Ragnar estava machucado, sentia sua carne pulsando de dor, seu sangue pútrido e negro escorrendo por seus ombros e braços, tantas mordidas, tantos arranhões, mas não estava nem perto de estar morto, agora a verdadeira batalha iria começar, pois seu verdadeiro oponente havia chegado. A loba mãe. Lunna o olhava com voracidade, coragem,mas também analisava cada passo, e Ragnar achava aquilo encantador, não esperaria menos de uma criação tão próxima a Celeste, sim, sua deusa… O lycan balançou a cabeça, empurrando para longe as lembranças e seu passado com a deusa da lua, afinal, ele foi o que causou sua maldição, aquele passado, aquela conexão. “Se vai se recusar, vou ter que levá-la a força!”, dito isto, ele atacou, decidido a cumprir o que foi até ali para fazer. Precisava ser rápido, a noite era seu prazo, afinal, diferente dos lobos, os lycans tinham apenas o cair da noite para estarem em sua forma lupina, mais uma das consequências de sua maldição. Mas Ragnar não era o único ansi
Quando Clarice abriu os olhos, ela estava no mesmo campo, a grama verde, o cheiro deliciosamente calmo. Lunna estava deitada ao lado dela, ainda machucada, mas a encarando com preocupação, como quem pergunta se ela está bem. Clarice assentiu, olhando ao redor, por que estavam ali novamente? Seus olhos encontraram, primeiramente, Dorian e Clarck, ambos estavam curvados, em respeito, olhando para frente com admiração, e, alguns metros depois deles, estava Celeste, com seu glorioso vestido prateado sob a pele negra, seus cabelos cacheados e olhar sério. Na frente dela, não exibindo nem um pouco do respeito que Dorian e Clarck exibiam, estava Connan e, atrás dele, Ragnar. Naquele plano, o lycan parecia ainda mais deteriorado do que antes, ainda mais apodrecido, mas seu odor parecia não chegar até ali, apenas o aspecto tenebroso de sua aparência e de como o tempo agiu sobre si. — Esse não é o caminho — Celeste disse, séria, mas o alfa dos lycans continuou com o queixo erguido, assim co
O nascer do sol naquele dia foi triste, mesmo com a vitória. Vencer aquela batalha teve um gosto amargo para toda a alcateia, porque a vitória veio a custa de vidas, muitas vidas. Quando os lycans se foram, os guerreiros que restaram começaram a recolher os corpos, e Clarck finalmente conseguiu respirar e olhar ao redor a destruição. Haviam sobrevivido, mas a custa de que?Ele caminhou ao redor dos corpos enfileirados esperando o ritual de sepultamento e se ajoelhou a frente de um deles, seus olhos cheios de lágrimas enquanto observava seu amigo, sem vida, deitado no chão. Sirius havia feito tudo o que podia por ele, inclusive deu sua vida para protegê-lo e proteger seu povo. — Ele sempre disse que estava disposto a tudo, não foi? — Jhon perguntou se ajoelhando ao lado de Clarck, suspirando pesadamente. — Nos sabiamos que talvez não chegassemos ao nascer do sol vivos — Clarck respondeu, limpando os olhos molhados. — Mas eu não pensei que realmente um de nos fosse morrer e os outros
Quando Clarck entrou no hospital da alcateia estava nervoso. A doutora que estava de plantão mandou que o chamasse, pois Clarice estava realizando alguns exames e os resultados interessavam a ele também. A simples possibilidade de, depois de tudo o que passaram, Clarice estar doente o deixava completamente fora do eixo e nervoso. Assim que começou a caminhar pelo longo e claro corredor, viu a médica despontar numa das portas, acenando para ele com um sorriso gentil, não parecia nem um pouco nervosa. — Por aqui, alfa — Muniz o chamou. Clarck não levou mais que alguns segundos para passar pela porta, encontrando Clarice sentada numa das cadeiras do consultório. Ele se ajoelhou ao lado dela, segurando suas mãos, preocupado e beijando-a de forma sutil, apenas para confirmar que tudo estava bem e acalmar tanto a si mesmo quanto a seu lobo. — Está tudo bem, não precisa ficar tão preocupado… — Clarice falou, com um sorriso. Podia sentir todo o nervosismo dele de longe, era uma das vanta
— Mamãe, vamos. A gente vai se atrasar pro aniversário do Caleb, e olha que ele ta aqui junto com a gente — Edla olhou para o pequeno, que brincava com um desses tipos de joguinhos de montar, estilo Lego.— Juro que eu já estou quase pronta – Clarice corria de um lado para outro do quarto. Estava linda, com um vestido longo na cor azul-anil, esvoaçante e cheio de camadas, o que dava um efeito pluma. — Eu só estou procurando meu brinco e o colar que seu pai me deu. Você se lembra onde está? Eu jurava que tinha colocado aqui!Clarice estava quase dentro do guarda-roupa, tentando achar suas joias, quando Edla passou por ela e abriu a gaveta da comoda que estava ao lado da cama do casal, puxou uma caixinha e levantou o colar e os brincos.— Mamãe, por que não disse antes? Aqui.— Oh, minha linda, muito obrigada. Eu não sei o que eu faria sem você na minha vida! Eu te amo. Agora vamos, porque seu pai já deve estar infartando de tanta ansiedade. A propósito, você está muito linda, sabia diss
A festa estava incrível. Música, comida e brincadeiras não deram espaço para nenhum momento monótono. Mas estava acontecendo desde às 17h, já eram quase 21h e as pessoas estavam voltando para suas casas, afinal, amanhã o dia seguiria normal na alcateia e na cidade, então muitos precisavam acordar bem cedo. No canto do salão de eventos, Sarah balançava o carrinho de Eliah, que já estava em sono profundo. Ela parecia cantar alguma música, mas silenciou assim que sua amiga se aproximou, com uma expressão de empolgação.— Sarah, você pode tirar as cartas pro Caleb, amiga? — Agora! Estava esperando você me pedir isso desde cedo, Clarice. Vamos aproveitar que o Eliah dormiu um pouquinho. — Sarah puxou a bolsa deu seu filho e de dentro tirou uma caixinha, posicionou na mesa a sua frente e a abriu, tirando seu famoso Tarot de dentro. Ler o as cartas era como se estivesse se comunicando com sua avó, Elaina, de quem tanto sentia saudades. As cartas começaram a ser embaralhadas. Clarice se sen
A alegria que antes fluia entre todos da festa pareceu se extinguir muito rapidamente, mas como não aconteceria? As mãos de Clarice tremiam enquanto ela segurava Caleb com força em seus braços, Clarck por sua vez parecia começar a absorver o que foi dito lentamente. Um ano de paz. Um ano de paz e nada mais.Foi o tempo que tiveram antes que tudo se tornasse um caos, antes que eles estivessem na berlinda novamente. O bebe se remexeu nos braços de Clarice, estava adormecido, alheio a qualquer coisa a sua volta, a maldição que parecia ter sido jogada sobre ele sem qualquer explicação. — Meu bebê… — Clarice sussurrou, apertando o filho como se pudesse protegê-lo do mundo. E ela podia, podia protegê-lo de qualquer coisa, menos daquilo, menos daquela maldição. — O que vamos fazer? Meu Deus… Meu filho! — lentamente, o desespero começou a tomar conta de seu coração. Já haviam sofrido tanto? Será que não era o suficiente? A alcateia estava se reerguendo, tudo parecia calmo, bom, feliz.
Dentro da casa da alcateia Clarice ninava Caleb e andava de um lado para o outro há quase trinta minutos, não havia como manter a calma, e mesmo que tentasse não mostrar seu desespero para os demais membros da alcateia, ainda era muito difícil se manter firme como uma rocha naquele momento. Quando a porta da grande casa se abriu e Clarck finalmente entrou no ambiente, os dois se encontraram no meio do hall e ele a envolveu num novo abraço. — Descobriu algo com Guillaume? — Clarice perguntou, quase desesperada. — Não, ele não sabe de nada — no momento em que Clarck disse isso, a expressão da ruiva se fechou em uma nova onda de tristeza. — Mas ele disse que você pode conseguir. — Como assim? O que quer dizer com isso? — Você é uma loba mãe, pode conseguir falar com a deusa da lua pessoalmente, já fez isso mais de uma vez, não foi? — enquanto falava, Clarck acariciava os cabelos ruivos de seu filho, beijando o topo da cabeça dele. Deixe Caleb comigo—, você e Lunna têm mais chanc