Genevieve AshfordO ar parecia mais denso naquela manhã. Eu sabia que algo grande estava prestes a acontecer, e, de alguma forma, o universo havia se alinhado para me mostrar que não havia como escapar da verdade que se aproximava a passos largos. O casamento. Eu me via, de repente, presa a um destino que não escolhi, a um homem que, até ontem, eu considerava mais inimigo do que aliado. Edward Blackwell. O duque que não planejava casar, mas que, agora, se tornaria o centro de minha vida, por força das circunstâncias.Eu havia tentado negar, tentado ignorar o peso daquilo que minha família me impunha, mas agora não havia mais como voltar atrás. Meu pai, com seu olhar sério e suas palavras claras, já havia dado o seu veredito. O casamento com Edward não era mais uma escolha, era uma imposição. A única maneira de evitar o escândalo, de preservar nossa posição na sociedade, era fazer com que o que parecia ser um jogo de aparências se tornasse real. E, nesse jogo, não havia espaço para dúv
Genevieve AshfordAcordei com a sensação de que o tempo, que normalmente era meu aliado, agora me traía. O relógio parecia correr mais rápido, e eu estava prestes a fazer algo irreversível: casar com Edward Blackwell. Cada passo que eu dava me aproximava mais daquele altar, e, embora a razão me dissesse que era o melhor, meu coração gritava por liberdade. A ideia de ser esposa de Edward era, no mínimo, surreal. Ele era o homem que eu jamais imaginaria ao meu lado. E, mais difícil ainda, ele era o homem com quem agora teria que passar o resto da minha vida.No entanto, o que mais me atormentava não era a ideia de nos casarmos, mas sim o fato de que, por mais que eu o odiasse, havia algo nele que desafiava todas as minhas convicções. Algo que, quando ele me olhava de forma desafiante, me fazia sentir uma estranha excitação que eu não conseguia explicar. Tentei ignorar esses pensamentos, mas eles estavam se tornando mais frequentes, e eu não sabia como lidar com eles.O casamento estava
Os aplausos da multidão ainda ecoavam em meus ouvidos quando as portas da igreja se fecharam atrás de nós. O ar do lado de fora estava pesado, como se até mesmo o clima soubesse que eu acabara de entrar em um novo tipo de prisão. Edward estava ao meu lado, a expressão impenetrável como sempre, mas eu sabia que ele estava se deleitando com a situação.O coche preto, adornado com flores brancas, estava à nossa espera. Um lembrete gritante de que agora eu era, oficialmente, a Duquesa de Blackwell. "Duquesa." A palavra parecia estranha e pesada em minha mente. Era irônico que o título pelo qual tantas jovens suspiravam agora fosse meu fardo.— Vamos, querida — disse Edward, com um sorriso que só eu sabia ser uma mistura de triunfo e provocação. — Nosso novo lar nos aguarda."Nosso novo lar." Ele falava como se fosse algo acolhedor, mas eu sabia que o significado real era um campo de batalha. Eu apenas assenti, minha boca se recusando a formar qualquer palavra que pudesse entregar o turbil
A manhã seguinte começou com um bilhete cuidadosamente dobrado deixado em minha bandeja de café da manhã. A caligrafia era elegante, mas possuía um toque de formalidade que imediatamente me fez pensar em Edward. Ele não era do tipo que enviava mensagens simples sem algum tipo de motivo oculto.Abri o bilhete com desconfiança:“Minha querida esposa,Esta noite haverá um baile de máscaras em honra ao aniversário de Lady Pembroke. Sua presença será indispensável, como duquesa de Blackwell. Vista-se de maneira apropriada.Seu,Edward”“Seu?” murmurei, estreitando os olhos. A audácia daquele homem não tinha limites. Ele agia como se eu fosse uma peça de xadrez que ele pudesse mover à vontade.No entanto, um baile era exatamente o tipo de distração que eu precisava. Talvez eu encontrasse aliados entre os convidados, pessoas que pudessem me ajudar a lidar com a vida ao lado de um homem como Edward. Além disso, um baile de máscaras significava anonimato, ao menos por um tempo. Isso me daria l
A manhã seguinte ao confronto com Lady Pembroke começou com um humor sombrio pairando sobre a casa. As palavras dela ainda ressoavam na minha mente, e embora eu tivesse decidido que não seria intimidada, não podia ignorar que havia mais segredos escondidos naquela relação.Edward, como de costume, não estava em casa. Ele havia saído logo cedo para cuidar de “negócios importantes” — uma desculpa que ele usava frequentemente e que eu começava a desconfiar que envolvia mais do que contratos ou propriedades.Decidi que não passaria o dia presa em casa remoendo pensamentos. Se Edward podia cuidar de suas responsabilidades, eu também poderia. Troquei meu vestido de luto habitual por algo mais vibrante, um azul profundo com detalhes em renda. Queria transmitir confiança, mesmo que por dentro me sentisse insegura.— Mary, prepare a carruagem. Vou visitar o mercado hoje.Mary, sempre obediente, hesitou por um momento antes de responder:— Como desejar, Sua Graça.O mercado de Londres era uma m
Quando acordei na manhã seguinte, minha mente ainda estava tomada pelo que havia acontecido. O beijo. Aquele maldito beijo que deveria ser um erro, mas parecia mais uma promessa do que qualquer outra coisa. Não sabia como encará-lo agora. Não sabia nem como encarar a mim mesma.Puxei a manta sobre minha cabeça, querendo afastar o mundo. Mas não tive muito tempo para isso, porque Marjorie entrou no quarto com a energia usual de um furacão.— Genevieve! — Ela jogou as cortinas para trás, inundando o quarto com luz do dia. — Adivinhe quem estará no baile desta noite?— Não estou com humor para adivinhações, Marjorie — murmurei, ainda escondida debaixo da manta.— O duque, é claro! — disse ela, ignorando completamente meu tom de desinteresse. — Parece que ele mal voltou para casa ontem e já está causando burburinho.Sentei-me lentamente, encarando-a com uma expressão de cansaço.— O que ele fez agora?— Nada, mas você sabe como as pessoas adoram falar. Dizem que ele anda muito... distraíd
O dia estava cinzento, com nuvens pesadas cobrindo o céu, como se o universo quisesse refletir o peso da decisão que eu estava prestes a tomar. Depois da noite que passamos juntos, a distância entre Edward e eu havia se estreitado de maneiras que eu nunca imaginei. Tudo o que eu sentia era confusão e medo, mas também uma vontade de descobrir o que havia de verdade naquele sentimento dele. Eu sabia que as palavras que ele dissera não poderiam ser tomadas de ânimo leve, mas o que fazer com elas? Como agir depois de ouvir algo tão profundo, algo que parecia mudar tudo entre nós?As últimas semanas tinham sido uma montanha-russa emocional, e agora eu sentia como se estivesse à beira do precipício, prestes a dar um passo que poderia me levar a um futuro incerto, mas, ao mesmo tempo, a algo que eu não sabia mais se queria ou não. A ideia de me entregar a Edward e confiar nele era assustadora. Como poderia eu fazer isso, quando sempre me orgulhei de minha independência e de nunca ter precisa
GenevieveA luz do sol filtrava-se pelas cortinas do salão de estar, lançando um brilho suave nas paredes ornamentadas. Sentada em uma das poltronas de veludo, eu tentava não parecer entediada enquanto Lady Ambrose descrevia, com uma exasperante riqueza de detalhes, o baile da noite anterior.— E então, quando o Lorde Pembroke se inclinou para beijar a mão da Lady Clarisse, imaginem só! Ele tropeçou! — Ela riu, segurando um leque bordado com uma cena pastoral. — Foi um espetáculo!Eu sorri de maneira educada, embora internamente desejasse estar em qualquer outro lugar. Talvez dissecando um espécime raro no laboratório do meu pai ou mesmo andando pelo campo com minha luneta, estudando as aves.— Lady Genevieve, você foi ao baile? — perguntou Lady Harriet, inclinando-se para frente com curiosidade.— Infelizmente, não pude comparecer. Estava... ocupada. — Fiz uma pausa, esperando que nenhuma delas perguntasse em que exatamente.— Ah, ocupada. Imagino que seja algum projeto intelectual —