O Beijo

Marcela pediu produtos de limpeza, estava disposta a deixar aquela casa impecável.

No outro dia começou cedo a faxina, limpou cada canto daquela casa. Fez almoço e deu as crianças, os outros segurança também comeram quando ela não estava mais na cozinha. Marcela levou as crianças para sala e as deixou assistindo TV com um balde de pipoca, Megan estava mais animada, a visita do médico havia dado resultado.

Como ainda não estava tarde resolveu subir as escadas e limpar o segundo andar. Marcela estava no escritório de Carlos limpando uma prateleira alta, ela sentiu o olhar dele queimar sobre ela, se desequilibrou e quase caiu do banquinho, mas foi pega por Carlos.

— O que faz aqui em cima? — Sua voz saiu rouca, ele tentava, mas não conseguia esconder o desejo.

— Desculpa, eu estava limpando, essa casa estava precisando. Pode me soltar agora...

— Vou soltá-la, assim que sentir seu cheiro, nada mais, prometo. — Carlos colocou o nariz em seu pescoço e a pressionou contra seu corpo, ao ponto de Marcela notar sua excitação. - Oh, It's a nice smell, so sweet...( É um cheio bom, tão doce).

— Estou desconfortável, me solte! — Marcela disse timidamente.

— Irá resistir se eu beija-la?

— Por favor, disse que não iria fazer nada. — Era o medo novamente falando, apesar de Carlos ter mudado a forma que a tratava, ainda era um desconhecido e distante com ela.

— Você é uma viúva, não fique agindo como uma virgem inexperiente, é só um beijo. — Carlos disse e sorriu.

Carlos a beijou de forma intensa, a apertava mais ainda contra seu corpo com um dos braços e a outra mão desceu até a sua coxa, lembrou que a primeira coisa que reparou em Marcela, foram suas pernas. Sentiu o gosto suave de seus lábios e um gosto salgado, olhou para Marcela e percebeu que ela estava chorando.

— Marcela, me desculpa, não pensei que se sentiria assim.

Neste momento Danilo entrou, analisou a cena , ele viu o medo nos olhos da mãe e se voltou para Carlos irritado e gritou com o pai como nunca fez com nenhum adulto.

— Como ousa tocar nela!

Marcela correu e se refugiou no quarto.

— Danilo, Marcela e eu somos adultos e você uma criança, não devia ter visto isso, e não vou te explicar, não tem idade para compreender.

— Eu não sou idiota! Eu pedi que não chegasse perto dela e sei que ela não queria ser tocada por você, ela estava chorando!

— Danilo me desculpa, eu não a machuquei e não queria assusta-la.

Danilo vasculhou suas lembranças, era essa expressão, a face de dor e medo que a mãe tinha no primeiro dia, pôde compreender o que soldado havia feito. — Foi isso, não foi? O soldado no dia que chegamos? Ele queria beijá-la?

Na verdade tanto o soldado quanto Carlos queriam muito mais, mas isso não era um assunto a ser tratado com uma criança.

— Sim. — Essa era a resposta adequada a idade dele.

— Por que o rosto dela ficou machucado? — Danilo perguntou.

— Marcela deu um soco no soldado e ele revidou, bateu nela, Argos apareceu, bateu no soldado e o demitiu.

— Ela deveria ter lhe dado um soco também.

— Danilo me desculpa!

Danilo saiu, e foi atrás da mãe, entrou no quarto e encontrou Megan brincando em cima da cama.

— Cadê a mamãe, Meg?

— No banheiro...

Danilo bateu na porta. Não estava fechada, mas não queria tocar em assuntos que a mãe com certeza não falaria. Ela pensava que seu martírio estaria apenas começando, seria forçada a um relacionamento para não se afastar dos filhos. Danilo abriu um pouco a porta e viu a mãe chorando na banheira, ela ainda estava de roupa. Ele se sentou do lado de fora e ficou ali.

— Mãe, eu não posso dizer que sei o que aconteceu, mas eu estou aqui, vou dar um jeito nisso, eu prometo.

Mais tarde Carlos ainda estava no escritório, pensava em como era doce o sabor de Marcela, não queria se sentir atraído por ela, mas temia ser tarde demais. Argos entrou, tinha um acordo e sendo Carlos o negociador resolveria fácil com ele.

— Carlos, podemos conversar? — Argos disse.

— Claro, o que precisa meu amigo?

— Sabe que sou direto! Quero a Marcela!

— Não entendi...

— Tinha razão, o menino me convenceu a trazê-la, mas antes disso eu já pensava em uma desculpa para tê-la aqui. Fiz o que me pediu, tem seus filhos aqui, minha recompensa será ela, em algum momento quero me unir a ela, Marcela será minha esposa.

Carlos não sabia o que dizer, estava cogitando a ideia de ele mesmo ter algo com ela, mas realmente prometeu a Argos qualquer coisa se tivesse sucesso em sua missão.

— Está bem... Não vou me opor a isso.

— Então temos um acordo?

— Sim, meus filhos são meus, mas Marcela é sua!

Ele apertaram as mãos, estava fechado um pequeno acordo sobre Marcela.

Carlos ficou sozinho, pois tinha muito o que pensar, o que valia mais naquele momento? Sua amizade de anos com Argos ou seu recente sentimento que crescia referente a Marcela.

Ele pensou que tentou... A trancou no quarto, se manteve longe, passava horas fora de casa, mas era inútil, quando a via algo se acendia, algo o queimava apenas de olhar para ela. E agora tinha que lidar com Argos, será que sua amizade ficaria abalada? Será que a lealdade de anos seria quebrada pela beleza de uma mulher?

E Marcela ainda teria que aceita-lo, que no momento parecia ser algo ainda mais difícil.

Carlos passou aquela noite apenas remoendo esses pensamentos que só o tempo o faria ter certeza do que o futuro reservara, para ele, Argos e Marcela.

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