A floresta estava silenciosa, sequer os grilos faziam barulho, parecia que a própria mata sabia o peso do que estava prestes a acontecer. Algumas folhas farfalhavam sobre os passos firmes das criaturas que cortavam o terreno dos renegados em direção a única matilha da região, a única que havia restado, e agora eles estavam ali para terminar o trabalho e, finalmente, conseguir o que queriam. A maioria dos Lycans estavam transformados, quando a lua nasce, eles não tinham opção a não ser se entregar a selvageria, exceto um deles, Connan. O alfa era o único que não era afetado pela maldição, ao menos não daquela forma, sua maldição era muito pior do que qualquer outra, viver a eternidade como um monstro, apodrecendo lentamente, mas sem nunca morrer. Seu lobo e ele tinham quase mil anos de idade, mas enquanto Connan mantinha a aparência bonita, o físico musculoso e a única marca de sua maldição era a lua talhada em seu peito, Ragnar, seu lobo, apodrecia ano após ano. Já não tinha pelos,
— Estão muito perto, Clarck! — Sirius disse, apoiando a mão no ombro do seu alfa e amigo, suspirando pesadamente. — É agora. — Vamos conseguir — Jhon afirmou, assentindo. Os três se encararam por um momento e, apesar das palavras de confiança, sentiam um peso, como se, assim como aconteceu com as demais alcateias, aquela terra fosse se tornar suas covas. Sabiam que haviam grandes chances de morrer, só torciam para que aguentassem tempo o bastante para que os outros chegassem ao esconderijo das montanhas. — Vamos ganhar o máximo de tempo que conseguirmos — Clarck afirmou, e os três seguraram nos ombros uns dos outros. — Foi um prazer ser o alfa de vocês. — Isso não é uma despedida, cara — Sirius falou, apertando o ombro do alfa e sorrindo. — Mas foi um prazer estar nesta alcateia, você é meu irmão. — Vocês são família para mim — Jhon disse, sorrindo. — Agora vamos proteger nossas garotas e por aqueles idiotas para correr daqui.Todos os lobos restantes já estavam em suas formas lu
Quando os lycans chegaram finalmente a alcateia garra sangrenta, todos já estavam prontos, inclusive seu alfa. A vista, não havia ninguém além de Dorian, o grande loo negro estava de pé no meio do jardim, a frente da casa da alcateia, as patas afundadas sobre a terra, sentindo a vibração do solo a medida que os inimigos se aproximavam. Lycans menores chegaram primeiro, mas não cruzaram a linha para se aproximar do alfa, esperando que o seu próprio surgisse. Eles encaravam o lobo com fome e fúria, pareciam prontos para destroçar Dorian sem o menor receio, sem medo algum, eram apenas animais seguindo instintos e obedecendo a seu mestre. Então ele surgiu, mas antes dele, um odor de podridão que fez o nariz de Dorian arder, então, ele o viu. O lycan era muito maior do que os outros, muito maior que o próprio Dorian, e não parecia tão selvagem e descontrolado quanto os outros, na verdade, seus olhos eram quase humanos. “Eu sou Ragnar”, a voz gutural ecoou diretamente na mente de Dorian
Neste momento, o alfa atacou, coordenado a seus dois companheiros, eles afundaram seus dentes nos ombros de Ragnar. Por um momento, houve uma luz de esperança. Mas o primeiro a ser arrancado dali foi Konan, arremessado contra uma arvore ao longe. Dorian também foi jogado para longe e, quando Ragnar alcançou Melbor, ele rosnou, erguendo o lobo de pelagem castanha, agora coberto de sangue, e olhando para Dorian. “Isso é culpa sua, alfa, poderíamos ter seguido por outro caminho”, então, ele torceu o pescoço do lobo em suas mãos, joando-o longe, já sem vida, fazendo Konnan e Dorian uivarem em dor e desespero. Haviam pedido um irmão, mais um. Mas não podiam parar, não podiam chorar seus mortos agora, não tinham tempo, não tinham segurança para isso. ***Longe dali, o uivo fez Lunna mexer as orelhas. Ela estava sentindo o cheiro de sangue sendo levado pela brisa de Pinewood, ouvia, mesmo que ao longe, os clamores da guerra, mas aquele uivo era o uivo de que algo havia dado terrivelment
Ragnar estava machucado, sentia sua carne pulsando de dor, seu sangue pútrido e negro escorrendo por seus ombros e braços, tantas mordidas, tantos arranhões, mas não estava nem perto de estar morto, agora a verdadeira batalha iria começar, pois seu verdadeiro oponente havia chegado. A loba mãe. Lunna o olhava com voracidade, coragem,mas também analisava cada passo, e Ragnar achava aquilo encantador, não esperaria menos de uma criação tão próxima a Celeste, sim, sua deusa… O lycan balançou a cabeça, empurrando para longe as lembranças e seu passado com a deusa da lua, afinal, ele foi o que causou sua maldição, aquele passado, aquela conexão. “Se vai se recusar, vou ter que levá-la a força!”, dito isto, ele atacou, decidido a cumprir o que foi até ali para fazer. Precisava ser rápido, a noite era seu prazo, afinal, diferente dos lobos, os lycans tinham apenas o cair da noite para estarem em sua forma lupina, mais uma das consequências de sua maldição. Mas Ragnar não era o único ansi
Quando Clarice abriu os olhos, ela estava no mesmo campo, a grama verde, o cheiro deliciosamente calmo. Lunna estava deitada ao lado dela, ainda machucada, mas a encarando com preocupação, como quem pergunta se ela está bem. Clarice assentiu, olhando ao redor, por que estavam ali novamente? Seus olhos encontraram, primeiramente, Dorian e Clarck, ambos estavam curvados, em respeito, olhando para frente com admiração, e, alguns metros depois deles, estava Celeste, com seu glorioso vestido prateado sob a pele negra, seus cabelos cacheados e olhar sério. Na frente dela, não exibindo nem um pouco do respeito que Dorian e Clarck exibiam, estava Connan e, atrás dele, Ragnar. Naquele plano, o lycan parecia ainda mais deteriorado do que antes, ainda mais apodrecido, mas seu odor parecia não chegar até ali, apenas o aspecto tenebroso de sua aparência e de como o tempo agiu sobre si. — Esse não é o caminho — Celeste disse, séria, mas o alfa dos lycans continuou com o queixo erguido, assim co
O nascer do sol naquele dia foi triste, mesmo com a vitória. Vencer aquela batalha teve um gosto amargo para toda a alcateia, porque a vitória veio a custa de vidas, muitas vidas. Quando os lycans se foram, os guerreiros que restaram começaram a recolher os corpos, e Clarck finalmente conseguiu respirar e olhar ao redor a destruição. Haviam sobrevivido, mas a custa de que?Ele caminhou ao redor dos corpos enfileirados esperando o ritual de sepultamento e se ajoelhou a frente de um deles, seus olhos cheios de lágrimas enquanto observava seu amigo, sem vida, deitado no chão. Sirius havia feito tudo o que podia por ele, inclusive deu sua vida para protegê-lo e proteger seu povo. — Ele sempre disse que estava disposto a tudo, não foi? — Jhon perguntou se ajoelhando ao lado de Clarck, suspirando pesadamente. — Nos sabiamos que talvez não chegassemos ao nascer do sol vivos — Clarck respondeu, limpando os olhos molhados. — Mas eu não pensei que realmente um de nos fosse morrer e os outros
“Mãe… Mãe, por favor! Acorda, mãe!”Clarice abriu os olhos, apoiando a mão no peito, ofegante. O quarto ainda estava escuro, uma leve luz entrava pelas cortinas, a luz prateada da lua cheia. A madrugada ia alta e ela deveria estar descansando para pegar seu voo para Pinewood cedo no dia seguinte, mas fazia muito tempo que não conseguia dormir bem.Ela se levantou, os pés descalços tocando o chão frio. Suas cisas já estavam encaixotadas, não pretendia levar muito para sua nova “antiga” casa, apenas o essencial. A única coisa que ainda estava fora das poucas caixas era o porta-retrato que estava repousando ao lado do seu travesseiro. Uma foto da sua mãe, Elaina.As memórias do acidente que havia acontecido há somente um mês a assombravam todos os dias, e a culpa também. As últimas palavras de sua mãe para ela ainda estavam martelando em sua cabeça, ela jamais esqueceria e jamais deixaria de se culpar, afinal, Clarice quem estava na direção, ela quem perdeu o controle do carro. Em teor