabelos de Danilo.— Minha barriga ainda dói, me sinto estranho. E a Megan está melhor?— Não, ela está um pouco febril. — Marcela respirou fundo, conhecia bem o filho e teria que intervir nos planos dele. — Meu filho, sei que não gosta que eu diga, mas é uma criança e eu tenho que cuidar de você e de sua irmã. Hoje você ficará na cama. Eu vou providenciar o que precisamos, confia em mim?— Claro que sim, mas tome cuidado, aquele soldado te olha de um jeito estranho e eu não gosto.Marcela se levantou e deixou as crianças na cama, Megan ainda dormia. Marcela bateu na porta algumas vezes e abriu, chamou por Argos, mas ninguém apareceu.— Vou sair Danilo, mas vou ficar bem.Marcela saiu do quarto antes que o menino respondesse. Foi andando pela casa a procura do soldado, pôde perceber que realmente faltava ali um toque feminino, ou de cuidado, a casa não era b
No dia seguinte Danilo já estava bem, voltou a explorar a casa. Marcela levantou cedo, preparou uma mesa de café e voltou para o quarto, para cuidar da menina. Danilo estava comendo quando o pai desceu, o quarto dele ficava na parte de cima da casa, assim como seu escritório.— Bom dia meu filho, quem fez tudo isso?— Minha mãe, ela cozinha muito bem. Agora está com a Meg, parece que ela ainda não melhorou.— Eu entendo, você se sente melhor?— Sim. — Danilo respondeu de forma curta.— Se incomoda de eu ir ver como a Megan está, antes de sentar para tomar café?— Não. Pode ir eu aguardo.Carlos foi até o quarto e não viu ninguém, analisou bem aquele cômodo e pensou que deixou os filhos em uma situação precária, sem muito cuidado, mesmo tendo poder para oferecer algo melhor. Ouviu o choramingo da filha e foi até o banheiro ver o que era.Marcela estava apenas de camiseta, que mais lhe parecia um vestido curto, tinha Megan nos braços, a menina se debatia sob a água fria. Carlos primeiro
Marcela pediu produtos de limpeza, estava disposta a deixar aquela casa impecável.No outro dia começou cedo a faxina, limpou cada canto daquela casa. Fez almoço e deu as crianças, os outros segurança também comeram quando ela não estava mais na cozinha. Marcela levou as crianças para sala e as deixou assistindo TV com um balde de pipoca, Megan estava mais animada, a visita do médico havia dado resultado.Como ainda não estava tarde resolveu subir as escadas e limpar o segundo andar. Marcela estava no escritório de Carlos limpando uma prateleira alta, ela sentiu o olhar dele queimar sobre ela, se desequilibrou e quase caiu do banquinho, mas foi pega por Carlos.— O que faz aqui em cima? — Sua voz saiu rouca, ele tentava, mas não conseguia esconder o desejo.— Desculpa, eu estava limpando, essa casa estava precisando. Pode me soltar agora...— Vou soltá-la, assim que sentir seu cheiro, nada mais, prometo. — Carlos colocou o nariz em seu pescoço e a pressionou contra seu corpo, ao ponto
Passaram-se alguns dias, a casa estava com um aspecto melhor, as crianças tinham refeições decentes preparadas por Marcela, ela cuidava de tudo, cozinha, banheiros e até das roupas de Argos e Carlos.Na primeira vez, Carlos estranhou ao entrar no quarto e vê-la organizando suas camisas, notou-a cheirar o tecido antes de guardar, ela ficou insegura por estar no quarto dele, então ele silenciosamente se retirou e só voltou depois que ela saiu. Já Argos sorriu, pensava que seria assim quando ela finalmente fosse sua, teria uma mulher cuidando dele e ainda dormindo ao seu lado.Danilo era muito inteligente e em certos momentos pensava como adulto, tinha um plano para voltar para o seu país com a mãe e a irmã e iria colocá-lo em prática, não falava mais que duas ou três palavras com o pai, agora o julgava uma má pessoa, ele resolveu apressar seu plano para se ver livre do pai.— Bom dia Argos! — Disse Marcela ao entrar na cozinha.— Bom dia princesa! Fiz seu café, tem frutas com granola e
Depois do almoço Argos pegou o carro e saiu com Marcela, passaram em várias lojas, Marcela comprou roupas para ela, Danilo e Megan, pôde comprar também produtos de higiene feminina e até um perfume, estava agradecida por ter a chance de cuidar das crianças e agora um pouco dela também.— Acho que é tudo, muito obrigada por hoje!— Ainda não acabou, tenho uma reserva aqui próximo, almoça comigo? — Argos convidou.— Claro...Argos a levou a um restaurante italiano, eles pediram e puderam conversar um pouco.— Marcela, sei que é viúva e que seu marido participou do processo de adoção, seu casamento durou quanto tempo?— Eu me casei aos 19 anos, minha mãe tinha falecido e eu ficaria sozinha, o Rafael era um amigo de infância, nosso casamento durou 5 anos, ele morreu em um assalto faz apenas 1 ano. E você? É casado ou foi casado?— Não... Minha última namorada foi a mais de 8 anos, foi a maior decepção da minha vida, depois disso me afastei de mulheres.— Vive solitário faz 8 anos? — Marce
Carlos não podia acreditar, sabia que Danilo era inteligente, mas não pensou que teria a capacidade de planejar algo assim.— O que deu errado em seu plano? — Perguntou o soldado.— Três pontos eu acho. — Danilo se sentou de frente para o pai e Argos ao seu lado. Carlos percebeu que Danilo tinha preferência pelo soldado, se dava melhor com Argos do que com ele. Isso o deixava triste, mesmo que aquele soldado fosse seu amigo de infância, queria a amizade e o carinho do filho.— Danilo eu ainda custo a acreditar que você tenha planejado tudo isso, sei que é um garoto esperto, mas tem certas coisas nessa história que não condizem com a sua idade. — Disse Carlos.— Primeiro, me desculpa meu amigo. No momento que Marcela falou do beijo, pensei que você não se lembrava do nosso acordo, perdi a cabeça. — Disse Argos.— Com você me acerto depois soldado.— Danilo é inteligente demais Carlos, se ele diz que o plano foi dele, eu acredito. Além do mais ele não mente.Carlos o encarou e olhou o f
Assim que a porta se fechou Carlos se voltou para Argos.— Agora somos eu e você soldado. — Carlos estendeu a mão para Argos, que aceitou o cumprimento.— Não quebrei nosso acordo, o beijo? Sim, de certa forma eu a forcei e ela não me perdoou por completo ainda. Mas fizemos o acordo após aquele incidente, jamais o trairia. Mas tendo em vista tudo que aconteceu, penso em ter uma família e Danilo não aceitará outra mulher na posição de mãe.— Você está dizendo que vai tentar conquistá-la? Que a quer assim como eu a quero? — Argos se sentiu traído, nunca viu Carlos quebrar um acordo por mais complicado que fossem os termos, essa era a primeira vez que ele o fazia e justamente com ele, Argos levantou para sair, sua conversa já havia ido longe demais.— Argos! Eu a quero, gosto da presença dela aqui, sei que você a viu primeiro, mas se dependesse de você ela estaria morta agora. Acho que o que sente vai passar.— Não vou discutir isso com você, só digo que não desisti e não vou apenas abri
Carlos deu banho em Megan e Danilo, na verdade só os deixou no banheiro por um tempo, eram grandes, sabiam fazer a higiene sozinhos. Foi até o escritório, fez ligações e pediu para Argos providenciar o jantar para todos. Chamou as crianças na cozinha e lhes deu de comer. Todos ficaram surpresos quando ele pediu ao soldado que levasse o jantar de Marcela, principalmente porque Argos sorriu e agradeceu.— Marcela, trouxe seu jantar. — Ela se ajeitou na cama e Argos colocou a bandeja em seu colo, ele pretendia dar a comida em sua boca, mas ela não deixou.— O que pensa que vai fazer?— Te alimentar...— Deixe aqui, posso fazer isso sozinha! - Marcela não o queria perto.— Princesa, algum dia vai me perdoar?— Primeiro, não quero que me chame de princesa, e não sei se consigo te perdoar, me incomodei quando Carlos me beijou, mas se tivesse sido você... Não me incomodaria.Argos pôde notar que houve em algum momento um sentimento por parte de Marcela, e era por ele e não por Carlos, mas ag