Os dois ficaram tão pasmos quanto eu com a atitude que tive. Claro que o vômito não foi intencional. Mas a porra do cheiro da pipoca estava por praticamente todo o apartamento. E misturado ao descaramento daquela mulher foi como uma bomba atômica no meu estômago.Theo se aproximou, preocupado:- Maria Lua... Você... Sente alguma coisa? Será que está assim por conta da viagem? Se alimentou hoje?- Tire esta mulher daqui, Theo. – Pedi, pondo o vaso sobre a mesa de centro, incerta do que fazer dele.- Vai mandar embora a mãe do seu filho? – ela o confrontou – Você é o pai da criança que carrego Theo e se me conhece, um mínimo que seja do tempo que convivemos, deve saber que eu não mentiria sobre algo tão sério quanto isso.Theo me olhou, incerto do que fazer. Respirei fundo, tentando recuperar o ar.- Virá comigo? – Perguntei-lhe – Preciso encontrar Gatão...Málica pôs a mão no ventre, fingindo passar mal. Eu ri, enquanto Theo foi acudi-la, preocupado.- Ela está mentindo! – Falei calmam
Definitivamente minha vida estava de cabeça para baixo. E ainda por cima do avesso. Eu precisava mesmo voltar para Noriah Norte, minha casa. Nunca senti tanta falta da cama gigantesca, do closet enorme, das minhas roupas, calçados, das empregadas, do conforto, da comida... Senti falta até das idiotas das funcionárias da North B., que me odiavam.No caminho liguei para Maíra:- Me diga que você tem acesso ao endereço dos funcionários da Simplicity. – Falei, sem sequer cumprimentá-la.- Meu Deus, senhora Maria Lua... Aconteceu alguma coisa?Porra, era madrugada e eu nem me dei em conta! Claro que a mulher devia estar preocupada.- Não... – Tentei fingir tranquilidade – Mas preciso do endereço de Hades... Agora.- Hades Romaniz?- Conhece outro Hades? – Não consegui controlar a língua.- Eu... Vou acessar os arquivos. Pode esperar um segundo?- Um segundo eu posso. – Fui direta.Mas levou em torno de 5 minutos para ela me passar o endereço de Hades Romaniz. A questão é que quando fui por
Theo seguiu ligando. Eu não atendi e sequer li as mensagens.Quando me sentei na poltrona do jato particular, acompanhada somente de meu cachorro, senti as lágrimas escorrerem pelas minhas faces. Por que porra doía tanto saber que ele estava com ela? Por que pus na cabeça que Málica não me oferecia perigo, quando na verdade ela era o próprio perigo em pessoa? A subestimei. E não deveria ter feito aquilo. E o pior de tudo é que nem tinha mais forças para brigar... Porque eu estava esgotada física e mentalmente.Toquei a poltrona ao meu lado e Gatão pulou, deitando com a cabeça sobre minhas coxas:- Acho que não agradeci Dimi o suficiente por ter me dado você... – alisei seu pelo macio. Você é ser mais leal que uma pessoa poderia ter na vida. – Limpei as lágrimas.Fechei os olhos e apesar do cansaço, não devo ter levado mais de cinco minutos para capotar adormecida no meu assento.Despertei com a comissária de bordo tocando meu ombro, de forma gentil:- Senhora, já pousamos!Abri os olh
- Por enquanto sim... – mordi o lábio, contendo o suspiro.- Está chorando?- Claro que não, seu idiota! – Menti.- Estou chegando em Noriah Norte. E assim que a encontrar, irei algemá-la numa cama por no mínimo 24 horas. Até admitir que eu não sou um idiota. Te farei gozar tantas vezes que implorará para que eu pare. E direi tantas vezes que a amo que chegará a enjoar. Ninguém é capaz de ocupar o lugar que você ocupa na minha vida.Comecei a rir, sentindo minha pele arrepiar-se com a simples menção dele em me tocar:- Por mais que tenha me magoado... E seja um idiota... Ainda é meu idiota preferido... – Admiti. – Talvez você precise de um tempo para resolver esta sua questão com Málica. Achei que eu fosse madura para aceitar tudo isso. Mas descobri que não sou, Theo. Vai além da minha capacidade. Porque vê-lo com ela dói... Muito. E estou cansada de tantas pancadas da vida. - Não voltarei para Noriah Sul, Maria Lua. Venderei a Simplicity. Quero casar com você. A possibilidade de fic
- Você não pode ir a este encontro. – disse, com os braços firmes me segurando de costas para ele, sem me dar opção de soltar-me.- Do que... Você está falando? – Me fiz de desentendida.- De encontrar a sua família biológica. – Seguiu, sem me soltar, sussurrando no meu ouvido.Pisei no pé dele e desvencilhei-me, o encarando:- O que está fazendo aqui? Vai me dizer que o destino nos pôs no mesmo ponto de táxi? – Fiquei atordoada – Vou foder com o seu destino se continuar a me achar uma idiota.Hades me puxou para perto dele, abaixando a cabeça:- Não quero que vejam meu rosto – puxou uns óculos de sol do bolso, pondo-o na face.- Me diga o que está fazendo aqui ou vou gritar. Veio me levar para eles?- Estou protegendo-a, porra!- Quê?- Sou pago por seu pai para ser seu guarda-costas, Maria Lua.- Como assim? – Dei um passo para trás, tentando entender o que estava acontecendo.- Heitor Casanova me pagou para vigiar seus passos...- Desde quando?- Muito tempo.- Muito tempo quanto?
Quarenta minutos depois e eu já não tinha a mínima noção de onde estava.- Este lugar... Faz parte de Noriah Norte? – Perguntei ao motorista.- Sim, senhora. Mas confesso que nunca estive para estes lados.- O senhor... Irá me esperar para levar-me de volta? – Questionei, preocupada.- Só recebi pela corrida de ida.- Se eu pedir... Ou melhor, pagar, o senhor pode me esperar?- Claro que sim. Mas... Vai custar caro. Aqui parece ser um lugar perigoso.- Pago o valor que achar necessário. – Falei.- Combinado. Mas precisa pagar adiantado. Neste caso, agora.Sim, claro que ele faria aquilo. A questão é que eu não tinha nada de dinheiro em espécie, sequer para dar ao chantagista, visto que fiquei envolvida com meu pai, as idas e vindas entre Noriah Norte e Sul e todo tumulto acontecido na minha vida nos últimos dias, principalmente horas. O irmão de Salma teria que aceitar uma transferência, ou ficaria sem a porra do dinheiro.Peguei meu relógio de pulso, em ouro puro, com as duas pontas
- Onde está a mala com o dinheiro? – Olhou para minhas mãos.- Eu... Não tinha como sacar toda a quantia que você me pediu.- Por isso mesmo avisei com antecedência... Por saber que não seria fácil. Ainda acha que estou brincando com você? – Se aproximou e pegou meu braço com força, encarando-me.O bebê que estava no colo dele começou a chorar. Olhei para as duas meninas, que estavam lado a lado, observando-nos, com os olhinhos arregalados.- Eu farei uma transferência. – Tentei aparentar tranquilidade e coragem.- Sabe que isso me fode.- Eu... Não quero prejudicá-lo. – Minha voz quase não saiu.Ele largou meu braço e senti ardência da força que fez contra minha pele. Toquei-me, por cima do blazer, no local que latejava.Daltro Hernandez pegou o bebê sem roupa e entregou no colo de uma das pequenas garotas:- Cuide dele, pirralha. – A voz foi firme e ela pareceu amedrontada quando saiu com o bebê em direção ao carro velho, onde brincavam anteriormente.A outra menina acompanhou-a, o
Sim, era naquilo que eu precisava me apegar: minha família. Só de pensar em Bárbara me senti melhor e mais forte. Eu tinha que aguentar tudo aquilo e ser resistente. Porque sabia que eles estariam lá por mim, quando o pesadelo de meu pai acabasse e ele saísse do hospital.Minha mente trouxe-me Babi, com seus belos olhos claros e os cabelos loiros dourados... Ela tinha um sorriso contagiante e ao longo da minha vida nos deitamos na cama durante algumas madrugadas, conversando sobre assuntos diversos. Ela ria dos próprios conselhos. E apoiava todas as minhas loucuras. Nunca saiu do meu lado, em hipótese alguma. E deu-me um amor que eu duvidava que qualquer outra mãe pudesse dar.Heitor Casanova... Ah, minha mente sempre me traía com relação a ele, porque meu pai não morava em lugar algum a não ser no meu coração. Me ensinou a ser forte e lutar pelo que queria, desde sempre. Conforme fui crescendo, percebi que ele me escolheu para ser sua sucessora na North B., como se soubesse, desde se