Prólogo
Nojo. Raiva. Tristeza. É tudo uma mistura, aqueles malditos acabaram com tudo que eu tinha, levaram desde a minha virgindade até minha vontade de viver. Malditos, eu preferia estar morta. Limpo as malditas lágrimas que insistem em escorrer pelo meu rosto, mesmo não querendo mais chorar, é como se eu não conseguisse parar, é como se meus olhos sangrassem, mas em vez de sangue, são lágrimas, é como uma dor latente. Os desgraçados, que me desgraçaram, devem pagar, mas não perante a lei, não é suficiente, eu sei que meus irmãos estão atrás deles, mas acho que nem isso é suficiente. Pego a esponja e esfrego todo meu corpo pela quinta vez, o hilário é que me sinto ainda mais suja. Observo meu corpo, minha pele está toda avermelhada, esfrego ainda mais. As lágrimas ficam mais intensas, grito, choro, passo minhas unhas pela pele com tamanha força que sinto a ardência da pele ferida, mas não me importo. Ainda sinto o toque deles. Ouço suas vozes, como se ainda sussurrassem em meu ouvido. "Sua vadiazinha gostosa, vem cá vem." "Tão apertadinha, sei que está gostando" Caiu ao chão e choro ainda mais, mordo meu braço, me arranho, sinto tanto nojo, que vômito. Doi, eu só quero que passe. Mas não dói o corpo, minha dor está na alma. Soluço e sinto braços ao meu redor, não esboço reação, a pessoa me enrola e desliga o chuveiro. -Sorella? Vou cuidar de você.- diz meu irmão Ramsés, ele beija minha testa, pega-me no colo e me coloca na cama. Coloco minha cabeça no travesseiro e não digo nada, não tenho nada a dizer, estou enojada, envergonhada, morta. -Não aguento vê-la assim.- ouço minha mamma falando com Ramsés. -Encontre-os.- ordena. -Nos vamos encontrá-los.- diz e sinto alguém fazer carinho em meus cabelos. Fecho os olhos. -Estou aqui filha, você não está sozinha, está segura, está em casa.- diz com a voz embargada, eu sei que estou segura, mas é tarde demais. Abro os olhos e me sento na cama. Olho em seus olhos, há dor neles, passo minha mão em sua bochecha e sorriu de lado, um sorriso triste e vazio. -Eu quero morrer.- consigo pronunciar em um fio de voz e volto a chorar soluçando. Deito a cabeça em seu colo, em busca de algum consolo. *** Tudo andava tenso na mansão Ambrogetti, desde o sequestro e depois a volta da Nefertari, seus irmãos não conseguiam comer e nem sequer dormir, todos atormentados, e em busca de quem tanto machucou sua irmã. -Quais as novidades? .- questiona Apolo cansado, já faz duas semanas que procuram os homens e principalmente o mentor do sequestro da Nefertari. -Temos um homem que pode nos levar a eles. - diz Ramsés observando a tela do computador. -O deixem comigo.- responde Hades se levantando, ele dos irmãos sempre foi o mais dedicado, na prática da tortura. -Tratamento especial para ele. - ordena Apolo. -Com certeza capo.- garante, e antes que continuem a porta é aberta, e para surpresa de todos Nefertari entra. -Sorella?.- É a primeira vez desde que tudo ocorreu que ela sai do quarto, mas não foi só isso que chamou a atenção dos irmãos.A irmã estava com uma postura extremamente séria, uma postura que nunca tinham visto antes. - Eu falarei com este homem.- diz firme. -O que? Não, o Hades cuida disso. - responde Apolo com a mesma firmeza apresentada pela irmã. -Não. Sou eu quem tem direito de fazer isso, cansei de ser uma idiota. - fala com a voz entrecortada, mostrando que não está tão inabalável quanto quer mostrar. -E o que isso significa?. - questiona Hades intrigado. -Que eu quero me vingar, e não deixarei que façam isso por mim. -Nefertari, você não é assim. - argumenta Ramsés. -Não era, agora sou. Eu quero ser. -Não é assim tão simples.- Hades se aproxima dela. -Então me ensine, eu quero entrar. -Entrar? Esse caminho não tem volta.- lembra Apolo passando as mãos no cabelo. -Eu sei, mas eu cansei de ser aquela mulher que não sabia se defender, que não podia revidar, eles me destruíram, e a única coisa que me fez sair daquele quarto, e querer ainda viver é saber que posso me vingar deles, os fazerem pagar na mesma moeda, eu quero sangue, os quero morto, mais por minhas próprias mãos.- diz deixando todos no recinto sem fala.- Eu quero presenciar o exato momento que eles morrerem, quero os ouvir suplicar, quero que chorem, e quero me deleitar na dor deles. -Sabia que o sangue da família uma hora ou outra falaria mais alto.- diz Hades e coloca sua mão no ombro da irmã.- Mas o caminho que está querendo percorrer é sem volta, haverá muitas mortes e sangue, está pronta para embarcar a caminho do inferno? -Eu já estou nele, então agora quero abraçar o diabo. *** Anos mais tarde: -Diga-me com quem andas que direi quem tu és.- recito o versículo olhando para ele, vejo quando ele engole em seco. -E-Eu juro que não o conheço, ele só pediu ajuda com o carro.- diz Max enquanto observo a mentira saltar de seus lábios melados de sangue. Pego novamente meu soco-inglês rosê e coloco em minha mão direita.- Por favor, eu não sabia...- súplica, olho bem para seu rosto e percebo que tem ainda uma parte intacta, ótimo, distribuo mais socos em seu rosto, deixando agora tudo uniforme. -Não minta Max, sabe muito bem que reconheço uma mentira de longe.- digo parando com os socos e me aproximo da mesa onde meus utensílios estão expostos, pego primeiro um copo com água, se hidratar é importante. Ouço a porta ser aberta. -Sorella, o rato já abriu o bico?- pergunta Hades vindo até mim, ele deposita um beijo em minha testa, e observa a mesa.- O que usará? Tem uma vasta opção.- pergunta com a mão no queixo. -Por favor, senhor Hades, eu não traí os senhores.- fala e soluça. -Que tal a forquilha do herege? .- pergunto com o garfo medieval de duas pontas em mãos, e sorri abertamente. -Ótima escolha sorellina.- viro para o Max já com o garfo em mãos, seus olhos se arregalam. -Por Deus não! Tenha piedade.- diz desesperado, desfaço meu sorriso e olho em seus olhos sem desviar, vejo seu medo, pavor, ele está encurralado. -Então, DIGA O QUE EU QUERO.- grito em seu rosto. -Eu não posso.- diz abaixando a cabeça. -Não pode? Resposta errada.- digo o olhando com desprezo.-Levantem a cabeça dele.- digo olhando para o Ethan e Hawke. -Não, tenham piedade, eles mataram a mim e minha família.- diz em súplica.- muitos dependem de mim. -Que pena, mas não é problema meu.- ele se debate e tenta a todo custo se desvencilhar.- O segurem firme, não quero que ele morra antes da hora.- me aproximo quando vejo que ele já está pronto, coloco a fivela do garfo em seu pescoço e prendo bem, ajeito o garfo em seu queixo e a outra parte em seu osso esterno, assim ele mesmo se matará, devido que será obrigado a permanecer com a cabeça erguida o tempo todo, sem deitá-la, olhar para o outro lado ou ver o próprio corpo, qualquer movimento ou descuido penetrará em sua mandíbula, o que será trágico, para ele. Ele chora silenciosamente agora. A porta é aberta novamente e agora é o Ramsés. -Cazzo, o que esse infeliz fez? .- pergunta devido que estava em viajem e não sabe das últimas. -Ele é o delator. -Peraí, foi por culpa dele que levei um tiro? -Sim. -Figlio di puttana.- esbraveja se aproximando dele, mas impeço que faça qualquer coisa. -Como foi Viena? .- pergunta Hades comendo amendoim, ele está sentado mais ao canto, observando o homem suando na cadeira. -Su-suuu...liv-vann.- sussurra com medo de falar mais alto e o garfo penetre. -Repita.- ordeno me aproximando. -Suuulivan. -Sulivan? Sulivan de quê? -González.-diz ainda baixo.- México. -Sulivan González, do México. Pesquise Ethan.- peço e ele sai em busca de nosso hacker. -M-me solta.- implora. -Farei melhor.- digo e coloco minhas duas mãos em cada lado de seu rosto e pressiono contra o garfo que penetra em sua mandíbula. -Aaaaaaaaaa.- grita e vejo seus olhos se revirarem, termino e o imundo não respira mais. -Procure saber tudo sobre a família dele, os deixem em segurança, eles não tem culpa do que esse verme fez, e se livrem do corpo, mas mandem uma lembrança para o González seja ele quem for.-digo olhando para o Hawke. -Que tal um vinho do Porto? O Apolo, acabou de chegar.-diz Ramsés mostrando uma mensagem de nosso irmão. -Acho ótimo. - respondo. -Prefiro um conhaque.- comenta Hades se levantando e amassando o saquinho que antes continha amendoim. -Só vamos de uma vez, preciso de um bom e relaxante banho e que tal uma massagem fratello?.- pergunto olhando para o Ramsés -Hmmm... talvez você mereça.- diz enquanto saímos daquela sala imunda. O Bunker está a todo vapor, devido a nossa próxima missão, entretanto agora só quero descansar um pouco, ir para casa tomar esse vinho do Porto que o Ramsés sugeriu.NEFERTARI AMBROGETTISeguro com as mãos trêmulas de raiva os papeis que mudam drasticamente meu futuro, estou possessa de puro ódio, como ele pode fazer isso comigo? Ah babbo, como pode fazer isso comigo? Eu o amo, mas isso! Isso foi demais. Foi o estopim, me sinto... traída, decepcionada. O Apolo fala mais algumas coisas, entretanto não dou a mínima, ele foi nem teve a decência de me dizer o que tinha feito enquanto estava vivo.-Quanto tempo faz que você sabe disso?- pergunto ficando de pé e balanço a m*****a folha, todos estão em silêncio agora.- Não me diga que todos já sabiam há muito tempo?-Sim sabíamos.- Hades é o primeiro a falar, sua voz é calma. E calmaria agora só me dá mais raiva.-Quanto tempo?- questiono e o Apolo intervém.-Isso não tem relevância.- diz passando a mão no cabelo.-Óbvio que tem, vamos diga.-Já faz um tempo, mas isso não é relevante.- responde Hades e abre um pacotinho de amendoim.-Eu vou matar vocês! .- digo e ele coloca um amendoim na boca, e isso só
NEFERTARI AMBROGETTI Novamente me encontro no lugar que mais detém minha agonia, não sei como agir com tantas crianças, apesar de ter meus sobrinhos. Mamma pediu ao motorista para passar no instituto antes de irmos à empresa, hoje decidi não dirigi, sem contar que às vezes é bom ficar um tempo com a mamma, ela se torna mais suportável quando o assunto não é casamento, e falando em casamento, eu continuo a adiar o meu, é empolgante ver a raiva que estou a causar, está sendo uma ótima lição para o conselho e para os Özçivit, sou eu quem mando, mesmo quando pareço sem opções. Mamma entrou no instituto enquanto eu optei novamente por ficar aqui fora. Olho em volta e vejo o local que a última vez me sentei, desta vez há um bambino lá, mas não é qualquer bambino, é o pobre ragazzo solitário. Ele olha com ar triste para as outras crianças, e faço uma coisa que não compreendo, meus pés me levam até ele. Cazzo (porra). Aproximo-me e assim que ele nota minha presença ele sorri, um sorriso inoc
NEFERTARI AMBROGETTI -Não vou me casar esse mês.- respondo tentando adiar novamente o casamento. Apolo revira os olhos demonstrando impaciência. -Nefertari... já conversamos sobre isso, para que adiar? Não seja imatura. -Porquê eu quero, e não vou me casar esse mês.- sou petulante. -Sabe que podemos colocá-la sobre os ombros e obrigá-la, não sabe? - Indaga Hades. -Vocês até podem, mas nunca fariam isso, a consciência não permitiria. - Ramsés balança a cabeça positivamente. -É você está certa, na verdade, se eu pudesse te proibiria de casar com ele. -Céus, porque você não é o Capo? - pergunta e ele ri. -Porque eu sou o capo. - responde Apolo e revira os olhos. -Fratello, não irei me casar esse mês. - repito com uma cara de deboche. -E será em qual mês? -Talvez quando chegar a primavera.- sorriu de lado, ele se senta cansado. -Sabe que só deixará isso mais difícil, não sabe? -Mais do que já está?- reviro os olhos. Ele balança a cabeça negativamente, sei que poss
NEFERTARI AMBROGETTI Após um longo dia na empresa, chego em casa. Estou muito cansada, mas nem é tanto cansaço físico, é mais mental. Subo para meu quarto, preciso de um banho. Tiro meu casaco e alguém b**e na porta, peço que entre, é a mamma. -Figlia, preciso que se sente. - diz deixando-me alerta. -O que houve?- seu rosto transmite nervosismo, e mamma não é de ficar assim. - É sobre o bambino do Instituto. - sua voz está igualmente tensa. -O que tem? Ele foi regatado? -Sim, está no hospital, é o Formiga figlia. - sinto meu corpo congelar. Só posso ter ouvido errado, mamma disse formiga -O quê? - minha voz sai inconsistente. -A tia dele estava o maltratando, os vizinhos denunciaram, ele está muito machucado, desnutrido, mas vai ficar bem.- diz e apenas ecoa na minha cabeça "é o Formiga figlia" "maltratado" "desnutrido" -O Formiga? Mamma, era para ele estar bem.- sinto um bolo na garganta. Eu preciso ver ele. - Sim, era.- fala com pesar. -Eu preciso vê-lo. E a cag
NEFERTARI AMBROGETTI Assim que decidi adotá-lo, o que foi ontem, entrei em contato com meu advogado, que prontamente me atendeu. Mas me iludi, acreditei que seria fácil, o que deveria realmente ser, já que é a máfia que controla as coisas por aqui, mas alguém está dificultando as coisas, hoje pela manhã recebi uma mensagem do meu advogado dizendo que recebeu um email que afirmava que não poderia iniciar a solicitação que ele tinham mandado ao ministério, não informaram o porquê. Então vim até o Apolo, para que ele me explique. -Eu vou adotar o bambino.- afirmo entrando em seu escritório. Nada vai mudar minha decisão, não agora que finalmente deixei os temores de lado. -Sim, eu soube. - diz me olhando nos olhos, ele parece muito cansado. - Ontem mesmo pedi ao advogado que iniciasse o processo, e hoje pela manhã ele disse que me foi negado, mas não faz sentido, eu pedi ontem, como posso já ter uma resposta? Aí eu pensei, isso só pode ser a máfia, ou estou errada? -Não sore
NEFERTARI AMBROGETTI Assim que chego na casa do Apolo, sou informada que ele já espera em seu escritório. Então o safado já sabia que eu vinha, tudo tão arquitetado, que raiva. Já consigo imaginar tudo, e de quem deve ter sido o plano todo. -Buongiorno, sorella. -Buongiorno? Para quem, Fratello? Onde está o Formiga? - questiono e ele suspira. -Ele está bem, em um local seguro, e com vários bambini. - informa, e aponta para a cadeira em sua frente para que eu sente. -Por que isso?- questiono me sentando. -O conselho não confia na sua palavra, então para garantir que você não vai desistir, eles me pediram para deixá-la longe do bambino. -Figli de puttana! (Filhos da puta) -Sorella, não me alegra fazer isso, mas você sabe que uma ordem deles não pode ser descumprida. -Eu sei, odeio isso. Quando eles vão parar de se intrometer? -Quando você casar.- diz o óbvio. Tudo é por causa desse maldito casamento. -Então em cinco dias ele estará comigo? -Tem minha pal
*Capítulo retirado do livro do APOLO (livro 1) 1 ano e alguns meses antes em LAS VEGAS: NEFERTARI AMBROGETTI Passo um batom vermelho, e vejo meu reflexo no espelho. Estou pronta. Pego minha Glock e coloco em minha coxa. Estou com um vestido vermelho que possui uma fenda e um decote em V. Ajeito meus seios no decote, hora do show, já sinto a adrenalina correr em minhas veias, amo isso, que os jogos comecem. Saio do meu quarto, fecho a porta e ando vagarosamente pelo corredor indo até o elevador, adoro o fato que um vestido longo e um belo decote pode trazer quase uma nova identidade. Chego no corredor, aperto o botão e aguardo. Entro, seleciono o térreo, quando as portas estão fechando uma mão impede. Ergo minha sobrancelha direita quando as portas se abrem e um homem elegante entra. Não só elegante, ele exala luxúria e sexo, e pelo cabelo bagunçado aposto que era isso que estava fazendo. Ele me olha e sorri de lado, continuo seria. -Boa noite.- devolvo o cumprimento co
NEFERTARI AMBROGETTI Já no bunker pego um balde com água e jogo na cara dele, que enfim acorda. Em cada país que temos territórios e consequentemente sócios, temos bunker, não tão grandes como o principal da Itália, mas tão necessários quanto. -Até que enfim, bela adormecida.- ele me olha e depois olha para si, preso em uma cadeira que ele reconhece que é de tortura. Ele tenta se mexer. -Não seja tolo, sabe muito bem que não vai conseguir sair, você já é familiarizado com isso. -Quem é você? - questiona nervoso. -A pergunta certa séria o que eu quero. -E o que você quer? -Nada demais, só algumas informações. -Informações? -Yakuza.- ele ri. -Você só pode ser louca, prefiro morrer.- diz com o queixo erguido. Dando uma de corajoso, sorriu de lado. -Sabe, eu imaginei que fosse dizer isso. -Deixe-me adivinhar, vai me tortura? Vá em frente, fui treinado para isso.- cospe. -Torturar? Ah sim, claro que faremos isso, não se preocupe.- caminho pela pequena s