Mariana
Eu já estava saindo do trabalho quando me lembrei daquele bilhete infeliz que concordei por estar bêbada na noite passada.
Passei no quadro de avisos do prédio e não tinha nada sobre encontro. Ufa! Espero que as duas estivessem tão bêbadas que não haviam se lembrado disso.
Peguei o metrô para casa e a primeira coisa que fiz quando cheguei foi tomar um banho e ignorei as mensagens de Júlia e Sofia no celular.
Sim, um banho era tudo que eu queria para relaxar quando chego em casa.
Assim que coloquei meu pijama e me joguei no sofá, a primeira mensagem era de Sofia sobre uma festa na nossa antiga escola que eu definitivamente não queria ir.
Ir visitar a minha mãe significava mais encontros ridículos com filhos de amigas que nunca vi na vida.
Aposto que antes mesmo dela saber que estou indo já vai olhar no caderno qual rapazes ainda não me apresentou. Porque ela deve ter isso anotado em algum lugar e espero que os solteiros da cidade estejam chegando ao fim.
Eu definitivamente não queria ir para uma festa naquela escola onde passei anos horríveis e ainda ter que ir com um cara de 40 anos que minha mãe achou legal convidar para ir comigo.
A escola não me trazia boas recordações. O ensino médio então nem se fala. Alguém com a minha idade gosta do ensino médio?
Eu era bem gordinha na época da escola e praticamente não tinha amigos e muita gente me chamava de apelidos como "gordinha", "baleia fora d'agua", "rolha de poço" e todos os outros que vocês conseguem imaginar. Tudo isso conhecido também como bullying, mas naquela época era conhecido como implicância mesmo.
Antes do ensino médio eu me achava linda, mesmo com os comentários maldosos de algumas amigas da minha mãe que me achavam gorda. Mas depois do ensino médio, bom, acho que evito doces até hoje por cauda disso. E nem vou falar da academia que vou até mesmo nos feriados.
Por isso assim que terminei a escola acabei fazendo muito academia e dietas para ficar magra e praticamente conto cada caloria com cuidado. Muito cuidado.
No entanto, por mais que eu tenha alcançado a forma física que todos dizem ser perfeita, de revistas, essas memórias dolorosas não desaparecem. Me acho bonita quando olho no espelho com minhas calças 34, mas não sei.
Ainda me sinto insegura e receosa em retornar a esse lugar onde fui constantemente humilhada e menosprezada. A ideia de estar rodeada por pessoas do passado, algumas das quais foram responsáveis por meu sofrimento, é profundamente desconfortável.
Não! Eu não iria para aquela festa. Quando mandei mensagem para ela avisando que eu não iria, ela me ligou:
— Como assim você não vai? — Minha melhor amiga me liga e nem me dá "oi".
— Não quero ver aquele povo. — Dei de ombros, mesmo ela não podendo ver.
— Ninguém? Eu vou estar lá. E eu convidei a Júlia que também vai. — Ela me respondeu e revirei os olhos.
— Eu vejo vocês sempre. Não vou para a casa da minha mãe e viajar 3 horas de carro só para ver vocês.
— Mariana! Você vai. Já até arrumei um par para você. — Ela disse que me arrumou alguém? — Foi muita coincidência ser bem na festa, mas achei totalmente válido. — Do que essa criatura estava falando?
— Sofia! — Gritei a interrompendo. — Você me arrumou um encontro?
— Lembre o anúncio no prédio, que aliás, você concordou? — Ela me perguntou e me senti afundando no sofá.
Não! Eu vi! Ninguém respondeu o anúncio.
— Me responderam e já marquei tudo. E para a minha surpresa pelos detalhes, a pessoa precisa de uma companhia para a nossa festa.
Nossa festa? Agora a festa do ensino médio de pessoas que nunca mais quero ver, se tornou, nossa festa?
— Sofia, você não pode simplesmente decidir essas coisas por mim! — Minha voz expressava frustração enquanto eu tentava entender o que estava acontecendo. — Você pelo menos falou com o cara para saber se não é um assassino em série?
— Mariana, relaxa! Eu só pensei que seria uma oportunidade legal para você conhecer alguém novo e se divertir. É só uma festa, não é como se fosse um casamento ou algo assim. Além disso, o cara parece ser uma pessoa legal, eu juro! Não trocamos fotos nem nada, mas falei por áudio uma vez. — Sofia tentou me acalmar, mas eu ainda me sentia desconfortável com toda a situação. — Pelo menos o melhor amigo dele que está organizando tudo e tomei todas as precauções de não ser um maluco.
Eu suspirei, pensando se deveria mesmo considerar ir com esse acompanhante misterioso. Era uma festa da escola, afinal de contas, e eu realmente não queria reviver as lembranças dolorosas do passado. No entanto, também não queria decepcionar Sofia, que tinha boas intenções ao me arranjar um par.
— Pelo menos já temos algo em comum, dois melhores amigos malucos. — Retruquei irritada quase me fundindo com o sofá. — Reconheceu a voz dele? — Perguntei mordendo os lábios.
— Me pareceu familiar. — Ela deu de ombros despreocupada. — Mas se era da nossa escola, claro que seria familiar. Só estou vendo vantagens. Sem contar que você me prometeu. — Ela pediu a aposto que estava fazendo um biquinho.
— Tudo bem, mas já aviso que se o cara for o mauricinho do Pedro... — Comecei minha ameaça velada.
— Pedro está noivo da Alicia. Você não sabia? — Ela me perguntou parecendo em choque. — Vi nas redes sociais.
— Não tenho esse povo nas minhas redes sociais. — Não era mentira. A única pessoa que pesquisei depois da escola, mas somente uma única vez e já faz três anos, foi meu antigo crush.
— Enfim! — Ela me disse provavelmente preocupada que eu daria o discurso sobre o ensino médio. — Vai ser ótimo! Vamos mostrar para aquelas pessoas como estamos lindas, gostosas e poderosas.
Achei melhor não discordar.
— Mas já aviso que se o cara for do time de futebol... — Comecei a reclamar e tenho certeza que ela revirou os olhos.
Sofia sabe que o time de futebol eram as pessoas que mais me zoavam na escola e é deles que eu quero distância.
— Tenho certeza de que não é ninguém do time. — Ela me assegurou e eu suspirei cansada. — Ninguém com aquela voz seria do time.
Confesso que preferi acreditar nela. Minha outra opção era sair correndo da festa. Não era tão ruim.
Mandei uma mensagem para a minha mãe avisando que eu iria passar uma noite na casa dela para essa festa ridícula e já avisei que tinha um encontro organizado pela Sofia. Assim tinha mais crédito.
Infelizmente a sexta-feira passou voando e logo me vi no carro com Sofia e Júlia rumo a Minas. Minha animação não poderia ser menor.
Júlia, tinha pegado um hotel para ela e seu noivo! Sim, ela finalmente esta noiva do Samuel, que iria com ela. Os dois já tinham até comprado um ingresso para a festa na nossa escola. Júlia estava muito empolgada para finalmente conhecer todos que não paramos de falar, pelo menos, Sofia não para de falar.
A viagem foi boa. Fomos cantando praticamente o caminho inteiro e rindo uma da cara da outra. Era um longo caminho, mas com elas tudo não pareceu mais do que duas horas.
Chegamos à casa da minha mãe já faltando pouco para a festa. Não foi nenhuma surpresa quando Sofia me arrastou para o meu antigo quarto para nos trocarmos e mal me deixou falar com a minha mãe.
Sofia iria dormir ali comigo, já que seus pais se mudaram para São Paulo quando ela foi para lá fazer faculdade comigo.
— Desculpe! Ela tem finalmente um encontro descente e tenho que deixá-la bonita. — Sofia gritou para a minha mãe enquanto me arrastava escada acima.
Minha mãe parecia empolgada com tudo aquilo, com um sorriso de orelha a orelha, mas não disse nada quando subimos.
Entrar no meu antigo quarto me trazia aquela nostalgia. O quarto todo lilás com posters de bandas nas paredes e fotos minhas e de Sofia por todas as partes me fazia voltar no tempo. E nem vou falar nada da roupa de cama da Barbie e das coisas pintadas de rosa.
— Sua mãe me ligou para confirmar a história do encontro. — Sofia me disse assim que fechou a porta. — Nossa, isso aqui continua a mesma coisa. — Comentou olhando meu quarto com um sorriso no rosto e acho que perdida em pensamentos.
Tivemos bons momentos ali!
— Minha mãe te ligou? — Perguntei ignorando o comentário anterior.
— Sim, e eu disse que vai ser a terceira vez que você sair com ele. Assim quando avisar que estão namorando, não vai ser um cara que só viu uma vez. — Deu de ombros já tirando da mochila a roupa para tomar um banho e obviamente me ignorando.
Confesso que agradeci mentalmente tudo isso. Eu tinha me esquecido que o plano era para tirar minha mãe do meu pé.
Um encontro ruim com alguém feio e chato não vai me matar. Eu já tive um monte deles.
Será que é um cara maluco? Não! Lene não me colocaria nessa roubada, não é?
É só uma noite com a turma entediante da escola. Turma essa que eu pagaria para não precisar ver nunca mais.
Quem teve a brilhante ideia de reunir a galera do ensino médio? Aposto que foi alguém bem-sucedido, algum dos populares. Pessoas como eu nunca iriam organizar uma coisa dessas.
Tudo bem que eu me considero bem-sucedida, mas...
Acho que gastei alguns minutos olhando as fotos antigas na parede. Tinham muitas fotos minha e da Lene, uma pior do que a outra.
E tinha aquela foto, sim! Meu crush da escola. Todo mundo já teve um, o meu só tinha os cabelos mais lindos da história.
Ele estava abraçado comigo e estávamos comendo pizza. Costumava sempre fazer isso depois de um dia difícil de provas.
Sorri! Mesmo tendo sido meu crush, eu não queria vê-lo hoje, bom, talvez para jogar na cara dele como eu estava magra e gostosa.
— Você ainda não está pronta? — Quando foi que Sofia saiu do banho?
Ela me olhava com desaprovação, pois obviamente eu não tinha nem tirado o jeans surrado que usei na viagem. Ela por outro lado estava com o seu vestido bonito e secando o cabelo com a tolha, provavelmente pronta para uma maquiagem pesada que ela adora.
— Você fica bem de laranja. — Comentei sorrindo tentando tirar sua cara emburrada.
— Eu sei. — Ela me disse sorrindo. — Mas agora vai para o banho que eu não quero me atrasar. Tenho muita gente para falar e jogar na cara como eu sou gostosa.
Eu ri do comentário, pois era exatamente o que eu pretendia fazer. Dar um jeito de me livrar do meu encontro as escuras e dançar a noite inteira e obviamente mostrar para aqueles idiotas do time que eu não era mais a gordinha tímida que eles insultavam.
Espero que alguns deles estejam gordos e carecas. É possível ser careca com menos de trinta? Ah! Seria tão bom!
Saí do banho e Sofia já estava pronta e ela não perdeu tempo pegando seu kit de maquiagem, para passar em mim, mesmo eu falando que detesto aquilo tudo. Ao natural é muito melhor.
Nunca gostei de maquiagem, mesmo quando era adolescente e piorou agora.
— Você precisa tomar um sol antes de sair ao natural por aí. Se o sol te ver ele sai correndo de tão branquela que você está. — Ela reclamou e dei de ombros. Praia não faz meu tipo.
— Faz parte do meu charme. — Brinquei a fazendo rir e balançar a cabeça descrente.
Eu não tinha terminado de arrumar o cabelo quando Júlia e Samuel chegaram. Iríamos andando até a escola, afinal, era praticamente ao lado da casa da minha mãe. De salto talvez demorássemos dez minutos.
Nos despedimos da minha mãe apressadas e saímos rumo a escola. Fomos o caminho inteiro indicando coisas para Samuel e Júlia, como a melhor sorveteria, ou como aquela loja era melhor para comprar doces e até mesmo a loja de CD que hoje já não existe mais.
Assim que chegamos na escola eu já conseguia escutar barulho da música que provavelmente vinha da quadra.
A fachada da escola estava um pouco diferente, com uma pintura nova e parecia menos velha do que realmente era.
Era estranho estar ali depois de tantos anos. É impressão minha ou a escola é menor do que costumava ser?
Revisitar minha antiga escola do ensino médio é como mergulhar em um turbilhão de memórias nostálgicas. Ao adentrar os portões familiares, sou saudada pelo majestoso prédio de tijolos vermelhos, cujas paredes contam histórias de décadas passadas.
— Agora todos sorrindo que eu quero uma foto. — Sofia pediu e nos posicionamos em frente ao portão onde tinha nítido o nome da escola.
— Digam "Festa". — Júlia pediu e um sonoro "Festa" saiu e depois rimos.
Sofia nos enviou a foto no aplicativo de mensagem e eu comecei a ficar nervosa.
— Vamos entrando. Seu encontro deve chegar logo. — Ela me disse animada.
— Ainda me sinto ridícula com essa flor na mão. — Reclamei indicando a rosa que ela havia me dado.
Quem em pleno século XXI escolhe marcar um encontro com uma rosa na mão? Isso é tão anos 90.
— Se for alguém do time... — Ameacei Sofia pela milésima vez que me dispensou com a mão.
— Já disse que é impossível alguém tão simpático ser da turma dos populares. — Ela revirou os olhos.
— Na verdade, se são populares, teoricamente eles são simpáticos. — Samuel nos lembrou e eu revirei os olhos.
Suspeito que o noivo da Júlia era um dos "simpáticos" na época dele da escola.
— Que seja! Vem! Quero apresentar vocês para algumas pessoas. — Sofia comentou animada pegando Júlia pela mão. — Vou te mostrar meu crush daquela época. — Ela comentou nos fazendo rir. — E o da Mariana também. — Eu fiz uma careta enquanto eles se afastavam entrando pelo portão de ferro.
Estou sozinha na calçada em frente à escola, com um vestido lindo, salto, maquiagem e uma flor vermelha na mão.
Parabéns, Mariana! Você tem um encontro com um doido que aceitou um encontro as escuras por causa de um anúncio que sua melhor amiga, maluca, fez.
Quão ruim será essa noite?
Gustavo Como eu deixei Rafael e Felipe me convencerem a ir a uma festa do ensino médio? Não tem como isso acabar bem. Definitivamente vou ter que escutar como era o nerd da sala e sou um completo fracasso por uma noite inteira e ainda ao lado de uma completa desconhecida. Todo mundo sempre acha que o nerd da sala vai se tornar o próximo médico, advogado ou sei lá, ficar rico por ser inteligente. Até agora estou na fase de muito trabalho e pouco dinheiro. Me olhei no espelho mais uma vez e suspirei irritado. Terno e gravata para ir a uma festa da escola? Claro que Felipe iria me convencer a usar terno. Azul, para combinar com o vestido da minha acompanhante misteriosa. Se essa mulher for alguma daquelas patricinhas metidas eu juro que me escondo no banheiro até a noite terminar. Olhei para o meu quarto de infância mais uma vez. Definitivamente eu precisava arrancar aqueles posters de bandas da parede. Aquilo eram disquetes? Wow! Será que funcionam? Rafael e Felipe estavam prov
O sol da tarde banhava o pátio do colégio Excelência com sua luz dourada, enquanto os risos e brincadeiras das crianças preenchiam o ar. Entre os estudantes da quinta série, estavam Mariana Lima e Gustavo Martins, dois jovens cujas vidas estavam prestes a se entrelaçar de uma maneira inesperada. Em uma tarde ensolarada, durante o intervalo entre as aulas, Mariana estava sentada sozinha em um banco no pátio da escola, Sofia sua melhor amiga estava doente e não havia ido para a aula e ela estava sozinha, tentando não chamar atenção para si mesma. Ela estava encolhida sobre si mesma, tentando se esconder dos olhares cruéis e dos comentários maldosos dos outros alunos. Gustavo, acompanhado por seu melhor amigo Felipe, estava atravessando o pátio quando avistou Mariana. Ele notou imediatamente a expressão triste em seu rosto e os olhares maliciosos que ela recebia dos outros alunos. Um sentimento de compaixão e determinação se apoderou dele, e ele decidiu intervir. — Felipe, eu preciso
Mariana Depois que meus amigos entraram eu me vi sozinha esperando o dito cujo. Pensei algumas vezes em me esconder no banheiro ou algo assim e depois falar que o cara simplesmente não apareceu. Ninguém nunca iria saber, não é? Um vento gelado bateu nos meus braços me deixando arrepiada e olhei para o celular novamente. Dezenove horas em ponto. Ele definitivamente já estava atrasado. Aproveitei o tempo para enviar a foto que tiramos para a minha mãe. Ela ficaria feliz e provavelmente iria querer imprimir e colocar em um porta-retratos em casa. Era a cara dela fazer isso. A internet estava bem devagar e meu celular travou. Porcaria! Acho que soltei um palavrão. — Porcaria de celular. — Reclamei para o vento enquanto eu sacudia o aparelho tentando pegar sinal. Senti uma mão no meu ombro. Droga! Ele realmente veio. Dois minutos atrasado. Mais alguns e eu poderia ter entrado falando que ele não veio e ter me livrado disso. Tentei não demonstrar meu desapontamento por ele estar ali
Gustavo Procurei Felipe e Rafael por todos os lados e não me importei em disfarçar. Eu quero matar Felipe! Como ele me arruma um encontro com ela? — Vou pegar algumas bebidas. — Comentei para me livrar dela. — Claro. Estarei esperando aqui. — Ela comentou olhando para o outro lado do salão. Melhor assim. Ela correu para me zoar com as amigas e eu faço o mesmo e fingimos que isso nunca aconteceu. Me afastei tentando parecer estar desfilando por aí e sem pressa, mas assim que a vi correndo em direção a um pequeno grupo, não me importei. Saí correndo e chamando atenção de algumas pessoas que desviei no caminho. Quem se importa? Tenho que matar meu melhor amigo. — Mariana Lima! — Eu disse quando os alcancei e quase soltando fogo pela boca. Felipe esticou a cabeça para ver algo atrás de mim ainda sem tirar o sorriso debochado do rosto. — Já encontrou e destruidora de corações? — Ele me perguntou a procurando. — Você me arrumou um encontro com Mariana Lima. — Repeti o pegando p
Mariana — Por aí, mas de novo. Nunca gostei dela. Gente boa para conversar, mas depois que não tínhamos mais conversas eu estava só passando o tempo. — Passando o tempo se agarrando por aí? — Perguntei ofendida. Ele nunca quis passar o tempo comigo assim. Comigo era sempre jogando vídeo game, lendo juntos, estudando, até tomando sorvete, mas beijar a gordinha? Ninguém queria. — Se ela queria me agarrar e passar a mão por tudo isso aqui. — Ele apontou para o próprio corpo e eu revirei os olhos. — Então não sou eu que vou impedir. Enquanto eu não tiver outra pessoa, não me importo de ser usado. — E quando você soube do Pedro? — Perguntei curiosa tentando deixar minha raiva pelo passado de lado. — Depois de alguns dias que ela sumiu vi os dois juntos indo para casa no carro do pai dele e não precisei ser inteligente para somar dois mais dois. — E ninguém merece perder uma garota para o Pedro. — Comentei irônica e revirando os olhos e esperando-o confirmar. — Alicia não é grande
Gustavo Demoramos pelo menos uma hora falando com várias pessoas conhecidas ou não que viram a cena. Depois que as músicas lentas começaram, ficamos sozinhos novamente. — Isso foi divertido. — Eu comentei enquanto observávamos os casais na pista de dança. — Ele tem poder, você sabe. Poderia acabar conosco. — Ela comentou preocupada observando o casal de loiros dançando na pista. — Pedro só ladra, mas não morde. — Respondi despreocupado dando de ombros. Talvez isso fosse um problema para o Gustavo do futuro. Pedro nunca me prejudicou mais do que algumas palavras maldosas. Procurei desesperadamente algo para melhorar a noite e me lembrei que Mariana estava nisso para se livrar dos encontros que a mãe lhe arrumava. — Então vou ser seu namorado? — Perguntei com um sorriso enorme e ela revirou os olhos ainda olhando para a pista. — Vou mandar sua foto para a minha mãe e dizer como estamos completamente apaixonados. — E vamos casar e ter filhos? — Não me aguentei e perguntei rind
Os quatro amigos estavam imersos em seus estudos, cada um se esforçando para entender os conceitos complexos que estavam sendo revisados para as próximas provas. Apesar da pressão e do cansaço que pairava sobre eles, havia uma atmosfera leve e acolhedora no quarto de Mariana. As risadas ocasionalmente preenchiam o espaço, amenizando um pouco a tensão do momento. Felipe, com sua habilidade natural para explicar conceitos complicados de uma forma acessível, estava pacientemente guiando Mariana através dos problemas de matemática. Ele fazia questão de não apenas dizer as respostas corretas, mas também de explicar os passos necessários para chegar a elas, ajudando-a a compreender os fundamentos por trás das equações. — Então, é basicamente isso, Mariana. Você só precisa aplicar esse método toda vez que encontrar um problema semelhante. — Explicou Felipe, sorrindo encorajadoramente para ela. Mariana assentiu, sentindo-se grata pela paciência e dedicação de Felipe em ajudá-la a superar s
Mariana — Obrigada pela noite, Gustavo. Foi bom te ver de novo. — Comentei assim que paramos em frente ao portão da casa da minha mãe e eu nem mesmo sei se estava mentindo ou não. Eu estava já com a chave na mão, mas não queria entrar, pois eu nunca mais iria vê-lo de novo. Eu tenho certeza de que amanhã vou voltar a me lembrar de Gustavo como o garoto que me desprezou e que me fez mudar minha vida. Uma pessoa que nunca mais queria ver na vida. E agora estou aqui adiando minutos para não ter que me despedir. — Sempre que precisar de um namorado de mentira, só me avisar. — Ele brincou sorrindo com as mãos no bolso. Um flash de memória me invadiu. Nos dois ali em frente à casa da minha mãe, exatamente como agora, mas com jeans e camiseta. Gustavo me chamando para ir a uma festa com ele. Nós dois não éramos muito de festas, então fiquei surpresa e animada com o convite. Naquela época, eu deveria ter deixado a vergonha de lado e o beijado. — Te vejo por aí, Gustavo Martins. — Resp