Érica raramente demonstrava nervosismo ou preocupação, fazia o que era preciso, quando era preciso, se surgissem problemas, ela os resolvia com facilidade, era sua função, a dominava muito bem. Por isso Bárbara a chamou para ser seu braço direito, porque era controlada e eficiente, era de confiança. Então, quando ela demonstrava agitação, todos a levavam a sério, nessa noite sentia que algo estava errado, precisava alertar a amiga, precisavam se preparar.
Ela estava em sua sala, o lugar onde passava a maior parte do tempo, todos os dias, cuidando da academia de fachada, com alunos, patrocinadores e organização de lutas, e também dos negócios mais lucrativos e complicados, a administração dos clientes e trabalhos da Muerte. Guilherme esperava Barbara em frente a porta da frente do pr
Cinco dias depois da conversa com Érica, Bárbara estava sentada em uma camionete preta grande, blindada e com vidros escuros. Observava com binóculos o interior de um restaurante, já era o terceiro dia que fazia isso, Esteban Carrero vociferava com alguém aterrorizado atrás de um balcão, apontava o dedo para o nariz de seu interlocutor, não conseguia ver muito bem quem era, mas imaginava ser o gerente, funcionário de Carrero e alvo habitual de sua fúria, aquele era um de seus restaurantes.O mafioso saiu pouco depois, acompanhado de dois seguranças imensos, Carrero era um homem baixo e forte, parecia ainda mais baixo no meio dos dois brutamontes que trabalhavam para ele. Ela já sabia para onde ia, a rotina diária dele era essa, passar em seus estabelecimentos e perturbar a todos que trabalhavam para ele, mas naquele
Bárbara já sentia que o capítulo Gael havia acabado em sua vida, foi bom, e seria sempre uma ótima lembrança, mas não havia possibilidade de continuar, ele corria riscos, ela não se exporia tentando defendê-lo, não se a vida de seus amigos fosse colocada em risco por conta dessa exposição. Por mais que houvesse algo ali, aquele sentimento que poderia virar amor, não valia a pena se arriscar, e arriscar aqueles que já amava, por causa disso.Foi treinar normalmente, se fosse mesmo atacar os alvos encomendados, não precisaria de pesquisas e tocaias. Então resolveu aproveitar seu tempo para pensar na vida, treinar, e claro, esperar que Angela e Gael desaparecessem.Guilherme a esperava para o treino, ela entrou tentando disfarçar a tristeza, trocou de rou
Gael deu dois dias para ela, como não ligou, e não deu sinal de vida, no terceiro dia resolveu que já era hora de procurá-la, as ameaças estavam mais perigosas, ele mandou uma equipe de homens seus investigar e descobriu que o complô para derrubar Angela era maior do que haviam imaginado. Recebeu também uma ligação de Érica, dizendo que haviam diversos assassinos contratados para dar cabo deles. Se possuíam algum plano de fuga, deveriam agir logo, ele não compreendeu bem porque a mulher que trabalhava para o Muerte os estava informando, mas desde que ela não estava mentindo, e que as coisas que dizia poderiam ser comprovadas, acreditava e agradecia a boa vontade dela.Seus planos iniciais, de convencer Bárbara a fugir com ele, deveriam ser antecipados, e um pouco modificados também. Claro, tudo dependeri
Ser uma mulher latina não costuma ser fácil em qualquer lugar, mas no ramo de negócios de Angela, as coisas poderiam ser ainda mais difíceis. Era um ambiente tradicionalmente machista, mulheres prostituídas ou excluídas dos negócios. Essas mulheres, qualquer uma delas, poderia fazer um trabalho excelente, tão bom quanto, ou até mesmo melhor, do que os homens que comandavam 99% das famílias do tráfico nos países americanos do norte e sul.Ela tinha certeza disso, porque era uma dessas mulheres subestimadas, tratadas como inferiores apenas por serem mulheres, destinadas a vestir roupas bonitas e acompanhar seus homens em eventos sociais. O que era engraçado, na realidade irônico, pois se ela, uma mulher jovem que não cresceu naquele meio, conseguiu transformar o que era praticamente uma boca de fumo, em um
Bárbara não abriu os olhos a princípio, sentia uma dor de cabeça lancinante, ouviu barulho de água, chegando abafado e distante a seus ouvidos, gemeu com a dor, uma dor de ressaca terrível, não lembrava de ter bebido tanto na noite anterior. Na verdade, não lembrava de quase nada da noite anterior, imagens de Gael cozinhando para ela, dela em cima dele pouco antes disso, mas tudo parecia se esvair de sua mente com a dor.Abriu os olhos por fim, e a primeira coisa que viu foram os olhos azuis dele a olhando, estava sentado na cama, as costas encostadas na guarda, ela estava deitada para o lado oposto, a cabeça onde deveriam ser os pés, vestida e coberta, desviou os olhos dele, não conhecia aquele quarto. Tentou sentar mas ficou tonta, levou a mão à frente dos olhos e deitou novamente, os travesseiros eram macios. 
Barbara passava a maior parte do tempo na cabine, em silêncio, respirando, ou tentando fazer isso. Era mais forte do que acreditava, cada vez que se sentia sufocar, antes de estar naquele navio, imaginava que se não enxergasse a rua, se não respirasse ar puro, morreria sufocada. Ao menos o sequestro provava que aquilo não aconteceria, apesar de pensar, quase todo o tempo, nos dutos de ar sendo fechados, no oxigênio sendo interrompido, em seu peito apertado, o ar não chegando até seus pulmões.Respirava fundo e procurava as saídas de ar quando sua mente era tomada por esses pensamentos, havia ar sim, e não pararia de chegar. Estava sentada na cama, fumando e ruminando sua raiva, e a preocupação com Érica e Guilherme, esperava que tivessem desaparecido, pensou na tia, em todas que estavam em sua antiga casa, e engoliu al
-Ela é a Muerte!? - Angela andava de um lado para o outro na sala destinada às reuniões e ao trabalho em geral, haviam pedido para Pedro parar um pouco e conversavam sozinhos. - E você a trouxe até aqui, porque é um maldito machão defensor!-Eu sou culpado, e não há perdão para o que fiz. Mas ela disse que não vai matar você, nunca foi a intenção.-E você acredita nela?-Sim, e imploro a você, não mate ela. Eu dou minha palavra que não deixarei ela matar você. Mas se quiser, pode me matar no lugar dela. Por favor Angela…-Não vou matar você, estava apaixonado, eu compreendo. - Deu um tapa no ar. - Eu também j&aac
Angela pensou por dois dias inteiros, já havia decidido na verdade, aceitar o acordo com Bárbara, mas queria tentar conseguir algum outro aliado, para que Judith aceitasse a proposta dela não apenas para salvar a sobrinha, mas porque havia chances de vitória. Mandou chamar Gael, Maria e Bárbara a sala de reuniões, pedindo que Pedro acompanhasse a conversa, e colocasse todos a par dos progressos feitos.-Bem, eu pensei por dois dias, apesar de já estar convencida de que me falou a verdade Bárbara, aceito um acordo com sua tia, conversei com o capitão e poderemos atracar em um porto próximo a ela em três dias, você poderá falar com ela, marcar uma reunião para que possamos desembarcar e agilizar tudo.-Eu posso desembarcar e ir conversar com ela, não acho que v&