Bárbara acordou e não viu a filha ao seu lado, sempre que isso acontecia, sentava na cama, apavorada, e procurava possíveis sinais de arrombamento ou sequestro. Ouviu a descarga no banheiro e depois o barulho da torneira e da escova de dentes que ela usava, entrou no banheiro pouco antes da menina sair.
-Bom dia amor! - Beijou o rosto da filha e a abraçou, como se quisesse ter certeza de que ela estava ali.
A menina a abraçou e depois olhou profundamente em seus olhos, segurou seu rosto.
-Você aceitou? - Como Bárbara a olhava sem entender, ela continuou. - Casar com ele, você vai aceitar?
-Não se preocupa filha, eu não vou mais a lugar algum, sem casamento e sem ficarmos longe uma da outra, est&aac
Judith olhou cada uma das presentes, Barbara, Nansica, Anaya e Angela, se escorou confortável em sua cadeira, estavam a primeira e segunda sentadas em poltronas que puxaram de um canto próximo a janela, e as outras duas nas poltronas em frente a mesa.-Digam.-Eles levaram o Gui, porque pensam que ele facilitou meu sequestro, que Muerte está unida com Angela, e querem que a senhora entre na guerra ao lado deles, dizem que vão entregá-lo, como demonstração de boa vontade.Judith escorou o queixo na mão e pensou por alguns momentos, era uma situação complicada, mas aprendeu que nada neste mundo era insolúvel, algumas coisas eram apenas mais difíceis.-O que você acha Nansica?
Judith foi até o quarto da neta, ela estava escrevendo algo concentrada. Entrou e sentou em uma poltrona observando a menina.-Minha mãe foi embora novamente? - Niara não levantou a cabeça de seu caderno.-Não querida, sua mãe precisou trabalhar, mas em dois dias estará de volta. Você só precisa manter segredo quanto a visita dela e de Angela, Gael e Maria. Pode fazer isso por mim?-É sobre os negócios? - Judith a olhou apertando os olhos e ela deu de ombros baixando novamente a cabeça e voltando a escrever. - Eu sei que minha mãe faz coisas parecidas com o que a senhora faz vó, eu não me importo, quando crescer, minha tia Nansica vai me ensinar, eu vou trabalhar com ela, e com você.
Judith levantou cedo, tomou um banho e se vestiu com roupas leves, estava calor e sua manhã seria longa, precisava ficar confortável. Desceu as escadas e beijou o marido e a neta, que cantavam uma música de Nina Simone enquanto preparavam o café da manhã junto com as funcionárias. Niara arrumava uma xícara com café com leite, torradas e queijo em um prato, e frutas em um pote redondo de louça.-Você consegue levar? - Judith a olhou desconfiada ajudando a segurar a bandeja.-É claro vó, pode deixar, você vai lá também?-Vou daqui a pouco querida. Cuidado nas escadas. - Sorriu e sentou a mesa pesadamente, parecia cansada. - Onde está todo mundo?-Álvar
Bárbara achava divertido se imaginar vivendo outras vidas, sendo outras pessoas, em outras famílias, onde tudo era comum e aborrecido.Uma vida pacata, sim, como costumava imaginar que pessoas que passavam por ela nas ruas ou sentavam ao seu lado no balcão da padaria para tomar café, tinham. Um trabalho das 9 às 6, uma casa ou apartamento financiados, carro popular quando muito. Talvez um marido ou esposa, até alguns filhos, essa era a vida comum que às vezes imaginava para si.Ao mesmo tempo em que tinha esses pensamentos, ria de si mesma, jamais conseguiria levar uma vida comum, não com a “família” que tinha. Não, tudo o que poderia esperar em sua existência era caos e ação, turbulência incessante. Era a própria responsável por isso,
-Você acha que eles aceitarão sua presença lá?-Aceitar? Mas do que você está falando Gael? - Angela riu divertida brincando com os gelos de seu copo de uísque. - Eu domino um território muito grande para depender da aceitação de velhos brancos e antiquados.-E criminosos, não se esqueça disso. - Ele a olhou preocupado, ela costumava ser ousada, e isso era bom para os negócios, mas se enfiar no meio de todos os chefes era mais ousado do que seu normal.-Eles não fazem nada durante as lutas, estará cheio de policiais, há um acordo tácito de não ataque entre eles. Dizem que o tal Muerte tem seu contato lá. Quem sabe não conseguimos descobrir quem ele é?
A luta foi boa, Bárbara se olhou no espelho do vestiário e riu das marcas que já se tornavam roxas, espalhadas pelo abdômen e o olho inchado. Não que gostasse de sentir dor, ou se ferir, mas havia levado aquela, e os ferimentos não eram graves, nada que gelo e um bom prato de comida não resolvessem.Tirou o short e o top, e entrou embaixo da água quente do chuveiro, tomou um banho demorado e saiu do chuveiro enrolada em uma toalha, Guilherme entrou no vestiário com bolsas de gelo e curativos, ela vestiu a roupa de baixo e ele se aproximou fazendo um sinal para que deitasse no banco de madeira em frente a pia.-Como se sente?-Ótima! E você? Por que parece preocupado, ganhamos! - Riu e fez uma careta quando ele iniciou a limpeza do superc&iacu
Barbara parou seu carro no que era um vazio estacionamento, não parecia o mesmo lugar do dia anterior, mas normalmente o pequeno ginásio onde as lutas se realizavam era daquela forma, vazio e silencioso. Desceu indo direto para a sala da proprietária, ou melhor, a mulher contratada para ser proprietária. A verdadeira dona era a própria Bárbara, a mulher responsável pela administração, e por responder por todo o lugar era Érica, uma velha amiga dos tempos de infância de Bárbara.Sua família costumava gerir, desde muito tempo, o ginásio/clube de treino e competições, mas o irmão de Érica bebeu e jogou tudo o que tinham, inclusive aquele espaço, a lutadora soube, pagou as dívidas e comprou o lugar, por um bom preço, com a única condição de
Acordou cedo e tomou um banho quente, estava frio, uma chuva congelada caia lentamente lá fora. O dia perfeito para ficar em casa, descansando, alguém como Bárbara, com a vida ganha, poderia se dar esse luxo, então vestiu roupas confortáveis, ligou uma música alta e pesada, e começou a limpar armas e afiar facas, todas guardadas no fundo falso dos armários da cozinha, Não eram muitas, ela não era do tipo que colecionava armas, apenas tinha instrumentos de trabalho que precisavam atender suas necessidades, e estar bem conservados.Desmontava algumas pistolas quando seu telefone tocou pela primeira vez naquele final da manhã, eram as últimas a ganharem sua atenção, dava prioridade às facas e armas mais potentes, mas as pistolas também quebravam um bom galho. A primeira ligação que rec