A floresta ao redor do assentamento era densa, carregada pelo peso de segredos antigos, de acontecimentos ocultos. O cheiro úmido de terra e madeira pairava no ar, e o vento sussurrava entre as folhas, como se contasse histórias há muito esquecidas. Era a parte mais calma do território dos rogues que Loren já viu, e a mais organizada também.Clarice sentiu o coração acelerar conforme davam os primeiros passos dentro do território desconhecido. As construções simples, feitas de madeira robusta e pedra, lembravam uma alcateia tradicional, mas havia algo de diferente ali, não havia um alfa.O lobo mais velho que os guiava caminhava à frente com passos firmes, sua postura ereta e impassível como a de um guerreiro que já viu batalhas demais. Seus olhos eram frios e avaliadores, varrendo o ambiente com o olhar afiado de alguém que não confiava facilmente. Cada movimento dele exalava autoridade silenciosa, ele certamente era alguém respeitado ali, e não só por sua idade, Clarck tinha certeza
A noite já havia caído sobre o assentamento, e a única luz que iluminava a sala vinha das lamparinas espalhadas pelo ambiente. As sombras tremulavam nas paredes de madeira rústica, criando um efeito quase místico que combinava com a tensão que pairava no ar. Clarice ainda tentava processar as palavras de Gael, seu coração martelando no peito com uma mistura de choque e incredulidade.— Eu sei que isso é muito… Inesperado, mas é verdade — Gael continuou falando, pegando um copo dos que Ravier havia levado, ali havia uma cerveja artesanal produzida no assentamento. — Por que nunca nos encontramos então? — a voz dela saiu trêmula, carregada de emoção. Seus olhos fixaram-se nos de Gael, buscando alguma pista de que ele estivesse brincando ou enganado.Gael suspirou, como se tivesse esperado aquela pergunta. Ele puxou uma cadeira e se sentou, os dedos entrelaçados sobre a mesa de madeira. Seu olhar parecia distante, como se estivesse revivendo memórias dolorosas.— Quando os lycans atacar
O silêncio que caiu sobre o grupo era carregado de expectativa. Depois da pergunta de Clarck, Gael respirou profundamente como quem se prepara para responder uma pergunta delicada. Clarice sentia o coração bater forte no peito, não apenas pela intensidade da história que Gael começava a contar, mas também pelo peso das palavras que ele dizia. E seu primo, que parecia ainda mais sério, deixou o copo de cerveja de lado, levantando da cadeira e caminhando pela sala. — Depois que fugimos dos lycans, não sabíamos para onde ir. A floresta nos engoliu, entramos no território dos rogues, nos sentimos cada vez mais sozinhos. Alguns ficaram para trás para proteger aqueles que não podiam se defender, e foram mortos pelos lycans de Connan. — A voz de Gael era rouca, parecia prestes a chorar. — A deusa da lua era tudo o que nos restava. Oramos, imploramos, clamamos pelo seu auxílio... Passamos meses implorando, fizemos rituais, orações, cultuamos ela e pedimos por ajuda implorados. Depois de sei
pesassem mais do que deveria. Clarice olhava para Clarck e Loren, esperando que algum deles dissesse algo, mas ninguém parecia disposto a quebrar aquele momento carregado.Depois de alguns instantes, Clarck suspirou pesadamente e fez um gesto sutil para que Clarice e Loren o seguissem para o lado de fora. O ar frio da noite os envolveu imediatamente, trazendo uma sensação de clareza após a atmosfera carregada do interior da cabana.— Bom... isso foi inesperado. — Loren foi a primeira a falar, cruzando os braços e encarando Clarck. — Então eles são a sua antiga alcateia? Eu realmente não esperava por isso… Ela achou que iria apenas ajudá-los a encontrar o assentamento, mas agora estava metida numa grande confusão sobre uma antiga alcateia que esperava uma alfa.Clarck passou a mão pelos cabelos escuros, respirando fundo.— Eu não sei. — Sua voz era grave, carregada de dúvidas. — Essa história toda... essa tal deusa que nunca ouvimos falar protegendo essa matilha... É como se estivesse
A noite estava fria e úmida quando Gael levou Clarice para a floresta. Era uma noite sem lua, o céu estava coberto por estrelas, mas o astro-mãe que regia a vida dos lobos não estava presente. O som das folhas secas estalando sob seus passos ecoava entre as árvores imponentes, enquanto o vento sussurrava segredos antigos entre os galhos.Clarice sentia o coração acelerado, sem saber ao certo o motivo daquela caminhada noturna. Gael estava sério, mais do que o normal, e seu olhar carregava um peso que ela não conseguia decifrar. Ele a guiava com firmeza, mas sem pressa, como se cada passo fosse um prelúdio para algo grandioso – ou terrível.Era estranho descobrir que tinha um parente de sangue vivo, e parecia ainda mais estranho saber que esse único parente estava esperando-a há tanto tempo. Tudo era muito confuso, e a cada momento, Clarice se sentia mais próxima de algo que mudaria tudo. Mas será que aguentava mais mudanças? Tudo o que queria era salvar seu filho.Quando chegaram a u
A noite com um céu cheio de estrelas logo deu lugar a um céu nublado e uma chuva fina e fria, que parecia querer, sem sucesso, lavar as angústias e os conflitos internos que assolavam o coração de Clarice. Ela caminhava ao lado de Gael, cujos olhos estavam imersos em um silêncio carregado de significado. As estrelas haviam sumido, as nuvens negras e carregadas anunciavam que, em breve, a chuva fina se transformaria numa tempestade.Gael, com a voz embargada por um misto de preocupação e resignação, parou diante de Clarice. Seu olhar se fez profundo, como se buscasse nela a coragem para enfrentar a tempestade emocional que se abatia sobre ambos.— Clarice, eu… — começou ele, hesitante, enquanto seus olhos se perdiam por um instante no horizonte enevoado. — Acho que preciso te dar um tempo para pensar.As palavras ecoaram no ar úmido, fazendo com que Clarice se sentisse repentinamente pequena, como se o mundo ao redor tivesse se reduzido àquele breve instante de silêncio e dor. Ela sabia
Clarck segurou suas mãos com delicadeza, seus dedos quentes tentando transmitir a força necessária para enfrentar aquele turbilhão de emoções.— Calma, meu amor — respondeu ele com voz suave, mas firme. — Há momentos na vida em que precisamos de um tempo para nos reencontrarmos com nós mesmos. Vamos descansar, respirar um pouco, esse dia deu muito para pensarmos, muito para você pensar. Só não pode esquecer que você não está sozinha, meu amor, estou aqui para você e com você. O olhar de Clarice se encheu de dúvidas e inquietações. Ela sentia que cada palavra de Clarck era um bálsamo para suas feridas, mas também uma lembrança de que a verdade, por mais dolorosa que fosse, não podia ser ignorada. Enquanto o alfa tentava tornar o momento mais fácil para a mulher que amava, parte de seu coração estava apertado afinal, ele mesmo estava guardando algo que havia descoberto naquele dia – as palavras de Ravier, que revelavam que o filho deles era, de fato, um lycan, não resultado da maldiç
Clarice sentiu um arrepio percorrer sua espinha com a profundidade daquele olhar, e, num sussurro, respondeu:— Só nós dois, amor…E assim, imersos na água morna, eles se deixaram levar pelo amor que, mesmo diante das sombras do passado e dos segredos que permaneciam ocultos, brilhava com a força de um farol na escuridão. A intimidade compartilhada naquela banheira era um refúgio, um breve interlúdio onde o drama do mundo lá fora era suspenso, dando lugar à pura essência de dois corações que se encontravam em comunhão.Após longos minutos que pareceram eternos, o silêncio se fez novamente presente, mas agora carregado de uma calma que somente o amor sincero pode proporcionar. Lentamente, os lábios se separaram, e os olhares se fixaram, cada um guardando em si a promessa de um novo começo, de uma renovação que só o afeto verdadeiro poderia oferecer.Enquanto a água começava a esfriar, Clarck, ainda com o brilho da paixão em seus olhos, vestiu Clarice com delicadeza, como se o simples a