- Ester? Por que... Ester faria isto? – Enruguei a testa, incerta.- A família de Ester tem uma boa relação com minha mãe. E... Digamos que mamãe sempre fez muito gosto do meu envolvimento com ela.- Ok, esta parte você já me disse. Quero saber sobre o que a motivou a roubar a pesquisa de Theo.- Ester entrou na sua vida por pressão de minha mãe.- Como assim?- Foi tudo planejado.- Há anos atrás? Quando eu... Ainda era uma adolescente?- Sim.- Mas... Qual o problema dos Giordano com os Casanova?- Esta parte eu não posso contar.Levantei, completamente confusa, sentindo uma leve tontura e peso no estômago:- Então por que motivo começou esta porra? Eu disse que não queria saber sobre quem havia roubado a fórmula...- Não posso, Malu... – Ele foi firme.- Eu nunca tive uma amiga? A desgraçada entrou na minha vida obrigada pela sua mãe, quando ainda estávamos no colegial? Por que nunca me disse isto antes? Nós ficamos juntos por quase um ano, Robin... E nunca foi capaz de me contar e
Ou seja, naquele momento, por pior que fosse o que estivesse passando, era mísero perto do que minha família carregava nas costas. Sempre me priorizaram. Agora era hora de eu fazer o mesmo por eles: colocá-los em primeiro lugar, como sempre fizeram comigo.Em breve eu faria 25 anos. Era hora de resolver meus problemas sozinha. Eu fui o braço direito do CEO mais importante de Noriah Norte por anos. Acabar com os Hernandez era só uma questão de tempo. E não adiantava remediar a situação. Era preciso cortar o mal pela raiz.Aceitei a oferta de Robin e fui para o quarto de hóspedes. Não queria voltar para casa. Não tinha condições de ir para o hospital pois estava esgotada física e emocionalmente. E naquele momento, ver Theo, era um sério risco de contar-lhe a verdade, pois me sentia completamente vulnerável depois do tempo que passei com aquela gente.O quarto de hóspedes em nada havia mudado: espaçoso, a decoração em tons terrosos, banheiro aconchegante e cama king size confortável. Ali
— Delegado, esta é minha ex-noiva... — Robin começou.— Maria... Casanova? Estou certo? — Ele estreitou os olhos, demonstrando não ter certeza.— Sim... — Minha voz saiu quase inaudível.Abaixei a cabeça, enquanto Robin continuou:— Ela está sendo chantageada, Delegado. E inclusive pensava em não fazer denunciar, o que é um absurdo.— Chantagem? — O homem recostou-se para trás na cadeira, demonstrando tranquilidade enquanto um leve sorriso aparecia em seu rosto. — Jeremias, por favor, vamos fazer o registro da denúncia da jovem senhora imediatamente.O rapaz que estava na mesa próxima da dele trouxe um computador portátil e começou a registrar meus dados pessoais, que fiquei incerta sobre falar ou não. Minha cabeça começou a ficar confusa e já não tinha certeza alguma do que pensar.Percebendo meu receio e incerteza, Robin começou a responder por mim ao mesmo tempo que explicava ao delegado o pouco que sabia sobre o que estava acontecendo comigo.— É preciso ter muito cuidado. Geralme
— Quem precisa contar a verdade é você. Isso não me diz respeito mais. — Foi sério, indo em direção ao carro.Segui Robin, completamente desconsertada. Daltro era forte, muito mais do que eu imaginava. E agora estavam explicadas as tentativas de assassinato contra Theo e Dimitry. Minhas mãos estavam atadas.Contar a verdade a Heitor já não era uma alternativa viável. Talvez agora Hades fosse minha única salvação. Ou não, pois talvez se eu contasse a ele, seria o primeiro a avisar meu pai, que foi quem o contratou.Entrei no carro de Robin, ocupando o lugar ao seu lado:— Me leve para o Hospital, por favor. Estou cansada... E todos devem estar preocupados comigo. Quero ver meu pai.Robin fez o que eu pedi. Tentei puxar assunto com ele durante o breve trajeto até o hospital, mas não obtive retorno. Parecia fingir que eu não existia.Assim que ele parou o carro próximo da entrada principal do hospital, o olhei, sentindo o coração partido:— Eu sinto muito.— “Você” sente muito? — Riu, de
Chorar não resolveria meus problemas. Era hora de levantar a cabeça e botar um plano em prática. Viver à mercê de chantagistas vigaristas não era algo que passava pela minha cabeça. Nisto Robin tinha razão: onde estava Maria Lua Casanova?Me encaminhei para o terceiro andar do hospital e assim que cheguei na recepção, deparei-me com Theo, junto de Babi.- Você... Sumiu. – Ela me olhou.Sentei-me ao lado de minha mãe e peguei suas mãos:- Como papai está?- O médico concluirá alguns exames nesta semana e logo começará a testar os possíveis doadores.- Eu serei a doadora compatível. – Afirmei.- Não tem o sangue dele. A probabilidade é mínima. – Theo tentou me ferir.- Theo! – Babi o olhou, incrédula.Theo abaixou o olhar, não conseguindo encarar a própria mãe. Limpei uma lágrima idiota que caía e pedi:- Posso vê-lo?- Quanto tempo você chorou antes de chegar aqui? – Ela foi direta.- Muito mais do que eu queria... – sorri, tentando parecer bem.- Sabem por qual motivo eu nunca incenti
- O amor vence qualquer distância. – Falei o que acreditava, mesmo sabendo que mentia para ele.- Não quero que parem suas vidas por mim.- Theo virá para Noriah Norte... Talvez em definitivo. Ele não lhe contou?- Não quero que Theo abra mão da empresa com a qual sempre sonhou.- Não posso criticá-lo, já que no lugar dele eu faria o mesmo. Porque você é mais importante do que qualquer coisa.- Eu vou ficar bem. Encontrarei um doador compatível.- Eu serei a doadora compatível.- Não quero que crie falsas expectativas, meu amor. E... Não tenho certeza se quero que você seja a pessoa.- Não são falsas. Eu sempre fiquei a pensar no motivo pelo qual Salma me confiou a Babi. E o quanto a loucura do passado de vocês de alguma forma sempre ligou nós três. Agora eu já sei a resposta – sorri – Eu vou salvar a sua vida, como você salvou a minha um dia.- Me preocuparia o fato de você ficar só com um rim.- Eu pego um de Theo se precisar. – Tentei ser engraçada.- Posso apostar que ele lhe dari
Quando deixei o quarto e segui pelo corredor, chegando na recepção, meu coração acelerou ao ver Theo sentado no sofá, com as pernas abertas e a cabeça baixa entre elas. Estava sozinho.Borboletas em dobro voaram dentro do meu estômago, me provando que só ele conseguia causar aquilo em mim. Parei em sua frente e ele levantou os olhos na minha direção, o semblante também cansado e os olhos avermelhados.“Eu amo você, Theo. Me dê um voto de confiança. Apesar de tudo, o fato de você duvidar dos meus sentimentos e achar que o traí com Robin é o pior. Pagarei o resto da vida pela Malu do passado?” Ah, se eu pudesse e tivesse coragem de dizer tudo que pensava!Abaixei-me e peguei suas mãos, embora ele estivesse completamente frio e distante. Abri uma e retirei uma borboleta imaginária do coração, colocando-a na palma de sua mão. As lágrimas ameaçaram a cair quando a visualizei, azul da cor do oceano, com preto e branco. Mas respirei fundo e fui forte:- Quando ficar triste... Lembre-se de qu
Bárbara tocou meu rosto e os olhos azuis fixaram-se nos meus:- Quer me contar alguma coisa?- Não? – era para ser firme, mas saiu como uma pergunta.- Sei que está me escondendo alguma coisa.- Não... Não estou.- Por mais focada que eu esteja em Heitor, ainda sou sua mãe... E amiga.- Não é nada importante... Coisa minha. – Insisti na mentira, sorrindo.Ela deu um beijo na minha testa:- Se precisar conversar, não importa o dia ou a hora, estarei disponível.- Amo você.- Também amo você.Ela saiu e suspirei. O mundo caía sobre a minha cabeça, mas eu finalmente estava na minha casa, meu lar, o lugar que sempre considerei perfeito e por este motivo nunca quis usar meu apartamento que havia ganhado há anos atrás.Fui para o quarto e sorri ao ver meu cantinho, exatamente do jeito que deixei. Era quase do tamanho de todo o apartamento de Theo. Quando cheguei no closet, fechei a porta e sentei no chão, dando um grito de satisfação.- Sapatos, eu cheguei! – O sorriso aflorou no meu rosto