— Quem precisa contar a verdade é você. Isso não me diz respeito mais. — Foi sério, indo em direção ao carro.Segui Robin, completamente desconsertada. Daltro era forte, muito mais do que eu imaginava. E agora estavam explicadas as tentativas de assassinato contra Theo e Dimitry. Minhas mãos estavam atadas.Contar a verdade a Heitor já não era uma alternativa viável. Talvez agora Hades fosse minha única salvação. Ou não, pois talvez se eu contasse a ele, seria o primeiro a avisar meu pai, que foi quem o contratou.Entrei no carro de Robin, ocupando o lugar ao seu lado:— Me leve para o Hospital, por favor. Estou cansada... E todos devem estar preocupados comigo. Quero ver meu pai.Robin fez o que eu pedi. Tentei puxar assunto com ele durante o breve trajeto até o hospital, mas não obtive retorno. Parecia fingir que eu não existia.Assim que ele parou o carro próximo da entrada principal do hospital, o olhei, sentindo o coração partido:— Eu sinto muito.— “Você” sente muito? — Riu, de
Chorar não resolveria meus problemas. Era hora de levantar a cabeça e botar um plano em prática. Viver à mercê de chantagistas vigaristas não era algo que passava pela minha cabeça. Nisto Robin tinha razão: onde estava Maria Lua Casanova?Me encaminhei para o terceiro andar do hospital e assim que cheguei na recepção, deparei-me com Theo, junto de Babi.- Você... Sumiu. – Ela me olhou.Sentei-me ao lado de minha mãe e peguei suas mãos:- Como papai está?- O médico concluirá alguns exames nesta semana e logo começará a testar os possíveis doadores.- Eu serei a doadora compatível. – Afirmei.- Não tem o sangue dele. A probabilidade é mínima. – Theo tentou me ferir.- Theo! – Babi o olhou, incrédula.Theo abaixou o olhar, não conseguindo encarar a própria mãe. Limpei uma lágrima idiota que caía e pedi:- Posso vê-lo?- Quanto tempo você chorou antes de chegar aqui? – Ela foi direta.- Muito mais do que eu queria... – sorri, tentando parecer bem.- Sabem por qual motivo eu nunca incenti
- O amor vence qualquer distância. – Falei o que acreditava, mesmo sabendo que mentia para ele.- Não quero que parem suas vidas por mim.- Theo virá para Noriah Norte... Talvez em definitivo. Ele não lhe contou?- Não quero que Theo abra mão da empresa com a qual sempre sonhou.- Não posso criticá-lo, já que no lugar dele eu faria o mesmo. Porque você é mais importante do que qualquer coisa.- Eu vou ficar bem. Encontrarei um doador compatível.- Eu serei a doadora compatível.- Não quero que crie falsas expectativas, meu amor. E... Não tenho certeza se quero que você seja a pessoa.- Não são falsas. Eu sempre fiquei a pensar no motivo pelo qual Salma me confiou a Babi. E o quanto a loucura do passado de vocês de alguma forma sempre ligou nós três. Agora eu já sei a resposta – sorri – Eu vou salvar a sua vida, como você salvou a minha um dia.- Me preocuparia o fato de você ficar só com um rim.- Eu pego um de Theo se precisar. – Tentei ser engraçada.- Posso apostar que ele lhe dari
Quando deixei o quarto e segui pelo corredor, chegando na recepção, meu coração acelerou ao ver Theo sentado no sofá, com as pernas abertas e a cabeça baixa entre elas. Estava sozinho.Borboletas em dobro voaram dentro do meu estômago, me provando que só ele conseguia causar aquilo em mim. Parei em sua frente e ele levantou os olhos na minha direção, o semblante também cansado e os olhos avermelhados.“Eu amo você, Theo. Me dê um voto de confiança. Apesar de tudo, o fato de você duvidar dos meus sentimentos e achar que o traí com Robin é o pior. Pagarei o resto da vida pela Malu do passado?” Ah, se eu pudesse e tivesse coragem de dizer tudo que pensava!Abaixei-me e peguei suas mãos, embora ele estivesse completamente frio e distante. Abri uma e retirei uma borboleta imaginária do coração, colocando-a na palma de sua mão. As lágrimas ameaçaram a cair quando a visualizei, azul da cor do oceano, com preto e branco. Mas respirei fundo e fui forte:- Quando ficar triste... Lembre-se de qu
Bárbara tocou meu rosto e os olhos azuis fixaram-se nos meus:- Quer me contar alguma coisa?- Não? – era para ser firme, mas saiu como uma pergunta.- Sei que está me escondendo alguma coisa.- Não... Não estou.- Por mais focada que eu esteja em Heitor, ainda sou sua mãe... E amiga.- Não é nada importante... Coisa minha. – Insisti na mentira, sorrindo.Ela deu um beijo na minha testa:- Se precisar conversar, não importa o dia ou a hora, estarei disponível.- Amo você.- Também amo você.Ela saiu e suspirei. O mundo caía sobre a minha cabeça, mas eu finalmente estava na minha casa, meu lar, o lugar que sempre considerei perfeito e por este motivo nunca quis usar meu apartamento que havia ganhado há anos atrás.Fui para o quarto e sorri ao ver meu cantinho, exatamente do jeito que deixei. Era quase do tamanho de todo o apartamento de Theo. Quando cheguei no closet, fechei a porta e sentei no chão, dando um grito de satisfação.- Sapatos, eu cheguei! – O sorriso aflorou no meu rosto
Apertei o botão no carro, encerrando a ligação. Eu mal tinha tempo para pensar. E Hades queria dar em cima de mim com o mundo desabando literalmente na minha cabeça. Não poderia cair nos braços dele por conta da decepção com Theo. Eu não queria mais ser aquela pessoa que resolvia tudo no sexo, fodendo até gozar repetidas vezes e depois pondo minha roupa e me sentindo da mesma forma: vazia e triste. Orgasmos não curavam tristezas. Só davam prazer e faziam o corpo relaxar. Banhos de ofurôs e hidromassagens também faziam relaxar. E doces davam tanto prazer quanto gozar. Não que eu fosse virar santa só porque transei com Theo. Mas também sabia que dormir com alguém sem sentir amor talvez fosse algo difícil depois de saber como era tocar e ser tocada por alguém que tinha o coração com as batidas no mesmo ritmo do meu.Toquei minha tatuagem no peito, sentindo as batidas do meu coração. As lágrimas escorreram de forma involuntária enquanto bati com força a mão na direção:- Por que você fez
- Eu... Não consigo. – Balancei a cabeça, aturdida.- Desde que a vi pela primeira vez, desejei fazer isto. – Ele sorriu, satisfeito.Virei as costas e fui em direção ao meu carro. Hades foi atrás:- Você também queria... Ou não teria pedido o beijo.- Se eu disser que não queria, você acreditaria?- Não.Eu ri:- Eu não queria.Entrei no carro e fechei a porta, dando a ré para retirá-lo do estacionamento. Hades ficou de braços cruzados, um meio sorriso maroto nos lábios.Pus uma música a todo volume, “Words don’t come easy”, que segundo meu pai, era parte da história dele com minha mãe. Embora meu ritmo preferido fosse dance e música eletrônica, aquela música em especial eu curtia, certamente porque fazia parte do passado deles. E eu amava tudo que fazia parte do que os dois viveram e a forma perfeita como tudo aconteceu. Minha mãe recusou conhecer o Bon Jovi para ficar com meu pai. Era como deixar de jantar com a Taylor Swift por Theo. Me flagrei sorrindo, já me vendo de mãos dadas
- Não parece que sentiu minha falta – o observei de relance, enquanto alisava a moto, feliz por ela estar de volta.- Aonde você estava?- Não lhe devo satisfações. Mas para deixá-lo ainda mais confuso, lhe dou a chance de adivinhar: acha que eu estava dormindo com Robin ou Hades? Ou quem sabe os dois ao mesmo tempo?Dei de ombros e subi na moto, sentindo-a sob meu corpo, pondo as mãos no guidão e já imaginando a sensação de liberdade que ela conseguia me proporcionar. Era daquilo que eu precisava: andar a mais de 100km/h, acelerando cada vez mais, talvez brincando com a vida e desafiando-a a confessar até quando aquilo tudo ia continuar?- Eu não sei lidar com isto... – Theo parou ao meu lado, com as mãos nos bolsos.- Com o fato de eu dormir com todo mundo? – Perguntei de forma sarcástica, não olhando em sua direção, atendo-me ao velocímetro desligado.- Com o fato de estar com alguém que amo, com o fato de ter ciúme, com o fato de ter vontade de matar quem se aproxima de você, quan