Capítulo 4

Jeff

Eu dirigia ansioso por uma bebida, o trânsito não estava ajudando nem um pouco e parecia mais lento que o comum. Enquanto acompanhava os carros, me lembrei da despedida de solteiro de Frank e do lugar que havíamos ido, senti uma súbita vontade de dirigir até lá e não entendia o motivo, não costumava gostar de lugares como aquele, mas talvez um lugar onde ninguém me conhecesse seria perfeito para me afogar no álcool sem me preocupar em acordar no dia seguinte com uma foto estampada em algum tabloide de fofoca com uma matéria insinuando que estava tendo problemas com o álcool. Peguei meu celular e busquei a localização do lugar que não era tão longe de onde estava.

Logo que estacionei vi que o lugar parecia bem mais vazio que me lembrava, talvez por ser meio de semana. Entrei e vi que era um dos primeiros clientes, ainda não haviam garotas dançando como na última vez.

Procurei uma mesa no canto mais escuro e afastado e me sentei, uma garçonete se aproximou e pedi que trouxesse uma garrafa fechada de whisky, ela saiu depois me perguntar em Torno de quatro vezes se eu tinha certeza do pedido e foi quando notei que mais alguns clientes estavam chegando.

A jovem voltou com a garrafa, um copo e com sorriso amarelo no rosto, perguntou se precisava de mais alguma coisa e se afastou após eu negar.

Enquanto me livrava da minha gravata, vi que algumas garotas se aproximavam das barras de pole dance e começavam a dançar, entre elas estava a garota de azul, seu corpo parecia se moldar barra mesmo com ela mostrasse certa insegurança em seus passos. Sua pele branca contrastava com as luzes coloridas do lugar, suas curvas eram chamativas e desviei o meu olhar antes que começasse a pensar alguma besteira, ela era o tipo de mulher que eu jamais me envolveria.

Após finalizar minha segunda dose e me servir da terceira, meu olhar se voltar novamente para a garota que agora parecia ainda mais tensa ao dançar, percebi que havia um homem muito próximo do palco e aquela cena prendeu minha atenção. Após alguns minutos ela desceu da barra e nesse momento vi sua perna sendo puxada pelo homem que a assistia fazendo-a cair sentada, ela foi puxada até ficar de pé de frente para aquele sujeito. Uma das luzes dos refletores iluminou o rosto do homem é foi quando vi que o conhecia.

HectorSlawgard era filho de um magnata de uma rede de transportadoras, meu pai já fez negócios com eles. Logo que assumi a presidência cortei qualquer tipo de relação com eles, de acordo com algumas informações que obtive, soube que estavam enterrados até o pescoço em negócios ilícitos.

A garota tentou se soltar, mas aparentemente Hector a segurava ainda mais forte. Olhei ao redor e compreendi que ninguém iria ajudá-la, pois ele provavelmente causava medo na maioria das pessoas que estavam ali. Fiquei surpreso ao ver a garota desferir um soco em seu nariz, o que pareceu deixá-lo ainda mais furioso e foi naquele momento que eu soube que teria que fazer algo.

Caminhei o mais rápido que pude.

— Acho que seria interessante que o senhor soltasse a garota — falei com firmeza.

Olhei em direção a garota que me encarava com olhos arregalados e o corpo trêmulo.

— Olha só quem temos aqui — disse dando uma risada de escárnio — Desde quando Sparting salva donzelas em perigo? — empurrou a garota fazendo com que ela caísse no chão.

— Hector, deixe a garota em paz — mantive os olhos na garota que tentava se levantar do chão.

— E se eu não quiser? Você vai fazer o que? — Se aproximou ficando cara a cara comigo.

— Não quero confusão — E realmente não queria. A única coisa que queria naquela noite era beber até perder os sentidos e não me lembrar de como cheguei ao meu apartamento.

— Então você não está no seu dia de sorte — Após ouvi-lo pronunciar essas palavras, senti a pancada da cabeça de Hector sobre a minha testa me deixando atordoado, minha única reação foi lhe desferir um soco no nariz que ainda sangrava pelo soco da garota. Para minha sorte ele cambaleou e teria caído se não fosse amparado por um homem grande e corpulento junto do mesmo segurança de traços orientais da despedida de solteiro de Frank.

— Dê o fora daqui — gritou o homem.

Aquilo só me fez ter certeza do que eu já imaginava, Hector tinha carta branca para fazer o que quisesse naquele local.

— Vocês não viram o que esse cara fez? — gritei fora de mim — Ele praticamente agrediu uma de suas funcionárias — apontei para a garota que olhava para tudo horrorizada.

— Pega as suas coisas e suma daqui. Eu te disse para tratar um dos meus melhores clientes bem e olha o que você fez!

— Mas Philip...— A garota tentou argumentar com a voz embargada pelo choro.

— Saia daqui. Você era uma merda como dançarina, não sei onde estava com a cabeça quando permiti que você trabalhasse aqui — gritou e a garota tremeu.

— O que você ainda está fazendo aqui, playboy? Eu mandei você dar o fora!

Olhei para a garota que abaixou a cabeça e saiu, percebi que ela foi amparada por uma mulher loira que a abraçou. Peguei algumas notas que estava na minha carteira e coloquei sobre a mesa pagando pela garrafa de whisky.

Olhei mais uma vez para Hector e vi que uma das dançarinas colocava gelo em seu nariz.

Ele deu um sorriso maléfico e esbravejou.

— Isso não vai ficar assim, Sparting.

Sai daquele lugar no mesmo instante que uma tempestade torrencial começou a cair. Corri até o meu carro, tirei meu blazer molhado e joguei no banco traseiro. Ao acionar a partida e ligar o limpador de para-brisa, me deparei com a visão da garota sendo jogada no chão por um dos seguranças da boate. Ela estava furiosa, proferiu inúmeros palavrões enquanto guardava os seus pertences que caíram de sua bolsa na queda.

Pude ver que seus cabelos eram pretos e algumas mechas estavam grudadas em seu rosto devido à chuva. Assim que terminou de juntar tudo, ela permaneceu de joelhos e levou as mãos em direção ao rosto enquanto seus ombros tremiam pelo choro.

Foi invadido por um sentimento de culpa, mas se não tivesse me levantando e a ajudado a se livrar de Hector, quem sabe em que estado ela estaria agora? Lembrei de uma notícia antiga na qual Hector foi acusado de agredir sua ex-namorada e deixá-la em coma.

Por um momento me senti responsável por aquela garota e sabia que iria me arrepender amargamente do que eu estava prestes a fazer.

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