— Não sei, Guillaume. Enquanto fazia uma leitura, algo... algo incomum aconteceu. As cartas revelaram presságios sobre Clarice, e ouvi uma voz, uma voz poderosa que me ordenava a parar de buscar respostas. Mas uma das cartas, a Sacerdotisa, caiu sozinha, como se quisesse que eu prosseguisse. — confessou Sarah, os olhos marejados pela tensão e pela revelação.Guillaume assentiu lentamente, compreendendo a profundidade do que Sarah enfrentava. A mulher, conhecida por sua sabedoria ancestral, já havia presenciado sinais semelhantes em tempos remotos.— As mensagens dos deuses e das forças ocultas são sempre enigmáticas. Talvez Celeste esteja te mostrando que ela é o caminho e você deveria seguir ela, ou talvez esteja protegendo algo que não deve ser perturbado. Mas a presença da Sacerdotisa... isso indica que o caminho para a verdade está sendo aberto, mas com alguma outra entidade. Talvez seja melhor parar de correr atrás. O olhar de Sarah se fixou e por um instante, ambos compartilhar
Com a determinação renovada, Sarah pegou seu caderno e começou a escrever, traçando planos e registrando cada detalhe daquela revelação. Ela sabia que o caminho seria árduo, que enfrentaria não apenas os perigos do mundo material, mas também as sombras que habitavam os recantos mais profundos do plano astral. No entanto, a promessa de que a verdade libertaria a todos a impulsionava adiante, como uma chama que jamais se extinguiria.Enquanto o dia se transformava em uma tarde fria e silenciosa, Sarah saiu da casa para recolher algumas ervas que utilizaria no feitiço de projeção astral.Os dias seguintes passaram em um turbilhão de preparativos e consultas espirituais, enquanto Sarah continuava a aprofundar seus estudos sobre os presságios. Cada leitura, cada consulta com os antigos grimórios, a fazia perceber que o destino estava traçando um caminho inescapável. A deusa Celeste, com sua voz imponente e ordenadora, parecia querer interromper os estudos, mas também a testava, exigindo qu
O dia despontava preguiçoso, tingindo o céu com tons suaves de laranja e rosa. No interior da casa que servia de refúgio, Clarck e Clarice encontravam um raro momento de intimidade na calmaria da manhã. Sentados à mesa de café, os dois desfrutavam de uma refeição simples e nutritiva. O aroma do café recém-passado misturava-se ao perfume de ervas e flores que Clarice, sempre atenta aos detalhes, usava para temperar o ambiente.— Você sabe, Clarice, tenho refletido bastante sobre o que discutimos na última reunião – começou Clarck, com a voz mansa, enquanto tomava um gole do café quente que parecia aquecer não só o corpo, mas também a alma. Seus olhos, de um âmbar penetrante, encontravam os de Clarice com uma intimidade silenciosa.Clarice, que sempre fora sensível às nuances das conversas, inclinou a cabeça, fazendo com que a luz matinal ressaltasse os traços delicados de seu rosto.— Sim, Clarck. Integrar os lobos do assentamento à nossa alcateia pode ser exatamente o que precisamos –
Naquele instante, num dos recantos mais tranquilos da casa, Clarice e Clarck encontraram um raro momento de calma. Sentados lado a lado em uma pedra que dava para a floresta, eles compartilharam um café fresco e conversaram sobre os sentimentos que os uniam e os desafios que se apresentavam.— Às vezes, sinto que nosso amor é o único farol em meio à escuridão que nos cerca – confidenciou Clarice, seus olhos refletindo tanto o calor do sol da manhã quanto a vulnerabilidade de seu coração. — Sei que o caminho à nossa frente está repleto de perigos, mas, se conseguirmos unir nossas forças e superar a maldição que assola nosso filho, nada poderá nos deter.Clarck, tocado pela sinceridade de suas palavras, apertou as mãos dela com firmeza e respondeu:— Minha querida, nosso amor sempre foi nossa maior força. Mesmo que as sombras se adentrem, sei que juntos encontraremos a luz. E quanto à integração com os lobos do assentamento, tenho certeza de que essa união trará uma nova era para a Garr
A reunião havia chegado a um ponto crucial. Clarck, Clarice, Gael e Ravier estavam reunidos em torno de uma mesa de madeira com uma ponta quebrada, cuja superfície exibia entalhes que mostravam o sinal do tempo e de batalhas travadas. As luzes suaves dos candelabros lançavam sombras dançantes sobre os rostos tensos dos presentes, enquanto o ar carregava a tensão de decisões que poderiam mudar o rumo da história.Após longas discussões sobre a integração dos lobos do assentamento à Garra Sangrenta e os riscos representados pela maldição que afligia o filho de Clarice e Clarck, finalmente chegaram a um consenso. A união dos dois grupos seria feita assim que o grupo saísse em busca do irmão, com Ravier comandando a grande massa de lobos até a matilha de Garra Sangrenta, apresentando uma carta a punho de seu líder, Clarck, enviada diretamente para John.Enquanto Gael delineava os detalhes finais da missão com voz firme e grave, Clarice escutava com o olhar fixo e um misto de determinação
O céu estrelado ao redor começou a mudar. As constelações, antes cintilantes, foram gradualmente engolidas por uma escuridão profunda e inquietante. Foi nesse instante que a atmosfera se encheu de uma tensão sobrenatural, e outra figura começou a emergir das sombras que se formavam. Com uma elegância ameaçadora, uma mulher de pele completamente negra, cabelos negros como a noite sem luar e olhos prateados cintilantes apareceu diante de Clarice e Celeste. Seu vestido, que se confundia com sua pele escura, era pontilhado por minúsculas estrelas, como se ela carregasse consigo a noite em si.Essa nova deusa, conhecida como Sidônia, a deusa da Umbra, observou a cena com um olhar feroz e determinado. Seus lábios se curvaram em um meio sorriso, mas seu semblante denunciava uma fúria contida. Dirigiu-se a Celeste com voz cortante:– Irmã, chega! – gritou Sidônia, aproximando-se com passos firmes e quase imperiais. – Você ousa manipular o destino de Clarice, tentando forçá-la a abandonar seu
– Eu... eu vi a deusa de Gael. Eu vi sua divindade, sua essência. E ela me olhou com tanta compaixão que, por um breve instante, senti que, talvez, houvesse esperança para nós. Mas, ao mesmo tempo, o que presenciei com Celeste e Sidônia... isso mudou tudo. Eu preciso compreender o que significa. Preciso entender como posso deixar o passado para trás e, assim, ajudar a quebrar essa maldição que nos aflige.Clarck, com lágrimas contidas, beijou novamente sua amada e disse:– Não fique assim, Clarice. Juntos encontraremos as respostas. Se há uma deusa nova, então também há poder para nos guiar e curar. Você é forte e foi escolhida para enfrentar este desafio. Prometo que ficarei ao seu lado em cada passo dessa jornada.Gael assentiu, e com um olhar profundo, completou:– A visão que você teve é um sinal. Celeste e Sidônia travaram uma batalha que reflete os conflitos internos de nosso destino. Mas, acima de tudo, sua experiência é um chamado para que possamos reavaliar nossos laços, noss
– Clarck… – murmurou ela, a voz fraca, enquanto seus olhos vagavam pela sala, procurando por algo familiar. – Eu… eu vi… vi algo... uma deusa…Clarck, com um suspiro aliviado e um olhar que misturava amor e preocupação, apertou sua mão e sussurrou:– Minha querida, você voltou. Fique comigo. O que você viu?Clarice, ainda tentando organizar os pensamentos que se aglomeravam em sua mente, fechou os olhos por um breve instante, como se quisesse recuperar as lembranças do que acabara de vivenciar. Num fio de voz, ela finalmente começou a relatar o inexplicável:– Eu estava... eu estava em um lugar onde o céu era um manto de estrelas e a lua brilhava com intensidade inumana. Lá, encontrei Celeste, a deusa da Lua, que me falou de deixar o passado para trás – disse ela, com lágrimas contidas, enquanto suas lembranças se misturavam com o torpor da experiência. – Mas então, algo aconteceu. Eu vi... eu vi a deusa com sua pele negra como a noite e seus olhos prateados que cintilavam como estrel