Gustavo Foi estranho entrar no quarto dela depois de tantos anos. Tantas lembranças inundaram minha mente assim que pus os pés ali. Na adolescência, esse quarto era nosso refúgio, onde compartilhamos risos, segredos e até algumas brigas. Depois do nosso desentendimento, nunca mais pisei nesse lugar, e agora, ao retornar, percebo que pouca coisa mudou. Os mesmos móveis, os mesmos pôsteres nas paredes, o mesmo aroma familiar. É como se o tempo tivesse congelado ali dentro, preservando nossas memórias e conflitos adolescentes. A sensação de nostalgia misturada com um toque de arrependimento pairava no ar, enquanto eu enfrentava o impacto emocional de estar de volta a esse espaço que um dia chamamos de nosso. Olhei para Mariana ao meu lado no banco de trás do carro da Sofia. Ela olhava para a janela parecendo pensativa. Estava linda! Não diria perfeita, pois tinha um olhar triste e distante, mas linda demais! Beijável demais! Sofia estava certa, não éramos um casal, até quando éram
O sol estava se pondo lentamente no horizonte, tingindo o céu com tons de laranja e rosa enquanto Mariana e Sofia caminhavam animadas pela rua em direção ao estádio. As folhas das árvores balançavam suavemente ao vento, e o clima fresco da primavera as envolvia, acrescentando uma sensação de magia ao ar. — Mal posso acreditar que finalmente vamos ver a Taylor Swift ao vivo! — Exclamou Sofia quase pulando de animação, seus olhos brilhando de empolgação. — Eu sei! É como um sonho se tornando realidade. — Mariana respondeu, com um sorriso radiante no rosto. Taylor Swift era uma parte importante das vidas das duas adolescentes. Suas músicas eram trilha sonora de muitos dos seus momentos mais memoráveis, e agora, finalmente, faltando poucos meses para irem para a faculdade, teriam a chance de vê-la pessoalmente. Enquanto caminhavam, não conseguiam conter a empolgação, falando sem parar sobre quais músicas ela poderia tocar, como seria o palco e quantos fãs estariam presentes. Não demo
Mariana Sofia nos deu um sermão daqueles no carro, sobre como mentimos mal e que tínhamos mais intimidade quando éramos amigos do que agora. E sim! Claro que tínhamos! Éramos amigos! E agora somos o que? Dois adultos que não se suportam tentando fingir serem namorados para tirar as nossas famílias dos nossos pés. — Divirtam-se dormindo de conchinha! — Minha amiga gritou com a janela do carro aberta quando deu partida no carro. Eu ia gritar um palavrão de volta, mas Gustavo Martins me abraçou pelos ombros me fazendo olhar para ele como se ele fosse um aliem. — Sua mãe está olhando da janela! — Ele sussurrou com um sorriso pregado no rosto enquanto acenava para Sofia que se afastava. Preguei um sorriso no rosto e fomos para a casa da minha mãe naquela posição constrangedora com ele me abraçando pelos ombros e os dois sorrindo. Era estranho ter ele tão perto depois de tantos anos! Principalmente quando o que eu mais queria quando adolescente era estar assim com ele. Gustavo não mud
Gustavo Conforme o sono ia desaparecendo e minha mente emergia do torpor do sono, eu sentia uma sensação de confusão e constrangimento começar a se instalar. Minha mente, ainda turva, tentava processar o que estava acontecendo ao meu redor, enquanto meu corpo reagia instintivamente à presença de Mariana tão próxima de mim. Era como se houvesse uma batalha interna ocorrendo dentro de mim. Uma parte de mim queria fugir daquele momento constrangedor o mais rápido possível, enquanto outra parte, mais ousada e imprudente, ansiava pela proximidade com Mariana, alimentando pensamentos impróprios e desejos reprimidos. Eu poderia fingir que nada havia acontecido, tentar desesperadamente manter as aparências e ignorar a tensão palpável que pairava no ar. Mas uma parte de mim ansiava por mais, queria explorar os sentimentos complicados que estavam surgindo, apesar das circunstâncias e de ter a grande chance de ser rejeitado de novo. Respirei fundo, tentando encontrar alguma calma no meio da t
Mariana Estou em casa, cuidadosamente me arrumando para a tão esperada noite das garotas. O brilho da expectativa ilumina o meu rosto, afinal, amanhã é o aniversário de Júlia, minha amiga inseparável desde os tempos da faculdade. E como ela decidiu comemorar jantando em um restaurante chique ao lado de seu namorado, que em breve será seu noivo, nós decidimos antecipar a celebração e aproveitar o momento juntas. Samuel, o adorável namorado de Júlia, pediu minha ajuda, bem como a da minha melhor amiga de longa data, Sofia, para escolher o anel de noivado perfeito. Essa tarefa nos envolve há mais de um mês, e mal podemos conter a ansiedade em receber a ligação de Júlia com a emocionante notícia de que ela está noiva. Enquanto passo o batom vermelho intenso, dando um toque final à minha maquiagem cuidadosamente elaborada, abro o aplicativo de carona. Optei por não dirigir até o bar, já que planejo desfrutar de algumas bebidas — talvez até um pouco além do razoável — e não quero ter qu
Gustavo Quinta feira de noite e mais uma vez viramos a noite trabalhando. Isso já estava ficando cansativo. Quando pensamos em abrir uma empresa eu sempre pensei que eu seria o CEO de filmes, andando com carros esportivos, ternos, relógios caros, mulheres e tudo mais, mas a única coisa que fazemos agora é trabalhar mais do que antes. — Vou dormir um pouco em casa. — Eu disse cansado olhando para o relógio que já marcava quase cinco da manhã. Felipe e Rafael, meus dois sócios me olharam sem importância. Felipe era meu amigo desde a primeira série, crescemos juntos e não vejo minha vida longe dele. Rafael nós conhecemos na época da faculdade e estamos junto até hoje. Quando decidimos montar uma empresa de TI, pensamos que seria muito fácil, mas isso virou noites e noites trabalhando para entregar os projetos e pagar as contas. Não tínhamos funcionários ainda, porque o dinheiro mal pagava as nossas despesas. Por isso também que eu dividia um apartamento com o Felipe e Rafael aind
Mariana Eu já estava saindo do trabalho quando me lembrei daquele bilhete infeliz que concordei por estar bêbada na noite passada. Passei no quadro de avisos do prédio e não tinha nada sobre encontro. Ufa! Espero que as duas estivessem tão bêbadas que não haviam se lembrado disso. Peguei o metrô para casa e a primeira coisa que fiz quando cheguei foi tomar um banho e ignorei as mensagens de Júlia e Sofia no celular. Sim, um banho era tudo que eu queria para relaxar quando chego em casa. Assim que coloquei meu pijama e me joguei no sofá, a primeira mensagem era de Sofia sobre uma festa na nossa antiga escola que eu definitivamente não queria ir. Ir visitar a minha mãe significava mais encontros ridículos com filhos de amigas que nunca vi na vida. Aposto que antes mesmo dela saber que estou indo já vai olhar no caderno qual rapazes ainda não me apresentou. Porque ela deve ter isso anotado em algum lugar e espero que os solteiros da cidade estejam chegando ao fim. Eu definitivame
Gustavo Como eu deixei Rafael e Felipe me convencerem a ir a uma festa do ensino médio? Não tem como isso acabar bem. Definitivamente vou ter que escutar como era o nerd da sala e sou um completo fracasso por uma noite inteira e ainda ao lado de uma completa desconhecida. Todo mundo sempre acha que o nerd da sala vai se tornar o próximo médico, advogado ou sei lá, ficar rico por ser inteligente. Até agora estou na fase de muito trabalho e pouco dinheiro. Me olhei no espelho mais uma vez e suspirei irritado. Terno e gravata para ir a uma festa da escola? Claro que Felipe iria me convencer a usar terno. Azul, para combinar com o vestido da minha acompanhante misteriosa. Se essa mulher for alguma daquelas patricinhas metidas eu juro que me escondo no banheiro até a noite terminar. Olhei para o meu quarto de infância mais uma vez. Definitivamente eu precisava arrancar aqueles posters de bandas da parede. Aquilo eram disquetes? Wow! Será que funcionam? Rafael e Felipe estavam prov