Apertei o botão no carro, encerrando a ligação. Eu mal tinha tempo para pensar. E Hades queria dar em cima de mim com o mundo desabando literalmente na minha cabeça. Não poderia cair nos braços dele por conta da decepção com Theo. Eu não queria mais ser aquela pessoa que resolvia tudo no sexo, fodendo até gozar repetidas vezes e depois pondo minha roupa e me sentindo da mesma forma: vazia e triste. Orgasmos não curavam tristezas. Só davam prazer e faziam o corpo relaxar. Banhos de ofurôs e hidromassagens também faziam relaxar. E doces davam tanto prazer quanto gozar. Não que eu fosse virar santa só porque transei com Theo. Mas também sabia que dormir com alguém sem sentir amor talvez fosse algo difícil depois de saber como era tocar e ser tocada por alguém que tinha o coração com as batidas no mesmo ritmo do meu.Toquei minha tatuagem no peito, sentindo as batidas do meu coração. As lágrimas escorreram de forma involuntária enquanto bati com força a mão na direção:- Por que você fez
- Eu... Não consigo. – Balancei a cabeça, aturdida.- Desde que a vi pela primeira vez, desejei fazer isto. – Ele sorriu, satisfeito.Virei as costas e fui em direção ao meu carro. Hades foi atrás:- Você também queria... Ou não teria pedido o beijo.- Se eu disser que não queria, você acreditaria?- Não.Eu ri:- Eu não queria.Entrei no carro e fechei a porta, dando a ré para retirá-lo do estacionamento. Hades ficou de braços cruzados, um meio sorriso maroto nos lábios.Pus uma música a todo volume, “Words don’t come easy”, que segundo meu pai, era parte da história dele com minha mãe. Embora meu ritmo preferido fosse dance e música eletrônica, aquela música em especial eu curtia, certamente porque fazia parte do passado deles. E eu amava tudo que fazia parte do que os dois viveram e a forma perfeita como tudo aconteceu. Minha mãe recusou conhecer o Bon Jovi para ficar com meu pai. Era como deixar de jantar com a Taylor Swift por Theo. Me flagrei sorrindo, já me vendo de mãos dadas
- Não parece que sentiu minha falta – o observei de relance, enquanto alisava a moto, feliz por ela estar de volta.- Aonde você estava?- Não lhe devo satisfações. Mas para deixá-lo ainda mais confuso, lhe dou a chance de adivinhar: acha que eu estava dormindo com Robin ou Hades? Ou quem sabe os dois ao mesmo tempo?Dei de ombros e subi na moto, sentindo-a sob meu corpo, pondo as mãos no guidão e já imaginando a sensação de liberdade que ela conseguia me proporcionar. Era daquilo que eu precisava: andar a mais de 100km/h, acelerando cada vez mais, talvez brincando com a vida e desafiando-a a confessar até quando aquilo tudo ia continuar?- Eu não sei lidar com isto... – Theo parou ao meu lado, com as mãos nos bolsos.- Com o fato de eu dormir com todo mundo? – Perguntei de forma sarcástica, não olhando em sua direção, atendo-me ao velocímetro desligado.- Com o fato de estar com alguém que amo, com o fato de ter ciúme, com o fato de ter vontade de matar quem se aproxima de você, quan
Theo apertou-me com força entre seus braços, de pé, comigo ainda sentada à moto, beijando-me intensamente, a língua procurando a minha com voracidade. Alisei suas costas quentes e macias, dominando o beijo, sentindo-o com toda a minha alma. O gosto dele era bom. A saliva era morna. O odor era somente do seu perfume tão conhecido, fraco, suave, agradável. Era como se o mundo e todos os sentimentos existentes coubessem dentro de um beijo.E eu esqueceria o fato de um dia ter beijado Hades Romaniz.Eu deveria confiar em Theo. Mas não podia. Precisava colocar em primeiro lugar a segurança dele. Ainda tinha um plano, embora arriscado. E talvez tivesse que colocá-lo em prática. E para dar certo, ninguém deveria saber. Era meu, somente meu e de mais ninguém. Eu não estava lidando com amadores. E aprenderia a não ser uma também.A boca de Theo desceu pelo meu pescoço, onde foi dando beijos leves e envolventes, usando a ponta da língua para demarcar cada centímetro que explorava. Depois subiu
Eu não podia contar a verdade a Theo porque ele jamais aceitaria ceder a chantagem de Daltro Hernandez. E aquilo viraria numa guerra sem fim. E tudo que os Casanova não podiam naquele momento era entrar numa briga com pessoas sem escrúpulos e capazes de qualquer coisa, como Daltro e Anya Hernandez.- Eu não posso... – Abaixei o olhar.- Então admite que está me escondendo algo.- Sim, mas não posso contar, Theo. Apenas peço que confie em mim.Theo pegou-me pela cintura e retirou-se debaixo de mim. Começou a pôr sua roupa rapidamente.- Aonde... Você vai? – Perguntei, confusa, nua sobre a moto.- Só volte a falar comigo quando estiver disposta a contar a verdade. Não podemos iniciar um relacionamento baseado em mentiras.- Eu não traí você.- Como quer que eu acredite em você? – me encarou – Se você não acredita em mim?Ele virou as costas e se foi, com Fofinho e Gatão seguindo-o. Eu poderia fingir que não entendi o que ele disse. Mas infelizmente eu sabia exatamente do que se tratava.
- Que bom... Que isso se resolverá logo. Boa sorte para você.- Eu... Gostaria que estivesse comigo neste momento.Gostaria? Meu coração parecia querer saltar para fora do peito e eu sequer tinha certeza se queria saber a resposta. Porque se desse positivo, não me restava mais nada a fazer a não ser deixar a porra do meu plano contra os Hernandez seguir em frente.- Não sei se eu devo participar disto. – Fiquei incerta.- Quero que esteja junto comigo e entenda de uma vez por todas o que é partilhar uma vida.- A sua com Málica? – ironizei.- A minha com a sua – ele foi sério – Diferente de você, não quero esconder-lhe nada.- Você não é perfeito... Não finja que é o homem mais correto do mundo, porque não é.- Realmente não sou. E nunca quis ser. Ainda assim eu tenho minhas crenças e sou fiel a elas. Como já lhe disse anteriormente, é a primeira vez que me relaciono com alguém que amo. E nem julgo como amor comum... Porque é muito mais do que isto. É intenso, é louco, me consome até
Theo continuou segurando minha mão quando o médico chegou, com uma pasta na mão. Bárbara sentou-se na cadeira vazia ao meu lado, pegando a mão livre, enquanto Ben apertou levemente meus ombros, pondo-se atrás de mim.- Infelizmente a senhorita teve um aborto espontâneo – o médico disse enquanto sentava em sua cadeira, com a mesa entre nós.Embora eu já praticamente imaginasse que aquele seria o resultado, senti uma dor dentro do coração inimaginável. Carreguei um feto dentro de mim por algumas semanas... Um filho meu e de Theo. E sequer chegamos a conhecê-lo e só soubemos de sua existência quando ele nos deixou.- Sinto muito, meus amores! – Babi nos olhou, com os olhos cheios de lágrimas.- Mas eles poderão ter outros filhos, não é mesmo, doutor? – Foi Ben quem perguntou, preocupado.- Nada indica que não possam. Só precisam aguardar alguns meses, por segurança.- Qual motivo... Do aborto? – Theo quis saber.- Abortos espontâneos com menos de 20 semanas de gravidez são muito comuns.
- Se ela quer realmente que acreditemos que o filho é seu, terá que fazer outro teste. E se der positivo, pedirei mais outro. – Bárbara garantiu.- Até que dê negativo? – Theo ironizou.- Não seja ingênuo, Theo. Qualquer um pode falsificar um exame de gravidez ou DNA hoje em dia. Especialmente ela, que mora em outro país. Sabe o que está em jogo? Uma fortuna incalculável.- Que deixemos toda esta grana entre família. – Ben brincou, olhando para mim e depois para Theo.Anon chegou e Bárbara já pediu que ele providenciasse o Hotel e o novo exame de DNA, exigindo que o segurança e amigo fosse junto com Málica.Despedimo-nos deles e Theo e eu fomos para o carro. Assim que embarcamos, ainda no estacionamento do Hospital, Theo alisou meu rosto, olhando-me entre a pouca claridade que havia por conta da noite:- Sinto muito, raio de sol.- Sinto muito também, Theo... Por nós dois. Me desculpe...- Você não tem que pedir desculpas. Porque não é culpada, Maria Lua...Ele me abraçou com força e