Genevieve Ashford
Eu não acreditava no que estava prestes a fazer. Dizia a mim mesma que não estava interessada em nenhuma das coisas que ele fazia ou falava. Dizia a mim mesma que não queria ser mais uma mulher encantada pelo charme superficial de Lord Edward Blackwell. E ainda assim, lá estava eu, no jardim da casa de Lady Waverly, onde eu sabia que ele estaria. E o mais insano de tudo era que eu estava me aproximando de sua direção, sem saber exatamente o que fazer com o turbilhão que se formava dentro de mim. Ele estava ali, como sempre, cercado de uma pequena multidão que o idolatrava, todas as mulheres da temporada tentando chamar sua atenção de qualquer maneira, como mariposas ao redor de uma chama. Ele parecia gostar da atenção, e isso só aumentava minha irritação. Mas, ao mesmo tempo, não pude deixar de notar o modo como ele se destacava em meio a todos aqueles rostos conhecidos. A elegância com que se movia, o modo como seu olhar se fixava no horizonte, distante, quase como se ele fosse o único ali que soubesse o que estava acontecendo. E, é claro, ele me viu antes que eu o visse. — Ah, Lady Ashford, você está aqui novamente. Não sabia que me procuraria em um lugar tão… íntimo — ele disse com aquele sorriso confiante, que eu sabia ser um truque. Um truque que eu estava começando a reconhecer muito bem. Eu franzi a testa, sabendo que ele estava se divertindo à minha custa. Mas, ao invés de dar-lhe o prazer de uma resposta sarcástica, resolvi permanecer em silêncio por um momento, apenas observando-o. Ele estava tão confiante, tão arrogante em sua própria existência, que era difícil não sentir uma pitada de desafio crescer dentro de mim. — Eu não estava procurando por você, Lord Blackwell. — Respondi, finalmente, tentando esconder a intensidade do que eu realmente sentia. — Mas parece que você, mais uma vez, não consegue me deixar em paz. Ele deu um passo mais perto, o sorriso nunca saindo de seus lábios, como se ele tivesse certeza de que havia algo entre nós, mesmo que eu ainda tentasse resistir. — Eu não sabia que poderia ser tão irresistível, Lady Ashford. — Ele disse com um tom debochado, mas havia algo em sua voz que indicava que ele estava se divertindo com a situação, mais do que deveria. Eu me senti incomodada por isso. Porque ele tinha razão. Ele estava me desconcertando, mais do que eu gostaria de admitir. — Você acha que me incomoda, não é? — Eu disse, sem poder esconder a provocação em minha voz. — Não se engane, Lord Blackwell. Eu sou bem mais forte do que você imagina. Ele olhou-me com uma intensidade que fez meu coração acelerar. Era como se ele pudesse ver através de mim, como se soubesse exatamente como eu estava me sentindo, mesmo que eu estivesse tentando manter o controle. — Não me subestime, Lady Ashford. — Ele disse, seu tom mais sério agora, e por um momento, algo na sua expressão mudou, como se ele estivesse realmente interessado no que eu dizia. — Você é mais complicada do que a maioria das mulheres que encontro. E é isso que torna tudo mais interessante. Eu ri, tentando esconder o fato de que, por algum motivo, sua observação me afetara mais do que deveria. — Complicada? Eu sou só alguém que tem o bom senso de não se deixar enganar por um sorriso bonito e palavras encantadoras. Ele inclinou a cabeça, como se estivesse ponderando sobre o que eu acabara de dizer. Mas logo, seu sorriso travesso voltou, mais malicioso do que nunca. — Talvez, Lady Ashford, o que você chame de "enganar" seja apenas a arte de ser agradável. Mas você não me engana. Sei que existe algo em você que está começando a me interessar. Eu senti um choque percorrer minha espinha. Como ele ousava falar assim, como se fosse tão simples assim? Como se eu fosse apenas mais uma de suas conquistas? Não, eu não seria isso. Mas, ainda assim, quando ele deu um passo à frente, algo em mim vacilou. Era como se ele soubesse exatamente como jogar o jogo, e eu estava começando a me ver encurralada em seu plano. Não podia deixar isso acontecer. — Você realmente acha que sou tão simples assim, Lord Blackwell? — Eu perguntei, meu tom mais sério agora. — Você acha que pode me conquistar com um simples olhar e um par de palavras bonitas? Ele não hesitou. Com um olhar determinado, ele respondeu: — Não, Lady Ashford. Não é tão simples assim. Eu sei que você não vai cair aos meus pés. Mas aposto que você tem curiosidade. E é essa curiosidade que vai fazer tudo mais interessante. Eu o encarei, sentindo meu coração bater mais rápido. Ele não estava errado, e eu sabia disso. Havia algo nele que despertava em mim uma curiosidade que eu não queria admitir, uma curiosidade que me fazia querer saber mais, fazer mais, ver mais. Mas eu não poderia ceder. Não era assim que as coisas funcionavam. Não seria mais uma mulher presa em seu jogo. — Não se iluda, Lord Blackwell. Eu não sou alguém que cede facilmente. Ele sorriu, e naquele sorriso havia algo de predatório. Algo que me fazia sentir como se eu fosse a presa, e ele, o caçador. Eu odiava essa sensação, e, ao mesmo tempo, não podia negar que, de alguma forma, ela me excitava. — Ah, mas é exatamente isso que torna tudo tão divertido, Lady Ashford. Eu gosto de desafios. E você, minha cara, é o maior deles. Eu me virei para ele, sentindo a pressão de suas palavras me envolvendo, e decidi que, de agora em diante, não deixaria que ele me controlasse. Eu controlaria essa situação. Eu controlaria este jogo. Não importava o quão atraente fosse a ideia de ser desafiada por ele. Eu não cairia na armadilha. — O problema, Lord Blackwell, é que você nunca vai entender o quanto eu sou mais difícil do que qualquer mulher que já tenha encontrado. E isso, garanto, é um problema que você não vai conseguir resolver. Ele riu, como se estivesse se divertindo ainda mais com a situação. Mas havia algo nos seus olhos que me dizia que ele ainda não tinha terminado de jogar. — Talvez, Lady Ashford, você tenha razão. Mas não se preocupe, estarei aqui, esperando você mudar de ideia. E com essas palavras, ele se afastou, deixando-me com o coração batendo descontroladamente e uma sensação desconcertante de que ele estava apenas começando. ... Eu poderia simplesmente ignorá-lo. Esse era o meu plano inicial. Como toda mulher racional, o melhor seria manter distância do Lord Blackwell, especialmente depois de sua última provocação. Mas, como todos os planos bem-feitos, esse também falhou com a mesma facilidade que a areia escorrega entre os dedos. Não consegui evitar. Estava no salão de baile de Lady Waverly, mais uma noite de verão com os aristocratas da temporada. O lugar estava repleto de sorrisos falsos e gestos delicados, todos observando uns aos outros com olhos curiosos e língua afiada. Era uma verdadeira encenação da alta sociedade. Mas entre os risos e as conversas fingidas, meu olhar foi, mais uma vez, atraído para ele. Lord Edward Blackwell estava ali, no canto da sala, conversando com um grupo de homens. Seu cabelo estava arrumado com perfeição, como sempre, e o olhar, tão indiferente, como se o mundo inteiro ao seu redor não passasse de um mero entretenimento. Ele parecia alheio à minha presença, mas eu sabia que, em algum lugar do seu cérebro, ele sabia exatamente onde eu estava. E, como uma mariposa em direção à luz, lá estava eu, mais uma vez. Respirei fundo. Não, eu não iria me deixar levar. Eu era mais inteligente do que ele. Eu sabia que suas provocações eram apenas uma forma de testar meus limites. Ele achava que podia jogar seu charme de libertino e me deixar com o coração palpitante. Mas não, eu não seria mais uma vítima do seu jogo. Não, de maneira nenhuma. Mas, ao me aproximar, uma mão delicada tocou meu braço. Olhei para o lado e encontrei Lady Waverly, que sorria para mim, mas com um olhar cheio de preocupação. — Genevieve, querida, eu vejo que você está observando Lord Blackwell novamente. — Ela disse com uma risada suave, mas com um tom que parecia mais sério do que engraçado. Fiz uma careta, mas me forcei a manter o sorriso. — Não é o que parece, Lady Waverly. — Respondi, tentando manter a calma. — Eu apenas... estava admirando a decoração do salão. E, bem, a dança ainda não começou, então estou apenas... aguardando. Ela levantou uma sobrancelha, claramente não acreditando em mim, mas não disse nada. Apenas sorriu com simpatia. — Não se preocupe, querida. Eu sei como as coisas funcionam aqui. Todos olham para o Duque de Blackwell, não importa o que façam. Mas, se você me permite o conselho, tente não deixar ele notar o quanto o afeta. Ele gosta disso, sabe? Eu sentia o calor subir em minhas bochechas, mas tentei esconder minha vergonha. Claro que ele gostava disso. O que mais ele gostava, senão de jogar com os sentimentos das pessoas, como se fosse um jogo? Isso explicava todas as suas atitudes arrogantes, os olhares desafiadores, os sorrisos irônicos. Era tudo parte de um grande espetáculo, onde ele era o ator principal. E, para minha vergonha, eu estava prestes a fazer o papel de espectadora. — Vou tentar manter a compostura, Lady Waverly. — Respondi, tentando soá-lo mais indiferente do que realmente me sentia. Ela me deu um leve tapinha no braço, como se soubesse exatamente o que estava acontecendo em minha mente. — Cuidado, querida. Não há nada mais perigoso do que um homem que se sente como o centro do universo. E, atualmente, Lord Blackwell acredita que o mundo gira ao redor de seu sorriso. Eu sabia o que ela queria dizer, e suas palavras ecoaram em minha mente. Eu não devia permitir que ele tivesse esse poder sobre mim. Era um jogo, e eu não ia cair nele. Decidi então que seria melhor me afastar, pelo menos por uma noite. Voltar ao meu lugar na sala, me envolver em uma conversa trivial e evitar os olhos do duque. Mas antes que eu pudesse dar um passo para longe, uma voz suave, mas persuasiva, me deteve. — Lady Ashford, você não vai dançar esta noite? Era ele. Lord Edward Blackwell. Sua voz era como música, tão suave, mas tão cheia de um poder indiscutível que eu odiava. Ele estava ali, parado diante de mim, com aquele sorriso travesso no rosto, como se soubesse exatamente o efeito que causava. Seu olhar estava fixo no meu, e, por um momento, fiquei sem palavras. — Eu não vi o convite para dançar, Lord Blackwell. — Respondi, tentando manter a calma, mas não conseguindo evitar que minha voz soasse um pouco mais tensa do que eu pretendia. Ele se aproximou ainda mais, dando-me espaço apenas o suficiente para sentir a presença dele, mas sem invadir o suficiente para que eu pudesse recuar facilmente. — Não preciso de um convite para dançar com você, Lady Ashford. — Ele disse com uma leveza que me fez questionar se ele tinha alguma ideia de como estava me afetando. — O que eu preciso saber é se você tem o interesse em me dar essa honra. Eu poderia recusar. Dizia isso a mim mesma com firmeza, mas algo em seu olhar, uma espécie de desafio, me fazia sentir que eu não conseguiria resistir. Era como se ele soubesse exatamente onde me tocar, onde apertar. Eu não poderia cair na armadilha novamente, poderia? Mas quando ele estendeu a mão, olhando-me com uma mistura de arrogância e charme, algo dentro de mim me impeliu a aceitar. — Você não vai me deixar em paz, vai? — Eu disse, mais para mim mesma do que para ele, mas o sorriso que se formou nos lábios dele mostrou que ele ouviu. — Não, Lady Ashford. Eu nunca deixaria você em paz. — Ele respondeu, com um tom quase provocador, e foi o suficiente para me fazer sucumbir à tentação de sua dança. Com um suspiro frustrado, aceitei sua mão. Talvez, apenas talvez, eu tivesse cometido um erro.Genevieve AshfordAs semanas haviam se arrastado como se fossem meses. Cada evento social, cada baile, cada encontro fortuito com Lord Edward Blackwell me deixava mais exausta do que o anterior. E eu, que acreditava ter me tornado uma mulher prática e imune aos encantos de um libertino, agora começava a questionar minha sanidade.Era uma manhã de outono quando me vi no jardim de Lady Fairmont, tentando escapar da conversa insuportável sobre os novos vestidos de gala que todas as senhoras pareciam ter em mente. Eu só queria ar fresco, um momento de paz antes do baile da noite. Claro, com minha sorte, esse momento de tranquilidade foi logo interrompido.— Lady Ashford, que surpresa encontrá-la aqui. — A voz de Edward Blackwell, de novo. Sua tonalidade suave, quase zombeteira, fez o ar ao meu redor esfriar imediatamente. Ele sabia como me afetar com apenas uma palavra.— Lord Blackwell. — Respondi sem virar imediatamente. Eu estava focada no jardim à minha frente, tentando manter minha c
Genevieve AshfordA noite havia chegado mais cedo naquela tarde de inverno. A neblina sobre Londres tornava as ruas ainda mais sombrias, e a mansão Ashford estava iluminada apenas por candelabros dourados e o brilho suave das lareiras. Estava em um daqueles raros momentos em que, por um segundo, a quietude da casa parecia reconfortante. Até que o som dos cavalos se aproximando de nossa entrada principal me fez olhar pela janela.Eu sabia exatamente quem estava chegando.Lord Edward Blackwell, o homem que parecia ser mais incômodo para minha paz do que qualquer outro. Ele estava lá novamente, convidado para o jantar que minha mãe havia organizado. Eu sabia que, embora sua presença fosse uma oportunidade para minha mãe garantir uma boa conexão social, ela também estava se divertindo às minhas custas. Como sempre, ela adorava o escândalo que envolvia a presença de Edward.— Genevieve, minha querida, você não está pronta para o jantar? — A voz de minha mãe ecoou pela casa, interrompendo m
Genevieve AshfordA manhã seguinte foi uma das mais exaustivas que já passei. Estava mal-humorada, cansada, e as visitas sociais que minha mãe organizava já estavam começando a se tornar uma tortura. A falta de privacidade me incomodava, as intermináveis conversas sobre trivialidades me cansavam, mas o que mais me perturbava era o que acontecera no teatro naquela noite. Edward. Seu sorriso. A forma como ele sempre parecia me desafiar, como se soubesse que minhas defesas estavam enfraquecendo a cada encontro.Tentei afastar os pensamentos dele enquanto caminhava pelo jardim, observando o suave balançar das árvores, tentando encontrar um pouco de paz em meio ao turbilhão de emoções que ele causava em mim. Mas, como sempre, o destino não me deixou em paz por muito tempo. Ao virar a esquina do jardim, deparei-me com ele. Edward Blackwell, encostado na parede de pedras, com o mesmo sorriso desafiador no rosto.Ele estava esperando por mim.— Genevieve. — Sua voz, suave como seda, cortou o
Genevieve AshfordO dia amanheceu nublado, como se o céu tivesse decidido se alinhar com o estado de espírito que eu tentava desesperadamente esconder. As palavras de Edward Blackwell ainda pairavam em minha mente, como um eco incômodo que não conseguia afastar, e sua presença, mesmo quando ausente, me perseguia. Eu não conseguia mais ignorá-lo, não importava quantas vezes me dissesse que ele era só mais um libertino insensível, ou que eu não me importava com o seu charme.Por mais que tentasse resistir, o fato era que ele começava a ocupar um espaço maior do que eu jamais imaginei. E isso, como sempre, me deixava em um estado de frustração.Naquela manhã, minha mãe insistiu para que eu fosse a um evento social no salão de baile da cidade. Embora soubesse que o convite era apenas uma desculpa para me lançar novamente no campo de caça de potenciais maridos, não pude recusá-lo. Afinal, era isso que as mulheres da minha "classe" faziam, não era? Eu me permitia ser exposta à superficialid
Genevieve AshfordEu estava sozinha em meu quarto, o silêncio que me cercava era quase insuportável. O evento da noite anterior ainda pesava sobre meus ombros, como uma nuvem densa que não parecia querer se dissipar. Minha mente estava turva, cheia de pensamentos desconexos, e entre eles, uma figura se destacava: Edward Blackwell. Não era mais apenas o homem libertino que eu desprezava. Ele se tornara algo muito mais complexo, uma presença constante em minha mente, desafiando minha capacidade de manter o controle.Aquele sorriso dele, tão confiante, tão arrogante, parecia persistir em minha memória. Ele estava sempre ao meu redor, como se quisesse me envolver em algo mais. Mas o que? O que ele realmente queria de mim?Eu não conseguia entender, e isso me consumia. O escândalo estava se formando, é claro, todos pareciam sentir que algo aconteceria. Mas o que me deixava realmente inquieta não era o escândalo em si, mas a sensação de que Edward estava, de alguma forma, no centro disso tu
Genevieve AshfordO dia seguinte trouxe com ele uma sensação de opressão, como se o ar estivesse mais denso, mais difícil de respirar. Eu andava pelos corredores da mansão de meu pai com uma sensação constante de inquietação, como se algo estivesse prestes a acontecer, algo grande e inevitável. As palavras de Edward ainda ecoavam em minha mente, e eu não conseguia afastá-las, não importava o quanto eu tentasse.Minha mãe, como sempre, estava ocupada com seus próprios planos e esperava que eu seguisse suas instruções com a mesma dedicação que ela tinha. O que ela não via era que, enquanto ela sonhava com a vida perfeita para mim, eu estava sendo empurrada para um campo de batalha onde as regras eram feitas pelo próprio Edward Blackwell.Hoje, o que me tirou do meu torpor não foi a visita dele, mas uma carta. Uma carta que chegou sem aviso, sem explicação, mas que tinha um selo que me fez o coração acelerar: o selo do duque de Blackwell. Eu sabia exatamente o que isso significava. Aquel
Genevieve AshfordO ar parecia mais denso naquela manhã. Eu sabia que algo grande estava prestes a acontecer, e, de alguma forma, o universo havia se alinhado para me mostrar que não havia como escapar da verdade que se aproximava a passos largos. O casamento. Eu me via, de repente, presa a um destino que não escolhi, a um homem que, até ontem, eu considerava mais inimigo do que aliado. Edward Blackwell. O duque que não planejava casar, mas que, agora, se tornaria o centro de minha vida, por força das circunstâncias.Eu havia tentado negar, tentado ignorar o peso daquilo que minha família me impunha, mas agora não havia mais como voltar atrás. Meu pai, com seu olhar sério e suas palavras claras, já havia dado o seu veredito. O casamento com Edward não era mais uma escolha, era uma imposição. A única maneira de evitar o escândalo, de preservar nossa posição na sociedade, era fazer com que o que parecia ser um jogo de aparências se tornasse real. E, nesse jogo, não havia espaço para dúv
Genevieve AshfordAcordei com a sensação de que o tempo, que normalmente era meu aliado, agora me traía. O relógio parecia correr mais rápido, e eu estava prestes a fazer algo irreversível: casar com Edward Blackwell. Cada passo que eu dava me aproximava mais daquele altar, e, embora a razão me dissesse que era o melhor, meu coração gritava por liberdade. A ideia de ser esposa de Edward era, no mínimo, surreal. Ele era o homem que eu jamais imaginaria ao meu lado. E, mais difícil ainda, ele era o homem com quem agora teria que passar o resto da minha vida.No entanto, o que mais me atormentava não era a ideia de nos casarmos, mas sim o fato de que, por mais que eu o odiasse, havia algo nele que desafiava todas as minhas convicções. Algo que, quando ele me olhava de forma desafiante, me fazia sentir uma estranha excitação que eu não conseguia explicar. Tentei ignorar esses pensamentos, mas eles estavam se tornando mais frequentes, e eu não sabia como lidar com eles.O casamento estava