Capítulo 1

Jeff

Eu não podia acreditar no que os meus olhos estavam vendo. Sentado na minha cadeira na sala da diretoria da Sparting Società di Costruzioni, afrouxei minha gravata na esperança de respirar melhor, a minha mão suada segurava o maldito convite de Bervely Willians e Edgard Smith convidando para o seu jantar de noivado, eu não consegui ler mais uma palavra depois daquilo. Bervely iria se casar com maldito e eu não queria acreditar que os oito anos que vivemos juntos não significou nada para ela.

Tudo que consegui foi amassar aquele maldito papel. Tomado pela fúria que me dominava, peguei um objeto de decoração sobre a mesa e arremessei contra a parede com força, o barulho dos cacos ecoaram por toda sala.

— Esse casamento não vai acontecer. Nunca. Eu não vou permitir! — falei para mim mesmo enquanto tentava me acalmar.

Antes que pudesse raciocinar, peguei o meu celular e disquei o número de Bervely, não iria ficar parado vendo ela ser de outro homem. Ela atendeu ao terceiro toque, ela nunca recusava minhas ligações, assim como eu as dela, sabia que ela ainda me amava, só precisava enxergar isso.

Após o divórcio ainda nos encontrávamos, e na maioria das vezes, os encontros terminavam em meu apartamento ou no dela fazendo amor, até o dia que ela me disse que não podíamos mais nos encontrar porque havia se apaixonado por outro homem.

— Jeff . Que bom que ligou, recebeu meu convite? — parecia empolgada e fechei meu punho tentando conter a raiva que sentia.

— É por isso que liguei. Podemos almoçar?

— Sinto muito, Jeff . Irei almoçar com a mãe de Edgard hoje, temos que resolver alguns detalhes do casamento — respondeu, fazendo meu estômago embrulhar.

— Jantar então?

— Não sei, Jeff .

— Não me diga que Edgard ficará com ciúmes?

— Pode ser o jantar. Te encontro as oito no Le Bernardin.

— Estarei lá. Beijos, querida.

— Até, Jeff .

Desliguei o telefone sentindo certo alívio, eu precisava vê-la, precisava dizer para ela não cometer a loucura de se casar com outro homem ainda me amando, e por mais que ela negasse, eu sabia que ela ainda era louca por mim, assim como era por ela.

Eu esperava ansioso pela chegada de Bervely, ainda não sabia o que dizer a ela, porém, só o fato de saber que ia vê-la já me deixava nervoso. Pedi uma dose de whisky ao garçom para ver se me acalmava. Logo que ele a trouxe, meus olhos foram em direção a entrada do restaurante e lá estava ela, mais linda do que nunca usando um vestido preto colado ao corpo que evidenciava cada curva, podia sentir minhas mãos arderem devido ao tamanho do meu desejo em tocá-la.

— Jeff . Como vai? — Se aproximou, fazendo com que me levantasse e fosse ao seu encontro.

— Uau, você está linda — Não pude me conter em elogiar enquanto puxava a cadeira para que ela se sentasse.

— Não seja exagerado, Jeff — disse e se sentou.

Logo o garçom reSmithou com o cardápio e Bervely pediu uma salada, em todo o tempo que estávamos casados raramente à via comer algo diferente, ela sempre usava a desculpa de que tudo aquilo era para manter a forma, mas eu à achava perfeita de qualquer jeito.

— Você irá ao meu jantar de noivado? Estou contado com a sua presença. — Estava empolgada e fazendo questão de me mostrar o diamante em seu dedo.

— Bervely, você tem certeza disso?

— Por que está me perguntando isso?

— Bervely, nada mudou nesses dois anos, eu ainda te amo, não venha me dizer que não sente mais nada — falei enquanto sentia meu coração acelerar.

— Jeff , você precisa entender que não somos bons juntos.

— Você não pode dizer isso. E o que aconteceu a alguns meses? Não me diga que esqueceu — disse irado me referindo a todas as vezes que transamos após o divórcio

— Jeff , aquilo foi apenas sexo, estávamos carentes, é complicado. Eu me apaixonei por Edgard. Me entenda, por favor — Havia pesar em suas palavras.

— É isso que você quer? — questionei, já sabendo a resposta

— Sim, tenho certeza disso. Jeff , você deveria conhecer alguém, seguir sua vida com uma mulher que ame você.

Aquelas palavras eram como lâminas me cortando em pedaços, não poderia desistir dela. Eu a amava. Me amaldiçoava todos os por ter colocado a droga do trabalho em primeiro lugar.

— Preciso ir, Jeff . Obrigado pelo jantar. Por favor, me entenda — disse após olhar para o celular

— Eu entendo, Bervely — menti.

— Espero você no jantar, eu e mamãe ficaremos chateadas se você não for — Se levantou.

— Estarei lá — Sim, estaria com a esperança de que ela me vendo ali, desistiria daquele maldito noivado.

Observei-a caminhar graciosamente até a saída, olhei para o meu relógio, vi que não era nem duas da tarde e tudo que eu precisava naquele momento era um whisky forte na esperança que a bebida amenizasse o vazio que sentia.

Não voltei para empresa, não estava em condições, o que era para ser apenas dose acabou se Smithando uma garrafa inteira, me dei conta do meu estado quando percebi que anoiteceu, não estava sóbrio o suficiente para dirigir, mas aquilo era última coisa que me importava.

Acordei com o barulho estridente da campainha e os gritos de Rick que eram como agulhas enfiando no meu cérebro, tamanha era a dor. Percebi que ainda usava a roupa da noite anterior e me esforcei para lembrar como eu havia chegado em casa. Rick era meu primo e melhor amigo desde que usávamos fraldas, não havia segredos entre nós e ele me conhecia melhor que ninguém.

— Abre a porra da porta, Jeff . Eu sei que está aí!!! — gritou me deixando irritado e fazendo o zumbido na minha cabeça aumentar.

Antes mesmo que eu dissesse qualquer coisa, Rick entrou como um foguete dentro do meu apartamento e seguiu em direção ao meu quarto voltando de lá com expressão decepcionada.

— Não acredito que passou a noite sozinho — disse se jogando no sofá

— E quem disse que passei? — retruquei.

— Como se eu não te conhecesse... Você está um lixo — torceu o nariz.

— Acho que bebi um pouco demais ontem — falei, já esperando o sermão.

— Você recebeu o convite? — perguntou, ele sabia a resposta — Jeff , Jeff ... — balançou a cabeça em negação.

— Ela vai se casar com aquele imbecil, Rick — senti um nó se formar na minha garganta.

— Porra, você recebe o convite para o noivado da sua ex-namorada e ao invés de transar com uma gostosa para superar, você bebe como se não houvesse amanhã — falou se levantando e me analisando — Vai tomar um banho, cara. Estou sentindo o cheiro de álcool daqui.

— Que horas são? — questionei ao ver que o relógio não estava no meu pulso.

— São quase três da tarde. Mexa esse traseiro e vai tomar banho, tenho que ligar para tia Rose e avisar que você está bem, porque ela quase voltou de Paris antes da hora porque o bonitão aí não atendeu o telefone — pegou o celular para ligar para minha mãe, que com certeza estava preocupada

— Fiquei sem bateria — disse sendo ignorado por Rick enquanto ia em direção ao meu quarto.

Assim que voltei para a sala, Rick estava espalhado no sofá com uma de minhas cervejas na mão.

— Cara sua geladeira está um horror, quem come só legumes? — fez cara de nojo.

— Estou tentando ter uma alimentação mais saudável, Bervely sempre insistiu com isso — argumentei.

— Meu Deus! O jeito que você se tortura é incrível!

— Você devia estar na sua casa com Alice — fui até a cozinha, peguei uma cerveja e encarei a minha geladeira, eu odiava comida vegana, contudo, estava fazendo um esforço na esperança de que quando Bervely caísse na real e voltasse para mim, ela me encontrasse diferente.

— Alice e o bebê estão bem, acabei de falar com ela — respondeu.

— Rick, eu gostaria de ficar sozinho, ainda não digeri tudo que está acontecendo — me sentei no sofá.

— É simples cara, sua ex-namorada chata vai se casar com outro, você precisa superar e seguir em frente, mostrar para ela que você está bem.

— Você sabe que eu ainda a amo — dei um gole na minha cerveja.

— E você acha que correr atrás dela feito um cachorrinho vai resolver? — questionou levantando a sobrancelhas

— Não — concordei.

— Está na hora de você conhecer alguém, nem que seja só para transar.

— Não tenho tempo para isso.

— Mas tem tempo de correr atrás de Bervely. Você é uma piada!

— O que eu faço então? Transo com a primeira que me der mole? Nós não estamos mais na faculdade Rick.

— Sei lá devia sair com alguém para mostrar para ela que você superou — falou e foi até a cozinha — Alguém que não seja chata e não me dê sermão quando eu fizer churrasco — gritou. Ele nunca tinha se dado bem com Bervely, a tolerava para o bem do nosso relacionamento e quando lhe contei que ela havia pedido o divórcio, só faltou ele estourar um champanhe em comemoração.

Rick podia estar certo, ela precisava me ver com outra pessoa para saber como eu me sinto.

— Não estou afim de me envolver com ninguém — falei assim que ele voltou com a sua cerveja.

— Sei lá, contrata uma prostituta ou uma sugar baby gostosa e esfrega naquela cara pálida da Bervely, só cuidado para não fazer que nem o Franklin, que contratou uma sugar baby, se apaixonou e vai se casar com ela — começou a rir.

— Que ideia mais idiota, cara. Nunca faria algo assim — disse incrédulo.

— Contratar uma mulher para esfregar na cara chatonilda ou se apaixonar por uma sugar baby? — perguntou. Deu um tapinha nas minhas costas e uma risada debochada em seguida.

Havia passado um mês desde meu último encontro com Bervely e cada dia eu ficava mais desesperado, no próximo final de semana seria a oficialização do seu noivado com aquele imbecil do Edgard e minhas mãos estavam atadas, não queria agir como um pobre coitado e implorar que ela não se casasse.

Franklin, um dos meus melhores amigos se casaria no dia seguinte e Rick havia inventado uma despedida de solteiro, mesmo com Frank insistindo que não queria nada do tipo.

Rick fez com que eu pegasse um Uber pois na sua cabeça, iria beber demais para voltar para casa dirigindo, porém, a última coisa que precisava era de uma ressaca no dia seguinte. Desci do Uber e dei uma olhada na fachada do lugar com luzes em néon, não pude conter o riso ao imaginar a cara de Frank ao ter visto o lugar que teria sua última noite de solteiro.

Entrei e vi que a iluminação do ambiente não era das melhores, haviam algumas garotas com corpos esculturais e roupas sugestivas dançado no pole dance ao som de uma música que não soube definir, elas estavam rodeadas por vários homens que admiravam o show.

Notei que havia uma garota mais magra que as outras usando um peruca azul que parecia um pouco desconfortável com a proximidade de alguns homens, com toda certeza era a mais jovem que havia ali, por um instante nossos olhares se cruzaram, mas ela desviou rapidamente fazendo um movimento que a deixou de cabeça para baixo. Ela tinha algo diferente, talvez fosse inocente demais para estar em um lugar como aquele exposta como um pedaço de carne.

Balancei a cabeça negativamente, eu não tinha nada a ver com isso, mal consigo colocar a minha vida nos eixos. Procurei por meus amigos e os encontrei rapidamente, pois eram os mais animados do lugar e estavam mais preocupados em encher a cara do que prestar atenção em alguma das mulheres que dançavam.

— Até que enfim cara! — Rick deu um tapa forte nas minhas costas.

— JEFF ! — gritou Frank, que estava um pouco alterado e agarrado a uma garrafa de vodca, só consegui pensar no tamanho da sua ressaca na manhã seguinte.

— Louise sabe que você trouxe o Frank para um lugar como esse? — questionei Rick que tentava acender o seu cigarro.

— É claro que não — Mason respondeu e me entrou uma cerveja — Vê se bebe e fica menos chato.

— Concordo com o Mason você está se Smithando um velho ranzinza.

— Assumi o cargo de Frank, alguém precisa controlar vocês — dei um gole na minha cerveja, Frank sempre foi o mais sério do quarteto, nunca foi de se relacionar, era o único solteiro do grupo até conhecer Sarah, que por incrível que parece era uma sugar baby no seu primeiro dia de trabalho, ele ficou apaixonado pela garota e depois de muitos altos e baixos a pediu em casamento, algo que todos nós jurávamos que nunca aconteceria.

— Jeff , você precisa relaxar. A propósito, você é único de nós que pode apreciar o lugar — Mason jogou o braço sobre seu ombro e apontou na direção das garotas que dançavam sensualmente.

— Isso mesmo Jeff , você é o único solteiro do quarteto fantástico — Frank falou caindo na gargalhada e fazendo com me lembrasse do meu martírio.

— Cara, dá uma olhadinha, é uma mais gostosa que a outra. Só uma transa, irmão — Rick insistiu, fazendo que eu olhasse na direção que as garotas dançavam, por algum motivo meus olhos buscaram a garota de peruca azul, mas ela não estava mais no palco.

— Eu não me envolvo com esse tipo de mulher — Me afastei de Rick e me sentei ao lado de Frank, a insistência dele para que me envolvesse com alguém estava insuportável

— Está certo, você prefere ficar correndo atrás da chata da Bervely como um cachorrinho abandonado — Aquelas palavras me atingiram como um soco, fazendo com que eu me levantasse, fosse na direção de Rick e o segurasse pela gola da camisa.

— Repita o que disse, seu imbecil! — falei alterado e senti as mãos de Mason e Frank me segurando.

— Calma, cara. Não quis te ofender, nós somos amigos porra! — pegou a garrafa de vodca que havia sobre a mesa e levou a boca bebendo no gargalo sem cerimônia.

— Jeff , relaxa — Frank me deu um tapinha no ombro.

— Você é como um irmão para mim e me dói ver você correndo atrás daquela mulher, você merece mais — Rick fez uma careta engraçada após depositar a garrafa sobre a mesa

— Eu sei o que mereço — bufei.

— Tudo bem por aqui? — Um cara alto e forte com traços orientais que imaginei ser um dos seguranças do local perguntou ao se aproximar.

— Está tudo bem — Frank e Maddie falaram juntos.

O cara torceu o nariz nos olhando dos pés à cabeça e saiu.

— Jeff , viemos aqui para nos divertir, não vamos estragar a noite — Frank disse com pesar, ele realmente parecia chateado e não era justo que eu estragasse a noite dele.

— É isso aí — Rick gritou e começou uma dança esquisita.

— Eu vou casar amanhã porra! — Frank levantou a garrafa de cerveja para um brinde.

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