A cabana de Loren era pequena, mas extremamente acolhedora. O exterior de madeira escura se misturava harmoniosamente com a floresta ao redor, e um aroma de ervas frescas pairava no ar. Dentro, a decoração era simples, porém cuidadosamente planejada, com móveis rústicos, mantas felpudas e uma lareira acesa, lançando sombras dançantes nas paredes. Clarice se sentiu imediatamente à vontade, e o calor do fogo a envolveu, afastando a tensão do dia.— Eu realmente não esperava te encontrar assim, Clarck — disse Loren, oferecendo uma xícara de chá para ele. — Ainda mais com sua companheira.Clarck aceitou a xícara, mantendo o olhar firme sobre a mulher que um dia dormiu em sua cama e que há tempo atrás, tentou afastá-lo de Clarice. Mas Loren realmente parecia diferente, ele sentia isso ao olhar para ela. Se lembrava dela como uma garota fútil e gananciosa, mas agora tudo ao redor dela era simples, muito bem cuidado e muitas coisas feitas à mão.— As coisas mudaram, e você parece ter mudado
A escuridão tomou conta de sua visão antes que Clarice se encontrasse em um lugar completamente diferente. Era um campo vasto, sob um céu cinzento e carregado. O vento gelado fazia seu vestido esvoaçar enquanto ela avançava, sentindo o cheiro de terra molhada. Não havia lua ou estrelas no céu, apenas a escuridão e o cinza das nuvens que traziam uma tempestade. Ao longe, uma mulher de vestido negro estava ajoelhada, chorando copiosamente. Era um choro de pura agonia, pura dor, seu corpo tremia e seus soluços eram tão altos que pareciam ser levados pelo vento, ecoando em todas as direções. Clarice sentiu um arrepio na espinha ao se aproximar, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, a cena mudou abruptamente.Agora, Celeste estava diante da mulher, seu rosto contorcido em fúria, não se parecia em nada com a deusa sempre branda e misericordiosa que ela conheceu.— Você não pode fazer isso! — Celeste gritou, sua voz carregada de emoção.A outra mulher ergueu o rosto, só então Claric
Depois do café, Loren organizou sua bolsa com um foco metódico, verificando cada item que carregava. Ela ajustou a alça, garantindo que tudo estivesse bem preso, enquanto Clarice, ao seu lado, examinava sua própria mochila. Clarck, mais adiante, estava distraído, observando a floresta ao seu redor, os olhos arregalados em busca de qualquer sinal de perigo ou de maravilhas.— Prontos para a aventura? — perguntou Loren, um sorriso ansioso se formando em seu rosto.— Se estamos indo em direção a um assentamento de lobos, espero que seja mais do que só um monte de árvores e pedras — respondeu Clarck, com um toque de sarcasmo, mas a emoção em sua voz era inconfundível.— É um assentamento antigo — afirmou Loren, enquanto começavam a caminhar pela trilha estreita que se perdia na floresta. — Dizem que não há alfas aqui, apenas lobos que conseguiram sobreviver ao longo dos anos.Clarice franziu a testa, intrigada.— Isso significa que eles podem ser os últimos remanescentes de uma alcateia o
A floresta ao redor do assentamento era densa, carregada pelo peso de segredos antigos, de acontecimentos ocultos. O cheiro úmido de terra e madeira pairava no ar, e o vento sussurrava entre as folhas, como se contasse histórias há muito esquecidas. Era a parte mais calma do território dos rogues que Loren já viu, e a mais organizada também.Clarice sentiu o coração acelerar conforme davam os primeiros passos dentro do território desconhecido. As construções simples, feitas de madeira robusta e pedra, lembravam uma alcateia tradicional, mas havia algo de diferente ali, não havia um alfa.O lobo mais velho que os guiava caminhava à frente com passos firmes, sua postura ereta e impassível como a de um guerreiro que já viu batalhas demais. Seus olhos eram frios e avaliadores, varrendo o ambiente com o olhar afiado de alguém que não confiava facilmente. Cada movimento dele exalava autoridade silenciosa, ele certamente era alguém respeitado ali, e não só por sua idade, Clarck tinha certeza
A noite já havia caído sobre o assentamento, e a única luz que iluminava a sala vinha das lamparinas espalhadas pelo ambiente. As sombras tremulavam nas paredes de madeira rústica, criando um efeito quase místico que combinava com a tensão que pairava no ar. Clarice ainda tentava processar as palavras de Gael, seu coração martelando no peito com uma mistura de choque e incredulidade.— Eu sei que isso é muito… Inesperado, mas é verdade — Gael continuou falando, pegando um copo dos que Ravier havia levado, ali havia uma cerveja artesanal produzida no assentamento. — Por que nunca nos encontramos então? — a voz dela saiu trêmula, carregada de emoção. Seus olhos fixaram-se nos de Gael, buscando alguma pista de que ele estivesse brincando ou enganado.Gael suspirou, como se tivesse esperado aquela pergunta. Ele puxou uma cadeira e se sentou, os dedos entrelaçados sobre a mesa de madeira. Seu olhar parecia distante, como se estivesse revivendo memórias dolorosas.— Quando os lycans atacar
O silêncio que caiu sobre o grupo era carregado de expectativa. Depois da pergunta de Clarck, Gael respirou profundamente como quem se prepara para responder uma pergunta delicada. Clarice sentia o coração bater forte no peito, não apenas pela intensidade da história que Gael começava a contar, mas também pelo peso das palavras que ele dizia. E seu primo, que parecia ainda mais sério, deixou o copo de cerveja de lado, levantando da cadeira e caminhando pela sala. — Depois que fugimos dos lycans, não sabíamos para onde ir. A floresta nos engoliu, entramos no território dos rogues, nos sentimos cada vez mais sozinhos. Alguns ficaram para trás para proteger aqueles que não podiam se defender, e foram mortos pelos lycans de Connan. — A voz de Gael era rouca, parecia prestes a chorar. — A deusa da lua era tudo o que nos restava. Oramos, imploramos, clamamos pelo seu auxílio... Passamos meses implorando, fizemos rituais, orações, cultuamos ela e pedimos por ajuda implorados. Depois de sei
pesassem mais do que deveria. Clarice olhava para Clarck e Loren, esperando que algum deles dissesse algo, mas ninguém parecia disposto a quebrar aquele momento carregado.Depois de alguns instantes, Clarck suspirou pesadamente e fez um gesto sutil para que Clarice e Loren o seguissem para o lado de fora. O ar frio da noite os envolveu imediatamente, trazendo uma sensação de clareza após a atmosfera carregada do interior da cabana.— Bom... isso foi inesperado. — Loren foi a primeira a falar, cruzando os braços e encarando Clarck. — Então eles são a sua antiga alcateia? Eu realmente não esperava por isso… Ela achou que iria apenas ajudá-los a encontrar o assentamento, mas agora estava metida numa grande confusão sobre uma antiga alcateia que esperava uma alfa.Clarck passou a mão pelos cabelos escuros, respirando fundo.— Eu não sei. — Sua voz era grave, carregada de dúvidas. — Essa história toda... essa tal deusa que nunca ouvimos falar protegendo essa matilha... É como se estivesse
A noite estava fria e úmida quando Gael levou Clarice para a floresta. Era uma noite sem lua, o céu estava coberto por estrelas, mas o astro-mãe que regia a vida dos lobos não estava presente. O som das folhas secas estalando sob seus passos ecoava entre as árvores imponentes, enquanto o vento sussurrava segredos antigos entre os galhos.Clarice sentia o coração acelerado, sem saber ao certo o motivo daquela caminhada noturna. Gael estava sério, mais do que o normal, e seu olhar carregava um peso que ela não conseguia decifrar. Ele a guiava com firmeza, mas sem pressa, como se cada passo fosse um prelúdio para algo grandioso – ou terrível.Era estranho descobrir que tinha um parente de sangue vivo, e parecia ainda mais estranho saber que esse único parente estava esperando-a há tanto tempo. Tudo era muito confuso, e a cada momento, Clarice se sentia mais próxima de algo que mudaria tudo. Mas será que aguentava mais mudanças? Tudo o que queria era salvar seu filho.Quando chegaram a u