- Você é um bobo – deu um soquinho no braço dele – Mas um bobo que eu adoro.Andamos mais duas quadras, olhamos algumas vitrines e acabamos nossos sorvetes.- Preciso voltar para a Simplicity. – Avisei.- Eu sei. Será que vamos nos ver de novo antes de amanhã pela manhã?- Creio que não. Theo quer conversar sobre negócios. Contratou um novo administrador para empresa e está finalmente com vontade de se mexer contra Giordano.- Aposto que do jeito dele... – Riu.- Sim, do jeito dele: ético, correto, sem violência – ri também – Não adianta, ele é assim.E eu amava Theo Casanova exatamente do jeito que ele era: chato, exigente, ético e algumas vezes imprevisível, como estava sendo no momento que decidiu aceitar o meu empréstimo e enfim dar o pontapé inicial numa nova Simplicity.- Vou caminhando para o Hotel.- É perto daqui?- Sim.- E Ben? O que ele está fazendo?- Ben anda um pouco estranho. Parece sempre estar resolvendo algo e não numa viagem para se divertir.- Eu tinha entendido q
Enruguei a testa, completamente confusa, incerta se fiquei mais surpresa por ele não ter me pedido em casamento ou ter me convidado para ser sua sócia na Simplicity.Parecendo perceber minha confusão, Theo disse a Hades:- Está liberado, Hades. Logo a empresa estará fechando. Pode ir para sua casa. O restante eu mesmo resolvo com Maria Lua.Hades concordou com um aceno de cabeça e quando estava fechando a porta, olhei na sua direção e ele piscou, sorrindo.Balancei a cabeça, aturdida.- Eu... A ofendi com a proposta? – Theo tocou minha mão.A porra da mão quente dele sobre a minha fez as borboletas se soltarem e meu estômago parecer inflar de tão cheio que ficou. Porque era aquilo que Theo causava quando me tocava: frio na barriga e borboletas em festa.- Não... Pelo contrário. Eu gostei. Só... Não esperava.Theo puxou com o corpo sua cadeira mais para frente, se aproximando de mim:- Eu conheço você. E não ficou satisfeita.- Fiquei sim... – dei um sorriso sem graça – E aceito.- Ok
Dei alguns passos, me distanciando deles:- Eu... Preciso atender... Sozinha.Theo e Ben ficaram me olhando, preocupados.- Alô... – Falei, amedrontada.- Quer saber onde você deve deixar o dinheiro ou sequer a quantia? – perguntou a voz já conhecida, a mesma da manhã.- Não... – Falei, incerta.- Para cada pessoa que contar, alguém que ama irá se machucar.- Mas eu não contei para ninguém! – Garanti, me distanciando ainda mais de Theo e Ben.- Neste caso, para cada grana que negar, alguém que ama irá se machucar – ouvi a risada do outro lado da linha – Rimou, não acha?- O que... Você fez? Quem é você, porra?- Eu não estou brincando, Maria Lua. Neste caso, o loirinho foi uma prova de que seu tio aqui não é um idiota. - O que fez com Dimitry?- Eu sou seu tio. Quero dinheiro. E não desejo mais que seja num lugar secreto. Quero que “você” mesma traga. E que conheça sua família. - Vocês... Não são minha família. – Falei, entredentes, tentando não chorar.- Eu não sou uma pessoa ruim.
Gregório apareceu na porta do prédio, com o rosto moreno completamente pálido:- Acho que o encontrei.- Onde? – Theo perguntou enquanto praticamente corremos todos juntos em direção a ele.- Está... Neste hospital. E parece que o estado de saúde dele não é bom. – Gregório nos entregou um papel com o endereço. – Tenho um amigo que é enfermeiro lá.Suspirei, sentindo uma reviravolta no estômago e tudo girar. Foi pior do que quando eu soube que Theo havia sofrido uma tentativa de assassinato, visto que ele estava na minha frente quando fiquei sabendo e o pior já havia passado. Mas agora, sobre Dimitry, eu não tinha a mínima ideia de como ele estaria.Por sorte Theo havia comprado a porra do carro ou ainda estaríamos a mercê de táxis. Pelo menos aquilo estava a nosso favor.O hospital não era longe. Chegamos em pouco tempo. Assim que demos entrada na recepção, Theo já perguntou por Dimitry, sendo solicitado que aguardássemos, que em breve o médico viria falar conosco e explicar o estado
- Vocês... Virão para cá? – Perguntei, num fio de voz, certa de que eles imaginaram que eu queria falar sobre o acontecido com Dimitry, neste caso estando enganados.- Infelizmente não conseguiremos chegar antes do final de semana.- Não? – Limpei a lágrima teimosa que caía.- Não. – Ela confirmou.Como assim não podiam vir antes do final de semana? Eles sempre me colocaram em primeiro lugar. E eu precisava urgentemente dos dois. E a resposta era “não”? Que porra estava acontecendo?- Mãe... – Eu estava completamente incerta do que dizer.- Meu amor, se estou garantindo que estaremos aí no final de semana, é porque estaremos. No momento... É impossível.- Mas... Há impossível para nós? Meu pai sempre disse que nada é impossível.- Sei que precisamos conversar... Nós quatro. Mas... Infelizmente não pode ser agora. - Mãe... Você... Está chorando?- Não...Sim, ela estava chorando. E aquilo me confundiu ainda mais.- Prometo que estaremos todos juntos no final de semana, raio de sol. Am
Acordei enrolada ao corpo de Theo. Deus, aquilo era tão perfeito! Em meio ao caos, ele era minha calmaria. Se aquele homem soubesse o quanto sua simples presença me fazia bem!De repente, senti uma lágrima solitária descendo pelo meu rosto, enquanto o corpo seguia imóvel, com medo de Theo acordar e aquele momento acabar.Infelizmente eu já não sabia mais quanto tempo aquilo iria durar. Theo sempre foi o meu maior sonho. No entanto, para protegê-lo, tudo que eu tinha que fazer agora era mentir e me afastar. Ainda assim, me doía só o fato de pensar em não o ter mais junto a mim.Se pudesse, colocaria uma bomba na casa do irmão de Salma, estendida para toda família ou o que ainda sobrasse dela, porque me parecia que enquanto um deles estivesse vivo, eu não estaria em paz.O que aquela gente fez a vida inteira? Aulas sobre como ficar rico às custas da filha biológica adotada de Salma? E se estenderia aos filhos, netos e toda uma geração que ainda pensasse que fosse obrigação dos meus desc
- A senhora... Pensou em pagar-me para ser sua melhor amiga? - Ela enrugou a testa, desordenada.- Só pensei um pouquinho. – Confessei, rindo.Ela riu também, balançando a cabeça:- Amigos não se compram, se conquistam. Quer pagar para alguém ouvi-la e dar-lhe conselhos, procure uma Psicóloga. Ela adoraria tanto ouvir sua vida quanto receber seu dinheiro e ainda por cima curá-la de qualquer dor ou trauma do passado. Isso não quer dizer que eu não possa ser amiga. Mas se um dia isso acontecer, eu não seria sua funcionária. Como disse, não misturo trabalho e relacionamentos pessoais.- Então... Não aceitará que eu pague os estudos de Maria Gregória?- O que eu mais poderia querer na vida era isso: que minha filha estudasse numa boa escola, que valorizasse todo seu potencial. E mesmo com o bom salário que a senhora me paga, eu não teria condições de colocar Maria Gregória numa destas instituições. Mas a sua oferta é muito, muito tentadora. E estou disposta a aceitar.- Está? – Sorri, sen
Naquela semana não houve ligações do irmão de Salma, o que me preocupou muito. Também o fato de Heitor e Babi não ligarem para falar sobre Dimitry deixou-me espantada. Tentei pensar que era pelo fato de o aniversário de Theo estar chegando dentro de alguns dias e eles terem confirmado que viriam. - Chegamos – Ouvi a voz de Theo próxima ao meu ouvido, o que fez com que meu corpo arrepiasse imediatamente. Porque era aquilo que ele me causava: todas as sensações do mundo. Ele retirou a gravata dos meus olhos, lentamente, enquanto eu avistava um lugar que parecia ser um apartamento. - Eu estou confusa. – Falei, andando alguns passos, enquanto observava a mobília moderna, com a sala em tons bege claro, a cozinha conjugada, com uma enorme ilha em mármore preto. Ao fundo, a visão da cidade, podendo ser escondida com enormes cortinas de um tecido muito sofisticado. Arqueei a sobrancelha, curiosa, tentando encontrar uma resposta. - Eu comprei este apartamento para você – ele disse, dand