– Clarck… – murmurou ela, a voz fraca, enquanto seus olhos vagavam pela sala, procurando por algo familiar. – Eu… eu vi… vi algo... uma deusa…Clarck, com um suspiro aliviado e um olhar que misturava amor e preocupação, apertou sua mão e sussurrou:– Minha querida, você voltou. Fique comigo. O que você viu?Clarice, ainda tentando organizar os pensamentos que se aglomeravam em sua mente, fechou os olhos por um breve instante, como se quisesse recuperar as lembranças do que acabara de vivenciar. Num fio de voz, ela finalmente começou a relatar o inexplicável:– Eu estava... eu estava em um lugar onde o céu era um manto de estrelas e a lua brilhava com intensidade inumana. Lá, encontrei Celeste, a deusa da Lua, que me falou de deixar o passado para trás – disse ela, com lágrimas contidas, enquanto suas lembranças se misturavam com o torpor da experiência. – Mas então, algo aconteceu. Eu vi... eu vi a deusa com sua pele negra como a noite e seus olhos prateados que cintilavam como estrel
A reunião tinha sido convocada num salão pequeno e enquanto os líderes debatiam os últimos detalhes da missão, Clarice, sentada em uma cadeira de madeira rústica, começava a sentir novamente o peso de suas visões. Aos poucos, sua visão turvou e o mundo ao seu redor começou a girar de forma desconcertante.De repente, no meio de uma das falas de Gael sobre a importância da união dos povos, Clarice sentiu uma fraqueza insuportável tomar conta de seu corpo. Seu rosto empalideceu e, sem aviso, ela desmaiou. Um silêncio horrorizado tomou conta da sala enquanto Clarck imediatamente se levantava, chamando seu nome com desespero.– Clarice! – gritava ele, enquanto Ravier e Gael se aproximavam, suas expressões revelando uma mistura de pânico e preocupação. Mas, ao mesmo tempo, algo estranho acontecia: o ambiente ao redor de Clarice começou a se transformar.No exato instante em que seus olhos se fecharam, Clarice sentiu como se fosse sugada para fora do salão. Ela não percebeu a transição; tud
Clarck, com a voz embargada, murmurou:– Minha querida, sua visão é um sinal. Nós precisamos compreender que, embora o passado carregue dores, ele também construiu quem somos. Mas, se há uma chance de cura, de libertação, então devemos nos unir e enfrentar esse destino. Sua coragem em enfrentar o que viu é a luz que nos guiará.Gael, com um olhar que oscilava entre a compaixão e a responsabilidade, acrescentou:– O que você vivenciou, Clarice, é uma manifestação do poder dos deuses em nosso mundo. Celeste e Sidônia travam uma batalha que reflete os conflitos internos do universo, e, através disso, nos enviam mensagens. Se você viu a deusa de Gael, então há uma proteção maior nos envolvendo. Precisamos interpretar esses sinais para que possamos agir com sabedoria e não apenas com medo.Enquanto as palavras ecoavam, Clarice sentiu uma paz tênue, como se a turbulência que a acometera lentamente se dissipasse, deixando espaço para a esperança. Ela olhou para Clarck e, com uma voz que mist
Sob os últimos raios de sol, o quarto de Sarah transformava-se num santuário mágico. Num canto discreto e isolado, ela preparava seu ritual de projeção astral com uma devoção silenciosa e determinada. As paredes, cobertas por tapeçarias antigas e runas que ela havia desenhado em papel e pendurado nas paredes, absorviam a energia que se acumulava no ar. No centro do pequeno altar, cuidadosamente montado sobre uma mesa de madeira rústica, repousavam velas, incensos e uma seleção de ervas escolhidas com esmero.Quatro velas de cera branca e dourada eram dispostas em um quadrado perfeito. Cada chama tremeluzente refletia não apenas a luz da lua que espreitava pela janela, mas também a esperança e o desejo de Sarah de estabelecer uma conexão além do mundo físico. Ao lado das velas, pequenos saquinhos de tecido continham ervas aromáticas: um punhado de alecrim para clareza mental, folhas de sálvia para purificação, arruda para afastar energias negativas e um toque de manjericão e canela, qu
Após retornar de sua viagem, Sarah se preparava para tecer um feitiço de proteção para o grupo que logo partiria em uma jornada arriscada. O ambiente estava imerso num nascer dourado que se infiltrava pelas janelas, projetando sombras alongadas e dançantes sobre as paredes de pedra antiga. Em uma mesa de carvalho polido, dispostos com precisão e reverência, repousavam diversos elementos sagrados que seriam essenciais para o ritual.Primeiro, Sarah arrumou com cuidado um pequeno punhado de ervas escolhidas a dedo: folhas frescas de alecrim para a clareza da mente, sálvia para a purificação espiritual, arruda para afastar energias negativas e um toque de manjericão que simbolizava a proteção e a prosperidade. Cada folha exalava um aroma terroso e revitalizante, misturando-se ao perfume doce do incenso de mirra que ela acendera previamente em um suporte de prata entalhada.Ao lado das ervas, repousavam alguns cristais cuidadosamente selecionados: ametista, para a paz e a espiritualidade;
Ela se dirigiu para a porta, abrindo-a suavemente e deixando que a luz dourada do nascer do sol entrasse em seu aposento. O ar fresco e puro da manhã a envolveu, trazendo consigo o perfume das flores silvestres que cresciam ao redor da clareira. Sarah respirou fundo, permitindo que a tranquilidade se instalasse em seu ser. A clareira que cercava sua casa era um lugar sagrado, repleto de árvores centenárias que pareciam sussurrar segredos antigos, e ela sentia que precisava ouvir suas vozes uma vez mais antes de partir.Seguindo por um caminho de pedras, Sarah se deixou guiar pelo som suave do vento entre as folhas. Cada passo a levava para mais perto do coração da floresta, onde o sol se filtrava através das copas das árvores, criando um espetáculo de luz e sombra. Ali, em meio à natureza, ela se sentou sob uma grande árvore, suas raízes se estendendo como braços protetores ao redor dela.Enquanto se acomodava, lembrou-se dos desafios que aguardavam o grupo. A jornada que estavam pres
Gael estava de pé, sob a luz tênue do amanhecer, quando se despediu de Ravier. A brisa fria do início do dia fazia dançar os fios de cabelo dele, enquanto o olhar fixo no horizonte revelava tanto a determinação quanto a melancolia que habitava seu coração. Ravier, com a postura altiva e os olhos profundos marcados por inúmeras batalhas, aproximou-se e apertou a mão de Gael com firmeza, apesar de ser mais velho, sempre respeitou muito seu líder, e mesmo agora, prestes a se unirem a uma nova alcateia, seu respeito por Gael ainda era o mesmo. — Ravier — disse Gael com a voz embargada, mas firme, — eu vou com Clarice e Clarck procurar o irmão dela, a nossa deusa confirmou que ele está vivo. Esse é meu papel agora, leve nosso pessoal para a alcateia garra sangrenta, finalmente voltaremos a fazer parte de uma alcateia.O mais velho, que tinha uma expressão de felicidade, mas também preocupação, afinal, tinha medo que os lobos não aceitassem bem o grupo, além de ter muito medo de Gael não r
Ao cair da noite, quando o sol se pôs por completo e a lua começou a emergir timidamente entre as nuvens, o grupo encontrou refúgio em uma floresta densa. A luz prateada filtrava-se pelas copas das árvores, criando um ambiente de mistério. Decidiram montar acampamento em uma clareira isolada, onde o solo era macio e o murmúrio da natureza se fazia mais suave, quase como uma canção de ninar para almas inquietas.Enquanto Clarice e Gael organizavam o fogo, Clarck vasculhava os arredores com olhar atento, sempre em busca de qualquer sinal de perigo. A tensão era palpável, pois sabiam que, mesmo neste lugar aparentemente sereno, a ameaça dos renegados poderia se manifestar a qualquer instante. O crepitar das chamas misturava-se aos sussurros do vento, compondo uma trilha sonora que os acompanhava em seus pensamentos.Foi então que, no silêncio quase absoluto da noite, Clarck parou de repente. Seus olhos se estreitaram e sua respiração tornou-se mais profunda. Ele sentiu, com a precisão de