— Do meu gato? Por Deus, por que não me chamou? Isto aqui está feio...— Acha... Que quebrou o osso do meu cotovelo? — perguntei, a dor nem próximo do que senti na noite anterior.— Não, não quebrou. Se tivesse sido algo mais grave, não teria aguentado a dor. — Ele tocou levemente a pele machucada, com os dedos macios e quentes.Mordi o lábio e fechei os olhos, incerta se pela dor causada com o toque dele ou a forma delicada como fez aquilo.— Me desculpe por ontem... — Me olhou, ainda segurando meu braço.— Eu mereci... Me comportei mal.— Não quero que vá embora.— Por quê? — Me ouvi perguntando, implorando por uma resposta convincente.Percebi os olhos dele passando pelo meu colo e parando nos meus seios, que se retesaram imediatamente. Dei um passo adiante, para que ele pudesse me contemplar melhor, mesmo que tenha sido de forma involuntária.— Bom dia! — Málica parou na porta, o olhar confuso.Theo afastou-se de imediato, como se tivesse cometido um crime. Achei engraçada a cara
— Não sei de nenhum lugar, senhora Maria Lua. Mas posso pesquisar, se não se importar.— Greg, se puder me ajudar com isso, eu ficaria muito agradecida. — Sorri e passei pela porta automática, levando Gatão pela guia.Assim que chegamos na calçada, ele levantou a perna e fez xixi na primeira árvore que encontrou. E nunca vi tanta urina na vida.— Você é um bom garoto, Gatão. Estou feliz que tenha segurado sua vontade dentro do apartamento. Não seria legal sermos tão mal-educados com nossos anfitriões.Ele latiu na minha direção.— Ok, você está tímido, é isso? Vou virar para o outro lado para que fique mais à vontade.Assim que virei o rosto, deparei-me com um homem vindo na minha direção. Os olhos eram azuis tão claros que se confundiam com o céu daquela manhã, iluminado pelo sol. Vestia calça preta, camiseta branca e uma jaqueta de couro preta. Era ele... O homem que vi na Babilônia, me observando naquela noite. E talvez em outras ocasiões... O que me fez pensar no meu pai biológico
— Hum... Pode ser. Acho que consigo fazer isto.— Eu tenho a impressão de já ter visto aquele homem antes.— Onde?— Em Noriah Norte.— É possível que esteja seguindo você? Um repórter, talvez?— Ele me disse que é empresário e viaja com frequência. E já foi na Babilônia inúmeras vezes... E que nunca me viu.— Precisa tomar cuidado, Maria Lua. Nossos pais sempre comentaram sobre os perigos de nos relacionarmos com estranhos.— Até serem conhecidos, todos foram estranhos um dia. Até mesmo Málica.— Qual seu problema com Málica? Ela é uma boa pessoa.— Eu sei. E exatamente isso que me irrita nela.— Ninguém tem direito de se irritar com Málica. Porque ela simplesmente não é o tipo de pessoa que faz mal a alguém.— Theo, se eu perguntar uma coisa, você me responde de forma sincera?— Sim.— Você... A ama?Ele tirou os olhos do trânsito, focando o verde esmeralda de sua íris sobre mim por alguns segundos.— Chegamos! — falou, estacionando o Tesla em frente a uma fachada em vidro fumê, de
— Por que você nunca responde minhas perguntas?— Eu sempre respondo — disse de forma calma.— Não, não responde. Por exemplo, ama Málica? Quer que eu fique?— Para sempre?— Senhor Casanova, bom dia! — cumprimentou a mulher morena, de olhos escuros, jovem, com grandes óculos de grau com armação tigrada, que se sobressaiam com a sua roupa preta.— Bom dia, Maíra.— Os CEO’s das redes de farmácias e drogarias já chegaram. Os mando aguardar ou irá atendê-los agora?Theo olhou no relógio:— Vou para a sala de reuniões agora mesmo e já pode mandá-los entrar. A propósito, esta é Maria Lua, de quem já lhe falei. Ela ocupará esta sala, por enquanto. Não sei ao certo quanto tempo ficará. — Ele me olhou. — Mas ouvi dizer que se bem tratada, poderá ficar uma vida toda — debochou.— Depende de você. — Sorri, tocando o dedo indicador no peito dele e observando a gravata com o nó mal feito.— Bem-vinda, senhorita Maria Lua.Dei um aceno de cabeça para ela e automaticamente arrumei o nó da gravata
— Isso... É diferente. Mas venderia?— Ofereço produtos de qualidade e preço acessível.— Não quer competir com produtos da Giordano?— Sinceramente, acho que não.— Consegue produzir qualidade com preço baixo? E qual seu lucro?— Por enquanto, pouco. Quero alcançar a classe média e não só a alta, como a Giordano faz.— Já pensou em conquistar Noriah Norte e escrever o nome da Simplicity de vez no mundo das maquiagens e cosméticos?— Já. Mas ainda sou muito novo nisto tudo. Preciso me preparar melhor.Saímos da empresa e fomos para o carro dele. Sentei ao seu lado, na frente e pus o cinto:— Theo, você realmente quer minha ajuda?— Não me formei em administração, raio de sol. Faço o possível, mas não sou bom nisto. Sou um engenheiro químico, comandando uma empresa sozinho.— Por que não me pediu ajuda antes?— Eu... Não quis incomodá-la.— Eu não quero atrapalhar a sua vida, Theo.— Você não me atrapalha.— Eu... Digo com relação a sua namorada.— Eu já disse que Málica é uma mulher m
Theo voltou e sentou-se no banco, recostando a cabeça no estofado e evitando me olhar. Percebi quando afrouxou um pouco a gravata e pareceu tenso.— Eu... Achei que já tivesse feito aquilo... Inúmeras vezes. — Ainda olhava para frente.— Não... Eu nunca tinha beijado. Fui um pouco atrasada nisto.— Pedi ajuda... Porque achei que...— Se eu soubesse o que fazer, não teria batido meus dentes nos seus... — Não consegui evitar o riso.Apesar da tensão, Theo começou a rir também.— Eu... Só espero que tenha de alguma forma podido lhe ajudar. E que tenha... Ensaiado, repetido e aprimorado. — Sorri.— Sim, professora. Acho que passei nesta lição.— Acho que eu vou precisar fazer o teste e dar a minha nota final.Os olhos dele se arregalaram na minha direção. Comecei a rir, sentindo meu corpo trêmulo:— Não achou que eu estava falando sério, não é mesmo?— Eu... Não sei. Nunca sei exatamente o que esperar de você.— O pior?— Não... Eu não quis dizer isto.Abri a porta do carro e saí, respira
— Ela nunca vai embora?— Vai todos os dias... E volta à noite.— Ela vai trabalhar ou vai para casa?— Um pouco de cada coisa. Ela não trabalha todos os dias. Só quando tem alguma sessão de fotos que a chamam.— Então vocês estão praticamente morando juntos?— Eu não vejo desta forma... Ao menos não até agora, com a sua pergunta.— Vai casar com ela?— Eu... Não sei. É meio recente.— E quando não for mais tão recente? Vai pedir a mão dela?— Eu... Não sei... — Ele pôs as mãos na cabeça, confuso.— Me desculpe, Theo. Não quis pressioná-lo.— Quem deveria estar fazendo esta pressão era ela e não você, Maria Lua.— Não vou mais fazer isso, prometo. Mas em troca, quero que me diga quando pensar em pedir a mão dela.— Por quê?Porque quero estar bem longe neste dia.— Porque sou sua irmã... E quero ser a primeira a saber. — Foi o que balbuciei, completamente diferente do que pensei.Assim que chegamos no apartamento dele, Theo passou a chave na porta e senti o cheiro de comida vindo da c
Nunca fui o tipo de pessoa de fugir de uma briga e preferir chorar no quarto. Sequei as lágrimas rapidamente, pondo a guia em Gatão. Saí do quarto e fui em direção à sala, percebendo que os dois discutiam.Eles pararam assim que me viram. Meus olhos foram na direção das partes íntimas de Theo e percebi que o botão de sua calça estava aberto e o zíper no meio do caminho... Ou não tinha dado tempo de deslizar até o final... Ou de subir, depois de já ter descido o suficiente.Não teve como eu disfarçar aquele olhar de curiosidade sobre o que tinha acontecido de fato naquela sala entre os dois. Málica perguntou, agora menos doce e gentil:— Já desfez suas malas? Ou ainda espera que eu faça isso? Está na hora de você entender que eu e Theo estamos juntos. E vamos nos casar. E sinceramente, jamais pensei ter que me explicar sobre isso a você. Cheguei a imaginar que pudesse ter problemas com sua mãe... Mas você? É só a irmã. Eu não sou empregada nesta casa. Só cozinho para agradar Theo, porq