Quando os lycans chegaram finalmente a alcateia garra sangrenta, todos já estavam prontos, inclusive seu alfa. A vista, não havia ninguém além de Dorian, o grande loo negro estava de pé no meio do jardim, a frente da casa da alcateia, as patas afundadas sobre a terra, sentindo a vibração do solo a medida que os inimigos se aproximavam. Lycans menores chegaram primeiro, mas não cruzaram a linha para se aproximar do alfa, esperando que o seu próprio surgisse. Eles encaravam o lobo com fome e fúria, pareciam prontos para destroçar Dorian sem o menor receio, sem medo algum, eram apenas animais seguindo instintos e obedecendo a seu mestre. Então ele surgiu, mas antes dele, um odor de podridão que fez o nariz de Dorian arder, então, ele o viu. O lycan era muito maior do que os outros, muito maior que o próprio Dorian, e não parecia tão selvagem e descontrolado quanto os outros, na verdade, seus olhos eram quase humanos. “Eu sou Ragnar”, a voz gutural ecoou diretamente na mente de Dorian
Neste momento, o alfa atacou, coordenado a seus dois companheiros, eles afundaram seus dentes nos ombros de Ragnar. Por um momento, houve uma luz de esperança. Mas o primeiro a ser arrancado dali foi Konan, arremessado contra uma arvore ao longe. Dorian também foi jogado para longe e, quando Ragnar alcançou Melbor, ele rosnou, erguendo o lobo de pelagem castanha, agora coberto de sangue, e olhando para Dorian. “Isso é culpa sua, alfa, poderíamos ter seguido por outro caminho”, então, ele torceu o pescoço do lobo em suas mãos, joando-o longe, já sem vida, fazendo Konnan e Dorian uivarem em dor e desespero. Haviam pedido um irmão, mais um. Mas não podiam parar, não podiam chorar seus mortos agora, não tinham tempo, não tinham segurança para isso. ***Longe dali, o uivo fez Lunna mexer as orelhas. Ela estava sentindo o cheiro de sangue sendo levado pela brisa de Pinewood, ouvia, mesmo que ao longe, os clamores da guerra, mas aquele uivo era o uivo de que algo havia dado terrivelment
Ragnar estava machucado, sentia sua carne pulsando de dor, seu sangue pútrido e negro escorrendo por seus ombros e braços, tantas mordidas, tantos arranhões, mas não estava nem perto de estar morto, agora a verdadeira batalha iria começar, pois seu verdadeiro oponente havia chegado. A loba mãe. Lunna o olhava com voracidade, coragem,mas também analisava cada passo, e Ragnar achava aquilo encantador, não esperaria menos de uma criação tão próxima a Celeste, sim, sua deusa… O lycan balançou a cabeça, empurrando para longe as lembranças e seu passado com a deusa da lua, afinal, ele foi o que causou sua maldição, aquele passado, aquela conexão. “Se vai se recusar, vou ter que levá-la a força!”, dito isto, ele atacou, decidido a cumprir o que foi até ali para fazer. Precisava ser rápido, a noite era seu prazo, afinal, diferente dos lobos, os lycans tinham apenas o cair da noite para estarem em sua forma lupina, mais uma das consequências de sua maldição. Mas Ragnar não era o único ansi
Quando Clarice abriu os olhos, ela estava no mesmo campo, a grama verde, o cheiro deliciosamente calmo. Lunna estava deitada ao lado dela, ainda machucada, mas a encarando com preocupação, como quem pergunta se ela está bem. Clarice assentiu, olhando ao redor, por que estavam ali novamente? Seus olhos encontraram, primeiramente, Dorian e Clarck, ambos estavam curvados, em respeito, olhando para frente com admiração, e, alguns metros depois deles, estava Celeste, com seu glorioso vestido prateado sob a pele negra, seus cabelos cacheados e olhar sério. Na frente dela, não exibindo nem um pouco do respeito que Dorian e Clarck exibiam, estava Connan e, atrás dele, Ragnar. Naquele plano, o lycan parecia ainda mais deteriorado do que antes, ainda mais apodrecido, mas seu odor parecia não chegar até ali, apenas o aspecto tenebroso de sua aparência e de como o tempo agiu sobre si. — Esse não é o caminho — Celeste disse, séria, mas o alfa dos lycans continuou com o queixo erguido, assim co
O nascer do sol naquele dia foi triste, mesmo com a vitória. Vencer aquela batalha teve um gosto amargo para toda a alcateia, porque a vitória veio a custa de vidas, muitas vidas. Quando os lycans se foram, os guerreiros que restaram começaram a recolher os corpos, e Clarck finalmente conseguiu respirar e olhar ao redor a destruição. Haviam sobrevivido, mas a custa de que?Ele caminhou ao redor dos corpos enfileirados esperando o ritual de sepultamento e se ajoelhou a frente de um deles, seus olhos cheios de lágrimas enquanto observava seu amigo, sem vida, deitado no chão. Sirius havia feito tudo o que podia por ele, inclusive deu sua vida para protegê-lo e proteger seu povo. — Ele sempre disse que estava disposto a tudo, não foi? — Jhon perguntou se ajoelhando ao lado de Clarck, suspirando pesadamente. — Nos sabiamos que talvez não chegassemos ao nascer do sol vivos — Clarck respondeu, limpando os olhos molhados. — Mas eu não pensei que realmente um de nos fosse morrer e os outros
“Mãe… Mãe, por favor! Acorda, mãe!”Clarice abriu os olhos, apoiando a mão no peito, ofegante. O quarto ainda estava escuro, uma leve luz entrava pelas cortinas, a luz prateada da lua cheia. A madrugada ia alta e ela deveria estar descansando para pegar seu voo para Pinewood cedo no dia seguinte, mas fazia muito tempo que não conseguia dormir bem.Ela se levantou, os pés descalços tocando o chão frio. Suas cisas já estavam encaixotadas, não pretendia levar muito para sua nova “antiga” casa, apenas o essencial. A única coisa que ainda estava fora das poucas caixas era o porta-retrato que estava repousando ao lado do seu travesseiro. Uma foto da sua mãe, Elaina.As memórias do acidente que havia acontecido há somente um mês a assombravam todos os dias, e a culpa também. As últimas palavras de sua mãe para ela ainda estavam martelando em sua cabeça, ela jamais esqueceria e jamais deixaria de se culpar, afinal, Clarice quem estava na direção, ela quem perdeu o controle do carro. Em teor
A viagem de carro foi, de fasto, muito mais rápida. No caminho, Clarice descobriu que o nome do senhor era Jorge, e soube ainda que ele conhecia sua mãe desde que ela era uma pré-adolescente. Jorge ficou sentido pela notícia do falecimento de Elaina e afirmou que ele e sua esposa estariam disponíveis para ajudá-la na adaptação, já que a casa onde Clarice ficaria era bem afastada da zona principal da cidade. Levaram cerca de duas horas para chegar até Pinewood, e, assim que cruzaram a única avenida do lugar, Clarice notou como a cidade ainda era exatamente a mesma. Algumas lojas com fachada reformada, uma e outra lojinha mais recende, mas quase nada havia mudado, ainda era o mesmo lugarzinho frio e meio vazio de sempre, mas com pessoas acolhedoras. Seguiram pela avenida até cruzar a cidade, saindo da zona mais populada até a estrada que lavava a grande indústria de tecnologia e sustentabilidade que empregava boa parte das pessoas da região. Mas não chegaram tão perto dela, pararam v
O som dos móveis sendo arrastados ecoava pela casa, misturado ao ritmo suave da música que tocava do celular de Clarice. Ela havia aberto todas as janelas, permitindo que o ar fresco e o cheiro úmido da floresta entrassem, e a luz do fim da tarde iluminasse o ambiente.— Pronto — suspirou, limpando uma gota de suor da testa. — Último móvel.O cansaço começava a pesar em seus ombros, mas Clarice sabia que a sensação de estar naquela casa era tudo o que precisava para continuar. Já fazia horas que estava de pé, limpando cada canto, cada móvel coberto de poeira. Colocar tudo em ordem era a forma dela de lidar com as memórias e a saudade. O sofá da sala, onde ela e sua mãe costumavam passar as noites juntas assistindo séries de TV, estava agora limpo e convidativo. As cortinas brancas balançavam suavemente ao vento, trazendo uma sensação de paz que ela não sentia há muito tempo.“Parece que estou mais perto de você agora, mãe”, pensou, sentindo uma pontada de tristeza no peito. A música