- Eu... Não consigo. – Balancei a cabeça, aturdida.- Desde que a vi pela primeira vez, desejei fazer isto. – Ele sorriu, satisfeito.Virei as costas e fui em direção ao meu carro. Hades foi atrás:- Você também queria... Ou não teria pedido o beijo.- Se eu disser que não queria, você acreditaria?- Não.Eu ri:- Eu não queria.Entrei no carro e fechei a porta, dando a ré para retirá-lo do estacionamento. Hades ficou de braços cruzados, um meio sorriso maroto nos lábios.Pus uma música a todo volume, “Words don’t come easy”, que segundo meu pai, era parte da história dele com minha mãe. Embora meu ritmo preferido fosse dance e música eletrônica, aquela música em especial eu curtia, certamente porque fazia parte do passado deles. E eu amava tudo que fazia parte do que os dois viveram e a forma perfeita como tudo aconteceu. Minha mãe recusou conhecer o Bon Jovi para ficar com meu pai. Era como deixar de jantar com a Taylor Swift por Theo. Me flagrei sorrindo, já me vendo de mãos dadas
- Não parece que sentiu minha falta – o observei de relance, enquanto alisava a moto, feliz por ela estar de volta.- Aonde você estava?- Não lhe devo satisfações. Mas para deixá-lo ainda mais confuso, lhe dou a chance de adivinhar: acha que eu estava dormindo com Robin ou Hades? Ou quem sabe os dois ao mesmo tempo?Dei de ombros e subi na moto, sentindo-a sob meu corpo, pondo as mãos no guidão e já imaginando a sensação de liberdade que ela conseguia me proporcionar. Era daquilo que eu precisava: andar a mais de 100km/h, acelerando cada vez mais, talvez brincando com a vida e desafiando-a a confessar até quando aquilo tudo ia continuar?- Eu não sei lidar com isto... – Theo parou ao meu lado, com as mãos nos bolsos.- Com o fato de eu dormir com todo mundo? – Perguntei de forma sarcástica, não olhando em sua direção, atendo-me ao velocímetro desligado.- Com o fato de estar com alguém que amo, com o fato de ter ciúme, com o fato de ter vontade de matar quem se aproxima de você, quan
Theo apertou-me com força entre seus braços, de pé, comigo ainda sentada à moto, beijando-me intensamente, a língua procurando a minha com voracidade. Alisei suas costas quentes e macias, dominando o beijo, sentindo-o com toda a minha alma. O gosto dele era bom. A saliva era morna. O odor era somente do seu perfume tão conhecido, fraco, suave, agradável. Era como se o mundo e todos os sentimentos existentes coubessem dentro de um beijo.E eu esqueceria o fato de um dia ter beijado Hades Romaniz.Eu deveria confiar em Theo. Mas não podia. Precisava colocar em primeiro lugar a segurança dele. Ainda tinha um plano, embora arriscado. E talvez tivesse que colocá-lo em prática. E para dar certo, ninguém deveria saber. Era meu, somente meu e de mais ninguém. Eu não estava lidando com amadores. E aprenderia a não ser uma também.A boca de Theo desceu pelo meu pescoço, onde foi dando beijos leves e envolventes, usando a ponta da língua para demarcar cada centímetro que explorava. Depois subiu
Eu não podia contar a verdade a Theo porque ele jamais aceitaria ceder a chantagem de Daltro Hernandez. E aquilo viraria numa guerra sem fim. E tudo que os Casanova não podiam naquele momento era entrar numa briga com pessoas sem escrúpulos e capazes de qualquer coisa, como Daltro e Anya Hernandez.- Eu não posso... – Abaixei o olhar.- Então admite que está me escondendo algo.- Sim, mas não posso contar, Theo. Apenas peço que confie em mim.Theo pegou-me pela cintura e retirou-se debaixo de mim. Começou a pôr sua roupa rapidamente.- Aonde... Você vai? – Perguntei, confusa, nua sobre a moto.- Só volte a falar comigo quando estiver disposta a contar a verdade. Não podemos iniciar um relacionamento baseado em mentiras.- Eu não traí você.- Como quer que eu acredite em você? – me encarou – Se você não acredita em mim?Ele virou as costas e se foi, com Fofinho e Gatão seguindo-o. Eu poderia fingir que não entendi o que ele disse. Mas infelizmente eu sabia exatamente do que se tratava.
- Que bom... Que isso se resolverá logo. Boa sorte para você.- Eu... Gostaria que estivesse comigo neste momento.Gostaria? Meu coração parecia querer saltar para fora do peito e eu sequer tinha certeza se queria saber a resposta. Porque se desse positivo, não me restava mais nada a fazer a não ser deixar a porra do meu plano contra os Hernandez seguir em frente.- Não sei se eu devo participar disto. – Fiquei incerta.- Quero que esteja junto comigo e entenda de uma vez por todas o que é partilhar uma vida.- A sua com Málica? – ironizei.- A minha com a sua – ele foi sério – Diferente de você, não quero esconder-lhe nada.- Você não é perfeito... Não finja que é o homem mais correto do mundo, porque não é.- Realmente não sou. E nunca quis ser. Ainda assim eu tenho minhas crenças e sou fiel a elas. Como já lhe disse anteriormente, é a primeira vez que me relaciono com alguém que amo. E nem julgo como amor comum... Porque é muito mais do que isto. É intenso, é louco, me consome até
Theo continuou segurando minha mão quando o médico chegou, com uma pasta na mão. Bárbara sentou-se na cadeira vazia ao meu lado, pegando a mão livre, enquanto Ben apertou levemente meus ombros, pondo-se atrás de mim.- Infelizmente a senhorita teve um aborto espontâneo – o médico disse enquanto sentava em sua cadeira, com a mesa entre nós.Embora eu já praticamente imaginasse que aquele seria o resultado, senti uma dor dentro do coração inimaginável. Carreguei um feto dentro de mim por algumas semanas... Um filho meu e de Theo. E sequer chegamos a conhecê-lo e só soubemos de sua existência quando ele nos deixou.- Sinto muito, meus amores! – Babi nos olhou, com os olhos cheios de lágrimas.- Mas eles poderão ter outros filhos, não é mesmo, doutor? – Foi Ben quem perguntou, preocupado.- Nada indica que não possam. Só precisam aguardar alguns meses, por segurança.- Qual motivo... Do aborto? – Theo quis saber.- Abortos espontâneos com menos de 20 semanas de gravidez são muito comuns.
- Se ela quer realmente que acreditemos que o filho é seu, terá que fazer outro teste. E se der positivo, pedirei mais outro. – Bárbara garantiu.- Até que dê negativo? – Theo ironizou.- Não seja ingênuo, Theo. Qualquer um pode falsificar um exame de gravidez ou DNA hoje em dia. Especialmente ela, que mora em outro país. Sabe o que está em jogo? Uma fortuna incalculável.- Que deixemos toda esta grana entre família. – Ben brincou, olhando para mim e depois para Theo.Anon chegou e Bárbara já pediu que ele providenciasse o Hotel e o novo exame de DNA, exigindo que o segurança e amigo fosse junto com Málica.Despedimo-nos deles e Theo e eu fomos para o carro. Assim que embarcamos, ainda no estacionamento do Hospital, Theo alisou meu rosto, olhando-me entre a pouca claridade que havia por conta da noite:- Sinto muito, raio de sol.- Sinto muito também, Theo... Por nós dois. Me desculpe...- Você não tem que pedir desculpas. Porque não é culpada, Maria Lua...Ele me abraçou com força e
- Quero que seja minha esposa, Maria Lua. Minha vida não tem sentido longe de você.- Mas acabamos de ficar quase uma semana sem nos falarmos...- E isso acabou comigo. Vim à sua porta todas as noites... Mas não tive coragem de entrar. Mas creio que isso seja normal. Porque me relacionar com você é diferente de conviver com Málica. Eu não tinha brigas com ela, porque não havia sentimentos.- Mas não é bom “não brigar”?- Nossa vida tinha uma rotina metódica. Eu não sei explicar... Mas não havia esta intensidade que é estar ao seu lado. Sei que me pediu tempo, pois precisava fazer algumas coisas, como morar sozinha, ter sua vida individual antes de se unir definitivamente a mim. Mas não faz mais sentido ficarmos separados...O olhei, incerta do que responder, já que minha vida estava de cabeça para baixo. E morar sozinha já nem mais fazia sentido. Tudo que eu queria era ficar ao lado de Theo... Para sempre.Theo deu um beijo leve nos meus lábios:- Mesmo que Málica carregue um filho me