— Ela parece mais tranquila — comentou Sarah, cruzando os braços enquanto observava as crianças. — Você leva jeito com crianças. — Sim, mas ainda está assustada. Vai levar um tempo até que ela se sinta completamente segura. — Clarice suspirou. — Acho que levar as crianças para o esconderijo será o melhor. Não podemos correr riscos.Sarah assentiu.— Celeste me contou sobre o plano, eu vou com vocês. Sirius vai levar a gente. — Você e Sirius parecem bem próximos, hm? — a pergunta de Clarice foi um pouco maliciosa. Sarah ficou vermelha, dando um riso nervoso antes de responder:— Não é nada demais, não me olha assim. Vamos falar sobre o que é importante, esse bicho que está vindo atrás da gente. Clarice olhou para Sarah com seriedade.— Precisamos estar prontas. Não podemos permitir que ninguém seja deixado para trás.Sarah colocou a mão no ombro de Clarice, como se quisesse transmitir um pouco de força.— Não vamos falhar. Estamos juntas nessa.***Depois de se despedir de Sarah, C
O retorno de Lunna à alcatéia foi marcado pelo silêncio reverente. Lobos, tanto em forma humana quanto transformados, pararam o que estavam fazendo e se curvaram quando a viram passar. Era um gesto instintivo, um respeito que transcendia hierarquias. Era raro, quase impossível, ver uma loba mãe caminhando entre eles, e a presença de Lunna era um lembrete vivo da força que guiava o destino da alcatéia.Lunna manteve a cabeça erguida, os olhos fixos à frente, mas em seu interior, Clarice podia sentir o peso das emoções.“Ainda parece surreal, não é?”, disse Clarice, mentalmente.“Eles veem mais do que nós mesmas às vezes, Clarice. Para eles, somos um símbolo… Mas nós sabemos que somos carne e osso, que nos machucamos e morremos”, respondeu Lunna.Poucos minutos depois, Clarck apareceu. Ele vinha de uma reunião com Sirius e Jhon, ainda carregando o ar sério e tenso de um líder em constante alerta. Estava em forma humana, vestindo uma camisa preta simples e calças de tecido grosso, mas su
A tensão no ar era quase palpável quando Clarice, Clarck e Jhon chegaram à casa da alcatéia. O som de passos apressados ecoava pelo terreno a frente da grande casa, lobos em forma humana e transformados caminhavam de um lado para o outro, murmurando entre si, alguns preparavam armadilhas, outros abraçavam seus filhos. O medo era evidente em cada expressão, mas havia também determinação — estavam decididos a proteger suas terras e suas famílias com tudo o que tinham.As crianças, mulheres grávidas e os membros mais frágeis já estavam sendo agrupados. Alguns choravam silenciosamente, enquanto outros olhavam em volta, tentando manter a calma para não alarmar os pequenos. Clarice sentiu o coração apertar ao ver tantas expressões de medo e desespero, aquele era seu povo, tudo o que ela queria era protege-lo.“Vamos conseguir protegê-los, Clarice, é nosso papel”, a voz de Lunna ecoou em sua mente. Sarah foi a primeira a se aproximar, seguida por Sirius e Edla. Sarah tinha os olhos semicerr
A floresta estava silenciosa, sequer os grilos faziam barulho, parecia que a própria mata sabia o peso do que estava prestes a acontecer. Algumas folhas farfalhavam sobre os passos firmes das criaturas que cortavam o terreno dos renegados em direção a única matilha da região, a única que havia restado, e agora eles estavam ali para terminar o trabalho e, finalmente, conseguir o que queriam. A maioria dos Lycans estavam transformados, quando a lua nasce, eles não tinham opção a não ser se entregar a selvageria, exceto um deles, Connan. O alfa era o único que não era afetado pela maldição, ao menos não daquela forma, sua maldição era muito pior do que qualquer outra, viver a eternidade como um monstro, apodrecendo lentamente, mas sem nunca morrer. Seu lobo e ele tinham quase mil anos de idade, mas enquanto Connan mantinha a aparência bonita, o físico musculoso e a única marca de sua maldição era a lua talhada em seu peito, Ragnar, seu lobo, apodrecia ano após ano. Já não tinha pelos,
— Estão muito perto, Clarck! — Sirius disse, apoiando a mão no ombro do seu alfa e amigo, suspirando pesadamente. — É agora. — Vamos conseguir — Jhon afirmou, assentindo. Os três se encararam por um momento e, apesar das palavras de confiança, sentiam um peso, como se, assim como aconteceu com as demais alcateias, aquela terra fosse se tornar suas covas. Sabiam que haviam grandes chances de morrer, só torciam para que aguentassem tempo o bastante para que os outros chegassem ao esconderijo das montanhas. — Vamos ganhar o máximo de tempo que conseguirmos — Clarck afirmou, e os três seguraram nos ombros uns dos outros. — Foi um prazer ser o alfa de vocês. — Isso não é uma despedida, cara — Sirius falou, apertando o ombro do alfa e sorrindo. — Mas foi um prazer estar nesta alcateia, você é meu irmão. — Vocês são família para mim — Jhon disse, sorrindo. — Agora vamos proteger nossas garotas e por aqueles idiotas para correr daqui.Todos os lobos restantes já estavam em suas formas lu
Quando os lycans chegaram finalmente a alcateia garra sangrenta, todos já estavam prontos, inclusive seu alfa. A vista, não havia ninguém além de Dorian, o grande loo negro estava de pé no meio do jardim, a frente da casa da alcateia, as patas afundadas sobre a terra, sentindo a vibração do solo a medida que os inimigos se aproximavam. Lycans menores chegaram primeiro, mas não cruzaram a linha para se aproximar do alfa, esperando que o seu próprio surgisse. Eles encaravam o lobo com fome e fúria, pareciam prontos para destroçar Dorian sem o menor receio, sem medo algum, eram apenas animais seguindo instintos e obedecendo a seu mestre. Então ele surgiu, mas antes dele, um odor de podridão que fez o nariz de Dorian arder, então, ele o viu. O lycan era muito maior do que os outros, muito maior que o próprio Dorian, e não parecia tão selvagem e descontrolado quanto os outros, na verdade, seus olhos eram quase humanos. “Eu sou Ragnar”, a voz gutural ecoou diretamente na mente de Dorian
Neste momento, o alfa atacou, coordenado a seus dois companheiros, eles afundaram seus dentes nos ombros de Ragnar. Por um momento, houve uma luz de esperança. Mas o primeiro a ser arrancado dali foi Konan, arremessado contra uma arvore ao longe. Dorian também foi jogado para longe e, quando Ragnar alcançou Melbor, ele rosnou, erguendo o lobo de pelagem castanha, agora coberto de sangue, e olhando para Dorian. “Isso é culpa sua, alfa, poderíamos ter seguido por outro caminho”, então, ele torceu o pescoço do lobo em suas mãos, joando-o longe, já sem vida, fazendo Konnan e Dorian uivarem em dor e desespero. Haviam pedido um irmão, mais um. Mas não podiam parar, não podiam chorar seus mortos agora, não tinham tempo, não tinham segurança para isso. ***Longe dali, o uivo fez Lunna mexer as orelhas. Ela estava sentindo o cheiro de sangue sendo levado pela brisa de Pinewood, ouvia, mesmo que ao longe, os clamores da guerra, mas aquele uivo era o uivo de que algo havia dado terrivelment
Ragnar estava machucado, sentia sua carne pulsando de dor, seu sangue pútrido e negro escorrendo por seus ombros e braços, tantas mordidas, tantos arranhões, mas não estava nem perto de estar morto, agora a verdadeira batalha iria começar, pois seu verdadeiro oponente havia chegado. A loba mãe. Lunna o olhava com voracidade, coragem,mas também analisava cada passo, e Ragnar achava aquilo encantador, não esperaria menos de uma criação tão próxima a Celeste, sim, sua deusa… O lycan balançou a cabeça, empurrando para longe as lembranças e seu passado com a deusa da lua, afinal, ele foi o que causou sua maldição, aquele passado, aquela conexão. “Se vai se recusar, vou ter que levá-la a força!”, dito isto, ele atacou, decidido a cumprir o que foi até ali para fazer. Precisava ser rápido, a noite era seu prazo, afinal, diferente dos lobos, os lycans tinham apenas o cair da noite para estarem em sua forma lupina, mais uma das consequências de sua maldição. Mas Ragnar não era o único ansi