A noite estava fria e úmida quando Gael levou Clarice para a floresta. Era uma noite sem lua, o céu estava coberto por estrelas, mas o astro-mãe que regia a vida dos lobos não estava presente. O som das folhas secas estalando sob seus passos ecoava entre as árvores imponentes, enquanto o vento sussurrava segredos antigos entre os galhos.Clarice sentia o coração acelerado, sem saber ao certo o motivo daquela caminhada noturna. Gael estava sério, mais do que o normal, e seu olhar carregava um peso que ela não conseguia decifrar. Ele a guiava com firmeza, mas sem pressa, como se cada passo fosse um prelúdio para algo grandioso – ou terrível.Era estranho descobrir que tinha um parente de sangue vivo, e parecia ainda mais estranho saber que esse único parente estava esperando-a há tanto tempo. Tudo era muito confuso, e a cada momento, Clarice se sentia mais próxima de algo que mudaria tudo. Mas será que aguentava mais mudanças? Tudo o que queria era salvar seu filho.Quando chegaram a u
A noite com um céu cheio de estrelas logo deu lugar a um céu nublado e uma chuva fina e fria, que parecia querer, sem sucesso, lavar as angústias e os conflitos internos que assolavam o coração de Clarice. Ela caminhava ao lado de Gael, cujos olhos estavam imersos em um silêncio carregado de significado. As estrelas haviam sumido, as nuvens negras e carregadas anunciavam que, em breve, a chuva fina se transformaria numa tempestade.Gael, com a voz embargada por um misto de preocupação e resignação, parou diante de Clarice. Seu olhar se fez profundo, como se buscasse nela a coragem para enfrentar a tempestade emocional que se abatia sobre ambos.— Clarice, eu… — começou ele, hesitante, enquanto seus olhos se perdiam por um instante no horizonte enevoado. — Acho que preciso te dar um tempo para pensar.As palavras ecoaram no ar úmido, fazendo com que Clarice se sentisse repentinamente pequena, como se o mundo ao redor tivesse se reduzido àquele breve instante de silêncio e dor. Ela sabia
Clarck segurou suas mãos com delicadeza, seus dedos quentes tentando transmitir a força necessária para enfrentar aquele turbilhão de emoções.— Calma, meu amor — respondeu ele com voz suave, mas firme. — Há momentos na vida em que precisamos de um tempo para nos reencontrarmos com nós mesmos. Vamos descansar, respirar um pouco, esse dia deu muito para pensarmos, muito para você pensar. Só não pode esquecer que você não está sozinha, meu amor, estou aqui para você e com você. O olhar de Clarice se encheu de dúvidas e inquietações. Ela sentia que cada palavra de Clarck era um bálsamo para suas feridas, mas também uma lembrança de que a verdade, por mais dolorosa que fosse, não podia ser ignorada. Enquanto o alfa tentava tornar o momento mais fácil para a mulher que amava, parte de seu coração estava apertado afinal, ele mesmo estava guardando algo que havia descoberto naquele dia – as palavras de Ravier, que revelavam que o filho deles era, de fato, um lycan, não resultado da maldiç
Clarice sentiu um arrepio percorrer sua espinha com a profundidade daquele olhar, e, num sussurro, respondeu:— Só nós dois, amor…E assim, imersos na água morna, eles se deixaram levar pelo amor que, mesmo diante das sombras do passado e dos segredos que permaneciam ocultos, brilhava com a força de um farol na escuridão. A intimidade compartilhada naquela banheira era um refúgio, um breve interlúdio onde o drama do mundo lá fora era suspenso, dando lugar à pura essência de dois corações que se encontravam em comunhão.Após longos minutos que pareceram eternos, o silêncio se fez novamente presente, mas agora carregado de uma calma que somente o amor sincero pode proporcionar. Lentamente, os lábios se separaram, e os olhares se fixaram, cada um guardando em si a promessa de um novo começo, de uma renovação que só o afeto verdadeiro poderia oferecer.Enquanto a água começava a esfriar, Clarck, ainda com o brilho da paixão em seus olhos, vestiu Clarice com delicadeza, como se o simples a
A noite havia se instalado sobre a alcateia Garra Sangrenta, envolvendo a grande casa em um manto de sombras e silêncio. Dentro, o clima era de inquietude e expectativa. Enquanto os membros da matilha repousavam ou se ocupavam com suas rotinas, Sarah permanecia em um dos quartos mais afastados, onde o tempo parecia desacelerar sob o brilho vacilante de velas dispostas de forma estratégica. No ambiente, o único som que se destacava era o murmúrio suave da brisa que penetrava pelas frestas das janelas e o ocasional respiro dos pequenos que dormiam nas camas ao lado dela.Sentada no chão, com as pernas cruzadas e os olhos fixos no baralho de tarot antigo, Sarah sentia o peso de uma ansiedade inexplicável. O aroma das velas, misturado com o cheiro de incenso, criava uma atmosfera quase mística, onde cada sombra parecia esconder segredos do passado e do futuro. As três crianças dormiam profundamente, seus rostos tranquilos contrastando com a inquietação da mulher que ali se encontrava.Sar
Nas horas que se seguiram, o quarto permaneceu mergulhado em uma estranha dualidade. O medo do desconhecido se misturava com uma determinação fervorosa de buscar respostas. Sarah, com os olhos marejados, recolheu cuidadosamente as cartas e as guardou numa caixa de madeira antiga, cujo interior era forrado com tecido de veludo escuro. Cada carta ali guardada era um testemunho de seus inúmeros encontros com o sobrenatural, mas jamais aquela leitura fora tão intensa e reveladora.Ao se levantar devagar, sentiu o peso da responsabilidade sobre seus ombros. Ela sabia que o caminho que se abria diante dela estava repleto de perigos, mas também de verdades que poderiam salvar o que ela amava. Determinado a encontrar um sinal, Sarah se dirigiu à pequena janela do quarto, de onde podia ver o céu noturno salpicado de estrelas. O luar banhava o ambiente com uma luz prateada que tornava cada objeto familiar em algo quase etéreo. Ela fechou os olhos por um momento, tentando ouvir o sussurro do ve
— Não sei, Guillaume. Enquanto fazia uma leitura, algo... algo incomum aconteceu. As cartas revelaram presságios sobre Clarice, e ouvi uma voz, uma voz poderosa que me ordenava a parar de buscar respostas. Mas uma das cartas, a Sacerdotisa, caiu sozinha, como se quisesse que eu prosseguisse. — confessou Sarah, os olhos marejados pela tensão e pela revelação.Guillaume assentiu lentamente, compreendendo a profundidade do que Sarah enfrentava. A mulher, conhecida por sua sabedoria ancestral, já havia presenciado sinais semelhantes em tempos remotos.— As mensagens dos deuses e das forças ocultas são sempre enigmáticas. Talvez Celeste esteja te mostrando que ela é o caminho e você deveria seguir ela, ou talvez esteja protegendo algo que não deve ser perturbado. Mas a presença da Sacerdotisa... isso indica que o caminho para a verdade está sendo aberto, mas com alguma outra entidade. Talvez seja melhor parar de correr atrás. O olhar de Sarah se fixou e por um instante, ambos compartilhar
Com a determinação renovada, Sarah pegou seu caderno e começou a escrever, traçando planos e registrando cada detalhe daquela revelação. Ela sabia que o caminho seria árduo, que enfrentaria não apenas os perigos do mundo material, mas também as sombras que habitavam os recantos mais profundos do plano astral. No entanto, a promessa de que a verdade libertaria a todos a impulsionava adiante, como uma chama que jamais se extinguiria.Enquanto o dia se transformava em uma tarde fria e silenciosa, Sarah saiu da casa para recolher algumas ervas que utilizaria no feitiço de projeção astral.Os dias seguintes passaram em um turbilhão de preparativos e consultas espirituais, enquanto Sarah continuava a aprofundar seus estudos sobre os presságios. Cada leitura, cada consulta com os antigos grimórios, a fazia perceber que o destino estava traçando um caminho inescapável. A deusa Celeste, com sua voz imponente e ordenadora, parecia querer interromper os estudos, mas também a testava, exigindo qu