Naquele instante, num dos recantos mais tranquilos da casa, Clarice e Clarck encontraram um raro momento de calma. Sentados lado a lado em uma pedra que dava para a floresta, eles compartilharam um café fresco e conversaram sobre os sentimentos que os uniam e os desafios que se apresentavam.— Às vezes, sinto que nosso amor é o único farol em meio à escuridão que nos cerca – confidenciou Clarice, seus olhos refletindo tanto o calor do sol da manhã quanto a vulnerabilidade de seu coração. — Sei que o caminho à nossa frente está repleto de perigos, mas, se conseguirmos unir nossas forças e superar a maldição que assola nosso filho, nada poderá nos deter.Clarck, tocado pela sinceridade de suas palavras, apertou as mãos dela com firmeza e respondeu:— Minha querida, nosso amor sempre foi nossa maior força. Mesmo que as sombras se adentrem, sei que juntos encontraremos a luz. E quanto à integração com os lobos do assentamento, tenho certeza de que essa união trará uma nova era para a Garr
A reunião havia chegado a um ponto crucial. Clarck, Clarice, Gael e Ravier estavam reunidos em torno de uma mesa de madeira com uma ponta quebrada, cuja superfície exibia entalhes que mostravam o sinal do tempo e de batalhas travadas. As luzes suaves dos candelabros lançavam sombras dançantes sobre os rostos tensos dos presentes, enquanto o ar carregava a tensão de decisões que poderiam mudar o rumo da história.Após longas discussões sobre a integração dos lobos do assentamento à Garra Sangrenta e os riscos representados pela maldição que afligia o filho de Clarice e Clarck, finalmente chegaram a um consenso. A união dos dois grupos seria feita assim que o grupo saísse em busca do irmão, com Ravier comandando a grande massa de lobos até a matilha de Garra Sangrenta, apresentando uma carta a punho de seu líder, Clarck, enviada diretamente para John.Enquanto Gael delineava os detalhes finais da missão com voz firme e grave, Clarice escutava com o olhar fixo e um misto de determinação
O céu estrelado ao redor começou a mudar. As constelações, antes cintilantes, foram gradualmente engolidas por uma escuridão profunda e inquietante. Foi nesse instante que a atmosfera se encheu de uma tensão sobrenatural, e outra figura começou a emergir das sombras que se formavam. Com uma elegância ameaçadora, uma mulher de pele completamente negra, cabelos negros como a noite sem luar e olhos prateados cintilantes apareceu diante de Clarice e Celeste. Seu vestido, que se confundia com sua pele escura, era pontilhado por minúsculas estrelas, como se ela carregasse consigo a noite em si.Essa nova deusa, conhecida como Sidônia, a deusa da Umbra, observou a cena com um olhar feroz e determinado. Seus lábios se curvaram em um meio sorriso, mas seu semblante denunciava uma fúria contida. Dirigiu-se a Celeste com voz cortante:– Irmã, chega! – gritou Sidônia, aproximando-se com passos firmes e quase imperiais. – Você ousa manipular o destino de Clarice, tentando forçá-la a abandonar seu
– Eu... eu vi a deusa de Gael. Eu vi sua divindade, sua essência. E ela me olhou com tanta compaixão que, por um breve instante, senti que, talvez, houvesse esperança para nós. Mas, ao mesmo tempo, o que presenciei com Celeste e Sidônia... isso mudou tudo. Eu preciso compreender o que significa. Preciso entender como posso deixar o passado para trás e, assim, ajudar a quebrar essa maldição que nos aflige.Clarck, com lágrimas contidas, beijou novamente sua amada e disse:– Não fique assim, Clarice. Juntos encontraremos as respostas. Se há uma deusa nova, então também há poder para nos guiar e curar. Você é forte e foi escolhida para enfrentar este desafio. Prometo que ficarei ao seu lado em cada passo dessa jornada.Gael assentiu, e com um olhar profundo, completou:– A visão que você teve é um sinal. Celeste e Sidônia travaram uma batalha que reflete os conflitos internos de nosso destino. Mas, acima de tudo, sua experiência é um chamado para que possamos reavaliar nossos laços, noss
– Clarck… – murmurou ela, a voz fraca, enquanto seus olhos vagavam pela sala, procurando por algo familiar. – Eu… eu vi… vi algo... uma deusa…Clarck, com um suspiro aliviado e um olhar que misturava amor e preocupação, apertou sua mão e sussurrou:– Minha querida, você voltou. Fique comigo. O que você viu?Clarice, ainda tentando organizar os pensamentos que se aglomeravam em sua mente, fechou os olhos por um breve instante, como se quisesse recuperar as lembranças do que acabara de vivenciar. Num fio de voz, ela finalmente começou a relatar o inexplicável:– Eu estava... eu estava em um lugar onde o céu era um manto de estrelas e a lua brilhava com intensidade inumana. Lá, encontrei Celeste, a deusa da Lua, que me falou de deixar o passado para trás – disse ela, com lágrimas contidas, enquanto suas lembranças se misturavam com o torpor da experiência. – Mas então, algo aconteceu. Eu vi... eu vi a deusa com sua pele negra como a noite e seus olhos prateados que cintilavam como estrel
A reunião tinha sido convocada num salão pequeno e enquanto os líderes debatiam os últimos detalhes da missão, Clarice, sentada em uma cadeira de madeira rústica, começava a sentir novamente o peso de suas visões. Aos poucos, sua visão turvou e o mundo ao seu redor começou a girar de forma desconcertante.De repente, no meio de uma das falas de Gael sobre a importância da união dos povos, Clarice sentiu uma fraqueza insuportável tomar conta de seu corpo. Seu rosto empalideceu e, sem aviso, ela desmaiou. Um silêncio horrorizado tomou conta da sala enquanto Clarck imediatamente se levantava, chamando seu nome com desespero.– Clarice! – gritava ele, enquanto Ravier e Gael se aproximavam, suas expressões revelando uma mistura de pânico e preocupação. Mas, ao mesmo tempo, algo estranho acontecia: o ambiente ao redor de Clarice começou a se transformar.No exato instante em que seus olhos se fecharam, Clarice sentiu como se fosse sugada para fora do salão. Ela não percebeu a transição; tud
Clarck, com a voz embargada, murmurou:– Minha querida, sua visão é um sinal. Nós precisamos compreender que, embora o passado carregue dores, ele também construiu quem somos. Mas, se há uma chance de cura, de libertação, então devemos nos unir e enfrentar esse destino. Sua coragem em enfrentar o que viu é a luz que nos guiará.Gael, com um olhar que oscilava entre a compaixão e a responsabilidade, acrescentou:– O que você vivenciou, Clarice, é uma manifestação do poder dos deuses em nosso mundo. Celeste e Sidônia travam uma batalha que reflete os conflitos internos do universo, e, através disso, nos enviam mensagens. Se você viu a deusa de Gael, então há uma proteção maior nos envolvendo. Precisamos interpretar esses sinais para que possamos agir com sabedoria e não apenas com medo.Enquanto as palavras ecoavam, Clarice sentiu uma paz tênue, como se a turbulência que a acometera lentamente se dissipasse, deixando espaço para a esperança. Ela olhou para Clarck e, com uma voz que mist
Sob os últimos raios de sol, o quarto de Sarah transformava-se num santuário mágico. Num canto discreto e isolado, ela preparava seu ritual de projeção astral com uma devoção silenciosa e determinada. As paredes, cobertas por tapeçarias antigas e runas que ela havia desenhado em papel e pendurado nas paredes, absorviam a energia que se acumulava no ar. No centro do pequeno altar, cuidadosamente montado sobre uma mesa de madeira rústica, repousavam velas, incensos e uma seleção de ervas escolhidas com esmero.Quatro velas de cera branca e dourada eram dispostas em um quadrado perfeito. Cada chama tremeluzente refletia não apenas a luz da lua que espreitava pela janela, mas também a esperança e o desejo de Sarah de estabelecer uma conexão além do mundo físico. Ao lado das velas, pequenos saquinhos de tecido continham ervas aromáticas: um punhado de alecrim para clareza mental, folhas de sálvia para purificação, arruda para afastar energias negativas e um toque de manjericão e canela, qu