Kathy
Eu tentava processar tudo o que aconteceu em poucas horas.Jeff me defendeu de Hector e fui jogada para fora da boate como se fosse lixo. Certamente aquela seria a noite mais movimentada da minha vida! Queria que Judith pudesse me ver agora, ela sempre dizia que eu era careta e ficaria surpresa em saber o quão movimentada a minha vida estava, não nos falávamos há dois meses, ela mudou o número do telefone, também visualizava meus directs no I*******m, não respondia e eu dizia a mim mesma que ela só estava ocupada demais com a faculdade.Agora eu estava parada perto da porta de saída do Burger King tentando digerir novamente tudo aquilo o que Jeff falou. Por que um homem como ele queria me contratar para fingir ser sua namorada? Ele só podia ser maluco e o melhor que eu tinha a fazer era ir para casa.— EU PAGO 100 MIL DÓLARES! — Ele gritou, me fazendo paralisar no lugar — Ele só podia estar brincando! Ouvi o barulho ensurdecedor de uma bandeja de metal que um dos atendentes derrubou no chão ao se assustar com o grito do meu novo “amigo”.Respirei fundo e caminhei até a mesa onde permanecia sentado, ele estava pálido e percebeu a merda que tinha feito.— Você é muito discreto, Jeff . 100 mil dólares? Onde estão as câmeras escondidas? — falei ao me sentar. Aquilo só podia ser pegadinha, nunca em meus 19 anos de vida ninguém, além dos meus pais e Judith, foi capaz de fazer qualquer coisa por mim, ainda mais algo como entrar em uma briga com um homem completamente alterado para me defender como se eu fosse importante. Não que não fosse, mas Jeff nem sabia o meu nome antes de fazer aquilo e agora vem com essa história de me contratar para ser sua namorada por toda essa grana. Era surreal demais até para mim, que sempre acreditou em coisas como abdução alienígena e dimensões paralelas.— Katherine, minha proposta é séria, eu pago os 100 mil — disse quase sussurrando.Com toda a certeza Jeff é muito rico, só carro valia mais que 100 mil dólares, mas eu não conseguia compreender porque fez essa proposta a mim. Passei os olhos sobre ele pela décima vez e confirmei mais uma vez o quanto era bonito, ele não precisava de mim. Com esse dinheiro, poderia contratar uma modelo ou atriz muito mais interessante que uma simples garçonete.Senti minha boca seca e me levantei deixando minha bolsa sobre a cadeira. fui até o balcão e pedi um refrigerante pequeno. Precisava de algo para me ajudar a engolir tudo aquilo. Olhei para a mesa e Jeff me olhava com os olhos suplicantes, peguei a pepsi e voltei para a mesa.— Katherine, isso é bem mais do que você conseguiria trabalhado em um ano naquela boate. Pelo que percebi, você não estava feliz com o seu trabalho — Eu gostei de ouvi-lo pronunciar o meu nome, era tão comum pedir para me chamarem de Kath logo que me apresentava, porém, gostei do tom de sua voz quando dizia Katherine.— Você não sabe nada sobre mim.— Você disse que precisava do dinheiro que ganhava lá para ajudar sua mãe e irmã, em nenhum momento disse que estava trabalhando por que gostava — O filho da mãe era observador, eu realmente não gostava daquele lugar, o que me fazia continuar era o dinheiro. E só de pensar em Hectore no que ele poderia ter feito se Jeff não tivesse o confrontado, sinto calafrios.Estava grata por ele ter feito algo que nenhum dos babacas dos seguranças da boate foi capaz de fazer, não que eu esperasse, até porque Hectortinha carta branca naquele lugar. Aquele dinheiro seria a solução dos meus problemas, poderia pagar o tratamento de Maddie e os remédios de mamãe, me mudar para um lugar mais confortável e pensar nas duas pessoas que eu mais amava nesse mundo fez com que me sentisse tentada em aceitar a proposta de Jeff .— Suponhamos que aceite. Como isso vai funcionar? — levei o canudo do refrigerante a boca e suguei quase todo o conteúdo do copo— Podemos estipular um prazo, acredito que quatro meses seja o suficiente. Se as suposições estiverem certas, Bervely irá se casar dentro desse prazo, então é tempo suficiente para que ela desista dessa sandice — soltou um longo suspiro e pude notar a tristeza em seu olhar. Ele realmente amava aquela mulher e me perguntei se algum dia encontraria alguém que me amasse com tanto fervor.— Você começaria a fingir no sábado, é o jantar de noivado dela com o imbecil e chegar nele acompanhado será uma surpresa para Bervely e seus convidados.— Quem em sã consciência chama o ex-marido para o seu noivado? — cruzei os braços.— Nos Tornamos grandes amigos após a separação — justificou.— Eu ainda acho que você está maluco. Sabia que isso não é saudável?— Você precisaria apenas me acompanhar e agir como apaixonada, pagarei 50 mil no sábado e 50 mil assim que eu e Bervely voltarmos. Tenho plena certeza que será antes de quatro meses.— O que seria agir como apaixonada? — questionei.Ele ficou calado por alguns segundos como se estivesse formulando uma resposta.— Bem, você pode sorrir para mim o tempo todo, ser carinhosa e... talvez... — Ele fez uma pausa e coçou a nuca — Precisaremos nos beijar quando ela ou algum conhecido nosso estiver por perto — sussurrou.— Sem chance, nada de beijos — falei. Soube que minha recusa não ia dar em nada, se realmente quiséssemos que aquilo funcionasse, eu teria que beijá-lo, e pensando bem, não seria um sacrifício tão grande devido aos seus atributos físicos.— Não precisa ser um beijo de cinema. No máximo alguns selinhos, eu não ficaria confortável com a língua de alguém na minha boca em público — senti minhas bochechas arderem, sentia que estava ruborizada.— E se você se apaixonar por mim? — perguntei tentando ser engraçada para disfarçar meu embaraço, mas me arrependi no segundo que falei, peguei o copo de refrigerante, levei o canudo na boca e suguei o resto de refrigerante.Ele deu um sorriso ao ouvir o barulho constrangedor que indicava que o refrigerante acabou.— Fique tranquila, Katherine. Eu jamais me interessaria por você, além do mais, estamos fazendo isso porque amo a minha mulher — Não sei o motivo, mas senti um pequeno desconforto com aquelas palavras. Balancei a cabeça em negação auto afirmando que aquilo era apenas o meu ego me cutucando.Eu precisava muito daquele dinheiro e não seria difícil fingir ser a namorada de alguém. Por mais bizarro que aquilo possa ser, por um momento me senti como a garota do filme Namorada de aluguel, a única diferença é que o homem sentando na minha frente era muito mais gato que o Patrick Dempsey.— Ok, vamos fazer isso — falei rapidamente como se estivesse arrancando um band-aid de um machucado.— Tenho certeza que logo estará liberada da sua função. Estou feliz que tenha aceitado, vai poder ajudar a sua mãe e irmã sem correr nenhum risco — falou empolgado enquanto pegava algo no bolso.— Esse é o meu cartão, pode me ligar ou me mandar uma mensagem para combinarmos tudo com mais calma — estendeu um cartão de visita com seu nome e telefone.— Certo, eu te ligo. Agora preciso ir — estava ficando tarde e estava esgotada demais para encarar ônibus e o metrô, peguei minha bolsa e lhe dei um sorriso amarelo. — Eu te levo em casa — ofereceu e se levantou. Claro que me levaria, ele deveria ter alguma síndrome de salvador ou algo do tipo.— Não precisa, vou pedir um Uber — falei enquanto caminhava até a porta.— Isso não está em discussão — Me seguiu insistindo.— Se entrar com esse carro no meu bairro, você corre o risco de ficar sem ele — dei uma risada. Dado o bairro que eu morava, isso era possível de acontecer.— Vou correr o risco, tenho mais alguns carros — deu uma piscadela que fez com que sentisse um frio na barriga — Vamos — falou, abrindo a porta do carro para que eu entrasse.Entrei e me sentei no banco de couro mega confortável enquanto o observava entrar no carro. A forma como ele se movimentava parecia que havia saído de algum filme do 007, seu charme e elegância era semelhante à do charmoso espião. Procurei meu celular na bolsa para ter algo para prender minha atenção que não fosse o mister testosterona dirigindo ao meu lado e para o meu azar, ele estava sem bateria.Kathy— Você mora aqui? — Ele perguntou olhando mais uma vez para o meu prédio antes de estacionar.— Sim, foi endereço que te dei, não foi? Algum problema?— Problema nenhum, só parece um pouco perigoso — respondeu sem graça. Eu sabia muito bem o quanto meu bairro era perigoso e como meu prédio era horroroso.— Eu disse que não precisava me trazer — tirei o cinto de segurança e abri a porta para sair dali ao perceber que tinha me equivocado ao pensar que ele fosse um cara legal, mesmo possuindo muito dinheiro — Se quiser, pode desistir do combinado, percebi que você está desconfortável — disse assim que sai.— NÃO! — Ele quase gritou, me assustando — Não é o que está pensando, é que é um lugar um pouco perigoso.— É o que posso pagar. Tenho que ir, estou exausta.— Tudo bem, não deixe de me contatar amanhã, nossa primeira aparição juntos vai ser daqui três dias — falou segurando firme a direção do carro.— Tudo bem, dois dias, já passou da meia noite — senti um frio na barriga.— Iss
Jeff Eu estava esperando uma mensagem ou ligação de Katherine desde o momento que acordei depois de três horas de sono naquela manhã com a Maddie berrando, estava começando a odiar aquela coisa que todos diziam ser revolucionária. Me levantei e caminhei como um zumbi para o banheiro, não estava com ânimo nenhum para a academia e certamente Patrick me ligaria para falar o quanto estava sendo irresponsável com meu corpo. Eu estava arrependido de passar boa parte da madrugada pensando se meu plano de deixar Bervely com ciúmes daria certo.Entre uma reunião e outra, olhava meu celular na esperança de que Katherine tivesse me contatado, mas nenhuma das chamadas e mensagens de números desconhecidos pertenciam a ela. Acreditei que poderia ligar para o telefone fixo, e toda vez que minha secretária me contatava para passar uma ligação, sentia um frio na barriga. Ela não poderia ter desistido, eram 100 mil dólares em jogo e depois de ver o lugar que ela morava, tive plena certeza de que pre
KathyEu pensava em Jeff enquanto voltava para casa e em como ele era estranho. Não um estranho ruim, mas um estranho que o fazia diferente da maioria dos homens. Jamais imaginaria que qualquer outro homem fosse capaz de contratar alguém para fazer ciúmes na ex-mulher para que ela desistisse de se casar com outro, ainda mais um homem que poderia conseguir qualquer mulher sem ter que gastar um centavo por isso. E lá estava eu mais uma vez lembrando do quanto Jeff era bonito.Toda vez que o pensamento sobre a beleza dele vinha a minha mente, eu automaticamente afirmava a mim mesma um sonoro não. Mesmo que ele fosse o homem mais bonito e charmoso do universo, eu jamais me interessaria.Cheguei no meu prédio e subi as escadas correndo, ansiosa por um tempinho com as pessoas que mais amava no mundo.— Kathy, você veio cedo. Eba! — gritou empolgada e tentou se levantar do sofá, lugar onde ela vivia maior parte do tempo depois que consegui assinar Netflix com o dinheiro extra da boate. Sei q
KathyHavia chegado cedo na lanchonete. Organizei alguns pratos e fiz alguns cafés, o movimento estava muito baixo e David estava preocupado com a diminuição de clientes no decorrer dos últimos dias, os únicos horários em que ficava cheio era no almoço.As gorjetas estavam cada vez menores e procurava não reclamar, não estava sendo fácil para ninguém, aparentemente a crise financeira estava batendo na porta de todo mundo. Eu só conseguia pensar nos remédios de Maddie e com o aluguel, pois só com o meu salário não conseguiria arcar com tudo. Por um momento me senti tentada a ir pelo caminho mais fácil, voltar até a boate e implorar pelo meu emprego de volta ou até me mesmo ligar para Jeff e dizer que iria fazer parte daquele plano ridículo, mesmo que o plano fosse apenas para me humilhar.Eu estava a uma meia hora espirrando e como o movimento estava fraco, David pediu para que organizasse o depósito, este que parecia que tinha uma década que ninguém o limpava. Peguei alguns materiais
JeffEsperava Katherine encostado no meu carro e estava esperançoso. Ela saiu do lugar pisando duro. Agora sem o uniforme, usava uma calça jeans que parecia dois números maior do que deveria usar e uma camiseta preta com um alienígena estampado, qualquer pessoa do meu convívio que me visse com alguém vestido daquela maneira acreditaria que eu havia surtado de vez.— Você vai ficar parado aí me olhando ou vai me levar para casa? — alfinetou, me olhando com os olhos faiscantes.— Vamos — fui em direção a porta do passageiro, abri para que ela entrasse e realmente não entendi o porquê de ter feito isso.— Tão cavalheiro — revirou os olhos debochando e preferi ignorar.— É um hábito.Enquanto dirigia, Katherine permaneceu calada e estava começando a ficar tenso.— Me diga Katherine, quais são suas exigências? — perguntei curioso.— Não sei como dizer isso, mas se você quer que eu finja ser sua namorada, vamos ter que fazer isso direito, porque minha mãe vai começar a me questionar quando
KathySubi as escadas rapidamente. Assim que abri a porta, dei de frente com minha mãe com os braços cruzados e uma feição de poucos amigos.— Oi mamãe — fui em sua direção lhe abraçar.— Não me venha com “Oi mamãe”, Katherine, quem te trouxe? — Me perguntou e se afastou.— Mamãe!— Nada de mamãe, quem era o grã-fino que te trouxe, Katherine? Eu posso ser burra, mas sei que aquele carro daria vinte apartamentos desse. Vi pela janela quando você desceu daquele carro. Pode começar a falar — torceu o nariz e fez um semblante assustador.Eu teria que contar para minha mãe sobre Jeff , ou melhor, mentir sobre esse namoro. Estava planejando contar no dia seguinte durante o café da manhã, porém, a curiosidade da dona Teresa fez meu plano ir por água abaixo.— Então mamãe, conheci uma pessoa.— Katherine, você não está fazendo coisa errada? Pelo amor de Deus! — Se jogou no sofá com as mãos na cabeça.— Não mamãe! Conheci o Jeff na lanchonete e nos apaixonamos.— Jeff é o nome do homem que tro
Kathy— Kathy — Maddie estava na sala e me viu assim que entrei carregando um pouco das sacolas.— Oi, ursinha — falei com um sorriso amarelo.— O que aconteceu com você? Você está igual uma princesa... — sussurrou com olhinhos brilhantes.— Pode me ajudar com essas sacolas? — lhe entreguei algumas sacolas que não eram pesadas.Assim que coloquei todas as sacolas para dentro, minha mãe surgiu no corredor com os olhos arregalados.— O que é tudo isso, Katherine? — perguntou brava.Eu precisava inventar algo rápido, e para piorar, faltavam apenas alguns minutos para o horário que combinei para Jeff me buscar.— Mamãe, irei comparecer em alguns eventos com Jeff e ele achou interessante comprar algumas roupas e sapatos para usar — dei o meu melhor sorriso.— Katherine, isso vai acabar mal — coçou a cabeça.— O que vai acabar mal? A Kath tá linda, não é mamãe? — Maddie perguntou me salvando, ela não iria entrar em uma discussão na frente da minha irmãzinha.— Está mesmo, filha. Ela está lin
JeffOlhei ao redor e vi Bervely com um grupinho de pessoas conversando descontraidamente, usava um vestido azul turquesa com uma fenda generosa na perna que combinava com o seu tom de pele porcelana, aquela mulher ficaria linda usando qualquer coisa. Ao notar minha presença e de Katherine, ela sorriu e caminhou em nossa direção, olhei para Katherine e ela parecia mais branca que o normal, era visível a sua tensão.— Jeff , querido. Estou tão feliz que esteja aqui — disse e plantou um beijo em minha bochecha.— Eu disse que viria — respondi e me perdi por alguns segundos em seus olhos azuis brilhantes.— Não vai me apresentar sua acompanhante? — olhou Kath de cima a baixo.— É claro, essa é Katherine, minha namorada — falei firmemente, esperava que ela não percebesse o nervosismo em minha voz.— Muito prazer — Katherine estendeu a mão confiante.— O prazer é meu — falou em um tom desdenhoso — Não esperava que trouxesse alguém. Que bom que está aqui, querida. Fique à vontade — Ela parec