- Que bom... Que isso se resolverá logo. Boa sorte para você.- Eu... Gostaria que estivesse comigo neste momento.Gostaria? Meu coração parecia querer saltar para fora do peito e eu sequer tinha certeza se queria saber a resposta. Porque se desse positivo, não me restava mais nada a fazer a não ser deixar a porra do meu plano contra os Hernandez seguir em frente.- Não sei se eu devo participar disto. – Fiquei incerta.- Quero que esteja junto comigo e entenda de uma vez por todas o que é partilhar uma vida.- A sua com Málica? – ironizei.- A minha com a sua – ele foi sério – Diferente de você, não quero esconder-lhe nada.- Você não é perfeito... Não finja que é o homem mais correto do mundo, porque não é.- Realmente não sou. E nunca quis ser. Ainda assim eu tenho minhas crenças e sou fiel a elas. Como já lhe disse anteriormente, é a primeira vez que me relaciono com alguém que amo. E nem julgo como amor comum... Porque é muito mais do que isto. É intenso, é louco, me consome até
Theo continuou segurando minha mão quando o médico chegou, com uma pasta na mão. Bárbara sentou-se na cadeira vazia ao meu lado, pegando a mão livre, enquanto Ben apertou levemente meus ombros, pondo-se atrás de mim.- Infelizmente a senhorita teve um aborto espontâneo – o médico disse enquanto sentava em sua cadeira, com a mesa entre nós.Embora eu já praticamente imaginasse que aquele seria o resultado, senti uma dor dentro do coração inimaginável. Carreguei um feto dentro de mim por algumas semanas... Um filho meu e de Theo. E sequer chegamos a conhecê-lo e só soubemos de sua existência quando ele nos deixou.- Sinto muito, meus amores! – Babi nos olhou, com os olhos cheios de lágrimas.- Mas eles poderão ter outros filhos, não é mesmo, doutor? – Foi Ben quem perguntou, preocupado.- Nada indica que não possam. Só precisam aguardar alguns meses, por segurança.- Qual motivo... Do aborto? – Theo quis saber.- Abortos espontâneos com menos de 20 semanas de gravidez são muito comuns.
- Se ela quer realmente que acreditemos que o filho é seu, terá que fazer outro teste. E se der positivo, pedirei mais outro. – Bárbara garantiu.- Até que dê negativo? – Theo ironizou.- Não seja ingênuo, Theo. Qualquer um pode falsificar um exame de gravidez ou DNA hoje em dia. Especialmente ela, que mora em outro país. Sabe o que está em jogo? Uma fortuna incalculável.- Que deixemos toda esta grana entre família. – Ben brincou, olhando para mim e depois para Theo.Anon chegou e Bárbara já pediu que ele providenciasse o Hotel e o novo exame de DNA, exigindo que o segurança e amigo fosse junto com Málica.Despedimo-nos deles e Theo e eu fomos para o carro. Assim que embarcamos, ainda no estacionamento do Hospital, Theo alisou meu rosto, olhando-me entre a pouca claridade que havia por conta da noite:- Sinto muito, raio de sol.- Sinto muito também, Theo... Por nós dois. Me desculpe...- Você não tem que pedir desculpas. Porque não é culpada, Maria Lua...Ele me abraçou com força e
- Quero que seja minha esposa, Maria Lua. Minha vida não tem sentido longe de você.- Mas acabamos de ficar quase uma semana sem nos falarmos...- E isso acabou comigo. Vim à sua porta todas as noites... Mas não tive coragem de entrar. Mas creio que isso seja normal. Porque me relacionar com você é diferente de conviver com Málica. Eu não tinha brigas com ela, porque não havia sentimentos.- Mas não é bom “não brigar”?- Nossa vida tinha uma rotina metódica. Eu não sei explicar... Mas não havia esta intensidade que é estar ao seu lado. Sei que me pediu tempo, pois precisava fazer algumas coisas, como morar sozinha, ter sua vida individual antes de se unir definitivamente a mim. Mas não faz mais sentido ficarmos separados...O olhei, incerta do que responder, já que minha vida estava de cabeça para baixo. E morar sozinha já nem mais fazia sentido. Tudo que eu queria era ficar ao lado de Theo... Para sempre.Theo deu um beijo leve nos meus lábios:- Mesmo que Málica carregue um filho me
Às vezes eu sentia que minha cabeça poderia explodir a qualquer momento, de tantas coisas que eu guardava dentro dela. Tantas mentiras e segredos... E cuidar o que falar a cada pessoa. Como levar uma gravidez adiante se eu estava completamente estressada?- Maria Lua, está tudo bem?Olhei para Theo, confusa:- Por quê?- Você começou a falar... E não concluiu.- Eu não quero mais falar, Theo – deitei-me novamente, com a cabeça no travesseiro – Não irei trai-lo com outro homem, jamais. Porque o amo como nunca amei outra pessoa na vida.- Agora precisa descansar, raio de sol. Vamos falar sobre o passado num outro dia, quando estiver mais disposta. – Cobriu-me novamente.Theo deitou ao meu lado e pôs o braço sob meu pescoço, levando-me de encontro a seu corpo. Deitei a cabeça no seu peito e fechei os olhos, sussurrando:- Parece que foi um pesadelo... Acordei com um bebê dentro de mim e agora ele não está mais. Lamento não ter sabido antes que ele estava aqui...- Seria louco se eu disse
Infelizmente Theo e Babi foram descartados como possíveis doadores. Theo, apesar de ter o mesmo tipo sanguíneo do pai, tinha incompatibilidade de tecidos, os chamados antígenos do sistema HLA, que seriam proteínas de histocompatibilidade principal que desempenham papel importante na apresentação dos antígenos e fazem parte do sistema imune adaptativo. Ou seja, a possibilidade de rejeição de Heitor ao rim do filho era enorme.Quatro dias em casa, falando com meu pai todos os dias por telefone não foram suficientes para mim. No quinto dia já saí da cama, liberando-me do repouso e pedi para Anon levar-me até o Hospital.A parte boa é que Deus teve um pouquinho de piedade de mim e fez com que Daltro não ligasse naqueles dias, respeitando o tempo que pedi.Assim que cheguei no quarto e vi meu pai, não contive as lágrimas e praticamente corri na direção dele, abraçando-o com força. A cabeceira da cama estava levemente levantada e consegui me aconchegar a seu peito, sentindo o aroma tão conh
- Pai, isso é... Inaceitável. – Theo balançou a cabeça, aturdido, afastando-se.- É a minha decisão. Estou totalmente consciente e pensei muito sobre isso.- Não pode fazer isso, pai. – Theo contestou.- Já fiz.- Que porra, Heitor! – Bárbara andou até o sofá e sentou-se, pondo a cabeça entre as pernas, chocada com a atitude dele.Observei o quarto gigantesco e confortável. Os dias ali pareciam semanas e os minutos horas. Eu imaginava o quanto ele se sentia confuso mental e psicologicamente com tudo que estava acontecendo. A questão é que, caso eu fosse compatível, doaria o meu rim e pronto. Depois de fora do corpo, ou ele aceitava ou iria para outra pessoa que precisasse.- Maria Lua, eu demiti Hades.O olhei, surpresa:- Por quê?- Porque já está em Noriah Norte e a partir de agora é Anon que cuidará de você e Theo.- Eu... Não preciso de segurança. – Contestei.- Não é questão de escolha, raio de sol. – Theo falou de forma irônica.- Você tem alguma coisa a ver com isso? – Question
Theo estreitou os olhos e suspirou. Senti seus dedos apertando levemente os meus quando disse, depois de alguns minutos pensativo:- Se me desse um motivo sincero, eu aceitaria. E não pode ser querer morar sozinha um tempo porque nunca fez isso, já que lhe dei um apartamento e sequer dormiu nele, pois era na minha cama que passava todas as noites e jamais demonstrou interesse algum em ficar no seu espaço privado.- Theo...- Seu mundo está de cabeça para baixo. O meu também, acredite. Deixei Noriah Sul, um lugar que levei muito tempo para me adaptar, então quando tudo parecia estar indo bem, fui jogado contra a parede e espezinhado. Não tenho ideia do que faço com a minha empresa, que sempre foi um sonho e que hoje sequer sei o que significa na minha vida. Quero seguir com a Simplicity, mas ao mesmo tempo não acho justo deixá-la, tendo que lidar com uma empresa do tamanho da North B. E isso não tem a ver com qualquer tipo de insegurança com relação a sua capacidade, porque sei o quant