-Você acha que eles aceitarão sua presença lá?
-Aceitar? Mas do que você está falando Gael? - Angela riu divertida brincando com os gelos de seu copo de uísque. - Eu domino um território muito grande para depender da aceitação de velhos brancos e antiquados.
-E criminosos, não se esqueça disso. - Ele a olhou preocupado, ela costumava ser ousada, e isso era bom para os negócios, mas se enfiar no meio de todos os chefes era mais ousado do que seu normal.
-Eles não fazem nada durante as lutas, estará cheio de policiais, há um acordo tácito de não ataque entre eles. Dizem que o tal Muerte tem seu contato lá. Quem sabe não conseguimos descobrir quem ele é?
-Para isso não precisamos arriscar você há um perigo como esse, esses italianos não gostam de latinos, se acham superiores porque vieram da Europa, até parece que você não sabe.
-E não é incrível? Os superiores homens brancos e poderosos, descendentes de Europeus e toda essa merda, tendo que se curvar a menina escurinha que vende mais do que eles? Que acaba com a concorrência, independente da cor dela? - Levantou ajeitando o terno preto e calçando os sapatos de salto brancos com as pontas pretas, piscou um olho para ele e saiu na frente.
-Você está bonita… - Ele abriu a porta do carro para ela e a olhou sorrindo tímido.
-Não faça isso Gael, já conversamos, você sabe que
-Não podemos, porque você não quer, eu sei. - Deu de ombros. - Mas você está muito bonita, não posso deixar de reparar nisso.
-Tudo bem! Obrigada. - Riu revirando os olhos e entrou no carro.
Ele fechou a porta e se posicionou ao lado da motorista, Maria, dando a ordem para arrancar. Angela havia terminado tudo há alguns meses, sem possibilidade de retorno, não queria mais perder tempo com amor, foi o que disse para ele. Não aceitaria mais se submeter ao seu coração, era uma mulher de negócios, e sempre seria, estava construindo seu império, a duras penas, para não precisar, nunca mais, depender de um homem lhe dizendo o que fazer e como agir.
Era mais do que isso, ele sabia. Ela pensava que, ao se aproximar de alguém, teria uma fraqueza para ser explorada pelos inimigos, e como eles eram muitos, em diversas áreas, não se arriscaria com casos de amor ou seja lá para onde estaria indo suas noites com ele. Gael era seu braço direito, sabia de todos os detalhes da operação e se houvesse envolvimento, poderiam matá-lo e então os negócios seriam prejudicados.
Ele era amigo do irmão mais velho dela, quando ainda eram jovens no bairro pobre da periferia. Se conheceram e não notaram muito a presença um do outro, ela arrumou um namorado barra pesada, chefe do tráfico do bairro, não era muito poderoso, mas compensava em loucura e ousadia. Costumava se meter com pessoas muito mais poderosas do que ele, ela estava apaixonada, era jovem e saiu de casa cedo, seu pai descobriu quem era o tal namorado e exigiu que ela terminasse tudo e voltasse para casa, ela se recusou a deixar seu amor, ele era um bandido, irresponsável, mas era doido por ela.
Quando o mataram, Gael já trabalhava para ele, ficara sem trabalho e seus pais morreram, ela falou que poderia indicar ele, e então passou a integrar a organização pequena e completamente mal administrada do namorado da irmã de seu amigo.
Ele foi assassinado por conta de alguma bobagem, ela ficou sozinha com dívidas e um péssimo negócio. Em dois anos o transformou em um pequeno império, muito maior do que seu falecido amor jamais imaginaria em ter. Gael foi um dos únicos que permaneceu, era esperto, pensava rápido e tinha visão para os negócios, a respeitava, isso era o mais importante, os demais funcionários foram embora porque a tinham como a vadia que dormia com o chefe, não como a chefe.
O caso começou naturalmente, eram pessoas que conviviam demais, se davam bem, sentiam desejo e até um pouco de amor. Mas ela não quis mais, ele aceitou e permaneceu ao seu lado, era o que sabia fazer.
Foi puxado novamente para a realidade, pois Maria anunciava que haviam chegado, o carro estacionava em frente a um prédio simples com uma placa preta de letras brancas, onde se lia: “TREINAMENTO E COMPETIÇÕES. BOXE AMADOR E SEMI-PROFISSIONAL”
-Acolhedor! - Angela sorriu baixando o vidro do carro e observando.
Ele desceu contornando o carro enquanto olhava em volta, abriu a porta para ela depois de se certificar que não havia ninguém suspeito além do esperado ali. Fez um sinal para Maria, que desceu também, dessa vez ela seria necessária, mais alguém para fazer a segurança não era má ideia.
Entraram lentamente, abrindo espaço entre a pequena multidão que se formava ao redor do ringue simples e limpo como se nunca houvesse sido usado. Angela olhou em volta, reconhecendo muitos chefes de famílias que a olhavam, entre surpresos, raivosos e curiosos. Poucos sorrisos e muitos olhares despeitados, era divertido, mesmo sendo arriscado.
-Todos já nos viram, era o que você queria? - Ele falou baixo em seu ouvido.
-Não, o que eu quero é assistir uma luta de boxe entre duas mulheres muito boas, e quem sabe? Conhecer alguns de nossos futuros associados. - Sorriu o olhando divertida, ele fez uma expressão preocupada e ela segurou sua mão discretamente. - Não se preocupe, iremos embora assim que conseguirmos, ao menos, falar com o contato do Muerte. Feito?
Ele acenou e olhou em volta novamente, ficou atento a todos os cantos e rostos que enxergava, muitas armas com toda certeza, muitos bandidos, mas também muitos policiais, ouviu falar que eles estariam lá, mas a quantidade era surpreendente. Enquanto seus olhos corriam por todos os lados, viu uma das meninas que lutaria, era loira e forte, não muito alta, com braços e pernas tatuados e um sorriso bonito, era assustadora sem dúvidas, pois tinha postura ameaçadora. Filha da irmã de um dos chefes com um trabalhador das docas, alemão, não era bem o que os italianos gostavam para suas filhas e irmãs, mas aparentemente a sobrinha era muito querida pelo tio. Já vestia sua bermuda larga e comprida, e uma camiseta curta por cima do top com que lutaria
Sentiu como se algo chamasse seu olhar, passando pelas portas duplas simples, uma mulher alta com olhos muito negros e cabelos longos saindo de um gorro de lã, ela vestia casaco longo de couro, tinha um jeito de caminhar e falar que parecia ser o responsável pelo arrepio que percorreu todo o corpo dele, sentiu todos os pelos se eriçando, um calor gostoso subindo por sua espinha. Não conseguiu olhar para nenhum outro lugar, apenas para ela, virava a cabeça para acompanhá-la sem notar.
Ela conversou com a lutadora, pareceram sérias a princípio, depois apertaram as mãos e se abraçaram como velhas conhecidas, ela passava no meio da multidão e cumprimentava policiais e mafiosos com o mesmo sorriso. O viu e pareceu surpresa, acenando amistosa, ele sentiu que sorria sem querer. Viu um homem se aproximar dela e sentiu seu rosto vermelho, era um homem de pele clara e músculos grandes por baixo da camiseta, sentiu um ciúme quase incontrolável quando ele segurou sua cintura a empurrando até os vestiários.
-Quem é ela? - Angela olhava também para a mulher bonita e de andar sexy.
-A outra lutadora, Bárbara Romano. - Maria deu de ombros. - A preferida dos policiais, acho que vou torcer para a preferida dos bandidos.
-Agora você já tem um nome, deveria falar com ela depois da luta. - Angela falou baixo para ele, que ainda não havia respondido a nada ou ninguém desde que a tal Bárbara entrara pela porta.
-Do que você está falando? - Ele voltou seu olhar para ela depois que a mulher saiu de sua vista, sumindo atrás das portas dos vestiários.
-Nada querido, vamos sentar e apreciar a luta. - Angela o olhou com condescendência e seguiu até os lugares vagos da arquibancada.
-Tudo bem, fiquem aí e eu vou procurar o contato do Muerte, talvez possamos ir embora de uma vez. - Levantou decidido, ia mesmo procurar o contato, mas não pretendia ir embora antes de vê-la lutar.
Andou até o bar e pediu cerveja, o barman o olhou apertando os olhos, não era habitual ter muitas pessoas de fora ali. Serviu em silêncio e lhe deu o troco, Gael guardou os trocados e tirou uma nota de cem do bolso, colocando na caixinha de gorjetas, o barman o olhou de lado.
-Queria saber informações sobre o Muerte, dizem que aqui encontro seu contato.
-E quem é você? - Se aproximou ainda desconfiado.
-Alguém que precisa dos serviços dele, é claro. - Deu de ombros e tomou um gole da cerveja, acenando com a cabeça e se afastando do balcão.
O barman não era exatamente o contato que conheceria o Muerte, mas diria para ele que alguém o procurava. Observou os movimentos dele depois disso, falou com muitas pessoas, mas apenas o homem que tocou na tal Bárbara foi chamado com a mão, e o barman cochichou algo em seu ouvido.
Estava prestando atenção a eles quando ela saiu do vestiário com a capa preta sobre o short largo e o top, um gongo soou e o narrador iniciou o anúncio. Falando seu nome e sobrenome, seu peso e altura, suas vitórias e o quanto era furiosa, sua adversária vinha logo atrás, e o narrador também deu as credenciais dela.
As duas tiraram algumas fotos, houveram gritos e vaias, muitos policiais aplaudiram empolgados sua preferida, e o grosso dos seguranças de mafiosos também. A princípio, a adversária de Bárbara era a preferida entre as elites mafiosas.
Elas tiraram as capas compridas e se cumprimentaram, o juiz deu a ordem e a chuva de socos e chutes iniciou logo depois. Eram ferozes, as tais lutadoras amadoras, Bárbara acertou um soco forte no rosto de sua adversária, e teve seu abdômen atingido por uma saraivada de socos, parecia não sentir dor, não se moveu, a não ser para desviar e contornar a outra, baixando as mãos como se não se preocupasse com a guarda.
Em um descuido da sobrinha de mafiosos, Bárbara acertou um cruzado de esquerda em seu queixo, ela caiu e o juiz iniciou a contagem. A adversária levantou antes do 10, e foi para cima dela, ela desviou como uma bailarina, acertou um chute e depois uma sequência de socos, todos gritavam e aplaudiam em êxtase.
Viu a si mesmo quase em pé quando Bárbara levou um soco e quase caiu, suas pernas pareceram fracas, ela retomou o equilíbrio e antes de atacar o gongo soou. Foi para o canto e sentou no banco que o treinador colocou para ela, o tal homem que a seguiu afinal não era seu namorado ou marido, era o treinador. Ele lhe deu água e ela jogou no próprio rosto, parecia cansada, suada, ofegante. E disposta ao mesmo tempo, Gael não tirava os olhos dela, viu que ela o viu, e riu falando algo para o treinador, não entendeu, mas imaginou que fosse alguma piada sobre ele.
O treinador o olhou feio, talvez fosse mesmo seu marido, e se era também o contato do Muerte, o ver olhando sua mulher não era boa ideia. Mas não conseguia, seus olhos eram atraídos para ela, os forçou a desviar até o outro lado do ringue, a menina loira parecia estar em dificuldades, mal ficava com um dos olhos abertos, o outro estava fechado devido a um dos socos, ele viu que Barbara também tinha sangue escorrendo de seu supercílio. A luta não era brincadeira afinal, o juiz as chamou e o gongo soou novamente, elas reiniciaram a luta logo depois de se cumprimentarem, a menina loira deu um soco em Bárbara mas ela desviou com um jogo de corpo, pulou para os lados movendo os pés com agilidade, acertando dois socos na outra, que não conseguiu desviar, era mais pesada e sua adversária sabia disso, usava bem as fraquezas dela.
Barbara acertou mais um cruzado, dessa vez com força realmente, a menina loira voou alguns metros e caiu desmaiada, Bárbara acompanhou o movimento do corpo e permaneceu em posição, não parecia querer acabar ainda, continuou apreensiva enquanto o juiz fazia a contagem, mas não era mais possível, mesmo tendo acordado do desmaio, estava tonta e não conseguia sequer ficar de pé.
Enquanto a plateia comemorava com uma explosão de aplausos e gritos, um menino jovem, não mais de 11 anos, se aproximava dele discretamente, o olhando de cara amarrada. Fungou antes de falar, parecia um mini adulto.
-Você quem quer saber do Muerte?
-E se for? - O olhou entre divertido e curioso.
-Se for, senhor, venha amanhã à tarde, depois das 17 horas, e alguém falará com você. - Fungou novamente, ergueu o queixo e lhe deu as costas se enfiando no meio da multidão.
-Quem era essa criança? - Angela olhava curiosa para ele.
-Emissário do Muerte eu imagino. - Arregalou os olhos para ela. - Amanhã virei falar com o contato, à tarde.
-Ótimo, podemos ir embora então. - O olhou sorrindo. - A menos que você queira ficar e interagir com a vencedora.
-É claro que não Angela, vamos logo embora. - Levantou olhando em volta, ela passava por ele acompanhada do treinador, rumo aos vestiários, recebendo cumprimentos efusivos de todos a sua volta.
Bárbara o olhou erguendo o queixo, desconfiada talvez, ele sustentou o olhar, e sentiu suas pernas fracas, aquela mulher poderia até ser comprometida, mas ele não a tiraria da cabeça nunca mais, seus olhos negros e seu andar decidido e ameaçador não sairiam de sua cabeça, seu corpo cheio de músculos definidos e pequenos, salpicados de tatuagens angulosas e pretas, não sairiam de sua cabeça, até mesmo seus movimentos de bailarina ao lutar, não sairiam de sua cabeça, nunca mais.
A luta foi boa, Bárbara se olhou no espelho do vestiário e riu das marcas que já se tornavam roxas, espalhadas pelo abdômen e o olho inchado. Não que gostasse de sentir dor, ou se ferir, mas havia levado aquela, e os ferimentos não eram graves, nada que gelo e um bom prato de comida não resolvessem.Tirou o short e o top, e entrou embaixo da água quente do chuveiro, tomou um banho demorado e saiu do chuveiro enrolada em uma toalha, Guilherme entrou no vestiário com bolsas de gelo e curativos, ela vestiu a roupa de baixo e ele se aproximou fazendo um sinal para que deitasse no banco de madeira em frente a pia.-Como se sente?-Ótima! E você? Por que parece preocupado, ganhamos! - Riu e fez uma careta quando ele iniciou a limpeza do superc&iacu
Barbara parou seu carro no que era um vazio estacionamento, não parecia o mesmo lugar do dia anterior, mas normalmente o pequeno ginásio onde as lutas se realizavam era daquela forma, vazio e silencioso. Desceu indo direto para a sala da proprietária, ou melhor, a mulher contratada para ser proprietária. A verdadeira dona era a própria Bárbara, a mulher responsável pela administração, e por responder por todo o lugar era Érica, uma velha amiga dos tempos de infância de Bárbara.Sua família costumava gerir, desde muito tempo, o ginásio/clube de treino e competições, mas o irmão de Érica bebeu e jogou tudo o que tinham, inclusive aquele espaço, a lutadora soube, pagou as dívidas e comprou o lugar, por um bom preço, com a única condição de
Acordou cedo e tomou um banho quente, estava frio, uma chuva congelada caia lentamente lá fora. O dia perfeito para ficar em casa, descansando, alguém como Bárbara, com a vida ganha, poderia se dar esse luxo, então vestiu roupas confortáveis, ligou uma música alta e pesada, e começou a limpar armas e afiar facas, todas guardadas no fundo falso dos armários da cozinha, Não eram muitas, ela não era do tipo que colecionava armas, apenas tinha instrumentos de trabalho que precisavam atender suas necessidades, e estar bem conservados.Desmontava algumas pistolas quando seu telefone tocou pela primeira vez naquele final da manhã, eram as últimas a ganharem sua atenção, dava prioridade às facas e armas mais potentes, mas as pistolas também quebravam um bom galho. A primeira ligação que rec
Érica raramente demonstrava nervosismo ou preocupação, fazia o que era preciso, quando era preciso, se surgissem problemas, ela os resolvia com facilidade, era sua função, a dominava muito bem. Por isso Bárbara a chamou para ser seu braço direito, porque era controlada e eficiente, era de confiança. Então, quando ela demonstrava agitação, todos a levavam a sério, nessa noite sentia que algo estava errado, precisava alertar a amiga, precisavam se preparar.Ela estava em sua sala, o lugar onde passava a maior parte do tempo, todos os dias, cuidando da academia de fachada, com alunos, patrocinadores e organização de lutas, e também dos negócios mais lucrativos e complicados, a administração dos clientes e trabalhos da Muerte. Guilherme esperava Barbara em frente a porta da frente do pr
Cinco dias depois da conversa com Érica, Bárbara estava sentada em uma camionete preta grande, blindada e com vidros escuros. Observava com binóculos o interior de um restaurante, já era o terceiro dia que fazia isso, Esteban Carrero vociferava com alguém aterrorizado atrás de um balcão, apontava o dedo para o nariz de seu interlocutor, não conseguia ver muito bem quem era, mas imaginava ser o gerente, funcionário de Carrero e alvo habitual de sua fúria, aquele era um de seus restaurantes.O mafioso saiu pouco depois, acompanhado de dois seguranças imensos, Carrero era um homem baixo e forte, parecia ainda mais baixo no meio dos dois brutamontes que trabalhavam para ele. Ela já sabia para onde ia, a rotina diária dele era essa, passar em seus estabelecimentos e perturbar a todos que trabalhavam para ele, mas naquele
Bárbara já sentia que o capítulo Gael havia acabado em sua vida, foi bom, e seria sempre uma ótima lembrança, mas não havia possibilidade de continuar, ele corria riscos, ela não se exporia tentando defendê-lo, não se a vida de seus amigos fosse colocada em risco por conta dessa exposição. Por mais que houvesse algo ali, aquele sentimento que poderia virar amor, não valia a pena se arriscar, e arriscar aqueles que já amava, por causa disso.Foi treinar normalmente, se fosse mesmo atacar os alvos encomendados, não precisaria de pesquisas e tocaias. Então resolveu aproveitar seu tempo para pensar na vida, treinar, e claro, esperar que Angela e Gael desaparecessem.Guilherme a esperava para o treino, ela entrou tentando disfarçar a tristeza, trocou de rou
Gael deu dois dias para ela, como não ligou, e não deu sinal de vida, no terceiro dia resolveu que já era hora de procurá-la, as ameaças estavam mais perigosas, ele mandou uma equipe de homens seus investigar e descobriu que o complô para derrubar Angela era maior do que haviam imaginado. Recebeu também uma ligação de Érica, dizendo que haviam diversos assassinos contratados para dar cabo deles. Se possuíam algum plano de fuga, deveriam agir logo, ele não compreendeu bem porque a mulher que trabalhava para o Muerte os estava informando, mas desde que ela não estava mentindo, e que as coisas que dizia poderiam ser comprovadas, acreditava e agradecia a boa vontade dela.Seus planos iniciais, de convencer Bárbara a fugir com ele, deveriam ser antecipados, e um pouco modificados também. Claro, tudo dependeri
Ser uma mulher latina não costuma ser fácil em qualquer lugar, mas no ramo de negócios de Angela, as coisas poderiam ser ainda mais difíceis. Era um ambiente tradicionalmente machista, mulheres prostituídas ou excluídas dos negócios. Essas mulheres, qualquer uma delas, poderia fazer um trabalho excelente, tão bom quanto, ou até mesmo melhor, do que os homens que comandavam 99% das famílias do tráfico nos países americanos do norte e sul.Ela tinha certeza disso, porque era uma dessas mulheres subestimadas, tratadas como inferiores apenas por serem mulheres, destinadas a vestir roupas bonitas e acompanhar seus homens em eventos sociais. O que era engraçado, na realidade irônico, pois se ela, uma mulher jovem que não cresceu naquele meio, conseguiu transformar o que era praticamente uma boca de fumo, em um